O novo "homem-forte" do futebol do Belenenses é Rui Casaca. Trazido para Belém pela mão do "pesetero" Manuel José, por aqui ficou depois da fuga do referido treinador para a Ásia. Auxiliou Bogicevic na sua difícil passagem pelo Restelo e foi, ao longo da penosa temporada 2003/4, um dos alvos da incompreensão de muitos sócios. Vi com os meus olhos Casaca sair do relvado do Restelo de lágrimas nos olhos, depois de uma vitória na Taça, ao som dos mais incríveis insultos, vindos das bancadas.
Todavia, depois da tempestade vêm sempre tempos mais felizes, e Casaca é hoje um homem respeitado por todos. A coordenação do futebol foi-lhe entregue, e o ex-jogador que se notabilizou ao serviço de um dos nossos mais directos concorrentes (o Boavista) vai somando pontos junto dos sócios e adeptos do Belém. Ficou famoso o episódio em que Casaca meteu fora do Complexo Desportivo do Restelo 2 ou 3 empresários que se preparavam para impingir ao clube mais "craques" dos seus...
Hoje, o jornal Record publica uma entrevista de página inteira ao Rui Casaca:
RECORD – Como surgiu o convite para director-geral?
RUI CASACA – Com o final do campeonato foi-me pedido pelo presidente, porque ia haver uma reestruturação na SAD, para tomar conta do futebol profissional. No fundo, voltei às funções que já exerci, mas mais alargadas, porque atravesso o futebol na horizontal: desde a formação até ao futebol profissional. E pelo presidente – foi uma pessoa muito importante para mim – que fez com que eu aceitasse, primeiro pela vontade que tinha de fazer algo útil pelo clube, e segundo porque acho que as pessoas mereciam que tentássemos melhorar um pouco.
RECORD – O que é que pretendem alterar no Belenenses?
RUI CASACA – Podemos melhorar a nível da organização. Há um tipo de modelo orgânico que queremos alterar, colocando um cunho pessoal. Essencialmente para que os resultados desportivos sejam bons e que surjam com frequência. Queremos montar uma estrutura técnica que nos garanta sucesso durante várias épocas. Vamos tentar trabalhar com rede para evitar situações como a que encontrámos este ano, de ter que fazer a equipa rapidamente.
RECORD – O facto da SAD ter o Casaca como responsável pelo futebol é uma vantagem?
RUI CASACA – Há uma fluidez no discurso, porque há pouca gente a tratar dos assuntos do futebol. Digamos que há um triângulo que passa por mim, pelo presidente e pelo Carvalhal, o que simplifica as coisas e permite que estas se resolvam rapidamente. O ter sensibilidade é importante, mas nós vamos é tentar vencer pela competência, porque o ter só sensibilidade não chega. Temos que fazer a ponte entre a vontade de ter equipas e as dificuldades de tesouraria.
RECORD – No estágio foi dito que o plantel estava fechado, mas contrataram ainda Juninho e Cabral...
RUI CASACA – Nós tínhamos uma situação mais ou menos prevista, que era a entrada de um jogador criativo. Era uma questão que estava pensada desde o início, mas são situações que não são fáceis. No entanto, conseguimos resolver todas as situações que havia de excedentes no plantel. Dentro da planificação que fizemos para o equilíbrio do plantel, sentimos necessidade de tirar três jogadores e conseguimos colocação para eles. Nesta altura, o plantel está equilibrado. A situação do Juninho tem a ver com a tal vontade de ter um jogador, que não sabíamos se conseguíamos ou não. O Cabral é diferente, porque vem de uma necessidade face à lesão grave do Sousa. Penso que fomos felizes, não só pelo pelo passado do atleta no clube, mas pela sua valia.
RECORD – O plantel está fechado?
RUI CASACA – Temos um plantel equilibrado. Mas eu considero que os plantéis nunca estão fechados. Há sempre a vontade de ter mais...Tudo depende da tesouraria e da disponibilidade do presidente, pois ele quer uma equipa cada vez melhor.
RECORD – O Belenenses pode reforçar-se, então, em Janeiro?
RUI CASACA – Não. É possível ainda nesta primeira inscrição até Setembro. Se aparecer uma situação que seja boa para nós e se acharmos que é boa para o Belenenses...
«Objectivo é estabilizar jogadores e clube»
R – A meta do nono/décimo lugar não é pouco face ao plantel que têm?
RC – Todos gostaríamos de ficar numa posição mais acima. Nesta altura, o discurso é um pouco mais moderado, porque vimos de uma época atribulada, difícil, de maus resultados, e que deixou marcas em muitos dos jogadores que estão aqui. Penso que a primeira situação é estabilizar esses jogadores, o clube numa posição confortável e depois aliar a isso duas situações: tentar vencer todos os jogos e fazer bons jogos.
«Treinador não foi uma escolha feita ao acaso»
R – Há uma simbiose entre o Casaca e a equipa técnica?
RC – São pessoas a quem reconheço capacidade para fazerem um excelente trabalho. A escolha não foi feita ao acaso e esperemos que eles estejam aqui por muito tempo, e consigam solidificar as suas ideias e elevar a fasquia. Não gosto de dizer que há épocas zero, mas esta é de transição. O clube é histórico e tem um presidente apaixonado, que merece retribuição.
«Se o FC Porto quis contratar Carvalhal é uma satisfação»
R – Carvalhal foi falado para render Del Neri no FC Porto. Pensou que tal era possível?
RC – Nunca fomos contactados. O treinador, nas conversas que tínhamos tido, nunca me referiu isso. Não estávamos preocupados. A ser verdade, é o reconhecimento de que escolhemos bem. Se o campeão europeu coloca o seu nome numa lista de candidatos, é um motivo de satisfação.
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