Texto assinado por Vasco Mendonça, no Blog Terceiro Anel
O Belenenses venceu títulos e, historicamente, é ainda hoje o quarto maior clube português. É também, dos 4 maiores clubes, o único que desceu de divisão. Progressivamente, foi deixando de ser considerado um dos «grandes». Ainda mantém umas querelas com o Boavista, mas vê-se hoje reduzido ao campeonato do meio da tabela. Perder tornou-se, demasiadas vezes, uma realidade bi-semanal.
Ir ao Restelo hoje é estar preparado para tudo enquanto se come uma queijada ou um nougat. É olhar para o Tejo e elogiar o estádio, estar sentado ao lado de uma claque deprimida enquanto se mira o infinito de Porto Brandão e se pensa no clube idoso que se tem. Mastigam-se a custo analogias com o Partido Comunista e não tarda nada o jogo está a terminar e pensamos que um empate até nem é assim tão mau.O estádio já não enche. Na verdade, é como se nunca tivesse enchido e já ninguém espera que venha a encher. É esta a rotina.
Ser do Belenenses é muito fácil. Sofrer com isso é mais difícil. A última jornada da época anterior atesta bem o sentimento a que me refiro, alimentado por bancadas compostas como há muito não se via e em tudo quanto esses 90 minutos tiveram de comédico, embaraçoso e triste. A vaia monumental com que a equipa foi presenteada deixou-me com algum orgulho em ali estar, no meio de milhares de pessoas cujo primeiro ou segundo clube seria provavelmente o Belenenses. Para mim, que nunca tinha visto o estádio tão cheio e não tenho problema com os adeptos emprestados, foi comovente. Ainda assim voltei para casa com a mera certeza que o Belenenses não tinha descido de divisão, o que fez muito pouco por mim. Perdemos o jogo. Tudo acabou bem. Não há muitos factos mais deprimentes na história do clube.
Depois de uma pré-época prometedora, chega a primeira jornada. Pensei que íamos descer à terra, mas jogaram que se fartaram. Apetece-me sonhar qualquer coisinha, magicar um quinto lugar ao olhar para o calendário. Apetece-me esquecer o ano anterior e todos os outros, mas não tenho assim tantos anos de Belenenses. A minha memória do clube não é a memória colectiva que os mais velhos partilham. O Belenenses é hoje um clube bonito e simpático mas pouco relevante, conhecido pelo seu bonito estádio quase vazio, sinónimo de uma massa humana envelhecida que se divide entre a eterna nostalgia que a assombra fora do relvado e plantéis que a devolvem à realidade. Estou preparado para qualquer resultado, mas por tudo o que conheço e não vivi também me sinto envelhecido. Por enquanto, com pouca vontade de sonhar mas sem problemas em continuar a depender de nougats e queijadas para sobreviver à intempérie da normalidade.
O que mais me custa nestas palavras é o profundo desconhecimento que revelam, acerca da vida do clube, do seu pulsar interno, que mais dia menos dia vai ter expressão exterior... Trata-se de uma visão esterotipada, que não apresenta uma única novidade ou argumento novo. E textos destes conhecem-nos os Belenenses desde os idos anos 20...
A melhor resposta é dada todos os dias, no único verdadeiro complexo desportivo de um clube português: o do Restelo. Essa é ignorada, neste post.
De resto só vou deixar aqui um enorme PARABÉNS a todos nós, pelos 85 ANOS de existência (reais e não artificialmente aumentados). Que o clube cresça, que os novos sócios apareçam cada vez mais, que as modalidades (TODAS) se projectem com maior força, que a nossa equipa de futebol nos dê as alegrias que merecemos, que o complexo fique cada vez mais bonito, que o nosso Jornal tenha sucesso, que os blogs continuem o seu trabalho e que todos sejamos UM SÓ BELÉM.
terça-feira, agosto 31, 2004
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