quarta-feira, junho 30, 2004

A Década de 80 - Parte III - Pódio e vitória na Taça - Secção 1 - Época de 87/88




Nota: O autor deste artigo escreve sob protesto contra a política de recorrer a jogadores emprestados pelo Benfica

O defeso entre a época de 86/87 e a de 87/88 é um dos que não esquecerei nunca. Vivia-se no Restelo, que nessa altura eu frequentava muito assiduamente, ou seja, 2 ou 3 dias por semana, além dos jogos, um ambiente de expectativa e de entusiasmo que talvez nunca mais se tenha repetido.

Finalmente, respirava-se um ambiente de confiança, de ambição, de crescimento, de expansão, de retoma da coragem de lutar pelos lugares de topo. Para isso, contribuía a reconquista do direito de disputar as competições europeias, apesar de muitas adversidades (relatadas anteriormente); algumas excelentes exibições, com um futebol espectacular, não só as referidas contra os nossos velhos rivais mas também, por exemplo, que me lembre de repente, os belíssimos jogos contra o Varzim (4-1) ou contra o Braga (4-2, depois de uma primeira parte de autêntico luxo, traduzida em 3 golos sem resposta); a qualidade e a popularidade que mesmo fora dos limites do nosso clube, detinham Mladenov, claro, mas também Jaime, Mapuata (um trio atacante fantástico), Sobrinho, José António, Jorge Martins... No entanto, complementarmente a isso, sentia-se que o clube, com o boom do bingo, tinha agora meios para ser ambicioso; a direcção anunciara com clareza a intenção de reforços importantes para uma presença digna na Taça UEFA, e sentíamos que íamos voltar a ter uma grande equipa, uma equipa muito competitiva; por outro lado, falava-se em obras, não só as das piscinas mas agora, igualmente as do Estádio, impostas, aliás, pelas exigências da UEFA, desde logo na iluminação.

As semanas que se seguiram ao fim da época de 86/87 foram empolgantes de entusiasmo e expectativas, alternados com desânimo e frustração. Logo no dia a seguir ao último jogo, víamos a direcção em peso a tirar medidas ao campo pelado de treinos e ao próprio maracanâzinho, com vista ao arrelvamento e à expansão, respectivamente; três ou quatro dias depois, o começo das obras para substituição da já arcaica iluminação eléctrica; e dia a dia circulavam entre os sócios os rumores das mais espectaculares contratações, algumas das quais eram realmente mais que rumores, como veremos adiante (o na altura célebre “caso” Tita). Chegávamos um dia ao estádio, e um grupo de sócios assegurava que tinha acabado de falar com o então Presidente da Direcção Mário Rosa Freire, e que este garantira que os laterais Bandeirinha e Laureta, internacionais do F.C.Porto (também naquela altura recém campeão europeu) já “eram jogadores do Belenenses” (julgo que ele mais tarde afirmou que Pinto da Costa teria voltado com a palavra atrás); chegávamos no dia seguinte, e um sócio jurava que tinha falado com o principal Vice-Presidente e que este lhe tinha confidenciado que na semana seguinte ia haver uma autêntica bomba, o anúncio da contratação de Paulinho Cascavel (melhor marcador da época anterior e também da seguinte, transferido do V.Guimarães...para o Sporting, não para o Belém); vinha a semana seguinte, a bomba não explodira mas garantia-se que o internacional brasileiro Tita chegava dentro de dois dias (e aqui, Mário Rosa Freire veio a mostrar, e a permitir a reprodução num jornal, do contrato assinado com o jogador, que terá roído a corda e acabou no Bayer Leverkusen); o Tita não vinha mas rapidamente se exultava porque já se estava a contratar um ainda melhor, o internacional búlgaro Markov; logo a seguir, afinal já vinha o Tita, e no dia seguinte, afinal, até vinham os dois; entretanto, também vinha o Mozer, para reforçar a defesa… e assim se vivia de sucessivas euforias e desânimos.

Numa altura em que o desânimo se transformara em humor, dizia um sócio, ali por baixo do “Varanda Azul”, em frente da então secretaria e ao pé da estátua do Pepe: “Eu estive uns dias de férias e quando voltei cá, fui ao bar e deram-me a linha para o próximo ano: na baliza, Jorge Martins; na defesa, Bandeirinha, José António, “interrogado”, porque deve vir o Mozer, Sobrinho e Laureta; no meio campo, Tita e Markov; no ataque, Jaime, Mapuata, Paulinho Cascavel e Mladenov… Eu ainda perguntei se não eram avançados de mais mas como me disseram que com uma equipa daquelas só precisávamos era de jogar para a frente…eu pedi à minha mulher para ir aos armazéns Grandella [na altura ainda não tinham ardido] e comprar cinco metros de pano azul que era para eu vir assistir aos jogos embrulhado no pano! Afinal, nada…”.

Bem, naquela época contei o nome de 73 jogadores aventados para ingressar no Belenenses, até ao 1º jogo oficial, e mais 15 ainda depois. Total: 88! A partir de então, passei a acompanhar as possíveis aquisições com relativo interesse mas também com distanciamento. Só me interessam realmente para perceber que tipo de ambição (ou de falta dela) é que existe. São sempre muito mais as vozes que as nozes… E, por outro lado, neste tempo em que os jogadores saltam de clube em clube com a maior facilidade e dão pouco valor à camisola que envergam, em que tantas supostas vedetas não fazem mais que dois ou três jogos medíocres, cada vez mais me convenço que os jogadores, treinadores, adjuntos, etc, são só o dia que passa, e que passa bem rápido. E o clube que fica, é o clube que importa. Ao aplaudir uma equipa belenense que entra em campo, não aplaudo os jogadores: aplaudo o meu clube.

Adiante. Ao começar a época, de tantas contratações sonhadas, só 4 se haviam concretizado, e 3 delas sem terem sido anteriormente faladas: Juanico e Chico Faria, que vieram do despromovido Rio Ave e que acabariam por ficar tão ligados à maior conquista do clube nas últimas décadas; o médio ala Luís Reina, vindo do Portimonense (onde alternava a titularidade com o banco; não era nenhum tosco mas pouco jogou) e o moçambicano Chiquinho que nos encheu de alegria, por ter sido disputado com o Benfica.

Afinal, tudo parecia bem cinzento. Continuava-se a aguardar mais reforços. Depireux saíra (depois de um engano com o número de estrangeiros admitidos num jogo para a Taça de Honra) e viera Marinho Peres; no sorteio da Taça UEFA, saíra-nos logo o poderosíssimo Barcelona (já era sina; foi a 3ª vez que tal aconteceu!...); na 1ª jornada do Campeonato, perdemos 7-1 nas Antas…

A pouco e pouco as coisas foram-se compondo: acabaram por chegar jogadores como José Mário (um verdadeiro prodígio), Baidek (um central de antes quebrar que torcer e que deu muita força à defesa), Baptista (internacional brasileiro que participara em 2 campeonatos do mundo…pena que já na sua veterania) e, depois, o regressado Dudu, ainda mais pesado que uns anos antes mas com a sua técnica e visão de jogo fantásticas. Na 2ºjornada, num mau jogo, ganhámos 2-0 ao Covilhã. À 3ª jornada, fomos a Setúbal. Assisti ao jogo. O Vitória havia começado a época em grande. Vinha de ganhar na Luz e a primeira parte foi terrível para nós. Saímos a perder 1-0, eles tiveram um golo anulado e mais uma mão de oportunidades. Veio a 2ª parte…e da noite se fez dia. Mladenov foi sublime! Ganhámos 3-1. Depois, em casa contra o Portimonense, nova vitória 4-2, o jogo a acabar em festa, Mladenov outra vez em grande(dos 10 golos até então obtidos no campeonato, ele marcara 8!), e…venha o regresso às competições, vamos ao Barcelona!...

...Ao Barcelona e a Barcelona, porque o 1º jogo foi lá. Os últimos reforços de que falei ainda não tinham chegado ou não podiam jogar e tínhamos um certo receio da nossa perfomance defensiva. Mas aos 90m, o resultado continuava em 0-0, o que era excelente. Nos descontos, o pesadelo: sofremos 2 golos! Lembro-me de ir de carro na marginal, a ouvir na rádio, e até parei logo que pude, não fosse bater em alguém. Era outra vez o nosso “fado”.

No entanto, tínhamos uma grande esperança. Confiávamos na nossa capacidade atacante e o Barcelona mostrara debilidades. Contávamos os dias para o 2º jogo, decididos a ter uma grande noite europeia em que, pelo menos, não faltasse o nosso apoio, e a tentativa da equipa em virar a eliminatória

E chegou a noite da 2ª mão. O Restelo voltava a “vestir-se” de Europa, em trajes de gala. As ruas à volta do estádio estavam outras vez cheias de Beléns… como nos velhos tempos! A Alegria pairava no ar. A assistência cifrou-se em 25.000 pessoas, entusiásticas (sejamos justos, uma claque de "miúdos" do Sporting também apoiou calorosamente). Estreámos a nova iluminação, de luxo (por acaso, falhara o ensaio da véspera; mas naquele dia, ali estava ela, esplendorosa). Uma grande parte de nós quase rebentava de renovado orgulho e mostrámos isso mesmo quando as equipas entraram em campo: “Belém! Belém! Belém!". Forte, magnífico!

Aos 5 minutos, o delírio: uma vedeta do Barça tenta dar “baile”, o Mladenov tira-lhe a bola, cruza e Mapuata (que fora gozado como tosco pelos catalães) faz 1-0. Foi uma explosão estrondosa!. As bancadas dos sócios tremiam com os nossos saltos! Gritei até ficar rouco e, sem querer, agredi o colega do lado com a bandeira. Mas não lhe deve ter doído, tal o calor do seu, do nosso entusiasmo…

Depois, vieram 20 minutos alucinantes: Mapuata isolado falha, Chiquinho idem e a seguir um autêntico climax: o Guarda-Redes deles está adiantado, Mladenov faz um chapéu magistral do meio campo (à meia volta!), a bola vai a entrar, o guardião blaugrana a recuar, a recuar...e em cima da linha salva para canto! Seria um golo para ficar registado a letras de ouro!
A 2ª parte foi consumida com contínuas picardias (um jogador espanhol chegou a arrancar a bandeirinha das mãos do liner, por discordar de um lançamento!) mas nos últimos 10m voltámos à carga. Mesmo a acabar a partida, remate à baliza do Barca, o Guarda-Redes não agarra, José António salta para a recarga, era o golo (e empate na eliminatória)… mas por centímetros não chega lá! Como na altura se disse, tivesse ele cabelo em vez da sua carequinha e tinha chegado à bola e ao golo. Enfim, vitória no jogo, derrota na eliminatória mas, de qualquer modo, uma noite inesquecível, que nos deixou a vontade de mais!

Seguiram-se exibições e resultados irregulares. Mantendo-se próxima dos lugares de topo, a equipa não engrenava. As exibições, em termos de beleza futebolística, eram muito pobres, embora, por outro lado, Marinho Peres pusesse a equipa a jogar muito compacta e com muito arreganho. Às vezes parecia râguebi! Por outro lado, Mladenov teve uma clara quebra de forma, passou a ser cada vez mais marcado, e o treinador, durante o resto da época, sacrificou-o tacticamente: pô-lo a jogar mais à frente, fazendo recair nele uma marcação ainda mais cerrada e abrir espaços para outros jogadores, em especial Chico Faria. Mladenov cumpriu como um grande senhor! Mas a pouca espectacularidade das exibições começou a afastar público. Para o fim da 1º volta, então sim, a equipa embalou (esteve 15 jogos sem perder, desde a jornada 16 à 30) e, ao recebermos o Porto, na 20º jornada e 1ª da segunda volta, já havia bastante confiança. Foi um jogo muito disputado, que terminou com um justo empate 0-0, presenciado por cerca de 30.000 espectadores, incluindo o Presidente da República.

Não houve muito mais grandes assistências a registar. Logo 3 dias depois de recebermos o Barcelona, tivemos a visita do Sporting. Estavam pouco mais de 20.000 pessoas, o que na época era considerado pouquíssimo. Perdemos 3-2. A 1ª parte foi excelente e saímos a ganhar por 1-0. No recomeço, desconcentração da defesa, e sofremos 3 golos de rajada. Ainda reduzimos para 2-3 mas por aí nos ficámos. A 5 jornadas do fim, recebemos e batemos o Benfica por 2-1. Só 15.000 espectadores, quase todos azuis, pois o Benfica, zangado por não termos querido mudar a data do jogo à sua conveniência, aconselhara os seus adeptos a não ir, em jeito de represália. Na Luz havia cartazes a recomendar que não se fosse ao “penico” (como chamavam ao Estádio do Restelo). Tanto melhor, festejámos sozinhos!

Na penúltima jornada, estiveram outra vez presentes cerca de 15.000 espectadores, em jogo contra o Boavista, decisivo para garantir o acesso às competições europeias (disputado pelos 2 clubes e pelo Sporting) e, praticamente, para o 3º lugar. Ganhámos 2-0 mas sofreu-se muito. Devo confessar que fui para o Estádio com uma grande tremideira, receando que falhássemos na hora H. O jogo foi intensíssimo e a 1ª parte muito difícil. Recordo que o Major Valentim Loureiro passou o tempo atrás da baliza do Belenenses, a lançar bocas para o nosso Guarda-Redes e para o Árbitro (ao Intervalo, alguém do Belenenses o levou dali…). Não quero dizer que tenha sido por isso mas o facto é que árbitro deixou por assinalar um flagrante e confirmado fora de jogo a um jogador boavisteiro, que por pouco não resultou em golo: Jorge Martins desviou a bola para o poste. Não sei o que foi mais forte, se o susto, se a indignação….

Na 2ªa parte, tudo foi diferente. Entrámos a dominar e, aos 52 minutos, chegámos à vantagem. Lembro-me perfeitamente do golo: remate enrolado de Paulo Monteiro, na meia direita, fora da área, o Guarda-Redes axadrezado não chega à bola e ela encaminha-se para as redes, onde se vai anichar. Um enorme alívio, uma explosão de júbilo nas bancadas. A partir daí controlámos o jogo mas o golo da tranquilidade (2-0) só surgiu quase no final. Os minutos finais foram vividos entre gritos pelo Belém e muitos abraços entre nós. Que grande festa! Tantas e tantas bandeiras azuis, tochas acesas, balões e serpentinas! Belém de novo lá em cima! Depois de tantos anos afastados do topo, o regresso ao pódio (3º lugar), confirmado na última jornada. E, depois de 38 jornadas, só 3 pontos nos separaram do Benfica, nessa época finalista (vencido) da Taça dos Campeões. Mais duas ou três jornadas, e talvez ainda chegássemos ao 2º lugar. De qualquer modo, foi uma grande alegria!

Para quem possa interessar aqui fica a relação de resultados nessa época, para o campeonato.

1ª J: Porto, 7 – Belenenses, 1; 2ª J: Belenenses, 2 – Covilhã, 0; 3ª J: Setúbal, 1 – Belenenses, 3; 4ª j: Beleneneses, 4 – Portimonenses, 2; 5ª j: Marítimo, 1 – Belenenses, 0 (estreia de Zé Mário); 6ª j: Belenenses, 2 – Sporting, 3; 7ª j: Elvas, 2 – Belenenses, 3; 8ª J: Belenenses, 2 – Chaves , 0; 9ª J: Salgueiros, 2 – Belenenses, 0; 10ª J: Belenenses, 3 – Penafiel, 1; 11ª J: Rio Ave, 0 – Belenenses, 0; 12ª J: Belenenses, 0 – Espinho, 0 (monumental assobiadela no final…); 13ª J: Farense, 1 – Belenenses, 0; 14ª J: Belenenses, 1 – Académica, 0; 15ª J: Benfica, 2 – Belenenses, 0 (a poucos minutos do fim, com 1-0, atirámos bola à trave, que espantosamente caiu sobre a linha de golo e não entrou…); 16ª J, Belenenses, 1 – Braga, 0; 17ª J: Belenenses, 2 – Guimarães, 0; 18ª J: Boavista, 0 - Belenenses, 0 (falhámos penalty a 10m do fim); 19ª J: Belenenses, 2 – Varzim, 2 (estreia de Baidek); 20ª J: Belenenses, 0 – Porto, 0 (estreia de Dudu); 21ª J: Covilhã, 1 – Belenenses, 2; 22ª J: Belenenses, 2 – Setúbal, 1; 23ª J: Portimonense, 1 – Belenenses, 1; 24ª J: Belenenses, 1 – Marítimo, 0; 25ª J: Sporting, 1 – Belenenses, 1 (dois penaltys contra o Sporting por marcar e um golo mal anulado ao Belenenses!); 26ª J: Belenenses, 2 – Elvas, 1; 27ª J: Chaves, 0 – Belenenses, 0; 28ª J: Belenenses, 2 – Salgueiros, 2; 29ª J: Penafiel, 1 – Belenenses, 0; 30ª J: Belenenses, 3 – Rio Ave, 0; 31ª J: Espinho, 2 – Belenenses, 1; 32ª J: Belenenses, 4 – Farense, 1; 33ª J: Académica, 0 – Belenenses, 0; 34ª j: Belenenses, 2 – Benfica, 1 (golos de Chiquinho e Chico Faria); 35ª J: Braga, 1 – Belenenses, 1; 36ª J: Guimarães, 0 – Belenenses, 1; 37ª J: Belenenses, 2 – Boavista, 0; 38ª J: Varzim, 1 – Belenenses, 1.

(Artigo da autoria de Eduardo Torres, com continuação na próxima semana.)


Ficha do jogo com o Barcelona, no Restelo



Belenenses-Porto, com uma fantástica moldura humana



Capa da "Gazeta dos Desportos", no dia seguinte ao Belenenses-Boavista


Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 27

Nota: O autor deste artigo escreve sob protesto contra a política de recorrer a jogadores emprestados pelo Benfica

1. A 1ª vitória de Portugal num Campeonato do Mundo foi em 1957: 3-0 à Itália. Matateu foi a figura do jogo: marcou um golo e deu outro a marcar. Em jornal da época (“O Século Ilustrado”), escreveu-se: “Foi, particularmente, à combatividade do fogoso Matateu que Portugal ficou a dever a sua primeira vitória no Campeonato do Mundo. As vertiginosas descidas do centro-avançado belenense causaram embaraço na defesa transalpina, que se deixava apossar pelo pânico quando Matateu, ajeitando o esférico no seu jeito característico, rematava fortemente para as balizas, depois de dribles azougados”

2. A primeira vez que jogámos com o Real Madrid em Lisboa ganhámos 1-0. Mas antes, já havíamos ganho em Espanha por 3-0.

3. O nadador belenense José de Freitas, entre outros notáveis triunfos, tornou-se recordista da Travessia de Gibraltar em 1962.

terça-feira, junho 29, 2004

Cansaço

(Artigo da autoria de Joaquim Nunes)

Este cansaço de dias, de semanas sem notícias…

Este cansaço de anos a fio sem conquistar um título nos escalões principais, com a excepção do Rugby…

Este cansaço de épocas seguidas em que não temos razões para sonhar…

Este cansaço de ver que se continuar a adiar um futuro melhor…

Este cansaço de se ver que não se faz o óbvio…

Este cansaço de encontrar razões para ter esperança, esbarrando contra a dureza dos factos…

Este cansaço de parecer que ninguém nos ouve…

Vá lá, senhor dirigentes do Belenenses, tragam-nos uma palavra de esperança, mostrem-nos uma luz ao fundo do túnel, expliquem-nos que há razões para acreditar, lembrem-se que estamos cansado de sofrer e de esperar.

Força Portugal!

É já amanhã, 4ª feira, o jogo Portugal-Holanda das meias-finais deste Campeonato Europeu. Se ganharmos, assegurando um lugar na final, será a maior proeza de sempre da nossa selecção de futebol. Uma coisa, pelo menos até agora, já ninguém nos tira: um campeonato alegre, bem organizado, de excelente nível em todos aspectos que o rodeiam – a imagem de um país que quer e tem vindo a superar o fatalismo da derrota, da pequenez e da incapacidade. Hoje, já ninguém no mundo se admira que Portugal seja capaz de fazer bem, e isso é um grande passo em frente.

Scolari pediu 5.000 carros a acompanhar o trajecto da camioneta que transporta a selecção desde Alcochete até Lisboa. É um apelo bonito e tocante, na linha do que já aconteceu nos 2 jogos anteriores.

Eu sugiro aqui outra ideia complementar. Talvez seja difícil ela circular a tempo de se impor, mas aqui fica: fazer um imenso cordão humano, com bandeiras e símbolos de Portugal, no percurso já em Lisboa, desde o mais longe do estádio (através da 2ª circular) até à entrada deste: o clamor de todo um povo a saudar e a empurrar a “equipa de todos nós” para a vitória!

Vamos a isso? Antes de tudo, é preciso passar palavra!

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 26

(O autor deste artigo escreve sobre protesto contra a política de recorrer a jogadores emprestados pelo Benfica)

1. O Belenenses é o 4º clube em número de jogadores que já representaram a selecção nacional de futebol: 61 diferentes jogadores azuis envergaram já a camisola das quinas. À frente de nós, vem o Benfica, com 127; o Sporting, com 121; o F.C.Porto, com 100. Nos lugares imediatamente atrás, vêm o Boavista com 36; o Vitória de Setúbal, com 35; o Vitória de Guimarães com 30; o Braga com 15 e a Académica, com 14.

2. Apesar de o voleibol não ser uma modalidade de grandes tradições no Belenenses, fomos campeões nacionais de juniores nas épocas de 61/62 e 62/63.

3. Quando em 1973/74 o Belenenses defrontou o Wolwerhampton para a Taça UEFA (dado ter obtido o 2º lugar no Campeonato anterior), o treinador da equipa inglesa declarou que o Belenenses tinha a melhor asa esquerda da Europa: João Cardoso, Godinho e Gonzalez.

segunda-feira, junho 28, 2004

Comunicado dos Fanáticos 1919

Na sequencia de vários comentarios, boatos, fotografias, etc... que têm vindo a aparecer em diversos sitios pelo mundo Ultra e não só, sobre a tendência politica e modo de estar na curva da nossa claque e dos nosso membros, vimos mais uma vez classificarmo-nos como claque apolitica. Relembrando mais uma vez que qualquer membro da nossa claque tem liberdade total fora do "ambiente da claque" para seguir a idealogia que quiser.
Todos sabemos que dentro de uma claque é muito dificil controlar toda a gente, é impossivel e não tem qualquer tipo de interesse saber o que cada um faz para lá da curva, esta atitude não pode no entanto ser confundida com desleixo ou desinteresse.
Sabemos que infelizmente vários membros têm usado material e agido na curva de forma não condizente com a mentalidade e atitude da claque. De facto o comportamento de alguns tem sido confundido pelo comportamento de todos. Não vale apena arranjar desculpas no pouco tempo da claque, inexperiencia e por vezes vontade de dar nas vistas pelos motivos errados. Daqui para a frente teremos uma atitude menos condescendente quanto a certos comportamenos dentro da claque, garantindo desde já, que não nos interessa minimamente aquilo que cada um faz fora da curva, e que também nunca vamos proibir/expulsar nenhum elemento pela sua cor politica, aspecto, estilo de vida, etc, etc... Apesar de admitirmos a existencia de alguns elementos de extrema-direita, não vamos de forma alguma ceder às pressões de alguns que se dizem defensores da liberdade mas que acabam por agir de igual forma às situações que criticam segregando e discriminando algumas pessoas só pela sua cor politica.
Não pactuaremos com atitudes extra-futebol nem nunca serão formados núcleos de tendências politicas, nunca deixaremos que essas atitudes tomem conta da nossa claque.
Apenas exigimos uma coisa aos nosso membros:
APOIO INCONDICIONAL AO BELENENSES!

Não adianta continuarem a perseguirem-nos e a difamarem-nos, continuaremos sempre juntos a apoiar o nosso clube, nacionalistas, centristas, comunistas, apoliticos ...
SOMOS TODOS BELENENSES e é isso que nos une!

Saudações Ultras,
Fanáticos 1919!

Que não nos esqueçamos

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

- Não nos esqueçamos nunca que existimos há 85 anos, o que representa já quatro e, em breve, 5 gerações de belenenses;

- Não nos esqueçamos nunca que, citando Acácio Rosa “nós formamos um clube modesto, nascido na praia, que 25 anos mais tarde era o clube mais progressivo de Portugal”;

- “Não nos esqueçamos nunca de amar o clube, citando mais uma vez Acácio Rosa “como eu o vi ser amado pelos rapazes da praia”, isto é, pelos pioneiros do clube, que o decidiram definitivamente fundar num banco de jardim da Praça Afonso de Albuquerque, e que nunca regatearam esforços para o tornar maior e mais forte;

- Não nos esqueçamos nunca que tivemos figuras lendárias do desporto português como Artur José Pereira, Augusto Silva, Amaro, Feliciano e as outras Torres de Belém, Matateu, Vicente, Georgete Duarte, José de Freitas, Acácio Rosa e muitos, muitos outros;

- Não nos esqueçamos nunca que nós fomos o clube que o Real Madrid, o clube mais forte e bem sucedido do século XX, convidou para inaugurar o seu estádio;

- Não nos esqueçamos nunca que nós fomos “aquele clube” que, caso único em Portugal, perdeu dramaticamente um campeonato nacional a 4 minutos do fim da última jornada;

- Não nos esqueçamos nunca que nós fomos o primeiro clube de futebol a investir seriamente em instalações com o estádio das Salésias, o primeiro relvado de Portugal, que durante anos poupou a selecção nacional à vergonha de jogar num pelado, com bancadas como deve ser (enquanto outros ainda tinham “serrações de madeira”), com um pavilhão para as modalidades amadoras;

- Não nos esqueçamos nunca que, ainda melhorávamos as Salésias e já estávamos recebendo ordens de que haveríamos de deixar aquele local, por causa “do plano de urbanização da capital do império”;

- Não nos esqueçamos nunca que foi numa zona esquecida, em cima de uma pedreira que tivemos que transformar com carradas de dinamite, que nós construímos, e temos continuado a acrescentar e a embelezar, o nosso incomparável Estádio do Restelo;

- Não nos esqueçamos nunca que, depois de valorizarmos aquela zona, que se veio a tornar de luxo, rendendo chorudos negócios à câmara, a dívida resultante do investimento na construção do Restelo, acumulada e galopante, fez decair brutalmente a nossa competitividade desportiva;

- Não nos esqueçamos nunca que, por essa razão, chegámos a ficar sem a propriedade do estádio, passado a Municipal, para resgatar a dívida contraída com esse mesmo estádio, face à intransigência draconiana da Câmara, tão contrastante com as liberalidades de que outros clubes têm beneficiado;

- Não nos esqueçamos nunca de que, em seguida, durante anos, tínhamos que pagar à Câmara para jogar no que tínhamos construído, com contadores a correr hora a hora, e chegando a ver os nossos troféus encaixotados à porta da rua;

- Não nos esqueçamos nunca que foi pelo esforço titânico de grandes dirigentes como Acácio Rosa e Gouveia da Veiga, e com a força e o peso de uma centena de milhar de assinaturas que a nossa bandeira voltou a hastear-se no mastro do Restelo;

- Não nos esqueçamos nunca que, no ano terrível de 1982 (primeira descida de divisão), a situação era tão grave que se chegou a discutir se não era o fim do Belenenses, entregando-se as chaves do clube à CML;

- Não nos esqueçamos nunca que essa despromoção foi então vista, em todo o país, como um facto quase inacreditável e que é assim que devemos sempre olhar qualquer perspectiva de descida;

- Não nos esqueçamos nunca que conseguimos superar essa crise, renascer, voltar ao pódio e reviver a conquista de uma Taça de Portugal;

- Não nos esqueçamos nunca que, dois anos depois da vitória nessa Taça, por escolhas infelizes e por se enveredar pelo facilitismo, pelas subserviências pacóvias e por irmos na conversa dos três “da vida airada”, estávamos estupidamente, pela 2ª vez, numa divisão secundária;

- Não nos esqueçamos nunca que, quando se experimentou se um árbitro resistia ou não à corrupção (mil contos, em 1990), o clube escolhido como prejudicado por esse corrupção seria o Belenenses (porque seria? Pensemos bem: porque seria?);

- Não nos esqueçamos nunca que em momentos de crise profunda do futebol, foram outras modalidades, como o Andebol, o Basquetebol, o Râguebi ou até o Atletismo e o Hóquei, que mantiveram mais viva a chama azul;

- Não nos esqueçamos nunca que, por incúria, leviandade ou que quer que tenha sido, nós íamos perdendo o Bingo e, pela primeira vez, ferindo o nosso orgulho, dependeu a nossa sobrevivência de um favor público;

- Não nos esqueçamos nunca que, apesar de todas as desventuras, temos hoje um parque desportivo de que nos podemos orgulhar;

- Não nos esqueçamos nunca que, apesar de tudo, em circunstâncias tão difíceis, nós não desaparecemos ou não caímos num abismo profundo, como outros clubes que chegaram a ser fortes (embora não tanto como nós) e que, não obstante longe da grandeza de outrora, ainda aqui estamos, na luta, numa demonstração da vontade de resistir e permanecer;

- Não nos esqueçamos nunca de nos fazer respeitar, exigindo o tratamento e a consideração que nos é devida, e fazendo por os manter num elevado patamar, com a grandeza da nossa visão, a dimensão dos nossos feitos e a nobreza das nossas atitudes;

- Não nos esqueçamos nunca que falar em outros como “os três grandes” representa a nossa abdicação definitiva do estatuto de um dos “grandes”, que detivemos durante mais de meio século;

- Não nos esqueçamos nunca da nossa velha e bela tradição do “quarto de hora à Belenenses”, representativo do cerrar de fileiras quando tudo parece perdido, para que não nos demos nunca por vencidos na nossa vontade de perpetuar e melhorar sempre o nosso clube;

- Não nos esqueçamos nunca de com que arreganho e querer imenso fomos campeões nacionais e obtivemos tantas outras conquistas;

- Não nos esqueçamos nunca de quantas vezes e em quantas situações, tivemos que vencer a adversidade e “começar de novo”.

- Não nos esqueçamos nunca, enfim, que o Belenenses não é o que se passou na última semana, na última época, nos últimos anos, ou sequer nas últimas décadas mas tudo o que se contém na sua história de 85 anos.

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 25

1. Na época de 1942/43, o Belenenses ganhou todos os jogos disputados em casa. As vitórias foram pelos seguintes números: Leixões, 5-0; Unidos do Barreiro, 5-2; Vitória de Guimarães, 12-0; F.C.Porto, 4-0; Académica, 2-0; Olhanense, 8-0; União de Lisboa, 2-0; Sporting, 5-0 e Benfica 5-2.

2. O Belenenses infligiu várias derrotas por números volumosos ao Futebol Clube do Porto, em provas oficiais de futebol. Destacamos as seguintes: para a Liga I, 3-0, em 36/37; para o Campeonato Nacional: 7-3 em 41/42, 4-0 em 42/43, 4-0 em 43/44, 6-2 fora de casa) em 44/45, 3-0 em 47/48, 5-3 em 49-50, 5-2 em 53-54, 4-0 em 74-75 (nas Antas) e, mais recentemente, 3-0 em 2001/2002; para a Taça de Portugal, 5-1 em 41/42 e 3-0 em 62/63.

3. Augusto Silva, antes de ter treinado o Belenenses no campeonato que vencemos em 1945/46, foi um extraordinário jogador com a nossa camisola e, também, com a da selecção nacional. Ao serviço do Belenenses, ficou ligado à conquista de 3 campeonatos de Portugal e de 4 campeonatos de Lisboa. Na selecção, que capitaneou várias vezes, atingiu 21 internacionalizações, o que na altura era o máximo que algum jogador português atingira. Os portistas Valdemar Mota e Pinga (este, outra legenda do futebol português), respectivamente, 2 e 8 anos depois, igualaram essa marca que, entretanto, só 16 anos mais tarde foi superada (pelo benfiquista Francisco Ferreira)!

Augusto Silva destacou-se sobremaneira nos Jogos Olímpicos de 1928, a primeira grande competição em que a selecção nacional participou. Num dos jogos ali disputados, saiu em ombros e foi cognominado “O Leão de Amsterdão”, pelo seu extraordinário espírito lutador.

domingo, junho 27, 2004

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 24

1. Inaugurado em 23 de Setembro de 1956, no 37º aniversário do clube, o Estádio do Restelo teve como 1º jogo oficial um Belenenses – Vitória de Setúbal, que ganhámos por 5-1. Antes, nos festejos da inauguração, o Belenenses havia ganho ao Sporting por 2-1 e, como já vimos antes, ao finalista vencido da 1ª Taça dos Campeões Europeus, o Stade de Reims, por 2-0 (em jogo nocturno, de estreia da iluminação eléctrica).


Inauguração do Estádio do Restelo, tendo por opositos o finalista da Taça dos Campeões, o Reims


2. Nessa primeira época de utilização do Restelo, o Belenenses nunca perdeu em casa, apenas sofrendo dois empates para o Campeonato Nacional. A série de resultados foi a seguinte: Atlético, 4-2 (último jogo nas Salésias em 9 de Setembro de 56); Covilhã, 2-0; V.Setúbal, 5-1; Benfica, 2-2; Caldas, 5-0; F.C.Porto, 4-3; Barreirense, 4-0; CUF, 5-1; Torreense 6-2; Oriental, 5-1; Sporting, 2-2; Académica, 3-2; Lusitano de Évora, 5-0.


Primeiro golo oficial no Estádio do Restelo, da autoria de Matateu, ante o Vitória de Setúbal

Fonte: Site Oficial do CFB


3. Além de 56/57, foram os seguintes os campeonatos em que não registámos nenhuma derrota em casa: 42/43; 45/46; 51/52; 58/59; 75/76 e 89/90. Nas épocas de 45/46, 56/57, 58/59, e 75/76, não houve nenhuma derrota em provas oficiais, visto que também não perdemos na Taça de Portugal. E, na época de 4/-43, também não, visto que…a Taça de Portugal não se realizou.

JOGOS PARTICULARES, FILIAIS E SIMPATIZANTES

(Artigo da autoria de "Um Belenense")

Na próxima Superliga de futebol, dos 18 distritos do continente português, apenas 7 têm clubes representados: Aveiro, Braga, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto e Setúbal. Ficam de fora quase 2/3 dos distritos: Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. O clube mais a Sul mora a em Setúbal, a uma distância superior a 200 Km do extremo meridional, o clube mais no interior está sediado em Coimbra, ou seja, a somente 50/60 Km da costa. Ou seja, 40% do país no sentido Norte-Sul, e 70% no sentido Oeste-Este (da costa para o interior) não tem qualquer representante.

Já agora, sem querer ser exaustivo, acrescentaria que, se não me engano, há 4 distritos que, ao longo de toda a história do futebol português não tiveram nunca um representante na divisão principal: Beja, Bragança, Guarda e Viana do Castelo, a que se juntam mais outras tantas capitais de distrito, ou seja, Castelo Branco, Portalegre, Santarém e Vila Real. É significativo das grandes parcelas do nosso país arredadas dos grandes confrontos futebolísticos. Não admira, pois, as grandes enchentes que a visita de qualquer primodivisionário, mesmo dos mais populares, provocam quando os sorteios da Taça de Portugal proporcionam esses encontros.

Mas o que é que isto tem especificamente a ver com o Belenenses?

O Belenenses é um dos pouquíssimos clubes portugueses com adeptos disseminados por todo o país. E isso vê-se, aliás, pelo facto de sermos o 3º clube com mais filias/delegações/casas/núcleos. No entanto, na sua zona de maior implantação natural, em Lisboa (onde está sediado) e à volta de Lisboa, tem o seu crescimento muito dificultado pela concorrência do Benfica e do Sporting, a partir do momento em que fomos deixando de competir de igual para igual para com esses clubes. Justamente pela erosão provocadas por décadas de resultados desportivos pouco felizes, sucede em todo o país que, embora tenhamos adeptos em todo o lado, a proporção destes diminui ano após anos. Até muitas das nossas filiais e delegações já quase só tinham uma ligação estatutária ao Belenenses. Na prática, não havia ligação afectiva, nem dos dirigentes, nem dos sócios, nem dos frequentadores. Ou, se havia, era muito pouca.

Um dos mais meritórios esforços da actual direcção tem sido o de congregar e revitalizar as filiais, lembrando-lhes a sua matriz belenenses, fazendo-a reviver, voltando a despertá-las para a efectividade. Já bastante foi feito e, pelo que se sabe, vai-se continuar a trilhar esse rumo.

Ora, se há tão vastas regiões do país onde (quase) nunca chega o futebol e os clubes de primeira, em muitos casos nem sequer da Divisão de Honra, e se em muitos desses espaços geográficos temos filiais, não se poderia investir em realizar mais jogos particulares do Belenenses nessas zonas?

Tratar-se-ia de aproveitar as delegações existentes (capitalizando o entusiasmo que exista ou pondo-lhes um desafio que faça despertar esse mesmo entusiasmo) ou, onde não as houver, fazendo contactos com clubes locais e/ou autarquias de regiões onde não há futebol de primeiro plano, e marcar jogos onde a nossa equipa estivesse presente. As receitas seriam oferecidas aos cubes locais. Para nós, pouco ou nada representaria, para eles, seria um presente muito bem-vindo.

É claro que só muito excepcionalmente poderiam estar presentes os nossos jogadores titulares. Mas poder-se-ia apresentar equipas com suplentes pouco utilizados (veja-se o caso do Pedro Alves, que precisa de jogar para não passar ao lado de uma carreira promissora), jogadores a precisarem de ritmo por virem de lesões, jogadores a precisarem de se adaptar ao futebol português, eventualmente jogadores à experiência (oxalá isso seja coisa que rareie) e, decerto, alguns dos juniores mais promissores, que assim cresceriam em maturidade.

Quais as vantagens disto?

- Rodar jogadores e/ou fazer-lhes ganhar maturidade, já que não temos equipa B;

- Darmos mais alguma vida e entusiasmo às nossas filiais e ao belenenses que vivem longe, ou até muito longe;

- Criarmos laços de simpatia nessas regiões que aumentem o número dos nossos adeptos, o que é tão importante para nós, e que tornem mais fácil irmos de vez em quando buscar jogadores revelação, graças a acordos preferenciais.

Fica a ideia. Talvez seja boa, talvez não...

sábado, junho 26, 2004

O futuro começa já amanhã

Surgiram novidades nas últimas horas que deixaram todos os Belenenses inquietos, se calhar porque há já algumas semanas não havia notícias do nosso clube, tirando a diária e repetida provável saída do Mauro e do Verona e do Hélder Rosário.

Hoje surge a notícia do interesse em Lourenço, da assinatura do Rodolfo Lima e da continuidade do Antchouet, que vieram provocar as mais dispares e apaixonadas reflexões.

No que diz respeito à contratação do Rodolfo Lima, por empréstimo, parece-me uma boa aposta. Os empréstimos são algo perfeitamente normal no futebol e uma arma que deve ser utilizada com inteligência. Muito se tem falado dos possíveis empréstimos para o Belenenses, que somos um clube "sem orgulho", que estamos a construír um clube com base em jogadores dos outros, etc, etc, mas a verdade é que neste momento temos 1 jogador emprestado, o Rodolfo Lima, uma vez que toda a gente percebe que na realidade o empréstimo do Cristiano não é empréstimo nenhum, o Cristiano já não volta à Luz.

Relativamente ao Lourenço, seria um óptimo reforço, mas muito "na linha" do Rodolfo Lima, já ele na linha do Antchouet, pelo que me parece que talvez fosse um excesso de pontas-de-lança móveis. Isto no caso de empréstimo. Se, por outro lado, o SCP estivesse interessado em "ver-se livre" de um ordenado, um contratozinho por 3 anos com o Lourenço era ouro sobre azul, daqui a um ano ou dois ia para as Antas ou para a Luz. Mas ainda precisa de amadurecer um bocadinho.

Por último, relativamente ao Antchouet, é com grande satisfação que o vejo a querer continuar com a Cruz de Cristo ao peito. Enche-me também de esperança a sua continuação, pois se ele continua após a conversa com o Carvalhal, é porque o Carvalhal lhe deu indicações que esta será uma época diferente, em que, perdoem-me a expressão, não será "bico para a frente e o preto que corra". Porque podem argumentar que se ele tem contrato, é para cumprir. Mas somos pessoas de boa fé e percebemos que a cada ano que passa nesta equipa retalhada, é mais um ano em que o Antchouet se está a perder, pois ele tem capacidades e merece muito mais. Deus queira que o consiga no nosso clube.

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 23

1. No Campeonato Nacional de Futebol, O Belenenses ganhou todos os jogos em casa contra o trio Benfica, Sporting e Porto nas épocas de 42/43, 45/46, 47/48 e 75/76.


Resultados e Classificação de 45/46


2. Contra o mesmo trio, não perdeu nenhum jogo em casa, nas épocas de 51-52, 53/54, 56/57, 58/59, 59/60, 63/64, 78/79, 89/90, 92/93, 95/96 (além das 4 referidas no ponto 1); não perdeu nenhum jogo fora de casa em 51-52 e 54-55; e, por conseguinte, não perdeu nenhum jogo nem fora, nem em casa, na época de 51/52.


Resultados e Classificação de 51/52


3. Na 1ª Vitória da selecção portuguesa de Futebol contra a Itália, em 18/6/1925, por 1-0, estiveram presentes 2 jogadores do Belenenses: Augusto Silva e César de Matos.

sexta-feira, junho 25, 2004

Próximos...


Créditos: FPF

Mas que grande jogo!

Mais uma vez chegámos às meias-finais de um Campeonato Europeu. Será desta vez que conseguimos chegar à final?

Depois da Rússia, Espanha e Inglaterra se terem cruzado no caminho da nossa selecção quem serão os próximos a ser eliminados? Holanda ou Suécia? Quem são os mais fortes? Dêem as vossas opiniões.

O BLOG DO BELENENSES DÁ (NOVAMENTE) OS PARABÉNS À SELECÇÃO NACIONAL!"

Vejam umas imagens de ontem disponibilizados pelo João Gouveia





quinta-feira, junho 24, 2004

Mauro

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Por vezes, nestes blogs, a título de brincadeira, têm sido feitos alguns comentários menos agradáveis sobre o Mauro, manifestando-se grande satisfação por ele se ir embora.

Peço desculpa de dizer isto mas acho que nos devíamos abster desses comentários que, sendo brincadeiras sem nenhuma má intenção (tenho a certeza) podem, não obstante, feri-lo desnecessaria e imerecidamente se, porventura, chegarem ao conhecimento do jogador – o que não é impossível, antes pelo contrário.

Que eu me lembre, desde os tempos do Godinho e do Quaresma, já lá vai mais de um quarto de século, que nenhum jogador afirmou tão categoricamente a sua paixão pelo Belenenses como o Mauro. Aliás, repito, desde os tempos dos jogadores atrás referidos, não me lembro de nenhum que, quando fala sobre isso, não diga que é do Benfica, do Sporting, do Porto ou do clube da sua Terra – do Belenenses, nunca! Quando muito, alguns dizem: “acabei por me sentir também do Belenenses”. Até um Pietra, nascido, crescido e atirado para a fama em Belém, lá foi para o Benfica e, pelo que leio, nessa órbita permanece. No clube de fãs do Benfica, no livro de ouro do Benfica – não no nosso. Por isso, não consigo dizer mal do Mauro, não consigo deixar de ter por ele um carinho especial. Digo mais: se o Rodolfo Lima vier emprestado para o Belenenses, e marcar 30 golos na próxima época, eu terei sempre mais carinho por um jogador que disse, alto e bom som “o Belenenses é o meu clube” do que por um outro que, pelos vistos, não viu em nós mais que um sítio para rodar, com o inconveniente de não ser perto de casa. Pode parecer estúpido mas é a minha maneira de ser. E não sei ser do Belenenses de outra maneira...

É claro que a sua prestação no Belenenses ficou muito aquém das expectativas; é claro que ele não se consegui impor no Restelo; e é claro que não o podemos conservar no plantel só pelo sentimentalismo de ele ser do Belenenses. Se não, também nós todos lá estaríamos...

Mas, que eu saiba, ele fez o melhor possível; não violou os seus deveres profissionais; não teve nenhuma atitude desrespeitosa para com o clube, treinadores, dirigentes ou adeptos. Podemos achar que o seu ordenado é alto face ao seu rendimento mas foi aquilo que o clube livremente acordou. Ele não é nenhum ladrão, portanto.

Às vezes as “pequenas coisas” que nos parecem insignificantes podem ser importantes. É bem possível que o Mauro, mais tarde, se estabeleça em Angola. E, filho de um jogador do Belenenses, aliás de qualidade, o Laurindo, se ele sentir que foi bem tratado aqui, mesmo e especialmente na hora da saída, não estará mais disposto a ser um foco difusor de belenensismo naquelas paragens? Não será mais facil e convictamente um porta-bandeira de uma predisposição favorável ao Belenenses, que nos pode granjear vantagens (por exemplo, em futuras contratações de angolanos)? E, saindo humilhado, não tenderá, como é natural, a fazer exactamente o contrário?

No entanto, antes mesmo dessas razões, julgo que temos o dever de tratar com consideração quem espontaneamente mostrou consideração e sentimento pelo nosso clube - que é, também, o dele. E se o Belenenses é o clube do seu coração, então, ele é também um dos nossos, um de “nós” ainda que não como jogador.

Temos que tratar bem que nos trata bem, quem nos engrandece ou nos respeita. Nem sempre o fizemos. O Matateu saiu para o Atlético, apesar da luta do Acácio Rosa, por caprichos de treinador e falta... não sei de quê dos dirigentes que o não souberam manter, que o dispensaram!... Sim, dispensaram, sem mais nem ontem, o grande, o único, o incomparável, o tão nosso Matateu!!! E ele acabou por ir viver para o Canadá, quando deveria ter ficado sempre em Belém, como o nosso maior futebolista de todos os tempos. E nunca mais haverá outro Matateu... De igual modo José Pereira, o nosso “Pássaro Azul”, saiu do Restelo triste, porque não se lhe perdoou que ele tivesse uma época má... apenas um ano depois de ser titular no Mundial de 66! O Quaresma, que sentia a camisola, saiu do clube como se fora uma coisa qualquer, como se ele não tivesse suado briosamente aquela camisola durante quase 20 anos... São erros que não podemos, não devemos repetir! Ser do Belenenses, para mim, é também ser grato! É sentir que cada belenense, não importa quais sejam as suas limitações, é igualmente um dos nossos, um dos que, à sua maneira, partilha connosco o amor pelo mesmo clube.

Talvez isto seja um sentimentalismo anacrónico mas é o que eu penso e o que tinha vontade de dizer.

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 22

1. Ao longo da sua história, o Belenenses alcançou diversas vitórias por resultados expressivos contra o Benfica. Entre elas, contam-se as seguintes: para o Campeonato Nacional, 5-3 em 40-41, 4-0 em 41-42, 5-2 em 42/43, 4-1 em 47/48 e 4-2 em 1975/76; para o Campeonato de Lisboa, 6-3 em 28/29, 4-1 em 30/31, 4-0 em 31/32, 4-0, em 38/39, 8-3 em 40/41; 4-1 em 42/43; para a Taça de Honra, 5-0 em 59/60.



2. Logo a seguir ao Campeonato Nacional de 1946, que o Belenenses ganhou, Feliciano recusou uma proposta do Celta de Vigo com elevadíssimos valores e foi ele próprio que se dirigiu a dirigentes azuis para assinar rapidamente… de novo pelo Belenenses!

3. O Belenenses é o 3º clube português com mais filiais.

quarta-feira, junho 23, 2004

A Década de 80 - Parte II - Grandes Esperanças



Na época de 85-86 fomos à final da Taça, perdendo 2-0 com o Benfica, no dia 27 de Abril, em jogo que podíamos ter resolvido logo nos primeiros 10 minutos, pois perdemos 3 oportunidades flagrantes (fui ver o jogo com 38,5 de febre. Depois... 15 dias de cama!). Nos quartos de final, havíamos eliminado o Chaves, com uma vitória épica em Chaves, no desempate por penaltys, em jogo de repetição. Na meia-final, ganhámos por 2-0 ao Braga (apesar de falharmos a transformação de um penalty, quando havia 1-0). Foi uma 4ª feira à tarde e, por isso, não estava muita gente - talvez umas 10.000 pessoas, no máximo. Como não somos facciosos a ponto de pensar que somos sempre vítimas, gostava de referir uma atitude muito feia de um jogador nosso, um espanhol cujo nome não recordo, que agrediu violenta e gratuitamente um jogador do Braga, com o jogo mesmo a terminar, e com a bola bem longe de qualquer baliza. Com dignidade, muitos adeptos do Belenenses não esconderam a sua reprovação.

Dias depois da meia-final, e 3 semanas antes da final, recebemos o Benfica no Restelo. Grande assistência, creio que perto de 35.000 pessoas. De certo modo, por estranho que pareça, ao Belenenses convinha que o Benfica ganhasse… Explico: se os “encarnados” ganhassem o campeonato, nós ficávamos automaticamente qualificados para a Taça das Taças. No entanto, o Belenenses não facilitou e actuou com toda a dignidade, perdendo por 1-0, já perto do fim, depois de uma boa exibição. Na jornada seguinte, a penúltima, o Benfica perdeu com o Sporting e o título foi para o F.C.Porto. Lá se foi a nossa qualificação directa para a Taça das Taças… E depois, como já disse, lá se foi a vitória na Taça de Portugal.

Não obstante, foi uma época que nos reacendeu a esperança de ver o Belenenses a realizar feitos notáveis. Perdemos a final da Taça… mas estivemos lá; o campeonato não foi brilhante, a meio chegou mesmo a ser medíocre… mas melhorou com a vinda do técnico Henry Depireux e fomos subindo até acabar em 6º lugar; e, como sinal de que se estava a construir uma equipa, entre os 22 jogadores convocados para o Mundial no México, havia 3 belenenses: Jorge Martins, José António e Sobrinho.

Por isso, a época de 86/87, de novo com Depireux a treinador, iniciou-se com grande entusiasmo e excelente futebol; e, após muitas peripécias, culminou, enfim, no regresso às competições europeias. Chegaram jogadores que se tornaram referências, como Mapuata e, sobretudo, o internacional búlgaro Mladenov. Ao mesmo tempo, deu lugar a algumas grandes, enormes assistências no Estádio do Restelo, nomeadamente contra o F.C.Porto, o Benfica e o Sporting.

Andámos várias jornadas em 1º lugar. À 8ª jornada, quando recebemos o F.C. Porto, tínhamos 6 vitórias e só 1 derrota (contra o Boavista, em jogo em que muito se falou de boavisteiros dopados...), 17 golos marcados e 5 sofridos.

À 6ª jornada, recebemos o Sporting. Se ganhássemos, passávamos para 1º, e foi isso mesmo que aconteceu. Devem ter ficado só umas dezenas de bilhetes para vender. (Descontando os sócios, crianças não pagantes, convidados e borlistas, venderam-se 25.144 bilhetes, segundo um registo da época, que conservei. No total, estiveram presentes, no mínimo, umas 40.000 pessoas). Foi talvez uma das 5 maiores assistência que já vi no Restelo (embora, infelizmente, uns 2/3 fossem lagartos). O Sporting entrou em força e andámos 20 minutos "aos papéis”, como se costuma dizer. Mas, de repente, o Mapuata arrasa o centro da defesa do Sporting e faz 1-0! Ainda sofremos até ao intervalo e nos primeiros 5 minutos da 2ª (altura em que se verificou uma incrível defesa de Jorge Martins). A partir daí, o jogo foi todo nosso. Por volta dos 15/20minutos, Mladenov, a 30 metros da baliza, depois de bela combinação com Jaime, arranca um remate espantoso e faz um golo monumental, daqueles que não se esquecem: 2-0! Até ao final do jogo, dominámos à vontade e ainda perdemos várias oportunidades. Era a primeira vitória sobre os nossos velhos rivais desde o regresso à 1ª Divisão, e isso deu-nos uma grande alegria. Mladenov foi sublime e, no dia seguinte, um jornal desportivo, em apreciação aos nossos jogadores, titulava: “Mladenov: O Restelo a seus pés”!

(Para não nos iludirmos, gostava de relatar o seguinte: ao sair do estádio, cruzei-me com 2 adeptos, um com cachecol do Sporting, outro do Benfica. O do Benfica também ia bastante insatisfeito. Dizia: "Espero que este ano não tenhamos os pastéis de nata a chatear”) ...

Também na 2ªf seguinte, os jornais anunciavam a muito provável contratação de um titular da selecção brasileira: Alemão. Seria o nº 10 que o técnico pedia. Sentíamo-nos nas nuvens (O Benfica também cobiçava o Alemão e ele acabou por não vir para Portugal).


Depois, à 8ª jornada, o jogo contra o Porto. Outra grande assistência, só um pouco menor que contra o Sporting mas com mais Belenenses presentes. Talvez uma das maiores enchentes nos sectores dos sócios. Quanto aos não sócios (e não borlistas, nem crianças, nem convidados…), venderam-se 21.495 bilhetes. Chegámos ao estádio com grande antecedência e uma enorme expectativa. Tremíamos de entusiasmo. De repente, o nosso Belém parecia outra vez assumir-se como um dos 4 grandes, como nos velhos tempos... Só que o Porto tinha uma equipa fabulosa (foi campeão europeu nessa época), o Futre fez uma exibição do outro mundo (e sempre que caía, mesmo sem ninguém lhe tocar, era falta...), o André, idem, e aos 17 ou 20m, estávamos a perder 1-0. Ainda reagimos bem, podíamos ter empatado (lembro-me de uma excelente jogada de Teixeira, que fintou 4 ou 5 portistas e quase marcou) mas, na 2º parte, “eles” arrumaram o jogo: 3-0!

A partir daí, as coisas já não correram tão bem e acho que nunca houve uma época em que os árbitros nos “lixassem” tanto. Foi a época em que perdemos 2 pontos na secretaria contra o Marítimo; em que num jogo contra o Boavista, o Mladenov ia isolado na área e o árbitro dá o jogo por terminado (depois de nos sonegar dois penaltys escandalosos). E muitas outras coisas... talvez porque, muito antes de outros, o treinador Depireux foi (que me lembre) o primeiro a falar em sistema. Pouco depois de chegar a Portugal, constatando com surpresa que desde há 40 anos eram sempre os mesmos 3 clubes a ganhar os campeonatos, exclamou: “Alguma coisa está errada. O sistema tem que estar viciado!”. Acho que pagámos caro o seu desassombro e a sua frontalidade. Mas mesmo assim...

Mesmo assim, voltámos a conquistar o direito de disputar as competições europeias, no caso, a Taça UEFA, o que não acontecia há longos 11 anos. Esse objectivo ficou garantido no penúltimo jogo, com uma excelente vitória por 3-2 em Guimarães mas estava já bem encaminhado desde a jornada anterior, em que recebemos o Benfica no Estádio do Restelo (por essa altura, o grande Matateu esteve em Lisboa, para nossa grande alegria).

Foi outra grande “Casa”: 40.000 espectadores ou talvez mais (Note-se que, na altura, sem cadeiras, e com a bancada do lado do rio “habitada”, a lotação do Estádio do Restelo era de 42.000 lugares). A Superior rebentava pelas costuras. É claro que havia uma maioria de lampiões mas de qualquer modo estavam presentes muitos beléns. Muitos, mesmo!

Era um jogo quase decisivo para as duas equipas e o empate final, por 1-1, serviu a ambas (nós chegámos à Europa, eles ao título) O Benfica marcou primeiro, no início da 2ª parte: o Murça atrasou para o nosso Guarda-Redes mas o vento forte e caprichoso colocou a bola ao alcance de um jogador “deles”. Reagimos muito bem e, a uns 15 minutos do fim, foi reposta a igualdade: remate de longe do Guina (um médio brasileiro contratado a meio da época), o Guarda-Redes benfiquista só consegue sacudir a bola, e Mapuata surge como um furacão a atirar lá para dentro. Que grande salto que eu dei! Com 5/6 avançados, ainda perdemos várias ocasiões. Foi um jogo de grande intensidade, muitíssimo bem disputado de parte a parte. Se não me engano, o Belenenses apresentou a seguinte equipa: Jorge Martins; Murça (depois, Silvério), José António, Sobrinho e Artur; Teixeira, Hilário (depois, Djão) e Guina; Jaime, Mapuata e Mladenov.
Às vezes há coisas que, não sabemos porquê, nunca mais esquecemos. Quando o Belém entrou em campo, e depois do clamor dos nossos aplausos amainar, um senhor ao meu lado gritou de modo especial e vibrante: Viva o Belenenses!!! Não o conhecia, nem me lembro já do seu rosto; mas, sei lá porquê, o grito tenho-o sulcado na memória e ainda agora me arrepia, comove e arrebata. Aquele grito parece-me simbolizar 85 anos de Belenenses. Não era um apoio àqueles 11 jogadores mas ao nosso "Belenenses eterno". VIVA O BELENENSES, sempre, sempre, sempre!

(Artigo da autoria de Eduardo Torres, com continuação na próxima semana.)


Site Oficial do Belenenses

Pretérito Mais Que Perfeito - Dia 21

1. Pepe marcou 2 golos na 1ª primeira vitória contra a França, por 4-0, em 16-3-1927 (em que participaram ainda 3 outros jogadores do Belenenses: Augusto Silva, César de Matos e Francisco da Silva Marques); e marcou outros 2 golos, na 2º vitória contra os gauleses, por 2-0, em 23-2-1930 (estando presentes 4 jogadores do Belenenses: José Luís, Francisco Silva Marques e Carlos Rodrigues, além de Pepe).

2. A grande atleta belenense Georgete Duarte foi campeã de Atletismo em 10 modalidades diferentes! Ao longo da sua carreira, em cerca de década e meia, conquistou 46 títulos nacionais! Foi recordista de 60 metros, 80 metros, 150 metros, 200 metros, 400 metros, 800 metros, 100 metros barreiras, pentatlo e, ainda em estafetas (note-se que, embora a crescente expressão de capacidades físicas mulheres tenha feita desaparecer algumas destas provas, substituindo-as por outras mais duras, naquele tempo todas elas constavam do núcleo de provas oficiais. Georgete Duarte praticou também outras modalidades: ténis de mesa, voleibol, hipismo e patinagem. E, fora do campo desportivo, ainda fez teatro, bailado e toureio. Ao longo dos tempos, outras praticantes de atletismo se destacaram no Belenenses, como, entre muitas outras, Lucília Silva, Maria José Sobral, Angélica Manaca, Suzel Abreu, todas recordistas nacionais.

3. O Belenenses foi Campeão Nacional de Iniciados em Râguebi nas épocas de 2002/3 e 2003/4.

terça-feira, junho 22, 2004

Perfis

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Procuraremos expressar neste texto quais são, a nosso ver, os perfis mais indicados para treinadores e jogadores a contratar para o Belenenses, acrescentando também algo de semelhante no que respeita aos dirigentes.

Repare-se que não estamos aqui no plano imediato de entrar na discussão de se esta época devíamos contratar (ou não) e dispensar (ou não) os jogadores X, Y ou Z mas sim de vermos o perfil desejável, ou seja, aquilo que devemos procurar defender as nossas cores.

Teremos evidentemente em conta não apenas o que é desejável mas também o que é possível. Se fosse só buscar o desejável, as coisas seriam mais simples… E, aqui, tentaremos situar-nos nas possibilidades para o futuro próximo, digamos, para a próxima época e para as duas seguintes. Entretanto, as possibilidades do Belenenses e as circunstâncias do mundo à nossa volta terão mudado, e o que hoje é acertado, desejável e possível pode já não o ser amanhã. Repare-se que há década e meia atrás, o Belenenses podia ir buscar um jogador como o Mladenov. Hoje, tal seria impossível, pois o panorama futebolístico mundial alterou-se muitíssimo.

Mas vamos então aos perfis e comecemos pelos TREINADORES

Face ao status quo do futebol português, a que a pressão dos meios de comunicação social não é alheia, antes o reforça, e que se caracteriza pelo domínio de uma oligarquia de três clubes (com os quais o Belenenses já ombreou mas de que se foi afastando), eu entendo que há duas opções desejáveis para treinar a equipa de futebol do Belenenses:

Hipótese A): Um treinador estrangeiro, contratado o mais cedo possível para melhor se identificar com o futebol português – de qualquer modo hoje o futebol é, cada vez mais, uma realidade universal e essa identificação não é nenhum bicho de sete cabeças – e que tenha a independência, a força e a coragem de se “borrifar” para os manda-chuvas do futebol português, não entrar na conversa e no circuito dos mil vezes cantados “três grandes” e da imprensa e outros poderes ao seu serviço, e jogar corajosamente para ganhar, sem complexos de inferioridade. A solução que nos ocorre imediatamente é a de um treinador brasileiro, até pela questão da língua; mas há outras boas opções em diversos países em que há uma grande rotatividade de equipas a lutar pelos lugares cimeiros.

Repare-se nos últimos 30 anos do futebol azul. Quem foram os treinadores com quem se deram passos em frente? Zézé Moreira, Alejandro Scopelli (“isso”, infelizmente, já não há…), Depireux, Marinho Peres, tudo treinadores estrangeiros… Entretanto, falharam Inácio, Manuel José, Artur Jorge (…), Juca, José Romão, o próprio Mário Wilson…

Hipótese B): Um treinador português que, tendo já prestado boas provas em clubes de 2ª linha, se mostre ambicioso e com vontade de construir uma carreira de sucesso, com base em muito trabalho, exigência e métodos de treino e de apuro táctico rigorosos.

Pelo exposto, o que devemos claramente excluir são treinadores portugueses que já estejam satisfeitos e conformados com o seu estatuto e que vejam o Belenenses como um clube que, ainda tendo nome, não implica muitas exigências nem grandes ambições, permitindo assim uma reforma ou umas férias bem remuneradas. (Claro que, aqui, também cabe aos responsáveis do clube mostrar que há ambição e exigência).

E quanto aos JOGADORES?

Em primeiro lugar, vamos repetir que é urgentíssimo constituir um gabinete de prospecção, que possa funcionar não só (embora principalmente, claro) em Portugal mas também noutros países (por exemplo, os vastos mercados brasileiro, argentino, africano, etc.) e em torneios como os de Toulon, em jogos/competições de sub 21, etc. E, já agora, enquanto ainda seja tempo, devemos pensar seriamente em reassumir laços antigos com clubes como o Vasco da Gama do Brasil, o Real Madrid, o 1º de Maio de Moçambique, etc, bem como aproveitar os muitos núcleos e filiais que temos pelo mundo fora (aproveito para elogiar os esforços que a actual direcção tem feito para congregar e incentivar as nossas filiais e delegações).

Um dos bloguistas militantes, o Pedro Domingues (Pedromld) elaborou um plano muito bem arquitectado para isso (gabinete de prospecçã0) e, na minha opinião, é só aproveitar e pôr em prática… Os custos que implica nem sequer são muito elevados e serão rapidamente superados pelos frutos que daí poderemos colher.

Posto esse gabinete a funcionar, é também urgente que haja uma concepção geral para o futebol do Belém, desde as camadas mais jovens (para as quais o mesmo gabinete de prospecção deve igualmente estar activo). Já várias vezes se referiram neste blog exemplos de clubes cujos sucessos estão alicerçados nas suas “canteras”. Mas, repito: esses casos são aqueles em que há uma concepção, um plano global, articulado desde os alicerces até ao topo e vice-versa. Isso implica determinar um estilo futebolístico (é claro, sem excessiva rigidez), e um perfil de representante do clube para os quais se procurem os jogadores logo em faixas etárias mais jovens, ao qual estes se habituem e no qual se vão apurando do ponto de vista técnico, táctico, físico e psicológico; implica imbuir esses jogadores da alma belenenses, incutindo-lhes ambição, noção do peso da camisola azul, com dados históricos apresentados de modo aliciante e motivador (os meios informáticos, de multimédia, etc.), que os faça ter entusiasmo, orgulho e motivação em ser do Belenenses, vendo isso como um objectivo compensador em si mesmo e não como mero trampolim (mas essas noções da história do Belenenses só valem a pena se a postura dos responsáveis for consequente com a grandeza que delas se colhe; caso contrário, os miúdos encolhem os ombros e pensam “pois, isso foi no passado mas agora é o ‘deixa andar’, o “não te rales”’); implica técnicos competentes e psicólogos que apoiem os jogadores numa fase tão instável como é a adolescência, separando o trigo do joio e ajudando-os a serem profissionais conscienciosos e correctos, caso aí venham a chegar.

Das camadas jovens, dever-se-ão aproveitar uns 2/3 jogadores por época. A isto, deve-se acrescentar um ou dois jovens promissores que os olheiros tenham encontrado, provavelmente em divisões secundárias.

Depois, é possível encontrar um (ou até dois) bons jogadores por época em selecções sub-21 ou sub-20 de países em que os preços ainda sejam comportáveis (no Leste Europeu, em África, em países como o Equador ou a Costa Rica…).

Por fim, deve-se procurar contratar 2/3 jogadores entre os 27 e os 30 anos, que já não vão chegar a clubes de grande poder económico mas que tenham mostrado ser bons profissionais e ter garra e vontade para entrar num projecto ambicioso. Esses jogadores podem ser encontrados em clubes da 1ª Divisão com menos peso do que nós, nomeadamente nos que são despromovidos e de onde, por regra, saem osseus melhores jogadores (podemos parecer um pouco abutres mas é a “lei do mercado”) ou em clubes com classificações cimeiras na 2ª Divisão de Honra. Exemplos mais recentes deste tipo de contratações, poderão ser um Cabral, um Pedro Henriques, um Marco Paulo.

Teríamos assim, em cada época, a promoção e/ou contratação de 3/4 jovens promessas e a contratação de três jogadores de real qualidade, que tenham grandes probalidades ou quase certeza de serem titulares, que sejam mesmo reforços, que melhorem ano a ano a espinha dorsal da equipa, a manter até onde seja possível. É assim que se construíram as boas equipas; não estamos a inventar nada, só a adaptar estes princípios à situação presente do nosso clube.

Gostava de salientar que não me parece bem que um treinador traga demasiados jogadores “seus”. Acho admissível e até bom que o faça mas não num número superior a dois. Todos sabemos que os treinadores não costumam ficar muito tempo num clube e não devemos correr o risco de ter muitos jogadores demasiado presos às concepções de um treinador e que, logo que este saia, se tornam “pesos mortos”. Deve, sim, haver um leque de opções possíveis para as diversas posições a colmatar e, a partir desse leque, pedir a opinião, a preferência e o aval do treinador. Para isso, contudo, é preciso uma estrutura montada e a funcionar ininterruptamente.

Sobre os jogadores, só uma nota adicional: claro que queremos jogadores ambiciosos e claro que sabemos que há clubes com mais trunfos que nós mas isso não quer dizer que seja bom que um jogador que ainda nem sequer jogou no clube já esteja a dizer que está a pensar noutros… que disputam o mesmo campeonato que nós. A expressão do pensamento é livre mas acho que os responsáveis do Belenenses devem, desde o primeiro contacto com os jogadores, deixar claro que o Belenenses não é uma coisa qualquer e que, sendo legítima a ambição pessoal, não é muito respeitoso (começar logo a) falar noutros clubes, que disputam o mesmo campeonato. De resto, eu acho que, tendo o Belenenses sido e querendo voltar a ser (eu, pelo menos, quero) um dos clubes grandes, devemos todos evitar a expressão “três grandes” (eu, por uma questão de orgulho, nunca a utilizo) e fazer perceber a quem nos representa que nos fere e magoa essa alusão. Acho que não é pedir muito. Se eu estiver a almoçar num restaurante, acho que não é muito correcto nem educado estar a declarar que queria era estar noutro restaurante ali ao pé. O que não tira o direito de, eventualmente, ir a esse outro restaurante para uma refeição futura. O que toda a gente sabe que é possível, sendo desnecessário eu estar a proclamá-lo. Além disso, põe algum travão aos jornaleiros que, quando escolhem algum jogador nosso para entrevistar, conseguem que mesmo assim se fale mais tempo noutros clubes (“mas qual dos grandes é que preferia representar”, é a pergunta inevitável, às vezes repetida 3 ou 4 vezes…) do que no Belenenses.

Finalmente, uma rápida alusão ao perfil dos DIRIGENTES:

Um clube como o Belenenses nunca pode (nunca deve) ter a dirigi-lo um “pacóvio” com peneiras de novo rico; alguém que não respeite (pior ainda que não conheça) o passado, a história enorme deste clube; alguém que não se importe de, para fazer uns fogachos pessoais, comprometer o futuro do clube. Mas, ao mesmo tempo, é preciso revitalizar o clube, injectar-lhe sangue novo.

Assim, acho que futuras direcções devem incluir um misto de dirigentes que já tenham demonstrado que não alinham em aventureirismos estéreis, e cuja idoneidade e seriedade sejam incontestáveis, e de belenenses que, sem experiência em cargos dirigentes no clube, mas entrosados com os mais “velhos”, tragam novos métodos e, sobretudo, sangue na guelra, ousadia, vitalidade. Porque ninguém quer uma árvores sem raízes, nem uma árvore que não volte a florescer e a dar novos frutos, ainda que possuindo poderosas raízes no passado. O presente do Belenenses deve estar sempre entre a memória do passado e o sonho do futuro, entre a memória da grandeza que tivemos e o sonho da grandeza que queremos voltar a ter.

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 20

1. Em atletismo, o Belenenses foi campeão nacional de equipas femininas por 12 vezes, das quais 11 consecutivas! Depois da vitória em 1944, as atletas azuis foram sempre campeãs entre 1948 e 1958! (Um agradecimento e um abraço ao amigo Álvaro Antunes, que confirmou estes dados).

2. Em futebol, o Belenenses infligiu várias derrotas volumosas ao Sporting em competições oficiais. Entre elas, as seguintes: para o Campeonato de Lisboa, 5-1 (época de 1943/44); para o Campeonato de Portugal, os já referidos 6-0 e 9-0, na época de 31/32; para o Campeonato Nacional, 5-1 (época 40/41), 4-1 (fora, na época 41/42); 5-0 (época 42/43); 4-0 (Na época 67/68, numa altura de relações “azedas” por causa do caso Carlitos) e, mais modestamente, por 3-0, na época de 2001-2002.

3. O Belenenses foi pelo menos 4 vezes campeão nacional de ténis, por equipas masculinas: em 1970, 1972, 1973 e 1974. Entre 1985 e 1988 também foi campeão nacional mas, salvo erro, em veteranos. (Também aqui, um abraço ao amigo Pedro Domingues, que tentou confirmar estes dados).

segunda-feira, junho 21, 2004

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 19

1. Em 60 edições da Taça de Portugal, o Belenenses chegou às meias finais por 19 vezes, nas quais obteve o passaporte para a final em 7, de que saiu vencedor em 3. A melhor série de presenças na meia final foi entre 1959/60 e 1963/64 (5 vezes). Só o Sporting tem uma melhor série (6), tendo o Benfica uma série igual à nossa. Quanto à melhor série de presenças na final foi entre 1939/40 e 1941/42 (3 vezes). Em 1941-42, o Belenenses era o clube com mais presenças nas finais.

2. Nas edições em que chegámos à final, na mesma prova, os resultados foram os seguintes: em 1939/40, contra o F.C.Porto, em 2 mãos, empates 1-1, 4-4 e vitória no desempate por 2-1; em 1940/41, em 2 mãos, com o Benfica, derrota 0-1, vitória 2-1 e nova vitória no desempate por 3-2; em 1941/42, num só jogo, vitória por 5-0 sobre o União de Lisboa; em 1947/48, num só jogo, vitória por 5-1 sobre o Barreirense; em 1959/60, em duas mãos, vitória em casa contra o F.C.Porto por 3-1, e derrota fora por 0-1; em 1985/86, num só jogo, vitória por 2-0 sobre o Braga; em 1986/86, também num só jogo, vitória por 3-1 sobre o Sporting.

3. Curiosamente, o Belenenses nunca encontrou o F.C.Porto numa final da Taça mas, naturalmente, houve vários “acasalamentos” em fases anteriores. Nestes, o Belenenses eliminou o F.C.Porto por 7 vezes: em 39/40, em 41/42 (vitória por 5-1 nos oitavos de final), em 50/51, em 59/60, em 62/63 (em duas mãos: empate 1-1 e vitória 3-0 nos quartos de final), em 74/75 e em 88/89.

domingo, junho 20, 2004

Obrigado!


Créditos: FPF


Neste momento, vive-se um ambiente de loucura por toda a Lisboa, bem como por todo o país, de acordo com as imagens transmitidas pela TV. Foi uma exibição convincente da turma Lusitana, se bem que com alguns sustos, mas o fundamental foi o resultado. Venham os 4os e, aconteca o que acontecer, o Euro em termos desportivos foi já um sucesso, pois a nossa obrigação está cumprida.

O BLOG DO BELENENSES DÁ OS PARABÉNS À SELECÇÃO NACIONAL!

Vamos a eles!

Hoje é um dia muito importante para o futebol português, e do resultado de hoje podem surgir várias situações na caminhada para o mundial de 2006.

Somos portugueses, vamos apoiar o nosso país. Não vamos arranjar bodes expiatórios para a derrota com a Grécia, muito menos culpar quem muito tem dado à equipa de todos nósNão sejamos nem do 8, nem do 80.

Em termos de categoria, somos claramente uma equipa do meio da tabela, que poderá aproveitar o factor casa para fazer boa figura. Mas apenas isso. Quando será que nos cingimos à nossa insignificância antes do início de uma competição importante? E quando será que respeitamos todo e qualquer adversário?

Hoje quero ganhar à Espanha, apesar de não acreditar nisso. Mas têm TODO o meu apoio.

O BLOG DO BELENENSES ESTÁ COM A SELECÇÃO!

Qual é a lotação actual do Estádio do Restelo?

Há dias, neste blog, discutiu-se brevemente qual é a lotação do Estádio do Restelo. Ainda não vimos nenhuma nota oficial sobre o número de pessoas que pode actualmente comportar mas creio que podemos chegar a números muito próximos.

Antes das obras realizadas neste ano e meio, a lotação oficial era de 42.000 lugares. Às vezes, “arredondava-se” para 40.000. Mas, entretanto, a colocação de cadeiras em quase todo o estádio, a existência de mais separações na Superior (Topo Norte) e a não abertura ao público do lado Sul (o do Tejo) fez diminuir essa lotação.

Suponho que podemos estimar a capacidade das bancadas centrais, isto é, a dos sócios e as do lado oposto, entre 17.500 a 18.000 pessoas no total, com os camarotes.

E quanto à superior? No passado, antes das cadeiras, acho que podia levar para cima de 15.000 pessoas. Agora, suponho que a parte mais elevada leva um pouco mais de 6.000 lugares, e a parte inferior um pouco mais de 4.000. Ou seja, cerca de 10.500 lugares.

Somando tudo, centrais mais superiores, teremos provavelmente um pouco mais de 28.000 lugares (28.500 ?). Se quisermos, em caso de necessidade (ou seja, de uma grande enchente), considerar os corredores e escadas, poderíamos arredondar para cerca de 30.000.

Se se considerar utilizável a bancada do lado Tejo, isso acrescentará mais cerca de 5.000 lugares (ou um pouco menos, por causa do marcador electrónico). E, assim, teríamos cerca de 33.500 lugares (é curioso, no início, a lotação oficial do Restelo, com os lugares todos numeradinhos, era...33.471). No caso de um dia (venha ele...) de excepcional enchente, arredondemos para os 35.000.

Creio que não andará muito longe disto mas, enquanto não vem um número oficial, outros belenenses poderão dar as suas achegas para tirarmos conclusões mais seguras.

Já agora, julgo que as Salésias levavam um pouco mais de 20.000 lugares mas não tenho a certeza...e gostava de saber.

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 18

1. O Belenenses, em casa, tem várias séries relevantes de jogos seguidos no Campeonato Nacional de futebol sem perder contra os seus velhos rivais. Assim, tivemos contra o F.C.Porto, 9 jogos entre 1971/72 e 1979/80; 8 jogos entre 1947/48 e 1954/55; 6 jogos entre 1958/59 e 1963/64. Contra o Sporting, 7 jogos entre 1953/54 e 1959/1960, e 5 jogos entre 1939/40 e 1943/44 e entre 1971/72 e 1975/76. Contra o Benfica, 5 jogos entre 1955/56 e 1959/1960.

2. Fora de casa, contra os mesmos clubes, as melhores séries são: contra o Benfica, 4 jogos entre 1948/49 e 1951/52; contra o F.C.Porto, 5 jogos entre 1951/52 e 1955/56 e 4 jogos entre 1944/45 e 1947/48; contra o Sporting, é que não fomos além de 2 jogos seguidos, embora por várias vezes.

3. Nas suas 12 primeiras recepções ao Boavista em jogos para o Campeonato Nacional, o Belenenses ganhou sucessivamente por: 10-0; 6-1; 7-1; 7-0; 5-0; 4-3; 3-0; 5-0; 2-1; 6-0; 8-0 e 3-0 (total: 66-6)

sábado, junho 19, 2004

A propósito de bandeiras nas janelas - O dia em que Belém chorou

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

As ruas, as casas e os carros de Portugal enfeitados de bandeiras transporta-nos, por associação de ideias, para um dos episódios mais marcantes e dramáticos da história do Belenenses e até mesmo do desporto nacional.

O que é que está na base dessa associação de ideias? Eram as ruas de Belém – de Belém e da Ajuda, particularmente as contíguas ao Estádio das Salésias – que também se haviam coberto, que também se haviam engalanado de bandeiras, de colchas, de flores e de símbolos e cores azuis para o que deveria ser a festa do 2º título de Campeão Nacional do Belenenses.

Mas, fatidicamente, aquele fim de tarde de um Domingo no fim de Abril de 1955 haveria de terminar não na festa sonhada e merecida mas num mar de lágrimas... o dia em que Belém se encheu de lágrimas!

Por ironia do destino, foi a segunda vez que Belém assim chorou de tristeza, revolta e impotência, e a primeira fora 24 anos antes, com a morte daquele com cujo nome, justamente se baptizou o Estádio das Salésias, onde se viveu o drama daquele 24 de Abril de 1955: José Manuel Soares “Pepe”.

Há quase 40 anos que comecei a ouvir esta história, antes de tudo pela boca do meu pai. Cada vez que alguém dava por adquirida uma coisa desejada que ainda era incerta, lá dizia ele: “Cuidado! Começam a deitar foguetes antes da festa! O Belenenses perdeu aquele campeonato mesmo no fim por começarem a lançar foguetes e o José Pereira...”.

E foi mesmo assim! Infelizmente, muitos do que presenciaram aquele acontecimento já não estão entre nós e, portanto, (já) não há assim tantos que tenham assistido ao vivo e que, portanto, conservem na memória, tanto a dos sentidos como a da alma, o que nós só podemos imaginar, com o que nos contaram, com o que lemos.

Mas... tentemos, sim, imaginar, tentemos situar-nos nessa tarde. Faltam 4 minutos, só 4 minutos para terminar o último jogo desse Campeonato Nacional; o Belenenses está a ganhar 2-1 ao Sporting, essa vitória assegura-lhe o título, os verdes estão praticamente conformados, os jogadores da camisola azul com a Cruz de Cristo trocam a bola entre si, guardam-na (sobretudo o mestre Di Pace, exímio nisso, com a sua fina técnica), esperando o apito final do árbitro. O Belenenses parecia irresistível: depois de um mau começo de campeonato, uma arrancada extraordinária, uma grande sucessão de vitórias, a chegada ao 1º lugar, a sua manutenção, a vitória no último jogo, frente a um rival forte, mais um título, a reafirmação da grandeza, da força, da alma belenense... E imaginemos, porque é assim que nos contam: as ruas cheias de flores, bandeiras e colchas nas janelas e nas sacadas, em sinal de apoio, o clamor “Belém! Belém! Belém!” (sempre o nosso grito de guerra, seja em raiva ou em triunfo), os chapéus que se atiram ao ar em sinal de júbilo, os abraços que se trocam, os foguetes que estalam à volta do estádio... E de repente, sem que nada o fizesse esperar, numa jogada inverosímil, o Sporting empata, e oferece o título ao Benfica... e os corações azuis estilhaçados, pelo menos dilacerados, com a força do destino que nos atingiu tão duramente, como nunca fizera, nem voltou a fazer, a nenhum outro clube!

Mas contemos a história com um pouco mais de pormenor e, agora, um pouco menos de emoção.

O Belenenses não começara bem o campeonato e, à 7ª jornada, já estava a 5 pontos do Benfica. Após uma reaproximação, perdeu à 12º jornada com o Braga, em casa, ficando a 4 pontos do líder Benfica, e a 3 do Sporting e do Braga (e já agora, com 1 ponto de vantagem sobre o F.C.Porto). Então, começa a cavalgada belenense, com vitórias seguidas, ambas fora, sobre o Sporting (2-1) e sobre o Porto (1-0), na última jornada da 1ª volta e na primeira da 2ª volta. Até ao final, foram 14 jogos seguidos sem perder, com apenas 3 empates, incluindo o do último jogo, e também o que disputou no recém-inaugurado Estádio da Luz (0-0), à 20ª jornada. O Belenenses alcançou a liderança à 23ª jornada, vencendo o Sporting da Covilhã por 4-0 enquanto o Benfica perdia por 3-0 com o F.C.Porto. Nas 24º e 25º jornada, com vitórias sobre o Lusitano de Évora (2-0, em casa) e sobre o Braga (3-2, fora), o Belém manteve a liderança.

Assim, à entrada da 26ª e última jornada, o Belenenses estava em 1º lugar com 38 pontos, o Benfica vinha a seguir com 37, o Sporting ocupa o 3º lugar com 36. Só o Belém depende de si próprio para ser campeão. Sê-lo-ia ganhando ao Sporting, ou até empatando, caso o Benfica, na Luz, não ganhasse ao Atlético. O Benfica depende do resultado do Belenenses. Poderia ser campeão se, nessa última jornada o Belenenses perdesse e eles empatassem ou se, como aconteceu, ganhassem e o Belenenses empatasse. O Sporting ainda tinha hipóteses mas muito remotas. Para conquistar o título, teria que combinar dois factores: ganhar ao Belenenses e esperar que o Benfica perdesse.

E como foi essa última jornada? O Benfica ganhou ao Atlético, com relativa felicidade, por 3-0 mas convencido de que tal vitória de nada lhe valia (na altura, quase não havia transístores portáteis para ouvir os relatos). Porque, entretanto, o que se passava no Estádio José Manuel Soares Pepe (ou, tout court, das Salésias)?

O Belenenses entrou em campo com a seguinte equipa: José Pereira; Pires e Serafim; Carlos Silva, Figueiredo e Vicente; Di Pace, Dimas, Perez, Matateu e Tito (ainda o 2-3-5 daqueles tempos!).

O jogo começou da melhor maneira para nós. Logo aos 2 minutos, Perez marcou para o Belenenses, após centro de Dimas. Tudo bem encaminhado…até aos 17 minutos: Penalty contra o Belenenses, por falta desnecessária (os nervos?...), e o empate para o Sporting. Aos 31 minutos, o primeiro caso do jogo: Di Pace bateu o guardião sportinguista mas o árbitro anula o golo, e parece que bem, por mão do mestre argentino.

Aos 42 minutos, regressa a alegria: Matateu, de cabeça, após centro de Dimas, volta a pôr o Belenenses a ganhar por 2-1. E assim se chegou ao intervalo.

Na 2ª parte, mais dois ou três lances polémicos: um golo anulado ao Belenenses (parece que bem); uma bola que terá estado dentro da baliza do Sporting mas sem que o golo fosse considerado (e aí parece que o árbitro errou) e ainda um eventual penalty (não assinalado) sobre Matateu. O desafio corria célere para o final, e quase só se jogava no meio campo do Sporting, que não criava qualquer jogada de perigo, enquanto o Belenenses perdera já algumas oportunidades de fazer o 3º golo. Então, aos 86 minutos, houve um ataque do Sporting, através de um lançamento longo, um defesa do Belenenses (Figueiredo, segundo ouvi contar) terá escorregado, há um primeiro remate de um jogador do Sporting a tabelar num defesa azul e a sobrar para Martins, que empatou, apesar da tentativa desesperada de Martins. Antes de terminar, Matateu ainda falhou uma daquelas oportunidades… que não costumava falhar.

Os jogadores belenenses ficaram muito tempo em campo, incrédulos, muitos banhados em lágrimas, alguns prostrados no chão, em desânimo e angústia.

E em lágrimas permaneciam ainda muitos já nas cabinas, num silêncio tremendo, enquanto o nosso treinador Fernando Riera, segundo se contou no jornal “A Bola” do dia seguinte, “bastante nervoso, media a cabina a passos largos, pontapeando de quando em vez uma hipotética bola…”. Segundo confessou 40 anos mais tarde em entrevista ao mesmo jornal, arrependia-se de não ter feito recuar mais alguns jogadores, para segurar o resultado. E à mesma distância, dizia: “De todo o coração, digo que o Belenenses foi o meu primeiro e grande amor futebolístico”.

Os jogadores mal conseguiam dizer o que quer que fosse. Alguns declinaram prestar quaisquer declarações e mesmo os que falaram mal lograram articular os seus pensamentos. Eis, não obstante, algumas declarações recolhidas no jornal “A Bola”. José Pereira: “Jogo excelente mas péssima arbitragem porque a considero prejudicial ao meu clube”; Pires: “Fizemos uma prova excelente…que infelicidade!”; Serafim (o capitão): “Amanhã falarei…Hoje deixem-me. Vou-me meter na cama!”; Carlos Silva: “Jogámos melhor mas um golpe de infortúnio tirou-nos o campeonato”; Figueiredo: “Falar? Para quê? Não tenho nada a dizer, ou melhor, não posso dizer nada”; Matateu: “Meu Deus! Não sei…só sei que vi o juiz de linha numa jogada em que Carlos Gomes se estirou sobre o risco de baliza parta deter uma bola que rematei, correr para o centro do terreno, indicando, provavelmente, que a bola entrara” (mas o árbitro assim não entendeu); Perez: “Que hei-de eu dizer? Que empatámos? Que perdemos imerecidamente o campeonato?”

Mas no lado do Sporting havia alguém que, tendo cumprido o seu dever profissional, tinha igualmente o coração despedaçado, porque era o azul de Belém que ele amava: D. Alejandro Scopelli, o grande jogador belenenses dos anos 30 e 40, e mais tarde, em 72/73, o treinador que nos conduziu a um outro 2º lugar. Toda a história dos 3 treinadores (do CFB, do SLB e do SCP) nessa época e no drama desse dia, é em si mesma uma ironia. Já bastava a situação de Scopelli, que assumira o lugar de treinador do Sporting a meio da época. Mas, por sua vez, o treinador do Belenenses era Fernando Riera, que cerca de uma década de mais tarde haveria de conquistar um título… ao serviço do Benfica; e o treinador do Benfica era Otto Glória que, 5 anos mais tarde, treinou o Belenenses num ano em que ganhámos a Taça de Portugal, em que vencemos a Taça de Honra com uma goleada de 5-0, e em que, na última jornada do Campeonato, tirámos ao Benfica, não o título, mas a possibilidade de ser campeão invicto (já em 42-43, o Benfica também só perdera contra o Belenenses).

Mas voltemos ao grande Scopelli. Após o jogo recusou-se a prestar declarações; à noite telefonou a Riera, manifestando o seu pesar. No dia seguinte, foi procurar o seu amigo belenenses Calixto Gomes e, com ar triste e abatido, pediu desculpa pelo sucedido! Três dias depois, presta então declarações públicas, ao jornal “A Bola”. E fê-lo nestes termos, que mostram bem por que equipa, no fundo do coração, ele realmente torcia: “A minha opinião é a de que o Belenenses adoptou o melhor sistema para a sua equipa. A prová-lo está o facto de a sua baliza não ter, verdadeiramente, passado por momentos de grande perigo. O golo de Martins saiu duma jogada confusa. Com a vantagem de 2-1, os jogadores do Belenenses cobriram bem a bola e lançaram bons contra-ataques que poderiam ter dado, sem favor, outro golo. Creio, sinceramente, que o plano do jogo era o melhor e se o resultado tivesse terminado 2-1, como podia ter acabado, todos agora elogiariam o sistema”.

E, a terminar, foi ainda mais claro: “Falei como profissional. Agora, no aspecto sentimental, confesso que o resultado não foi o melhor e lamento muito que o Belenenses, que tinha feito o bastante para ser campeão, não tenha conseguido o seu objectivo”. Alejandro Scopelli, um belenenses eterno!

É impossível não pensar como teria sido o futuro do Belenenses se não tivesse havido aquele acidente. Foi numa altura crucial e, por isso mesmo, muito má: pouco depois consumar-se-ia o abandono das Salésias, em que tanto se investira em termos de dinheiro, de esforço e de coração, abandono arbitrariamente imposto por um alegado plano de urbanização que nunca se efectivou; construiu-se, a partir de uma pedreira, o Estádio do Restelo (que valorizou todo o espaço circundante, o qual passou a ser zona de luxo, valorizando em flecha os terrenos, com que a Câmara fez ricos negócios de venda), e tudo o que se investiu no novo estádio deixou o clube com uma dívida enorme que se tornou galopante, com terríveis consequências; estava a chegar a época do verdadeiro profissionalismo, ainda que não tão “feroz” como o de hoje; em breve viriam as competições europeias, com toda a projecção que trouxeram aos clubes que nelas podiam brilhar, situação que o Belenenses não teve condições de aproveitar. Se tivesse ganho esse título, haveria um Belenenses mais forte para enfrentar todos esses desafios, para continuar a ombrear lado a lado nas compitas com os seus rivais tradicionais, especialmente os de Lisboa, isto é, o Benfica e o Sporting. Repare-se que se tivesse ganho aquele título, o Belenenses passaria a ter 2 vitórias num total de 17 campeonatos, ficando o Benfica com 4, o Sporting com 9 e o F.C.Porto também com 2 (se não considerarmos as 4 edições experimentais da I Liga, com 3 títulos do Benfica e 1 do Porto): um manifesto equilíbrio, embora com o Sporting, então, destacado. E quem pode dizer o que seria o futuro do Benfica que, desde 44-45, só tinha sido campeão em 49-50, indo os restantes campeonatos para o Sporting e o Belenenses?

Tudo indica, pois, que hoje teríamos um Belenenses com mais força, com mais sócios e simpatizantes (porque, queiramos ou não, mesmo num clube como o Belenenses, são as vitórias que trazem mais adeptos....), com mais títulos no seu palmarés. Em contrapartida, não teríamos nos nossos anais esse episódio tão único, simultaneamente tão triste e tão belo, que afinal também faz parte da caracterização do Belenenses; nem teríamos talvez este tão entranhado este sentimento de amor feito de resistência, porque muito da nossa história é um combate pela sobrevivência, contra as adversidades de todo o género. Como escreveu um dia, num belo editorial, Alexandre Pais, ao tempo director do Jornal do Belenenses: “O evitar do cataclismo tem sido o milagre permanente deste clube nobre e atormentado, tantas vezes infeliz”…

Certo, certo é que foi a grande hipótese que uma plêiade de jogadores míticos do Belenenses perderam de ser campeões: Matateu, Vicente, Di Pace, José Pereira, o azulíssimo Carlos Silva, Raul Figueiredo, etc, etc. E outra coisa é certa: esse foi, por excelência, o dia em que Belém chorou e o seu coração estalou de sofrimento... Mas não desistimos, não desistiremos. Como diz o amigo Luís Lacerda: “Hei-de ver o Belenenses outra vez campeão, nem que eu tenha que não morrer! (“Os teus olhos, Belém, / Já viram tanta coisa, e porém...”. É o começo de um poema que algum dia escrevi mas que, entretanto, perdi e cuja sequência já não recordo).

Escrevo este texto antes do Portugal – Espanha. Sem que isso signifique nenhuma antipatia para com os espanhóis, espero que o desfecho não seja identicamente triste para os portugueses. E espero ardentemente que algum dia, nem que seja só um, possa ver Belém – Belém em todos os lugares onde palpita um coração azul - assim engalanada, para uma festa que vá até ao fim!

Pretérito Mais Que Perfeito... - 17

1. Na 1ª Vitória da selecção nacional de futebol contra a Espanha, por 4-1, estiveram presentes três jogadores do Belenenses: Capela, Feliciano e Amaro. Foi no dia 26 de Janeiro de 1947. Em 1937, Portugal havia ganho à Espanha por 2-1, em Vigo, estando presentes os jogadores azuis José Simões e Artur Quaresma, e em 1938 repetira a vitória por 1-0, no Estádio do Belenenses (Salésias – José Manuel Pepe), com a participação dos nossos jogadores Amaro e José Simões, mas em jogos que não foram reconhecidos pela FIFA, devido à guerra civil em Espanha. E na última vitória contra a Espanha (esperemos que amanhã deixe de ser a última…), em 20 de Junho de 1981, por 2-0, igualmente estiveram presentes futebolistas do Belenenses: Amílcar e Nogueira, tendo este último assinado um dos golos – e que grande golo!

2. Nos anos 40, ficaram célebres os intensos confrontos entre os cinco violinos do Sporting e as três Torres de Belém: o guarda-redes Capela e os defesas Vasco e Feliciano, todos internacionais. As Torres de Belém foram (e são) uma grande referência e um autêntico mito do futebol Português, permitindo ao Belenenses conquistar grandes triunfos.

3. No Campeonato Nacional de futebol de 1987/88, o Belenenses, que obteve um 3º lugar, esteve 15 jornadas seguidas sem perder (desde a 16ª à 30ª, inclusive).

sexta-feira, junho 18, 2004

A próxima época futebolística

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

A pouco e pouco, começam-se a definir algumas das coordenadas do que poderá ser a equipa de futebol do Belenenses para a próxima época.

Vou tentar ser o mais objectivo possível, abstendo-me de juízos valorativos sobre o modo como a preparação (não a preparação da equipa em si, claro, mas a planificação em termos de contratações, renovações e dispensas) foi feita, concentrando-me antes no que é previsível esperarmos com aquilo que há.

Deixarei apenas três notas sobre o passado próximo, isto é, sobre o tempo decorrido desde o final da época de 2003/2004, de tão má memória: A contratação de Carvalhal aparenta ter sido uma boa escolha; não existe uma estrutura, em termos de prospecção e planeamento a médio prazo, que maximize as hipóteses de aproveitar os recursos que temos; mais uma vez, foi o Presidente Sequeira Nunes que, em hora de aperto, teve que andar (quase) sozinho para a frente.

Pessoalmente, quero sempre que o Belenenses se assuma como um clube orgulhoso e ambicioso; mas se a primeira característica não depende de nada a não ser do ânimo que tivermos, já quanto à ambição, precisamos de ter os pés assentes na terra, preparando um futuro melhor em vez de o comprometermos ainda mais com aventureirismos inconsequentes. (De qualquer forma, não posso deixar de referir que algo está forçosamente mal quando há anos e anos ouvimos que daqui a 2 ou 3 épocas é que vai ser em grande… e, depois, quando chega essa altura, ainda estamos pior).

Realisticamente, face àquilo que se perspectiva, este deverá ser uma época de transição. Gostaríamos, decerto, que fosse muito mais do que isso mas julgo que podemos resumir tudo nesta fórmula: se for uma época de transição, no sentido que já tentarei aclarar, teremos sido bem sucedidos; se for mais uma época inconsequente, só para “picar o ponto”, então, se coisa pior ainda não acontecer, continuaremos a adiar o futuro.

Explicando melhor: por razões bem conhecidas, o facto é que não há uma espinha dorsal na equipa. Dando como certo que uma equipa se começa a construir de trás, a realidade é que a defesa terá que ser toda ou quase toda reconstruída. E todos nos lembramos que, mesmo com um dos dois melhores guarda-redes da Superliga, fomos a 2ª equipa que mais golos sofreu, tendo-se aliás batido, pela negativa, um record na nossa história. O que teria sido sem o Marco Aurélio!... Depois, no meio campo, temos a saída do Verona, a veterania do Tuck, a irregularidade (desde logo por lesões) do Neca. Outro sector a reconstruir…

À falta de uma espinha dorsal e de um esquema de jogo (3 treinadores na última época…), soma-se a nossa (aparente) incapacidade financeira (e talvez, também, um pouco mais de argúcia e determinação…) para colmatar de uma vez todas as carências qualitativas do plantel. Esperemos que, a partir de agora se comece a construir uma equipa, melhorando-a, de facto, todas as épocas, com elementos que sejam mesmo reforços (e não para fazer número) e que venham para ficar. Se assim for, o que é a melhor das hipóteses e, portanto, aquela que desejamos, esta época é um recomeço, não se podendo pois, na normalidade das coisas, esperar grandes feitos no Campeonato.

E então? Se bem que, por um lado, melhor será um campeonato tranquilo, a meio da tabela, do que passar pelas aflições da época passada, não há nada mais cinzento e desmotivador do que não lutar para nada. E o que tem debilitado o Belenenses, em grande medida, tem sido, justamente, a falta de ambição. Portanto, tentemos encontrar alguns objectivos motivadores e que tragam alguma vitalidade ao clube. Quanto a mim, eles podem ser de duas ordens:

1º Se, pelas razões expostas, será muito difícil uma classificação notável neste Campeonato (embora podendo-se apontar para tal objectivo na época seguinte), numa prova diferente, em que releva menos a regularidade e, sim, a capacidade da equipa se transcender em momentos-chave, poderemos ter uma palavra a dizer. Falo, claro, da Taça de Portugal. Se não formos infelizes nos sorteios (e na época passada só de nós mesmos nos podemos queixar), e com as características que o Carvalhal me parece ter, uma equipa que o seja verdadeiramente pode dar-nos uma grande alegria nessa prova. Cada um dos seus jogos deve, pois, ser preparado com grande rigor e determinação em todos os aspectos.

2º Se o bom futebol que o Carvalhal anunciou como objectivo for uma realidade, e se continuarem a existir as iniciativas de oferta de bilhetes, poderemos fixar mais público no Restelo, o que considero objectivo fundamental, e sem o que é difícil construir uma equipa ambiciosa. Esperemos, portanto, assistir a bons espectáculos de futebol.

Finalmente, gostaria de repetir o seguinte: espero que esteja já a ser pensada e preparada também a época de 2005/2006. Se não, continuaremos indefinidamente a esperar. E, às vezes, a desesperar… Somos belenenses sempre; mas o nosso entusiasmo, esse, encontra poucas razões para poder expressar. Oxalá que os responsáveis entendam e valorizem a impaciência de tantos de nós!

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 16

1. Em futebol, o Belenenses foi campeão nacional de juniores em 1946-47 e campeão nacional de iniciados em 1975-1976

2. Em andebol, o Belenenses ganhou a Supertaça em 1983 e 1985.

3. Durante décadas, foi célebre e lendário o chamado “quarto de hora à Belenenses”. A equipa não se dava por vencida até final, conseguindo muitas vezes virar o resultado do jogo, até então desfavorável. A 15 minutos do final, o público azul apitava para dentro de campo, às vezes os treinadores lançavam uma toalha… e a equipa cerrava os dentes, redobrando de esforço. Já antes nos referimos a uma vitória por 5-4 contra o Benfica, depois de termos estado a perder por 1-4; noutras ocasiões, mencionaremos outros feitos semelhantes. Hoje, lembremos que no Campeonato Nacional que conquistámos em 1946, precisávamos de ganhar em Elvas, contra uma já extinta filial do Benfica (rival na compita, e que para ali enviou um seu treinador para melhorar a competitividade dos elvenses e evitar a nossa vitória). De facto, chegámos à última jornada com 1 ponto de vantagem (e o campeonato fugiria em caso de igualdade pontual). A 15minutos do fim, perdíamos por 1-0. Mas aos 75 e aos 80m, demos a volta ao jogo, assegurando a vitória por 2-1 e o triunfo no Campeonato. Nos últimos minutos, um grande destaque para a “raça” de Vasco, outra das Torres de Belém, e as suas arrancadas desde a defesa até lá à frente…




A taça de Campeões Nacionais de 1945/46

quinta-feira, junho 17, 2004

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 15

1. O nosso futebolista Pepe ainda detém o record português de golos marcados num só jogo: foram 10 na vitória por 12-1 sobre o Bom Sucesso, para o Campeonato de Lisboa de 1929.


Matateu junto à estátua de Pepe


2. Na época de 1989/90, a nossa equipa de futebol, nos 17 jogos em casa, sofreu apenas 2 golos, e empatou 2 jogos, vencendo todos os restantes 15. Benfica, Sporting e Porto ficaram a zero, e só o Benfica se salvou da derrota.

3. Em 22/6/1952, o nosso atleta Rui Ramos faz a marca de 15,54 no triplo salto, 2ª melhor marca europeia e 3ª mundial da época e record nacional pelo longo período de 14 anos.