Em 1937, o jornal “Eco dos Sports” publicava um belo texto sobre o nosso clube. Por o considerar tão significativo e comovente, reproduzo aqui alguns excertos:
“Já nos referimos aos pombos que a rapaziada de Belém larga em pleno azul, após as suas vitórias. Hoje, fazemos mais. Apresentamos o pitoresco duma fotografia em que se vê o popular Azevedo, findo o jogo com o Benfica, abrir as mãos e atirar para a imensidade a boa nova dum pombo correio, que levava o amável segredo da vitória…
Bilhete curto, de caligrafia comovida e nervosa, ele aí vai pelos ares fora, sobre o coração da ave – pronto a tornar-se em foguetes e vivas…
Ganhámos! Uma palavra apenas, a saber a lágrimas e a risos. A gente de Belém, à maneira antiga e desprezando os telefones, contenta-se assim a olhar o céu, ansiosamente…
- Lá vem! Lá vem!
(…)
Belém desesperava. O desafio estava dado como perdido – e todos se olhavam com tristeza. E quando finalmente, com a sua fidelidade, generosa, o pombo surgiu, ninguém queria acreditar…
- Ganhámos! Ganhámos!
São assim os entusiastas do grupo da praia. Querem ao seu clube como se quer a uma pessoa de família. Amam-no e comovem-se com os seus triunfos. Choram e afligem-se com as suas derrotas.
Belém é assim um clube que vive das almas…
(…)
Quando Belém acaba um jogo há sempre lágrimas. É o clube popular por excelência. O seu entusiasmo sincero e comovedor, cheio de ingenuidade talvez, é assim enorme como um gigante de alma primitiva.
(…)
São assim os Belenenses!”.
Se eu tivesse que falar, a comoção embargar-me-ia a voz e eu não conseguiria bradar o que sinto, e que aqui escrevo como um grito vindo directamente do peito: Belenenses, sempre! Ontem, Hoje e Amanhã!
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