terça-feira, novembro 30, 2004

Força "Guerreiros"!

Os "Guerreiros" têm, esta noite, um jogo fundamental na sua caminhada Europeia. Com efeito, uma vitória por mais de 6 pontos sobre a equipa Suíça do Boncourt poderia colocar o Belenenses na rota da repescagem, uma vez que os 3os classificados jogarão entre si para apurar mais uma equipa.
Assim, o Blog do Belenenses convida todos os adeptos azuis a presenciarem o jogo desta noite, uma vez que, como disse Miguel Minhava no Jornal do Belenenses deste mês, é um espectáculo bom e barato e o Pavilhão Acácio Rosa cheio seria um inferno.

Posso garantir-vos que estas palavras do Miguel Minhava são realmente sentidas por toda a equipa dos "Guerreiros", e eles bem merecem o Pavilhão cheio neste jogo tão importante. Afinal de contas, quer nas vitórias, quer nas derrotas, deixam-nos sempre orgulhosos pela forma abnegada com que envergam a camisola do Belenenses.

Unanimidade Geral

Foi uma AG pacífica e pouco concorrida a que decorreu esta noite na Secção de Ginástica. De facto, tirando dois ou três assuntos de relvo que foram tratados nesta noite, de resto foi um encontro de adeptos azuis e um mero desenrolar de formalidades.

No período inicial destinado às intervenções dos associados, destacou-se o consócio Fernando Trindade, membro da Assembleia Municipal, que se queixou de não ter sido convidado para a recepção de hoje ao Presidente da Câmara, bem como nenhum dos outros 8 sócios e 2 adeptos azuis que pertencem à Assembleia Municipal, pretendendo com isto mostrar a falta de movimentação da Direcção azul em termos de "lobbies". Ressalvou, no entanto, o excelente trabalho da Direcção.

Passou-se de seguida aos pontos da ordem de trabalhos, em que começou por ser aprovada por unanimidade a filiação como Filiais do Lagense, de V.N. Famalicão, e do Cruz de Cristo, de Santarém.

De seguida, e num momento algo "estranho", foi aprovada por unanimidade a manutenção de preços das quotas suplementares no próximo ano. Quando digo estranho refiro-me a que parece desnecessária essa confirmação, mas não tenho qualquer base que sustente esta afirmação, pelo que admito que possa ser necessária aprovação anual.

Por fim, o último ponto da ordem de trabalhos e aquele que levantou mais questões, foi a aprovação do Orçamento para 2005. Gouveia da Veiga e Fernando Trindade não hesitaram em questionar a Direcção relativamente ao "Caso Paulo Madeira" e seu reflexo no orçamento. Foram então explicados, finalmente, os contornos do acordo: o Benfica pagou 140.000 contos (metade da dívida, paga por letras) e comprometeu-se a realizar 2 jogos no Restelo (sendo que o primeiro teve lugar a 23 de Setembro, no aniversário do Belenenses). Não recebendo aquilo a que tinhamos direito, foi um bom acordo na opinião de Sequeira Nunes.

O Presidente foi ainda questionado sobre um dos seus "cavalos de batalha", o regresso das Salésias ao Belenenses, deixando no ar um misto de tristeza e resignação. Tristeza porque deixou bem claro que o Belenenses não voltará a ter as Salésias na sua posse. Resignação, porque foi dito que será construído um empreendimento imobiliário no local e o Belenenses terá direito a um espaço que, especulando, eu diria será a futura sede do Belenenses... Em contrapartida, parece que está adiantado o acordo com a Câmara para a cedência de um terreno, no Restelo, mais perto do Estádio, onde será construído o campo de treinos que estava previsto para as Salésias.

No final, os presentes, cerca de 35, ficaram ainda um pouco nas imediações trocando opiniões e convivendo um pouco. Pena foi o dia e hora escolhidos, e a paupérrima publicidade à AG. A explicação de que o clube está estável não é desculpa para a falta de mobilização dos sócios, penso eu.

domingo, novembro 28, 2004

Basta!

Mais uma derrota caseira que pode colocar o Belenenses junto a posições perigosas foi o resultado de mais um jogo "assim-assim", morno, sensaborão, de uma equipa que joga um futebol bonito mas estranho. Carvalhal tem de fazer alterações, pois o seu tempo de experiências tem de estar acabado e tem de começar a ter certezas. O discurso do futebol bonito e de ataque já está gasto, queremos é vitórias. E começa a ser preocupante a incapacidade desta equipa.

Há muitas coisas nesta equipa do Belenenses que, para quem não é um teórico do futebol, dificilmente são explicáveis. É uma situação que se arrasta desde o início da época, quando Brasília, um dos nossos melhores jogadores e com características únicas no plantel, nunca entrava nas contas do treinador. Zé Pedro, que me maravilhou na pré-época e em jogos do Boavista, da pré-época 2001/02, cada vez está mais apagado e parece um fantasma em campo, nem defende nem ataca. Marco Paulo igual a si próprio, Neca idem aspas e Juninho ontem andou apagado...

Assustador é insistir na mesma tecla jogo após jogo, jogar sem trinco (Andersson é médio-centro) e ser incapaz de suster o adversário, jogar sem alas e ser incapaz de chegar à baliza do adversário excepto nos rasgos do Antchouet, que falha golos como quem come azeitonas. É talvez o que mais me assusta nesta equipa azul, o total afunilamento do futebol para o centro, e aí desculpem-me, mas tem de haver ordens do treinador. Se até os laterais quando sobem convergem para o centro do terreno em vez de abrir espaços na linha lateral! Das poucas vezes que ganhamos a linha de fundo, invariavelmente o nosso jogador prefere "meter" a bola para dentro e tentar fintar o defesa para dentro da área... afunilar o jogo. Na única bola que cruzámos, deu golo. Podem dizer que não temos avançados para jogar em cruzamentos: é verdade. Mas a verdade é que se já fizemos metade do trabalho e ganhamos a linha, somos burros em desfazer isso para voltar a tentar entrar com a bola dentro da baliza pelo meio.

Estou farto, fartíssimo, deste futebol para entreter idosos. Quero futebol a sério, quero ver a equipa a defender, a atacar, a jogar com nervo. Quero lá saber da circulação de bola e da transposição defesa-ataque e ataque-defesa. Quero ver a equipa a jogar com um trinco nas costas do Andersson, com os laterais a subirem pelas laterais e não a entrarem para o meio, quero ver cruzamentos, remates de meia-distância, quero ganhar!

O futebol que praticamos já é pouco eficaz. Se pensarmos que semana após semana os adversários nos vão conhecendo melhor... defender contra nós é facílimo, 2 polícias em cima do Antchouet, outro fisicamente forte em cima do Juninho Petrolina. De resto, não são precisas preocupações com as faixas laterais (eles não cruzam bolas, eheheheh, dizem os adversários) e é preciso que o meio-campo defensivo caia muito em cima dos médios não lhes dando espaço para os passes a rasgar para Antchouet. Quanto a atacar, é simples: trocas rápidas de bola a meio-campo, pois o Andersson anda por lá sozinho e não aguenta quando lhe caem 3 adversários em cima (eles têm mais gente no meio-campo, mas fazem uma marcação à zona que é muito à zona, tipo 15/20 metros do adversário, para não estragar o espectáculo). Depois, deixando Andersson para trás, é fartar vilanagem contra os desgraçados dos defesas que nos apanham em grande velocidade. Aliás, até costumam dizer que a defesa azul é o ponto fraco da equipa... esquecem-se é que uma defesa começa no ataque e tem toda a preponderância o apoio do meio-campo.

Ontem foi um jogo muito mau. Como destaques positivos, Andersson (o pêndulo, mas sem apoio é impossível), Antchouet e Neca (pelo golo, porque de resto Antchouet falha mais 2 golos escandalosos e não aproveita uma situação interessante para ganhar um penalty forçando o choque com o guarda-redes. Quanto a Neca, uns furos acima do que tem vindo a fazer). Pela negativa, destaque a Rolando (um jogo cheio de disparates, aos 10 minutos já tinha feito 3 disparates arrepiantes, mas acontece, tem 18 anos. O penalty ridículo acabou por ser o culminar de uma noite para esquecer), Rodolfo Lima (muito apagado) e José Pedro (comprou lugar cativo na equipa? Se tivesse o cabelo curto alguém o veria em campo??? Só se fosse a perder bolas umas atrás das outras).

Quanto a público, muito pouco, cerca de 2.500 pessoas. E com tristes espectáculos destes, cada vez serão menos os que terão coragem de dispensar uma noite de Sábado para ver esta tristeza.

Quanto às declarações de Neca, que fala em ganhar os 3 pontos jogo a jogo e depois logo se vê se conseguimos ficar entre os 10 primeiros, estão em consonância com a mensagem que lhes é tranmitida. Infelizmente, ninguém se "manda ao ar" no Belenenses. Está semper tudo óptimo...

Quanto ao árbitro, esteve globalmente bem tirando um lance que passou despercebido no campo e até na TV, em que o guarda-redes Paulo Santos recolhe um lançamento em profundidade do Belenenses com as mãos, coloca a bola junto à relva, caminha uns metros com a bola e volta a agarrá-la. Livre indirecto e cartão amarelo para Paulo Santos que "passaram". Mas admite-se, pois foi uma situação rápida e em que o guarda-redes agiu com tamanha naturalidade que de certeza nem ele próprio se apercebeu do que acabara de fazer.

Em suma, Professor Carvalhal, surpreenda-nos. O futebolzinho bonito já conhecemos e dispensamos. Agora queremos o futebol a sério e total. Eu sei que é capaz, eu vi o Leixões jogar com o PAOK Salónica e vi uma equipa do outro mundo que jogava no Estádio do Mar. Por falar em Leixões, não há nenhum rapaz de lá que nos dê jeito mister? Estou lembrado de uns quantos...

sábado, novembro 27, 2004

Recordação inolvidável...

Recebemos hoje o Sporting de Braga, o nosso adversário no último jogo da época transacta, do qual saímos derrotados por 0-2, num jogo absolutamente surreal, quer por toda a envolvência, quer pelo acri-doce desfecho final. De facto, mais de 20.000 pessoas nas bancadas, um Braga amorfo e a necessidade absoluta de ganhar não foram suficientes para que a grande maioria dos nossos jogadores se enchessem de brios e jogassem aquele como se fosse o jogo das suas vidas. Enquanto para muitos de nós, foram minutos dos mais angustiantes das nossas vidas.

2 dias antes do jogo, conversando com o amigo bloguista Pedro Cruz, ele dizia-me: “Este é daqueles jogos que não se perdem!”, na resposta aos meus avisos para acalmar a euforia, que passava já por ponderar onde se comemoraria a permanência na Superliga.

Sabíamos já nessa altura, a 2 dias do jogo, que a moldura humana seria certamente fantástica e que haveria todo um ambiente que proporcionaria a vitória como o único resultado plausível. De facto, havia uma mobilização geral dos adeptos Belenenses, de todos, mesmo daqueles mais comodistas e “caseiros”, que haviam compreendido que tinha chegado um dia importante para o futuro do clube. Mais uma queda na 2ª Liga e o Belenenses poderia começar a definhar num processo sem retrocesso.

Foi assim que na 6ª feira eu e o Pedro Cruz nos tornámos “sócios” numa empresa de risco elevado e sem retorno financeiro. Decidimos “empatar” 500 Euros em T-Shirts alusivas ao jogo, as famosas “Nós acreditamos”, que foram vendidas no Núcleo Ajuda/Belém ao preço de custo. Com isto acreditávamos ser possível contribuir ainda um pouco mais para a criação de um ambiente mágico de interacção entre público e equipa. De facto, sabíamos que o Belenenses iria oferecer 100 dessas T-Shirts (eu e o Pedro chegámo-nos à frente com metade do valor que o clube investiu, enfim, paixões…). Essas 100 somadas às nossas 50 seriam 150, já era alguma coisa. Para além disso, os jogadores iriam aquecer com essas T-Shirts, o que simbolizava ainda mais esse pequeno pedaço de tecido.



Sábado à hora de almoço as T-Shirts chegaram ao Núcleo e começaram a ser vendidas. Mas não foi nada fácil e no Sábado à noite ainda nem metade tínhamos vendido. Começávamos a ver o nosso dinheiro “mal-parado”. Quando Domingo depois de almoço (e que almoço, mais à frente perceberão o porquê) continuávamos com o mesmo stock, começámos a dizer mal das nossas vidas…

Entre essa 6ª feira e Domingo, através do Blog e de uma corrente de e-mails que iniciei, distribuí mais de 300 bilhetes a gente de todo o país, do Minho ao Algarve. O meu telemóvel não parava um minuto, com gente que eu não fazia a mais pequena ideia de quem fosse a pedir-me bilhetes. Mais houvesse, mais teria entregue. Cumpri por aí a minha parte de Belenense, no que me era possível ajudar.

Mas o almoço que antecedeu esse jogo foi, esse sim, o momento verdadeiramente inolvidável desse dia. Tive o privilégio de me poder sentar à mesma mesa com uma lenda Belenense, de seu nome Miguel Di Pace, de forma a poder entrevistá-lo para o Site Oficial. Felizmente, e porque nessa mesa estavam bastantes mais pessoas, entre jornalistas e antigos jogadores, as conversas e boa disposição andavam cruzadas e foi de todo impossível efectuar a entrevista. Felizmente porque, desse modo, pude 2 dias depois viver outro momento único, um jantar a três com Miguel Di Pace e Angeja. Um jantar onde se falou de tanta e tanta coisa, onde vi 2 senhores que podiam ser meus avós matarem saudades de 40 anos. E onde senti um respeito imenso por estas camisolas azuis que envergamos, e que apenas dois dias antes antes haviam sido tão mal tratadas.



Quanto às camisolas “Nós acreditamos” que sobraram, e foram 18, acabaram depois por ser levadas pela Direcção para o Encontro de Núcleos e Filias em Cabo Verde, tendo-me sido pedido que fizesse ainda mais algumas de forma a que fosse entregue uma camisola a cada representante das Filiais. Foi um bom destino que lhes foi dado, em especial porque me parece que é uma mostra de que os Núcleo e Filiais podem e devem ser mais activos na vida do clube. Esperemos que as próximas T-Shirts sejam alusivas a uma vitória e não ao evitar de uma catástrofe.

Enfim, foram dias de tristeza e alegria imensa, certamente inolvidáveis. E tudo acabou em bem, certamente que a “estrelinha” do Grande Miguel Di Pace esteve connosco naquela tarde. Foi uma honra Señor Miguel, jamais esquecerei aquele abraço de despedida e o seu sorriso de menino quando falava de Matateu…


Sequeira Nunes no Núcleo Ajuda/Belém

Hoje pelas 19:00, o Presidente Sequeira Nunes brindará o Núcleo Ajuda/Belém com uma visita, onde esperamos poder inteirá-lo das actividades que têm vindo a ser desenvolvidas pelo Núcleo e do pólo dinamizador do Belenenses que pretendemos ser.

Convidamos assim todos os interessados a comparecerem neste convívio. Porque não ir um bocadinho antes para o jogo, passar pelo Núcleo, viver o ambiente, comer uma das famosíssimas bifanas ou pregos do Sr. Cardoso e "arrancar" então para o Estádio?

sexta-feira, novembro 26, 2004

Navegando em águas calmas

É assim que anda o nosso clube, navegando num mar "flat", sem grandes euforias, mas também sem grandes preocupações. Cumprido um terço do campeonato, estamos tranquilamente no 8º lugar, com aspirações a uns lugares acima, mas com os lugares perigosos a uma distância confortável, mas não segura.

E o mais curioso é que para o saber praticamente já nem preciso de saber os resultados do nosso clube. De facto, analisando as estatísticas do Blog, é fácil constatar como anda a situação do Belenenses. Já no final da época passada o tinha começado a perceber, uma vez que na semana que se seguia a um resultado positivo (e foram tão poucos), o Blog tinha mais visitas e no entanto havia muito menos participação de "bloguistas". Mas uma vez que o Blog ainda estava numa fase de crescimento quase exponencial, daí não se podiam retirar grandes certezas.

Este ano tudo se volta a repetir, basta olhar para as estatísticas e percebe-se que a uma semana positiva há normalmente como resposta maior número de visitas, em especial nos dias seguintes ao jogo e com especial incidência nas entradas por motores de busca. Quando o resultado é negativo, há muito menos visitas oriundas de motores de busca, mas os comentários sucedem-se.

Rematando esta pequena divagação, acabo por partilhar que também eu sou assim. De facto, é tão mais fácil manter um blog quando há algo a criticar. A época passada, dia após dia, havia um tema novo para falar, divulgar, criticar. Este ano há noites que passo em frente ao ecrã a pensar no que haverá para partilhar, ou se valerá a pena partilhá-lo. Ainda bem!

quinta-feira, novembro 25, 2004

Um Belenenses para o futuro

Tomei hoje conhecimento da parceria estabelecida com o IADE para o desenvolvimento da sinalética do nosso recinto desportivo, num concurso aberto aos alunos de 3º e 4º ano de Design Visual daquele Instituto. Eis uma boa iniciativa, em que ambas as partes saem a lucrar.
De facto, se há algo que os alunos universitarios sempre se queixam a da excessiva teorização dos seus curriculos disciplinares. Na verdade, a maior parte dos trabalhos práticos são meras teorizações sem quaisquer perspectivas práticas, pelo que quantas e quantas vezes a qualidade final do trabalho se ressente dessa desilusão e, por arrasto, os alunos acabam por não desenvolver as suas capacidades?

É sem qualquer dúvida uma iniciativa de registar, mas que tem de ser inserida num contexto mais largo, numa verdadeira teia de dependências, tão importante para todas as partes, como fundamental para o sucesso de ambas. Há que estabelecer parcerias com institutos das mais variadas áreas, pois se por um lado damos continuidade à nossa função social (ao proporcionar aos alunos oportunidades únicas de enriquecimento pessoal), por outro daí retiramos dividendos. Em especial quando falamos de tarefas criativas, em que é muito importante "apanhar" pessoas sem vícios e que não estejam encostadas a um bonito e preenchido curriculo.

Quantas e quantas ideias não brotam da cabeça de alguém que não vive dominado por tabus e que pensa sempre que é possível inovar, e não apenas copiar?

Espero, portanto, que seja o início de uma longa pareceria e de uma nova atitude do Belenenses perante a comunidade académica. Porque não darmos nós o primeiro passo daquele que é um dos grandes problemas da educação em Portugal: a ligação entre o ensino e as "empresas".

terça-feira, novembro 23, 2004

A frase...

"Como nos disseram que o Boavista precisava de valorizar aquele terreno para ter o dinheiro necessário à construção do novo pavilhão, e como os terrenos eram todos propriedade do Boavista, pareceu-nos legítima a pretensão do clube. Agora o problema vai ter que ser analisado novamente."

Artur Ribeiro, líder da bancada comunista na Assembleia Municipal do Porto
Aqui podem encontrar um artigo do Público On-line que me parece ilustrativo das benesses que uns têm e outros nem vê-las. E ainda há gente com responsabilidades capaz de dizer este tipo de alarvidades: "o Boavista precisa de dinheiro, vamos lá fazer uma aldrabice para os safar". VERGONHOSO!

E atentem bem nesta frase, mais "politicamente correcta", mas que na realidade tudo o que encerra é a simples constatação que foram apanhados a fazer uma aldrabice em benefício do Boavista, e portanto agora têm de sacudir a água do capote:

"Todos os presentes subscreveram a pretensão do Boavista e aprovaram-na por unanimidade (...) face aos argumentos apresentados pelos moradores, a assembleia interpretar a matéria de maneira diversa

Manuel Monteiro, líder da bancada do PSD

Baseado num post do Blog "Blasfémias"

segunda-feira, novembro 22, 2004

A sorte nada quer connosco


Os adeptos azuis viveram mais uma noite de sofrimento, num jogo em que o árbitro tem clara influência no resultado e no desenrolar da partida. Foi uma partida bem jogada em que a Académica se põe em vantagem por Dário, que faz uma falta claríssima sobre Amaral. Se o árbitro realmente não vê uma falta daquelas, é mais um dos que está a mais por incompetência pura. Mas no meio dos espinhos que têm sido os jogos fora do Restelo, algumas rosas aparecem. Hoje estreou-se mais um júnior, Jorge Tavares, que se tornou a figura do Belenenses ao apontar o golo do empate. Para além disso, "deu" um golo de baliza aberta a Rolando, que atirou ao lado. O azar tem estado connosco fora de casa, um dia destes havemos de ter sorte, jogar mal e ganhar!
A Académica entrou melhor na partida, com 2 bons remates aos quais Marco Aurélio se opôs com a classe a que nos habituou. A partir daí só deu Belenenses, com algumas boas jogadas e uma perdida incrível de Neca, de cabeça, que sozinho frente ao guarda-redes cabeçeou a bola por baixo levando-a a passar sobre a barra. Surge então o golo da Académica, na sequência de um canto, em que Dário empurra ostensivamente, com as duas mãos, Amaral pelas costas. O árbitro fingiu que não viu, ou então não viu mesmo e é pura e simplesmente incompetente.

Com o golo, a Académica começou a controlar o jogo e o Belenenses mostrava-se algo ansioso. No início da 2ª parte Eliseu entrou para o lugar de Cabral, na tentativa de dar mais profundidade ao flanco esquerdo. Mas o que se notava claramente era a falta de alguém ao lado de Rodolfo Lima. Há coisa incompreensíveis, Carvalhal passou a semana a dizer que já tinha percebido que temos de jogar com 2 avançados e só a meio da segunda parte "acompanhou" Rodolfo Lima, estreando o jovem Jorge Tavares no lugar de Marco Paulo.

Vivia-se na altura um momento estranho do jogo, com a partida muito aberta e as oportunidades a sucederem-se nas duas balizas. Começa então Jorge Tavares a tornar-se a figura da partida, primeiro ganhado um lance com Pedro Roma fora da pequena-área e servindo Rolando, que sozinho em frente à baliza atirou ao lado. Depois, após uma defesa incompleta de Pedro Roma, e revelando bom sentido de oportunidade (ponta-de-lança), encostou a bola para o fundo da baliza restabelecendo a igualdade.

Surgiu então, após a igualdade, um período que já aqui critiquei ao Belenenses, em que se aposta tudo na defesa do resultado e em "queimar tempo". Para quando perceber que atrasar a marcação de pontapés de baliza, lançamentos ou livres só motiva o adversário, deixando transparecer a ideia de que estamos com medo e dispostos a tudo para segurar "o pontinho"! Há que acabar com esta cultura do "pontinho", pois só assim podemos ambicionar mais.

Já após esse período de assédio Academista, com uma bola ao poste pelo meio, o Belenenses nos últimos minutos controlou bem a partida, mas não me conformo com a falta de ambição para algo mais.

Bem sei que temos tido muito azar nos jogos fora, correndo sempre "atrás do prejuízo", sofrendo golos contra a corrente de jogo. E aí, temos dado tudo e temos sido espectaculares a recuperar de situações desfavoráveis. Mas temos de ambicionar mais, ir mais longe, querer mais. Temos de intimidar os adversários, no bom sentido da palavra.

Como destaques pela positiva, aponto as exibições de Petrolina (na 1ª parte), Marco Aurélio e, inevitavelmente, Jorge Tavares. Pela negativa, sem qualquer dúvida, o golo vergonhoso de Dário, pois nenhum dos jogadores azuis esteve mal.

Concluíndo, mais um ponto e mais um miúdo a mostrar que não precisamos de andar a comprar contentores de brasileiros no Ipatinga, no Olaria ou no Piracariba. Temos jovens com valor e que sabem jogar. Só precisam de ir jogando.

É O AMBIENTE, ESTÚPIDO!

A propósito da questão, em que muito temos insistido, das fracas assistências aos jogos no Restelo, das razões que lhes dão origem e das medidas a implementar para revolver a situação, ocorre-me parafrasear uma frase que, na primeira eleição de Bill Clinton para a presidência americana, ficou célebre – “É a economia, estúpido!”.
No meio das várias razões geralmente apontadas para a pouca presença de público nos últimos anos – desde os maus resultados às más exibições, desde o preço dos bilhetes aos horários dos jogos, desde as más arbitragens às transmissões televisivas – escapa uma que, a meu ver, como tenho várias vezes afirmado (mas, pelos vistos, não sendo levado a sério!!!), é a mais forte de todas. E não é para insultar ninguém (mas antes com um humor que espero não seja ofensivo) que vou buscar a referida frase, trocando “economia” por AMBIENTE, mas sim por me sentir quase exasperado por se ignorar essa causa, e se apontar uma infinidade de outras, que considero muito menos relevantes. Pior ainda, em outros casos: por se encolher os ombros, com indiferença, ou com o sentimento conformista de que não há nada a fazer…

Este artigo tem uma natureza especialmente controversa. Por isso, gostava de reafirmar que os pontos de vista e afirmações nele contidas, somente a mim responsabilizam.

É fácil e imediato dizer-se que são os maus resultados que afastam o público – mas essa afirmação resiste aos FACTOS OBJECTIVOS? Podemos demonstrar que não é linearmente assim! É verdade, sem dúvida, que bons resultados entusiasmam e maus resultados desanimam, e que isso se reflecte na presença de público... Mas há muitos “ses” e “contudos”. E, em última instância, esse condicionalismo tem força menor do que outra causa mais profunda, ligada mais radicalmente à identidade do clube e àquilo que, em cada momento, ele projecta de si.

Vamos a FACTOS. Em 1987/88, o Belenenses obteve a última presença no pódio nos últimos 30 anos, com Marinho Peres a treinador. E o que aconteceu às assistências, nessa época? Pois, BAIXARAM! E BAIXARAM BASTANTE! Quando na jornada anterior obtínhamos um resultado mais moralizador, a assistência subia uns 10% face ao jogo anterior MAS continuava a ficar em pouco mais de metade da época anterior!

Marinho Peres foi, sem dúvida, o treinador mais bem sucedido no comando do Belenenses desde há 30 anos (justificando o nosso respeito e carinho) mas o facto é que, com ele, as assistências nunca subiram – pelo contrário, desceram em flecha (1ª presença) ou continuaram a descer (2ª presença). E porquê? REPAREM QUE ISTO DESMENTE A TEORIA “MELHORES RESULTADOS, MAIORES ASSISTÊNCIAS”.

Porque é que isso sucedeu? Tanto quanto podemos perceber, porque o ambiente que o clube transmitia, que projectava de si, é um ambiente de “mornice”, de “não fazer ondas”, de “os outros grandes” (que nós já não somos…). Porque o clube não teve causas mobilizadoras e que preservem e “gritem” a sua identidade. E pergunte-se aos velhos grandes Belenenses, alguns que se vão afastando desanimados e impotentes, se não é dessa alma que sentem falta – e não duvidem que, numa grande maioria, dirão que sim. É essa desistência da identidade orgulhosa do clube, é esse quase medo de ser popular, é essa aversão a ser desafiador e rebelde COMO ERAM OS RAPAZES DA PRAIA (os fundadores do clube), É ESSE ABURGUESAMENO COMODISTA a causa da doença que mina o clube e que tantas vezes afasta, repudia ou até persegue OS MELHOES, OS QUE MAIS CONHECEM E SENTEM O CLUBE!

E esse ambiente está presente quando somos atropelados (veja-se o caso do jogo nas Antas) e calamos; quando nos vergamos aos nossos antigos rivais e lhes chamamos os grandes (e não “outros grandes); quando, desnecessariamente, lhes insistimos em pedir jogadores emprestados, para os colocarmos (a esses públicos), diante da opinião pública, no conceito de “beneméritos amigos” e lhe darmos ainda mais tempo de antena… (perguntem aos que fizeram os grandes feitos da vida do Belenenses e que ainda estão vivos o que acham dessa prática, ou de alianças com o Benfica e o Sporting, e ficarão elucidados… De quem será mais válida a resposta: dos que fizeram grande o clube ou de outros “inventores”? Dos que fizeram a originalidade do Belenenses, LIVRE, INDEPENDETE E OUSADO, ou dos que logo retorquem que vamos fazer assim porque “o Braga, o Marítimo, o Guimarães e o Boavista” também o fazem e portanto… Como se nós fôssemos iguais a eles! Como se nós quiséssemos ser o BOAVISTA II em vez do Belenenses! Como se nós tivéssemos que copiar esses exemplos, quando os não copiamos no que porventura se justificaria… Lutarei contra isto, mesmo correndo o risco de parecer chato, de criar antipatias, de ouvir piadas e remoques, de ser acusado de demagogo e irresponsável, porque entendo, e entenderei até alguém me apresentar argumentos do contrário, que isto mancha a nossa camisola, a nossa honra, a nossa auto-estima, a imagem que projectamos de nós, o respeito a que nos devíamos dar, e por isso é co-responsável por comprometer o futuro do clube; porque entendo que isso contribui para nos retirar espaço vital, para alimentar a psicologia dos coitadinhos, para nos adormecer e nos roubar o que nos resta de ambição...mais uma vez a questão do AMBIENTE que se respira!).

E esse ambiente está presente quando, no meio de um jogo potencialmente mais excitante, há ocupantes das bancadas dos sócios que discutem o Benfica e o Sporting e nem reparam que com um pouco mais de incitamento, com esse “empurrão”extra, a equipa “entraria” com a bola pela baliza dentro; quando se experimenta baixar o preço dos bilhetes mas, 2 ou 3 dias antes, ninguém, no público, sabe de nada (será que é esperado que se adivinhe? Que as pessoas passem todos os dias pelos serviços administrativos do clube?); está presente quando, em vez de se oferecer algo que dê calor, alegria e colorido às bancadas (bandeiras, lenços azuis), se oferece… um porta-chaves; está presente quando se fala em iniciativas para “dinamizar o povo azul” e se afirmam medos de “populaças e gritarias”.

E volto aos factos… FACTOS, repito! Em 1989, o Belenenses venceu a Taça de Portugal. E na época seguinte, logo nos primeiros jogos, logo no jogo de apresentação, sabem O QUE ACONTECEU? As assistência desceram a um nível mais baixo do quem qualquer outra época no Restelo!!! E porquê? Passo dos factos para a minha interpretação que, porém, nunca vi contraditada a partir de factos: porque logo a seguir caiu sobre o clube, ou melhor, saiu do clube, de muitos dos seus dirigentes e passando para (alguns) adeptos – e vice-versa -, um sono paralisante feito de conformismo, de inércia, de falta de ambição “(isto já foi muito, agora recolhamo-nos ao normal…”), de pseudo-pragmatismo conservador, ainda que envernizado por tiques de eficácia, de subalternização face a outros clubes – anunciada quando logo se disse que tinha sido um feito excepcional e episódico (devido a Marinho Peres!!!) mas que continuávamos no nosso lugarzinho e selada com o pedido de empréstimo de Edmundo ao Benfica (embora em condições menos gravosas do que as vigentes nos tempos de Ferreira de Matos/Cabrita e Matias, campeões entusiasmados dos empréstimos, embora se finja que não se repara sempre que falo no inconveniente facto…). Triste e paradoxalmente, deixou de haver objectivos, algo por que lutar, por que cerrar os dentes, por que afirmar a alma e identidade do clube, algo que (nos) toque, que nos galvanize, que nos chame a reunir – nem que seja para resistir uma vez mais, para lutar contra a adversidade, uma vez mais, para reconstruir, uma vez mais…

Em resumo, e portanto, é preciso baixar os preços, até ao ponto de encontro das curvas da oferta e da procura, em que, para a mesma receita, se maximize o número de espectadores; é preciso tentar os melhores horários possíveis para a realização dos jogos; é necessário publicita-los adequadamente, em especial aos mais importantes, e fazer conhecer as condições favoráveis (ofertas, preços para acompanhantes, etc.); é necessário ter um projecto coerente para a equipa de futebol, que não se esgote no imediatismo de uma época, e que permita que, no futuro (próximo), se volte a bons resultados. Tudo isto, sem dúvida! Mas é preciso “cuidar do ambiente”: é preciso recriar a mística, ter objectivos, suscitar entusiasmo, potenciá-lo, criar ambiente no jogo e à volta do jogo, no Estádio e à volta do Estádio, reafirmar a componente popular do Belenenses, afirmar uma cultura de massas, de multidão, de envolvimento da equipa – fazendo perceber que o clamor, que o aplauso, que o incentivo, que o colorido dos cachecóis e das bandeiras, que a presença multitudinária, distribuída pelo estádio (em vez de se correr para camarotes e espaços privilegiados onde não se dá pela presença das pessoas...), tudo isso contribui para triunfos, tudo isso é a nossa contribuição para o clube, bem mais importante do que, para os sócios, uma simples quota.

É preciso, enfim, restaurar o orgulho e a maneira ousada e original de ser belenenses!

Nunca fui capaz de me confinar à retórica, à simples teorização sem prática, às boas intenções, ao sermão estéril. Por isso, também é que não aceito o comentário “fala-se, fala-se, mas iniciativas, nada!”.

Por isso, volto a lançar a ideia, para o jogo com o Benfica, agora com antecedência e alargadamente: uma hora antes do jogo com o Benfica, 2 ou 3 locais de concentração, de onde partamos, EM CONJUNTO, para alegrar e “redespertar” para o azul as ruas de Belém: o Núcleo Ajuda/Belém, os Pastéis de Belém e ainda algum outro local que alguém queira sugerir. Depois, 40 a 45 minutos antes do jogo, a partida para o Estádio. Não serei eu, como se fosse uma questão pessoal, a insistir com a ideia: espero que nela se pegue – mas já! Se assim for, cá (lá!) estarei com todo o entusiasmo. Espero que desta vez não haja “desculpas”: foi muito em cima da hora, estava a chover, tenho que levar o carro…Mas, se houver tais desculpas, por favor, depois, não se diga que não se faz nada, que é só conversa – a não ser que seja uma autocrítica!

(Gostava de deixar uma nota para o bloguista Rui Antão, cujos comentários por vezes tenho apreciado, pela sua pertinência e lucidez. Não, não me chocam nada projectos empresariais fortes a reforçar a componente financeira do Belenenses; como não me choca, antes preconizo, a profissionalização de funções agora ainda só remetidas para a boa vontade – ou a ausência de vontade – que, depois, dificilmente pode ser responsabilizada. Quando falo contra uma lógica PURAMENTE empresarial, quero dizer isto: um clube descaracterizado como o Belenenses, tem que reafirmar os seus ideias clubísticos, e à sua luz definir os grandes princípios e objectivos, e isso está além de um, simples cálculo de receitas e despesas; na fase da execução, então sim, mas subordinadamente, é necessário o rigor e a eficácia e pragmatismo de tipo empresarial. Em resumo: não se confunda a alma de um clube com o simples calculismo empresarial, quando se trata das grandes coisas; não se metam considerações pessoalistas ou de folclore pseudo-clubístico, onde é necessário que “falem” factos, números e estruturas).

sábado, novembro 20, 2004

A importância do ciclismo

Foi com grande satisfação que tinha vindo a ouvir falar no provável regresso do ciclismo ao Belenenses, antes de mais porque é uma modalidade pela qual tenho especial simpatia. Mas mais importante ainda, é uma modalidade que corre o país de lés a lés e ninguém tem de pagar bilhete para ver as nossas cores a passar.

De facto, o grande impulsionador da dimensão nacional de Benfica e Sporting, incomparáveis no panorama do futebol mundial (Reais e Manchesters são marcas que se vendem, não paixão enraízada), foi o ciclismo. Foram os sprints de homens como José Maria Nicolau ou Alves Barbosa que espalharam os nomes destes 2 clubes pelo país inteiro.

Como referi anteriormente, é uma modalidade com visibilidade e que "chama" as pessoas, na medida em que ver os ciclistas passar é grátis e algumas provas têm boa cobertura televisiva. Para além disso, é um facto que o "sofrimento" a que são sujeitos os ciclistas leva a que o público se interesse sempre pelo lado positivo do desporto, e muitas vezes os aplausos para os últimos são bem mais fortes que para os primeiros.

É também uma modalidade que, à vista desarmada, parece proporcionar um bom retorno aos patrocinadores: Bom-Petisco Tavira, La-Pecol Águias de Alpiarça, Recer-Boavista, Maia-Milaneza, Sicasal-Acral e tantas outras foram associações que perduram entre clubes e patrocinador. Parece-me aliciante a um patrocinador juntar o nome a um clube de prestígio como o nosso.

Cá espero, com grande expectativa, esta nova modalidade, que terá certamente um carinho especial aqui no Blog do Belenenses.

Há vida no Restelo

Esta manhã fui ao complexo desportivo do Belenenses entrevistar o futebolista Amaral e o Basketbolista Miguel Minhava, para o próximo número do Jornal do Belenenses. E não posso esconder a satisfação de ter visto largas dezenas de miúdos, com as camisolas do Belém, das escolas de futebol e basket, a jogar animadamente no Maracanãzinho e no Sintético. Mas melhor que isso era ouvir os miúdos que estavam de fora, à espera de vez para entrar em campo, a fazerem claque e a puxar pelos colegas, cantando o nome do nosso clube. Está aí o futuro, há que acarinhá-lo.

Gostei mesmo muito de ver.

sexta-feira, novembro 19, 2004

CAMPANHA: VAMOS DAR COR AO NOSSO ESTÁDIO - COLABORA !!

O Blog do Belenenses associa-se à campanha:

Vamos dar cor ao nosso estádio
do blog Armada Azul

O blog Armada Azul decidiu iniciar uma campanha que tem em vista melhorar as assistências nos jogos em casa do nosso clube para a SuperLiga.

Depois da falta de público que temos vindo a verificar ultimamente no Estádio do Restelo, nasceu esta ideia e já temos colaboradores que já estão a preparar toda esta acção.

A campanha consiste na distribuição de uma mensagem apelativa por estabelecimentos comerciais, caixas de correio e zonas de grande movimento, já tendo em vista o próxima partida em casa frente ao Sporting Braga.


Estará disponivel em formato Word a mensagem que vai ser distribuida durante toda a próxima semana pelas ruas, localidades e arredores de Belém. Pedimos a colaboração de todos, que façam download do ficheiro (exemplo na imagem) e caso tenham disponibilidade de tirar fotocópias que o façam e passem a mensagem. Não custa nada tentar.

Se eventualmente também possuírem um site ou um blog por favor não hesitem em incentivar os nossos associados a irem ao futebol. Espalhem a mensagem e façam o nosso clube crescer. Digam o que pensam acerca desta questão que se tem vindo a tornar sériamente grave e vamos todos encher o Restelo com bandeiras e cachecóis azuis como antigamente.

Mostrem o vosso descontentamento acerca desta questão e colaborem com a Armada Azul. A direcção do clube ja tentou por várias vezes este ano inverter a situação mas não obteve sucesso em nenhuma delas. Compete-nos agora a nós agir e reagir como grandes Belenenses que somos e tentar ajudar.

DOWNLOAD DA MENSAGEM

VAMOS DAR COR AO NOSSO ESTÁDIO!

Preço dos Bilhetes:
Sócio – 6 €
Sócio Estudante – 3 €
Acompanhante de Sócio – 10 € (duas pessoas)

SÓ NÃO VEM Á BOLA QUEM NÃO QUER! FAÇA PARTE DO NOSSO GRUPO E VENHA APOIAR O SEU CLUBE!

Colabore com o nosso blog. Transmita esta mensagem, leve gente ao estádio, e participe com a sua opinião.

Obrigado pela colaboração.

Qualquer duvida:
armadaazul@netcabo.pt

quinta-feira, novembro 18, 2004

Portas que se abrem ao nosso capitão?

Foi aqui levantado hoje pelo Marcus Bjorling o rumor que dá Andersson como perto do regresso à Suécia no final da temporada. Nesse sentido, e também para ficarmos todos com uma ideia mais aproximada de como Andersson é acompanhado pela imprensa Sueca e qual a visão local, Marcus Bjorling preparou uma compilação de declarações de Andersson à imprensa nos últimos tempos.

Jornal "Sydsvenskan"

Andersson pensa no futuro na Suécia:

- Não gostaria de especular, mas tenho a noção que as coisas mudam rapidamente no futebol. Não fecho portas ao que possa acontecer.

- Às vezes tenho saudades de casa.

Andersson está novamente feliz a jogar futebol. A transferência para o Belenenses foi importante.

- No Benfica podes fazer um bom jogo, ganhar 4-1, e mesmo assim ficas no banco no jogo seguinte.

- No Belenenses sou capitão e estamos a jogar um futebol muito interessante. Para além disso, jogo como médio defensivo, a mesma posição que ocupo na selecção sueca.

Site fotbolldirekt.com

O contrato de Andersson termina no final da época e um regresso à Suécia seria tentador. O Malmo FF tem um público entusiasmante, o que agrada a Andersson.

- O Malmo tem 20.000 espectadores quando joga em casa. É fantástico. Não sei o que acontecerá depois do Verão, a ver vamos. Ainda falta muito tempo.

Andersson na goleada à Escócia

O jogador do Belenenses Anders Andersson jogou ontem os 90 minutos na vitória da Suécia por 1-4 na Escócia. Segundo Marcus Bjorling, responsável pelo programa Liga Europa do Kanal5 (parceiro do Blog do Belenenses) a sua actuação não foi particularmente feliz, e a imprensa local revela hoje ecos disso mesmo.
Equipa Sueca:
Guarda-Redes:
Magnus Hedman
Defesas:
Mikael Nilsson
Olof Mellberg
Teddy Lucic
Mikael Dorsin
Médios:
Anders Andersson
Niclas Alexandersson
Kim Källström
Christian Wilhelmsson
Ataque:
Marcus Allbäck
Fredrik Berglund
Jogaram ainda:
Andreas Isaksson
Mikael Antonsson
Petter Hansson
Alexander Östlund
Johan Elmander
Andreas Johansson
Tobias Linderoth
Sharbel Touma
Treinador:
Lars Lagerbäck

O jogador do Belenenses jogou toda a partida da noite de ontem no meio-campo defensivo da equipa Sueca. No entanto, pecou no entendimento com a estrela em ascenção do meio-campo Sueco, Kim Kallstrom.

Segundo o jornal Aftonbladet, Andersson errou muitos passes e laterlizou demasiado o jogo, não aproveitando o jogo vertical de Kallstrom em prol do colectivo. Ainda segundo o mesmo jornal, Andersson provou que não é melhor que Tobias Linderoth ou Daniel Andersson. Este jornal critica ainda o facto do jogador do Belenenses ter feito muitas faltas desnecessárias e a sua "ausência" em termos ofensivos, avaliando-o com 2 numa escala de 0 a 5.

Por outro lado, corre o rumor na Suécia de que Andersson estará, na próxima época, a caminho do campeão Sueco, Malmö FF.

Uma noite triste

Na sua 3ª partida na Taça FIBA, os "Guerreiros" cometeram demasiados erros e acabaram derrotados por 77-87 pelos Húngaros do Albacomp. Após um início promissor, a equipa começou a enervar-se e na 2ª parte perdeu-se. Uma vez mais o público nas bancadas esteve aquém do esperado.

Com uma assistência a rondar as 400 a 500 pessoas, o Belenenses viveu hoje uma noite particularmente triste. Não foi por falta de empenho que o resultado se tornou amargo, mas hoje foi um dia em que tudo saía mal. Não tendo dados estatísticos para me basear, não hesito em afirmar que nem 1/3 dos lançamentos livres concretizámos. As perdas de bola foram muitas, grande parte delas infantis e não por mérito do adversário.

Durante o primeiro período estivemos na liderança por 7/8 pontos e mostrámos o basket a que estamos habituados. No entanto, durante o 2º período começou o descalabro, tendo a poucos minutos do fim do 2º período os Húngaros passado pela primeira vez para a frente do placard. O intervalo chegava e, com ele, o empate a 44-44. Os semblantes na bancada estavam carregados e percebia-se que os jogadores estavam nervosos.

No 3º período agravámos ainda mais o défice que vinhamos manifestando no 2º, tentando resolver tudo rapidamente e sem pensar, resultando daí o avolumar do resultado a favor do Albacomp.

No 4º período, e numa altura em que os adeptos pensavam que a derrota era inevitável, deu-se uma ligeira recuperação dos "Guerreiros", que colocaram a diferença em apenas 5 pontos. Nesta altura, um erro da equipa de arbitragem, anulando um lançamento duplo nosso por falta atacante acabou por espevitar quer os jogadores, quer o público. No entanto, foi sol de pouca dura e rapidamente o fosso ficou ainda mais cavado, cerca dos 10 pontos de diferença com que se atingiu o final da partida.

Foi um jogomenos conseguido dos nossos "Guerreiros", mas no entanto continuam a manter toda a nossa confiança. No fim-de-semana haverá, por certo, o regresso às vitórias.

quarta-feira, novembro 17, 2004

À conquista da Europa


O Belenenses recebe hoje, 17 de Novembro, pelas 21h00, os húngaros do Albacomp, num jogo a contar para 3ª Jornada da Taça Europa FIBA.

Os Guerreiros estão no grupo B da Conferência Central e partilham o primeiro lugar com os outros 3 clubes, o A Plus ZS Brno da República Checa , o Basket Club Boncourt da Suíça e o Albacomp da Húngria. Todas as equipas têm uma vitória e uma derrota pelo que é fundamental pontuar nesta 3ª jornada para que a equipa do Belenenses se adiante na tabela classificativa, e assim ficar mais perto da fase seguinte.

Após uma vitória folgada contra o Santarém, jogo a contar para a 6ª jornada da Liga de Clubes, os Guerreiros estão confiantes e certos que vão conseguir mais uma vitória na Europa.

E como a máxima dos nossos Guerreiros sempre foi e sempre será ganhar jogo a jogo, os Guerreiros esperam pelo nosso apoio para ultrapassarmos mais esta etapa. O seu apoio é importante, não falte na Quarta-Feira, vamos encher o nosso pavilhão Acácio Rosa e ajudar a conquistar a Europa! Vamos mostrar que estamos ao mais alto nível e tal como os nossos adversários seremos capazes de encher o nosso pavilhão, e de fazer um barulho ensurdecedor a apoiar a nossa equipa.

Se por alguma razão não puder acompanhar os “Guerreiros” nesta jornada a contar para a Taça Europa FIBA, siga em directo e em exclusivo, com actualizações em cada 2 minutos, ao Live no site Belenensesbasket.

Acompanhe a sua equipa em todos os jogos, em qualquer sítio, à distância de um click, através da internet!!! Mas se puder, não hesite, vamos encher o Pavilhão Acácio Rosa!!!

terça-feira, novembro 16, 2004

PALAVRAS QUE FORAM DITAS - 29 - ...E a Paixão, para onde foi? (Parte II)



Continuamos, nesta II Parte, a relembrar e a comentar peças escritas sobre a paixão, o entusiasmo e o fervor clubístico que acompanhavam Belenenses, em contraste com a frieza e a passividade dos últimos anos. Fazêmo-lo com o sentido de mostrar que é possível e necessário inverter a situação.

Servimo-nos, mais uma vez, do jornal “A Bola”, do qual extraímos várias passagens dedicadas à inauguração do Estádio do Restelo, e a tudo quanto a rodeou. Deve salientar-se que, a força e popularidade que o nosso clube detinha então, fizeram com que durante uma semana as primeiras páginas fossem quase exclusivamente (num caso, mesmo totalmente) dedicadas ao Belenenses.

Na edição de 24 de Setembro de 1956 (nº1535), assim escrevia Vítor Santos, nas páginas 1 e 4:

“E ficou tudo azul! (...)

Ele ali estava, o azul portentoso na bandeirinha amorosamente colocada na varanda florida e nas trapeira velhinha, alcandorada no beiral escuro, carregado de tempo. Ele ali estava, o azul teimoso, no quadrinho ingénuo, de figuras recortadas à tesoura e coladas pela família (...). Ele ali estava, o azul ‘terrível’, na bandeira a esvoaçar, na colcha brilhante (tirada da arca e de alecrim perfumada), no galhardete, no mastro, no gradeamento, no letreiro, na saudação, em tudo o que Belém trouxe para a rua no dia festa da grande do Belenenses, menina dos olhos daquela gente briosa, honrada e digna (...)

Tudo azul! (...)

O Belenenses, na data festiva da inauguração do seu maravilhoso Estádio do Restelo, esgotou o azul. Ficou todo ali, em centenas de trajos e lenços e colchas e gravatas de cor azul, azul vivo, azul vivo e mais ‘terrível’ que nunca, a meter-se pelos olhos da gente. Foi uma inundação lenta, progressiva, paciente mas esmagadora. A cor rainha, dominadora, ditatorial, entrava pelos olhos, inundava as almas, enciumava os estranhos, apaixonava os da família.

E que grande família aquela que pôs, logo de manhã, todo Belém em festa, indiferente à chuva, gozando-a mesmo, como bofetada de quem quer saber se gostam mesmo dele, a sério, a valer, verdade, verdadinha...

Depois o dia escorreu, num ápice, que um dia de festa leva metade do tempo a passar. E quando chegou a hora da festa, da verdadeira festa, a cor obsidiante conquistara tudo (...)

Todo o azul alfacinha estava ali, em mil camisolas berrantes, sangradas com a Cruz de Cristo, como se cada uma delas tivesse precisado de mostrar, no sangue vermelho e capitoso dos peitos que as cingiam, a sinceridade da sua fé e da sua mística.

(...)

Foi lindo! Já sentiramos a alegria e a emoção daquela gente quando percorremos becos e travessas empedradas de colchas e bandeiras ao vento, grinaldas rendilhadas, flores mais vivas da água da chuva teimosa e desmancha-prazeres.

Mas quando, às 15.30, um morteiro estoirou nos ares, anunciando a chegada do Presidente da República, e o dique da emoção se despedaçou, fazendo soltar dos peitos gritos reprimidos, alegrias incontíveis, ternuras conservada a tanto custo, no mais íntimo de cada um, é que se viu bem o que representava “aquilo” para a gente do Belenenses.

Não era o Estádio em si, aquela maravilhosa jóia arquitectónica debruçada sobre o Tejo; não era a grandeza daquele ‘monumento’ de cimento e de pedra, lindo nas suas linhas harmoniosas e suaves, de bela concepção helénica; não era o enriquecimento material do património do clube que, nascido há 37 anos no areal da ‘praia’, ali estava agora, estuante de vida e de querer. Era, sim, a mística da colectividade que se sentia pairar por sobre as cabeças, ciciando a epopeia de uma família – todo um passado de alegrias e tristezas, felicidades e infortúnios, risos e choros.

E não houve olhos de gente ‘azul’ onde não aflorasse uma lágrima salgada de emoção e ternura. Vimo-las borbulhar, como fio de água na nascente, na face carcomida de certo velho, cabeça branca da neve do tempo, pele morena tisnada de mil sóis; vimo-las, gotas de cristal, na carita de uma criança loura e branca; vimo-las a escorrer pela cara de homens fortes, curtidos nas andanças da vida, mas ali feitos miúdos, sensíveis, ternos, mesmo tímidos e meigos, como meninos de escola

(...) Atroaram os ares o rufar dos tambores e a estridência das cornetas. Batiam-se palmas, gritavam-se vivas, explodiam saudações e incitamentos (...)”.

E terminando, falando da sua saída do Estádio, descendo por Belém e seguindo até à Praça Afonso de Albuquerque (onde nasceu o Belenenses), concluiu Vítor Santos:

“De uma varanda engalanada, dois bocados de trapo branco e letras azuis diziam-nos adeus. Lemos as palavras ali pintadas por mãos pobres, sinceras e dignas. Diziam isto:

- Glória aos obreiros do Estádio! Belém! Belém! Belém!

Parecia que nos tinham gritado aos ouvidos aquelas palavras. E, a caminho da Baixa, o motor do carro, as árvores, as casas de Lisboa, o céu, o Tejo, tudo nos gritava:

Belém! Belém! Belém!”


Não podemos deixar de pensar que ainda há dias se tentou fazer uma concentração para alegrar as Ruas de Belém perto do Estádio antes do jogo com o Boavista e, por causa da chuva (é certo, também da tardia divulgação da ideia), compareceram 5 pessoas... Para onde foi a Paixão?

Não podemos deixar de pensar no silêncio e na impassibilidade (nem umas leves palmas...) de grande parte da bancadas dos sócios ‘”cativos”, no mesmo jogo... Para onde foi a Paixão?

Na página 4 do mesmo jornal, num espaço dedicado a entrevistas, podemos ler: “Jornada de vibração e de euforia. De exaltação clubística (...) Jornada que fez transbordar de alegria os corações de todos os belenenses e que os fez vibrar de emoção.

Por isso, vimos lágrimas em muitos olhos. Ouvimos as vozes que se embargavam nas gargantas, mas quedando-se ali aprisionadas numa emoção incontida.

Como aconteceu, por exemplo, com Francisco Mega, um dos nomes mais ligados à vida do Belenenses.(...) ouvimos-lhe a voz. Trémula. A custo, conseguiu dizer:

- Estou radiante...É um dos momentos mais felizes da minha vida...

Levantámos então os olhos para ele e vimo-lo chorar. (...) Um abraço daquele homem que uma alegria grande vencia, selou a entrevista.

Francisco Mega dissera mais do que poderiam tê-lo feito mil palavras”.

Porque há quem pense que “os homens não choram” ou que, se o fazem, é porque a emoção lhes tira o discernimento, a competência e a determinação, cabe lembrar que Francisco Mega foi vária vezes Presidente do Belenenses (1935-38; 1939-41; 1950-54); que nem por então ser outro o Presidente, deixava de sentir o clube e a obra como seus; que era um desses homens que fizeram grande o Belenenses, em tempos em que todos os anos se acrescentava algo ao clube, em progressão constante, desses homens que nunca se dobraram perante os rivais, que, no seu orgulho, jamais aceitariam (quanto menos promover, sem necessidade...) situações que nos rebaixam perante esses clubes (não vou repetir...), dirigentes com uma capacidade de realização extraordinária...

Voltemos ao jornal “A Bola”. Na página 5 da mesma edição, de um artigo com o título “Das Salésias ao Restelo”, reproduzimos os seguintes excertos:

“As cerimónias de inauguração do Estádio do Restelo principiaram logo de manhã, como estava anunciado. E nem a chuva que caiu até cerca do meio dia ofuscou o brilho duma jornada que ficará assinalada na história do Belenenses como uma jornada inesquecível para a grande ‘família azul’; nem serviu para afastar a enorme falange de adeptos do clube que, desde as primeiras horas, começou a encher as ruas dos bairros de Belém, Junqueira e imediações, para não perder um só dos actos que serviram para festejar o grande acontecimento.

O ciclo das solenidades principiou com o último acto oficial nas Salésias: a homenagem que se prestou a José Manuel Soares (...)

Procedeu, depois, ao arrear da bandeira, o presidente da Direcção [Major Pascoal Rodrigues] do Belenenses (...) e fez dela entrega ao atleta olímpico Rui Ramos, entre calorosos aplausos da enorme assistência que nas Salésias presenciou o acto.

Organizou-se em seguida um extenso cortejo, seguindo à frente aquele atleta a transportar a bandeira numa salva de prata, acompanhado pelos membros da secção de cicloturismo do Belenenses e representantes das secções de andebol, atletismo, voleibol, hóquei, futebol, ténis de mesa, badminton, campismo, natação, ginástica e basquetebol.

O cortejo seguiu pela Rua das Casas do Trabalho, Rua da Junqueira, Rua Direita de Belém, Travessa das Linheiras, Rua Vieira Portuense (onde fez uma pequena paragem em frente da primeira sede do clube) e continuou pela Travessa da Praça, Largo de Belém, Rua dos Jerónimos e Avenida do Restelo, até parar junto do novo estádio.

Na última parte do percurso, a multidão engrossou, vitoriando os componentes do cortejo.

A cerimónia que se seguiu, o hastear da bandeira pelo Dr. Santos Pinto [na altura Presidente da AG], no mastro de honra, deu lugar a grandes manifestações de entusiasmo, ouvindo-se, com insistência, o buzinar dos automóveis que pejavam as artérias que circundam o estádio”.

Era gente que não chegava em cima da hora, ou até já depois, nos grandes dias... porque não queria perder nada do sentimento arreigado que escorria de cada acto belenenses...

As páginas 5 e 7 dão conta da grande parada que houve na pista ao redor do Estádio, onde “200 clubes com cerca de 3.500 atletas prestaram a sua homenagem ao Belenenses”. Números reveladores... O Belenenses de então, digno e altaneiro, que nunca calava a sua voz quando era injustiçado ou o tentavam subalternizar, nem por isso (ou talvez por isso mesmo...) deixava de merecer um extraordinário respeito. Saliente-se que houve desfiles mais ou menos semelhantes na inauguração das Antas, da Luz e de Alvalade, mas nenhum atingiu os números do Belenenses (já agora, o Belenenses foi o clube com mais atletas representados em Alvalade, com excepção, como é óbvio, do clube da casa)! Entre esses 3.500 atletas, 650 eram do Belenenses!

Depois da descrição pormenorizada do desfile, podemos ler a dado passo:

E para terminar, sob verdadeira tempestade de aplausos, começaram a desfilar os atletas do Belenenses. (...)

Foi um dos grandes momentos da festa, que serviu para que o Belenenses pudesse mostrar a falange de atletas de que dispõe para cumprir a sua alta missão de clube desportivo.

Lentamente, todas as secções desfilaram perante o público e a todas foi dispensado o mesmo carinho e o mesmo entusiasmo”

Não é bem melhor “uma tempestade de aplausos” que uma tempestade de impropérios ou uma “tempestade” de indiferença e pose sobranceira e distante?

Algumas notas a título de comentário final:

1. noutro artigo, exporemos o programa completo de festividades relacionadas com a inauguração do Restelo. Um programa extraordinário a todos os títulos, mesmo visto à distância de quase 50 anos.

2- Há uma frase feita quando se fala do Belenenses, que é “os velhos do Restelo”. Como estou na meia idade, e comparando tempos de outrora com os de hoje, estou em posição de perguntar: não será que alguns de nós, mais jovens, nascemos ou já somos ainda mais velhos?! O nosso conformismo mortiço, faz crer que sim, algumas vezes...

3. Queremos ou não que um entusiasmo semelhante ao exposto nos artigos volte a rodear o nosso Belenenses? Queremos ou não – mesmo que tenhamos que apanhar um pouco de chuva? O que estamos dispostos a fazer, na prática?

4 - Não é verdade que a alma de um clube são os seus adeptos, e a vitalidade destes é que determina o que o clube pode ser?

5 - Por que é que não se fomenta este clima de entusiasmo? Porque é que não o fomentamos nós, porque é que a direcção o não fomenta, porque é que não lhe aderimos?

6 - Duma coisa, não pode restar dúvidas. O Belenenses foi e ainda é um CLUBE ENORME mas está adormecido: ACORDA, BELÉM, QUE SE FAZ TARDE!

segunda-feira, novembro 15, 2004

PALAVRAS QUE FORAM DITAS - 28 - ...E a Paixão, para onde foi?




Se há coisa que nos pode entristecer no Restelo, mesmo no meio da alegria de uma vitória, é o progressivo esbatimento da paixão.

Não nos referimos, é claro, àquela indesejável paixão descontrolada e quase animal, destituída de equilíbrio e inteligência, que tantas vezes descamba, naturalmente, para a injustiça, o protesto impensado, o triunfalismo folclórico ou desrespeitoso. Falo, sim, da dedicação e do sacrifício, do entusiasmo galvanizador e contagiante, da vibração comovente com as venturas e desventuras do nosso Belenenses.


Fico, por isso mesmo, estupefacto, quando oiço falar do clube numa simples lógica de custos e ganhos, como se de uma empresa qualquer se tratasse – num clube, é necessário rigor financeiro mas não é isso que lhe justifica a existência. Fico, sinceramente, irritado com os braços cruzados e as gargantas caladas quando as equipas entram em campo e precisam do nosso apoio. Fico desiludido quando vejo as pessoas deliciarem-se com o fait-divers, e permanecerem insensíveis às histórias belas e dramáticas – de resistência e dedicação - do nosso clube, e ao pulsar da sua vida.

Não foi sempre assim. Já houve tempos, como aliás já referimos em outros artigos, em que o Belenenses se destacava, sim, pela paixão e entusiasmo das suas gentes... (cfr., v.g., “Palavras que Foram Ditas – 2”).

Há testemunhos inúmeros da vibração, do incentivo clamoroso que rodeava as nossas equipas. Em outros momentos, relatei aquilo a que eu próprio assisti; recorremos agora, e futuramente, a testemunhos alheios, e a tempos e acontecimentos a que não assistimos.

Tal é o caso destas páginas escritas por Vítor Santos (um grande jornalista, adepto do Sporting mas que sempre respeitou e manifestou autêntica simpatia pelo Belenenses), nas páginas do nº 1313 de “A Bola”, na sua edição de 25 de Abril de 1955. Exactamente: no dia a seguir ao célebre jogo com o Sporting, no último jogo do Campeonato, que perdemos a 4 minutos do fim, com bastante azar e lapsos (?) da arbitragem – conforme Carlos Gomes, Guarda-Redes leonino de então e figura mítica do futebol português veio a reconhecer... 49 anos depois. Mas disso voltaremos a falar noutra ocasião...

Assim, descrevendo aquele fatídico dia (para o Belenenses), escreveu Vitor Santos que, ao chegar às Salésias, às 14h30m, uma hora e meia antes do jogo começar...

“...o campo, sobretudo do lado do peão, estava já quase cheio. Pairava no ar um sussurro infernal, misto de alegria e expectativa. No rosto dos adeptos do Belenenses lia-se a confiança na vitória...

De todos os lados continuavam a afluir vagas sucessivas de gente, que vinha engrossar esse mar imenso de cabeças e bandeiras que emoldurava em grande gala o Estádio das Salésias.

(...)

15.57 – O Estádio tremeu e viveu numa prolongada onda de aplausos durante alguns segundos – talvez minutos – quando os rapazes da camisola azul subiram as escadas de acesso ao terreno.

No ar estrelejaram foguetes e rebentaram potentes morteiros, a anunciar a todo o bairro que ia começar a grande festa de Belém.

16.02 – Uma avançada, duas avançadas e, calmamente, Perez faz anichar a bola no fim das redes de Carlos Gomes.

Verdadeiro momento de loucura colectiva, assinalado ruidosamente com foguetes, morteiros, chocalhos e toda a espécie de instrumentos de fazer barulho!
Em todo o campo, os sócios e simpatizantes do clube, lágrimas nos olhos, abraçavam-se. No próprio camarote da Direcção, o contentamento era bem visível.

No campo, Perez, o autor do golo desaparecia no meio dos seus companheiros, tal era o desejo de todos em querer abraçar o ‘herói’ do momento. Alegria nas Salésias..”.

Gostava de fazer notar que o ‘velho’ Estádio das Salésias tinha então uma lotação de 26.000 pessoas. Não era um campozinho... Havia alguns adeptos do Sporting e alguns do Benfica (à espera do deslize do ‘Belém’, tal como muito adeptos azuis, talvez sem bilhete para as Salésias, se deslocaram à Luz, com o fito inverso...) mas, evidentemente, a grande, grande maioria era do Belenenses.

Perdemos o Campeonato, é certo; mas arrepio-me e comovo-me ao ler as descrições, sobretudo as que sublinhei. Quem me dera viver um momento desses, mesmo com um fim indesejado... Vibrar, sentir um clube vivo, momentos arrebatadores...

Compare-se aquela vibração com o desolador vazio e silêncio das bancadas do Restelo... e não se estranhará a pergunta:

“E a paixão, para onde foi?”.

Cabe a todos nós fazer com que esta pergunta deixe de ter sentido! É com esse objectivo que escrevo!

sábado, novembro 13, 2004

Festival de golos falhados


Numa boa tarde de Sábado para ir ao futebol, foram muito poucos os presentes no estádio do Restelo, talvez 3 a 4 mil. É uma pena, mas há que repensar toda a envolvência da partida de forma a captar mais pessoas. Quanto ao jogo, vitória clara por 3-0 da melhor equipa, que se revelou, ou "re-revelou", muito perdulária. Com gente com "faro" de golo, poderíamos neste, como noutros jogos, partir para uma goleada histórica. E Juninho Petrolina assume-se, claramente, como um jogador de grande classe e o motor desta equipa, que entrou em campo com 2 ex-juniores...

Devo antes de mais começar por dizer que entrei no estádio no momento em que o jogador do Moreirense foi expulso, pelo que do período anterior só posso afirmar o que me foi explicado pelo Eduardo Torres. Assim, até ao golo, notava-se claramente que a equipa estava sobre brasas, muito nervosa. A jogada que precede o golo de Neca foi a primeira jogada bem conseguida da nossa equipa e acabou por dar origem ao 1º golo. Até aí, o jogo estava muito morno e mal jogado.

Minutos depois, Neca isola-se e sofre falta, sendo o jogador do Moreirense expulso. A partir daí, o Moreirense desapareceu do campo e o Belenenses controlou calmamente o jogo até ao intervalo, período em que ainda atirou 2 bolas à barra. Destaque também na 1ª parte para um erro de Amaral que proporcionou uma boa oportunidade para os Minhotos, que Marco Aurélio resolveu com uma enorme defesa.

Na 2ª parte Rodolfo Lima, que entrara no final da 1ª parte, mostrou-se muito interventivo e "empurrou" a equipa para a frente, cabendo-lhe marcar o 2º golo. Surge então um período de 5/10 minutos em que o Belenenses se apercebeu que poderia partir para um resultado mais dilatado e arrisou mais, tendo o Moreirense começado a incomodar no contra-ataque, mas sempre sem grande perigo. O festival de golos falhados começou então, com Antchouet de volta à "trapalhada", mostrando claramente que psicologicamente tem grandes lacunas. Se muitas vezes não está confiante porque não marca golos, agora parece estar nervoso por "ter" de marcar. E sucederam-se os maus domínios de bola, os toques a mais, enfim...

A 5 minutos do fim, numa excelente jogada de contra-ataque, Amaral aparece completamente sozinho frente a João, finta-o com grande classe e empurra a bola para a baliza, estabelecendo assim o resultado final.

Com o final do jogo, chegam uma vez mais duas sensações distintas: por um lado, poderíamos ter partido para uma goleada histórica ; por outro, poderíamos ter sofrido mais 1 ou 2 golos. Mas parece-me claro que as pessoas têm de compreender que se gostam de ter este caudal ofensivo (temos de melhorar MUITO a finalização), não podemos ter grande estabilidade defensiva, isto sem se apontar nada à defesa. Mas é um facto que o único jogador com características defensivas no nosso meio-campo é o Andersson, que na verdade nem é trinco, mas sim médio-centro. Talvez seja possível encontrar um equilíbrio maior, mas não me parece justo que à saída e durante o jogo houvesse tanta gente a dizer tão mal da equipa. Uma das acusações mais ouvidas era que a equipa não corria, como se via correr o Estoril e a Académica... Na minha opinião, ainda bem, porque é sinal que somos uma equipa que sabe para onde vai e como quer jogar.

Uma nota final para destacar Juninho Petrolina, Rolando e Amaral, claramente os nossos melhores jogadores esta tarde. Nos antípodas, José Pedro (tão em baixo de forma, tão descrente...) e Antchouet (voltou à "trapalhice"). Gostei também de ver Carvalhal a colocar Cristiano, que me parece um bom profissional e que merece ir jogando, até para não perder ritmo.

sexta-feira, novembro 12, 2004

PALAVRAS QUE FORAM DITAS – 27 - No sofá, com medo da chuvinha...



Na Taça UEFA de 88/89, o Belenenses, depois de haver espectacularmente eliminado o vencedor da edição anterior, os alemães do Bayer Leverkusen, acabou por baquear ante um adversário bastante mais acessível, o Velez Mostar, da Jugoslávia.

Após dois jogos sem que nenhuma das equipas chegasse ao golo, a eliminatória decidiu-se por pontapés de Grande Penalidade – e perdemos...

Dois dias depois, no bar que então existia ao cimo de umas escadas que se iniciavam logo a seguir ao baixo relevo de Pepe, estavam alguns sócios nas mesas, outros (como eu) ao balcão, e, também ao balcão para serem atendidos, um grupo de 4 ou 5 jogadores da equipa de futebol.

Os jogadores conversavam entre si e, a certa altura, algumas expressões mais jocosas fizeram um deles soltar duas ou três sonoras gargalhadas. Como estava mesmo ao lado deles, pude ouvir que um dos colegas lhe chamou a atenção, sugerindo que não se risse tão efusivamente pois “eles [os sócios] ainda estavam sentidos com a derrota e podiam não gostar”.

A resposta foi autenticamente fulminante: “Eles importam-se bem com isso!... Ficaram em casa, com medo da chuvinha...”.
Palavras tão corrosivas quanto justas! Num jogo importante, em que o Belenenses podia dar um grande salto europeu e consolidar o prestígio europeu que granjeara, a televisão e uma chuva miudinha fez muita gente ficar em casa. A assistência foi decepcionante (embora fosse excelente para os padrões dos últimos anos) e, apesar do esforço de uma boa parte dos que disseram “presente!”, os jogadores (res)sentiram-se... Que jogador, que se preze, não gosta de sentir o calor do público, o envolvimento de uma boa assistência, os aplausos e os clamores de incentivo?

Os maus exemplos, sejamos justos, vêm muitas vezes dos sócios e adeptos. É fácil “arrasar” jogadores, treinadores e até dirigentes. Não custa dizer, nos momentos maus, que este ou aquele jogador não respeitou a camisola. E, por vezes, haverá razão para o dizer (atenção: não assim no caso dos jogadores referidos, profissionais briosos). Mas... e nós, respeitamos o nosso emblema quando, por simples comodismo, não comparecemos? Quando, por indiferença, negamos a nossa presença e o nosso apoio – não tanto aos jogadores em concreto mas, mais que tudo, ao Clube? Quando, por isso mesmo, perdemos a legitimidade para criticar?

Lembrei-me disto a propósito do jogo com o Boavista. Lembrei-me disto a propósito do jogo europeu de Basquetebol, onde (só) não pude ser um dos 400 escassos (tão escassos!!!) espectadores presentes, por impossibilidade absoluta. Como me lembrei em outras ocasiões, em que, independentemente dos resultados, a frieza do Estádio me deixou com um sabor a frustração e tristeza!

É PRECISO DEVOLVER A PAIXÃO E TRAZER A ALEGRIA AO BELENENSES!

quinta-feira, novembro 11, 2004

Basket: Taça Europa FIBA

O Belenenses defrontou ontem na Suiça a equipa BC Boncourt numa partida relativa à segunda jornada da Taça Europa FIBA.
O resultado final foi 87-81 desfavorável ao Belem.

Mais detalhes sobre o jogo em :
osbelenenses.com
belenensesbasket.com

O Belenenses e o Boncourt ocupam actualmente o primeiro lugar do grupo mas falta ainda ser disputado o jogo entre o Albacomp e o Brno. Se o Albacomp ganhar hoje ficam todas as equipas empatadas.

Brasília: o que se fez

O episódio ocorrido com Brasília já fez correr tinta na imprensa e nos blogs. Por manifesta indisponibilidade, e também porque achei importante clarificar ideias, abstive-me de comentários a quente.

Agora, passados dois dias, e conhecendo melhor os pormenores que levaram a tal situação, devo dizer claramente que não me oponho à decisão da SAD. O mesmo não significa que concorde com ela, por achar que outras vias haveria para resolver a situação de forma mais conveniente para o nosso clube.

Compreendo que a situação que se passou entre Brasília e Carvalhal foi indigna, ao que tudo indica de parte a parte. No entanto, todos sabemos como é o mundo do futebol e o vernáculo correntemente utilizado, pelo que o episódio poderia ter outra solução.

Na minha opinião, a rescisão pura e simples do contrato é prejudicial para o Belenenses, na medida em que investiu num jogador, deu-lhe visibilidade, e agora pura e simplesmente deixa o jogador livre sem ganhar nada em troca, para além da aparente estabilidade na equipa.

Brasília já jogou na Alemanha e na Polónia (tendo feito carreira em pelo menos 2 clubes deste país), pelo que não me parece que fosse complicado em Janeiro colocá-lo num destes países, por empréstimo, mantendo assim a ligação com o jogador, e podendo retirar dividendos futuros. Por outro lado, devo dizer que encararia com optimismo o empréstimo a outro clube da Superliga, dada a situação. Facilmente, pelo valor que tem, se imporia e, quem sabe, não poderíamos daí retirar um negócio proveitoso?

Mas, reafirmo, compreendo a tomada de posição da SAD e acho que foi uma via de resolução do problema perfeitamente coerente e racional. Até se pode agora criticar, pensando no episódio entre Rochembach e Peseiro e sua resolução. Mas temos de considerar vários factores, entre os quais a preponderância do brasileiro no Sporting, a posição frágil do treinador leonino e o valor de mercado do jogador, obviamente superior ao de Brasília. Aí sim, uma situação destas seria suicídio. Mas também afirmo claramente que não admitia que com uma situação daquelas, tornada pública, o jogador voltasse aos trabalhos. Rapidamente se arranjaria um clube europeu onde fosse emprestado. Mas aí temos o problema dele, na realidade, estar emprestado ao Sporting... grande confusão.

Concluíndo, gostaria de enaltecer a atitude das 3 partes neste conflito: o jogador, o treinador e os dirigentes. O jogador porque teve declarações respeitosas para com todos os envolvidos e assumiu a sua quota parte de culpas ; o treinador porque se absteve de comentar ; e os dirigentes porque tomaram uma decisão célere e que defendeu os interesses do clube.

quarta-feira, novembro 10, 2004

A DÉCADA DE 70 - PARTE VII – O FIM DO IMPÉRIO



Pode parecer estranho o título com que finalizo a década de 70 – “O Fim do Império” – mas é isso mesmo o que imediatamente me surgiu para exprimir o que sinto ao olhar para os últimos anos da década de 70 (e, já agora, o início da década seguinte, culminando no desastre de 81/82).

Foi, de facto, o esboroar da noção orgulhosa e altaneira do clube grande, um dos grandes, que mesmo na derrota sempre afirmava essa condição. Foi um tempo de anarquia, de um clube tantas vezes (aparentemente) ao abandono, desleixado, mal cuidado, a vulgarizar-se. Foi a perda de projecção (embora incomparavelmente superior à de hoje), perda visível, sensível, dolorosa e quase diária, algo de semelhante às súbitas “quedas” dos aviões nos poços de ar. Foi a viragem do ambiente e do “espírito” nos jogos que fazíamos em casa, face ao Benfica e ao Sporting, no que respeita ao público, em que fomos começando a estar em desvantagem, e face a esses dois clubes e ao F.C.Porto, no que respeita à atitude da nossa equipa, até então ofensiva, fazendo questão de ter a iniciativa atacante, a partir daí, cautelosa, retraída, mais defensiva.


A equipa de 1977/78


Ainda assim, a época de futebol de 77/78 trouxe-nos alguns bons momentos, durante cerca de 2/3 do Campeonato – bons momentos em termos de resultados, que não de exibições. Foi a mais ou menos célebre equipa do “patinho feio”, comandada por António Medeiros (que já evocámos, com gravuras, há alguns meses atrás). O estilo de jogo da equipa pode ser facilmente compreensível se dissermos que em 30 jornadas marcámos 25 golos e sofremos 21…. (a defesa foi a 2ª melhor, ex-aqueo com o campeão F.C.Porto; já relativamente ao ataque, só houve três piores).

No entanto, de certo modo, resultava; e no final da 1ª volta a equipa engrenou, começou a conquistar pontos e a galgar lugares com 5 vitórias consecutivas, postando-se em 3º lugar. Foi nessa posição que, à 18ª jornada, recebemos o Benfica, então líder, com 4 ou 5 pontos de vantagem sobre nós. Se ganhássemos – dizia-se – ficaríamos a 2 ou 3 pontos e a candidatura ao título passaria objectivamente a ter razão de ser.

Houve uma boa assistência, embora com algumas clareiras nas centrais: terão estado umas 35.000 pessoas. Além de adeptos do Belenenses e do Benfica, havia alguns do Sporting e até do Porto, naquele dia desejosos de ver o Benfica perder, pois o seu domínio já “chateava”. O Benfica terminaria nesse ano a impressionante sucessão de séries de 3 títulos, intervalados por um do Sporting. O FC.Porto pôs fim a um jejum de 19 anos e, a partir de então, foi o que se sabe… Eles deram o salto para a frente… nós demos um salto…para trás…e cavou-se um fosso progressivamente maior.

Jogámos cautelosamente, como era costume nessa época. O empate justificou-se perfeitamente mas fica na memória um cruzamento, salvo erro de Isidro, mesmo a terminar o jogo, que dois avançados azuis não conseguiram encostar (pois só isso faltava) para dentro da baliza…

Ainda assim, as coisas continuaram bem mais algumas jornadas, até perdermos em casa com o Braga. A partir daí, decaímos, até às 2 ou 3 últimas jornadas, e terminámos em 5º lugar, sem acesso às competições europeias. O Porto e o Benfica fizeram 51 pontos; o Sporting, 42; o Braga, 38; o Belenenses, 36; o V.Guimarães e o Boavista, que se lhe seguiram, 31 e 28, respectivamente.

No ano seguinte começámos bem o Campeonato, agora com uma toada mais atacante, destacando-se, nas primeiras jornadas, uma goleada por 7-1 sobre o…Braga, apesar de terem sido eles a inaugurar o marcador, e uma vitória por 1-0 sobre o Benfica (golo de Vasques na 1ª parte), jogo a que assisti na Superior, rodeado de 80 ou 90% de público benfiquista – uma parte do qual teve um comportamento o mais ordinário e bestializante que se possa imaginar…

Mas os adeptos pareciam minguar; a equipa começou a oscilar e a descer na tabela, António Medeiros acabou por sair, e terminámos instavelmente em 8º lugar.

Na época seguinte, foi Juca o treinador. Não tenho nenhumas saudades. Obteve-se um 5º lugar (que então sabia a decepção), novamente sem acesso às competições europeias, e muito mau futebol (é raro, nesse lugar, haver um goal-average de…33-38). Lembro apenas com satisfação uma vitória por 2-1 sobre o Sporting, num Restelo quase cheio (uma das 2 únicas derrotas sofridas pelos campeões dessa época).

E entrámos na década de 80. Começou logo com um grande susto – um 11º lugar, a vida complicada até ao fim, a permanência assegurada na penúltima jornada, depois de um sobressalto e consequente reacção da equipa. O peso que as camisolas do Belenenses tinham, ainda, conseguiu funcionar. E veio a triste época de 81/82, com a impensável 1ª descida de divisão. Voltámos, reerguemo-nos, os anos de 80 ainda trouxeram algumas alegrias mas… já era outro Belenenses.

Já não era o fidalgo, mesmo que arruinado. Era um clube que a imprensa, cada vez mais, tratava como os outros. Tinha sido o desfazer do império. Mais uma vez, só que em condições agora muito adversas, sem o prestígio de outrora, o Belenenses tinha que lutar pela sobrevivência, garantir algum ar para poder respirar, conservar algum espaço vital...

Terminamos assim a nossa digressão pelo passado a que assistimos (outro, anterior a nós, é, porém, aludido em outro tipo de artigos). Pode dizer-se que acaba de forma tristonha... é verdade. Mas se os factos que contei agora culminaram em tristeza, só um pateta alegre os contaria com felicidade. Falei com alegria ao referir-me a factos felizes, usei o tom contrário quando os factos foram tristes. Seja como for, eu assisti a um Belenenses grande comparativamente com o actual mas nasci, curiosamente, no ano em que os grandes infortúnios, com o resgate do Estádio, começaram. Nunca vi o grande, grande Belenenses. Tenho, entretanto, a noção do que este clube representou; e tenho pena que a memória seja tão curta, e sejam os seus próprios adeptos a vulgarizarem o conceito que dele fazem.

Este trabalho, contudo, não acaba aqui. Faremos uma síntese conclusiva destas 4 décadas que percorremos; tentaremos caracterizar o tempo presente, como efeito dessas causas pretéritas; avançaremos então com a nossa visão e as nossas propostas para o futuro do clube.

terça-feira, novembro 09, 2004

Brasília: o caso do dia

A situação de Brasília e o caso em torno da rescisão do vínculo que o ligava ao C.F. "Os Belenenses" é o tema que marca a actualidade azul. Os dados são poucos, e por agora apenas posso lamentar a saída de um jogador que me parece ter qualidade suficiente para representar o clube.

Não deixa todavia de ser irónico que esta situação aconteça na mesma altura em que outro caso de indisciplina (e digo outro porque todas as informações apontam para que as motivações da saída de Brasília se ligarem a indisciplina), por ventura bem mais complicado - o de Fábio Rochemback - agita a actualidade desportiva.

Não sei se existe paralelo ou não. Sei que o silêncio ensurdecedor (embora inacreditavelmente normal) da SAD não me deixa outra alternativa que não seja a da especulação.

Até quando?

segunda-feira, novembro 08, 2004

Hej och välkomna alla svenska användare!


Pois é meus amigos, o Blog do Belenenses tem o prazer de anunciar que se tornou parceiro do Kanal 5, da Suécia, tendo em vista divulgar a carreira do jogador Anders Andersson ao serviço do Belenenses.

De facto, fomos contactados e convidados pelo programa "Liga Europa" a comunicar semanalmente a prestação do jogador ao serviço do nosso clube, informação essa que será transmitida no programa, que vai para o ar todas as segundas-feiras pelas 23:00 locais. Este programa, com uma audiência média de 200 mil espectadores, acompanha a carreira dos vários jogadores suecos espalhados pela Europa, e passará agora a acompanhar mais de perto a carreira do nosso capitão.

Assim sendo, hoje será a estreia do novo espaço dedicado à prestação de Anders Andersson, que se tem mostrado um profissional exemplar ao serviço do nosso clube. Desta forma, estamos certos disso, estamos também a contribuír para a divulgação do nome do nosso clube por essa europa fora.

Este programa, apresentado por Marcus Bjorling, tem a participação de Tommy Åström, um reputado comentador desportivo local, e Pelle Blohm, um ex-jogador sueco.

Assim sendo, resta-nos desejar aos nossos amigos suecos:

Hej och välkomna alla svenska användare!

domingo, novembro 07, 2004

9 PONTOS SOBRE A EQUIPA DE FUTEBOL

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

1. Nunca alimentei grandes expectativas para a presente época futebolística. Penso que se fizeram algumas boas contratações (Amaral e Juninho, sem dúvida; Zé Pedro, talvez; Sandro, ainda tenho esperança) mas há claramente pontos fracos na equipa.

2. A equipa está a fazer, em termos pontuais, o tipo de campeonato que eu esperava, em média, e aliás, o que havia sido apresentado como meta. Outra coisa, foram os castelos no ar que se construíram, sem razões objectivas, a meu ver. Pensava, sinceramente, que nesta altura tivéssemos mais pontos; mas também esperava que depois houvesse uma descida de rendimento. Ora, se o “gás” da equipa não durou mais do que 3 jornadas, por outro lado constata-se que ela está psicologicamente bem. Não antevejo nenhum descalabro.

3. Entre o endeusamento (inicial) de Carvalhal e as críticas que agora chovem, julgo que, ponderadamente, há um ponto de equilíbrio: é um bom treinador mas não é genial. Parece ter recuperado psicologicamente a equipa, depois do que se passou na época anterior, e mesclado bem os que vieram com os que já estavam mas a equipa apresenta ainda grandes oscilações. Não parece ver excepcionalmente bem o jogo no banco mas tudo indica que tem belíssimos métodos de treino. Esperemos o desenvolvimento do seu trabalho.

4. Realisticamente, uma equipa não se constrói num dia. Os automatismos demoram a consolidar-se. As equipas de sucesso vão-se melhorando época após época, primeiro colmatando os pontos mais fracos, depois adquirindo elementos que permitam outras opções, enfim, obtendo jogadores que, só por si, possam desequilibrar. Espero que se trilhe esse caminho no futuro. Nisto, a estabilidade e uma visão de médio prazo são importantes.

5. Mas, dir-se-á: e o que está a fazer o Vitória de Setúbal? Penso que é uma excepção e, de qualquer maneira, sem lhes tirar mérito – que o têm – “as contas fazem-se no fim”. Não obstante, por muito que me custe dizê-lo, julgo que há no V. Setúbal (e não só...)um ânimo conquistador e uma garra que há muito anda arredia da nossa casa...

6. Queixamo-nos da falta de ambição da equipa, em especial nos jogos fora. Julgo que é verdade mas penso também que a culpa não é exclusiva nem principalmente do treinador e dos jogadores. Acho errada a ideia de que tudo depende destes. Na verdade, sobretudo em termos de atitude, é deles que menos depende. Se muitos sócios e adeptos, e também alguns dirigentes, são os primeiros a dar o exemplo (dentro de “casa”) de conformismo, ambições medíocres, falta de sentido conquistador, desrespeito pela grandeza e identidade do clube, quando somos enxovalhados e não reagimos, quando nos pomos em posições que nos menorizam (e, a meu ver, nos humilham) e ainda aplaudimos, se se pensa o clube como se fosse uma empresa de máquinas de lavar roupa ou coisa assim, se temos as bancadas do nosso estádio desoladoramente vazias – o que pensamos que se transmite para os jogadores? Atenção, não se me interprete erradamente: isto não é uma postura derrotista. É um apelo a que nos comportemos de forma diferente.

7. Temos um dos melhores ataques e uma das piores defesas. É natural: O nosso meio campo é ofensivo, os laterais são melhores a atacar que a defender, a defesa é totalmente nova...). Prefiro que empatemos 3-3 do que 0-0. Mas o ideal é tentar manter o desempenho atacante, e compensar as funções defensivas, com os equilíbrios necessários.

8. Não gostaria que viesse um carregamento de jogadores em Janeiro. Um estará bem, dois aceita-se, mais do que isso...não. Na minha opinião, a equipa apresenta 4/5 lacunas principais: um comandante para a defesa (Wilson, parece que passou o seu tempo; Sandro, será talvez hipótese); um defesa esquerdo (Cristiano tem estado muito mal, Cabral, Eliseu, Brasília, Gonçalo Brandão são hipóteses mas... resultarão?); um trinco (ou, então, avançar Pelé, mas há que colmatar o centro da defesa); um jogador que entre bem pelo lado direito (Amaral tem sido o nosso verdadeiro extremo/médio aula direito mas, com um meio campo pouco agressivo, ficam compensações por fazer) e um jogador de área (tremo de pensar se Antchouet tem algum impedimento ou baixa de forma; e, de qualquer forma, precisemos de outro avançado que marque golos).

9. Estou contente? Não: Estou apenas a concluir que as coisas vão dentro do que era normal esperar. Gostava que as coisas fossem diferentes para melhor? Claro que gostava. Mas, para isso, teria que haver outra atitude, outra mentalidade, outra garra, outra coerência... e isso já é outra questão, embora seja a grande questão...

sábado, novembro 06, 2004

Beira-Mar x Belenenses 3-3



Análise ao jogo (por Luciano Rodrigues):

O jogo de ontem deixou-me particularmente irritado pois acho que fomos nós que cavámos a nossa própria sepultura. A equipa que entrou em campo foi uma perfeita aberração, não faz sentido desfazer uma dupla de centrais que tem funcionado bem para colocar um deles à direita e colocar no meio um homem que já deu muito ao clube, mas cuja hora já chegou, e não foi hoje ou ontem, já foi há muito tempo.

Ou seja, com a entrada de Cabral resolveu-se o drama do lado esquerdo, mas "rebentou-se" voluntariamente com o centro e lado direito da defesa! E só na 2ª parte Carvalhal percebeu isso. Para além do mais, a subida para o meio-campo de Amaral foi perfeitamente inócua, o homem não se via a atacar e mal se via a defender.

Por outro lado, devo dizer que gostei de ver o Brasília (algumas ele deve fazer para nunca ser titular, jogando sempre bem) e o Eliseu. O Neca está desesperante, nem uma bola consegue dominar. Uma falta de confiança gritante. Ontem até Marco Aurélio esteve infeliz em 2 lances, mas no 1º graças a Andersson e no 2º graças à sua intervenção, o perigo passou.

Relativamente ao jogo, foi pena não termos ampliado a vantagem no primeiro quarto de hora. Depois o Beira-Mar cresceu. A 2ª parte foram 45 minutos loucos com ambas as equipas à procura de golos.

O resultado final de 3-3 aceita-se para um jogo nem sempre bem jogado, mas com vontade de parte a parte.

Gostava de referir Antchouet, o nosso Xuxu, sempre tão criticado e que ontem marcou 3 golos em 3 oportunidades, sendo que o segundo foi um excelente golo, com boa recepção (e não era fácil) e bom remate. Destaque também para Juninho que brilhou e foi verdadeiramente desequilibrador, para além de pela primeira vez o ter visto a ajudar muito o meio-defensivo. Por fim, não posso deixar de destacar Andersson, um verdadeiro pêndulo no meio-campo.

Relativamente à arbitragem, foi muito má, sem prejuízo para nenhum dos lados em especial, mas tão-só para o espectáculo. Como foi possível haver 3 ou 4 entradas assassinas na 1ª parte sem um cartão amarelo??? E na 2ª parte já havia cartões por tudo e por nada??? O lance que Pélé corta sobre a linha começa também numa falta grosseira cometida sobre o Rolando que é puxado no tronco pelas 2 mãos de McPhee. E ainda em relação a Pélé há um lance logo no início do jogo perfeitamente bizarro, em que Pélé ganha em velocidade a McPhee claramente dentro da área, ninguém percebe o que o árbitro apita, e este aponta um livre fora da área, considerando falta sobre McPhee. Ah, e o amarelo ao Juninho é também surreal, uma vez que o jogador Aveirense está a mais de meio metro de Juninho quando se atira para o chão...

Resumindo, foi na minha opinião um ponto ganho. Mas se fossemos mais ambiciosos o Beira-Mar tremia. Aqueles últimos 10 minutos podiam ter servido para caírmos em cima deles, que estão a precisar desesperadamente de pontos. Mas o que vi foi o contrário: um livre nos últimos segundos de descontos em que em vez de bombear a bola para a área decidimos gastar uns segundos a trocar a bola, sendo que o Beira-Mar recuperou a bola imediatamente! Esta atitude tem de mudar, tal como as claríssimas perdas de tempo do Marco Aurélio. Só beneficiamos o adversário!

Notas importantes (por Luís Vieira)
O Belenenses jogou ontem em Aveiro frente ao Beira-Mar e consentiu um empate a 3 bolas.

- Em 5 jogos realizados fora do Restelo temos 2 empates e 3 derrotas.
- Empates frente ao Rio Ave e ao Beira-Mar.
- Derrotas contra o Estoril, Porto e Sporting.

- Temos 16 golos marcados e 16 sofridos. Ou seja, actualmente temos o melhor ataque e temos a terceira pior defesa (com mais um jogo).
- Nos jogos fora temos 6 marcados e 12 sofridos.
- Antchouet tem 8 golos marcados, o que representa 50% dos golos do Belém. É tambem actualmente o melhor marcador da Superliga.

- Temos 27 cartões amarelos (media de 3 por jogo) que deram origem a 2 vermelhos. (a pior equipa é o Porto com 28 amarelos)

- Estamos em nono lugar e podemos perder nesta jornada três posições.
- No fim desta jornada podemos ficar apenas a 1 ponto dos lugares de despromoção.

Enfim...

Basket: Queluz x Belenenses

Mensagem de belenensesbasket.com:


Depois da estreia do basquetebol do Belenenses na Europa, derrotando os checos do Plus Brno na 1ª jornada da Conferência Central (grupo B) da FIBA Cup, o Clube da Cruz de Cristo visita o Queluz, já no próximo dia 6 de Novembro pelas 16h30, em jogo a contar para a 5ª Jornada da Liga de Clubes.

Ambas as equipas partilham neste momento o primeiro lugar da tabela classificativa, com 3 vitórias e 1 derrota para cada uma delas. Estão a passar um bom momento de forma, e acredita-se que nenhuma delas vá facilitar a vida ao adversário. Com grandes jogadores em destaque, espera-se uma partida emotiva e disputada até ao último segundo, mas acima de tudo espera-se bom espectáculo de basquetebol.

Na época passada, no confronto directo, registaram-se 3 vitórias para a equipa anfitriã e 1 para equipa azul, com os seguintes resultados:
- Belenenses 67 – 76 Queluz
- Queluz 79 – 69 Belenenses
- Queluz 79 – 67 Belenenses
- Belenenses 96 – 95 Queluz

A todos os amantes e simpatizantes da modalidade fazemos o apelo a comparecerem neste encontro que se avizinha já no próximo sábado. Pensamos que darão o seu tempo por bem empregue!

Belenenses: Vamos apoiar os nossos “Guerreiros” nesta nova jornada e vamos mostrar que apoiamos os nossos jogadores em casa e fora! Vamos torcer por eles e agradecer-lhes as alegrias que nos têm dado por envergarem a nossa camisola com tanto brio e orgulho. Eles agradecem o nosso apoio!!

Caso não possa acompanhar os “Guerreiros” nesta jornada a contar para a Liga TMN, siga em directo e em exclusivo, com actualizações em cada 2 minutos, ao Live no site:
www.belenensesbasket.com

Acompanhe a sua equipa em todos os jogos, em qualquer sítio, à distância de um click, através da internet!!!

sexta-feira, novembro 05, 2004

Jacinto Ramos

(Artigo da autoria de Manuel Benavente)

Todos já nos habituáramos à presença do Jacinto Ramos, fosse no Estádio, no Pavilhão, em Assembleias mais ou menos concorridas, em que do cimo dos seus muitos anos, levava sempre com uma bonomia evidente, os fora de jogo, os empurrões e as rasteiras da vida.
Desculpem se neste clarim belenense não vos vou falar tanto e decerto do seu grande coração azul. Mas aceitem-me lembrá-lo no seu ofício teatreiro, em que os mais novos acreditem, era verdadeiramente fabuloso.
Foi actor, dirigiu actores, fundou e dirigiu grupos de teatro, foi autor de cinema, de argumentos para filmes, fez muito teatro em televisão e na rádio, era enfim aquilo a que se pode chamar um bicho de palco.
Protagonista em dezenas de peças, interveniente em dezenas de filmes, veio da amadora Sociedade Guilherme Cossul, tal como Varela Silva, Raul Solnado e outros grandes nomes do nosso teatro. E foi sem dúvida no teatro e no seu ofício de actor que criou com uma plasticidade soberba, os mais diversos e complicados personagens da vida.
Actor do chamado teatro sério – como se todo o teatro não fosse sério -, permitam-me que recorde o Jacinto Ramos não na prestigiosa sala do Teatro Nacional, da pequena e digna do Villaret ou da espampanante do Monumental, mas muito longe daqui, da nossa Lisboa, talvez mesmo no fim dos anos sessenta, na bela pérola do Índico que foi –e que decerto continua a ser - Lourenço Marques. È uma noite típica da África tropical na estação baixa, portanto nem particularmente húmida, nem excessivamente quente. A sala onde Jacinto Ramos vai actuar na Baixa laurentina e de que já não recordo o nome, ficava mais ou menos na diagonal ao Cinema Scala. É uma sala normalmente de cinema, já em declínio, não especialmente vocacionada naquela época para receber grandes peças, nem para espantosos actores. O ambiente não estará especialmente caloroso, excepto pela pitada de Portugal que a companhia de teatro nos traz. Ainda hoje vejo nos corredores de acesso o Luís Pinhão, também actor mas ali com funções apenas logísticas. Porém quando as luzes se apagam e surge Jacinto Ramos no palco construindo durante cerca de hora e meia o louco de Nicolau Gogol, tudo se transforma.
Deixa de haver sala excelente ou medíocre, poltronas confortáveis ou nem por isso, novos ricos e mulheres esplendorosas exibindo-se na estação baixa à falta de melhor.
Porque no palco vai estar um homem só, actor único da peça, agarrando e arrastando os espectadores à tragédia de Gogol. O personagem começa por ser um homem e acaba um verdadeiro farrapo.
O Jacinto Ramos teve uma interpretação portentosa, como tantas outras ao longo da sua vida.
E se aqui convoquei além de Jacinto Ramos, Lourenço Marques, anos sessenta, uma sala fraquinha, uma peça fenomenal e uma interpretação portentosa, trata-se apenas de me ver jovem de vinte e três anos, não muito amante de teatro e mais leitor de Gogol, confesso sem curar de saber se Jacinto Ramos era belenense como eu, porque nem isso era o mais importante. Mas a partir daí, isso sei bem, respeitei a arte de representar de outra forma, o que me proporcionou uma vivência de belas emoções, as quais tanto enriquecem a alma de cada um!
E se estas recordações servirem para outros mais jovens, irem ao teatro, gostarem de teatro, acreditarem no teatro, fiquem a saber que o Jacinto Ramos lá onde está e todos um dia haveremos de estar, dará por bem empregue o louco de Gogol que convocou naquela noite laurentina, pelo menos mais um português para o teatro.
Estou a vê-lo, numa noite da época passada, nas escadarias do Restelo, com os seus olhos risonhos e pequeninos e o ar gozão, dizendo-me sonhador: Não sabe o meu amigo o que me sucedeu na China …
Pois não meu caro Jacinto mas calculo…
Até sempre bom amigo e aquele belenense abraço!