sábado, julho 31, 2004

Jogo treino com "O Elvas"

vs


Foi disputado hoje ás 19.30 mais um jogo treino face à preparação da época 2004/05.

O resultado foi 0 - 4 favorável ao Belenenses.
Os marcadores azuis foram: Tuck na transformação de uma grande penalidade, Rodolfo Lima assistido por Antchouet, o próprio Antchouet após assistência de Rodolfo Lima e o ultimo golo foi marcado pelo Brasília.

Se quiserem conhecer mais sobre o nosso adversário de hoje podem visitar o site oficial do Clube Alentejano de Deportos "O Elvas" carregando aqui.

Plantel 2004-05: Resumo (actualizado)



Os nomes com o azul mais claro são os jogadores que podem jogar em mais que uma posiçao.
O Sousa está previsto que esteja parado por 6 meses devido a lesão.

De Lagos

Meus amigos, estou comodamente instalado na melhor invencao desde a roda, o Bora Cafe, em Lagos, juntinho ao centro, um cafe confortavel, acolhedor e, extremamente importante, com ligacao ao Blog do Belenenses! Sim, o que interessa a Internet, quando temos o Blog do Belenenses... :)

Hoje teremos mais um jogo de treino, com o Elvas, do nosso "velho" Lito. Mais um treino, que um verdadeiro teste, mas que deve ser encarado como foram os outros ate agora, com a seriedade a que o nosso plantel e equipa tecnica nos teem vindo a habituar. Mas quero que venham os testes mais a serio, para ver as reais capacidades da nossa equipa, que apos uma epoca desastrosa, tantas esperancas nos tem dado.

Quero enviar um grande abraco para todos, em especial para o Luis Vieira (obrigado pela "substituicao) Pedro Domingues (boas ferias), Eduardo Torres (mais uma rubrica com a qualidade a que ja nos habituou) e o Luis Lacerda (o homem que vem da Romenia, faz escala em Munique e vem avidamente ate ao Blog, matar saudades do Belem. So tenho pena de nao estar em Lisboa para o acompanhar no Nucleo com os ranhosos e as loiras...

Este primeiro dia de ferias foi fantastico, optima praia, fantastica futebolada (pena a distensao do tendao extensor do dedo grande do pe direito do Andre Torres, esse magico que dava cartas a meu lado no FC Caselas... eheheheh) e um jantar delicioso. Mas nao o posso negar, ja andava com saudades do Blog... mas nao muitas! ;)

sexta-feira, julho 30, 2004

Palavras que foram ditas



Graças ao convite, e depois à gentileza e disponibilidade do Luciano, tenho escrito muito frequente e extensamente neste blog, focando não apenas aspectos históricos do Belenenses mas, também questões presentes e futuras. Se se reparar, mesmo nos artigos sobre o passado, há muitos comentários, explícitos ou nas entrelinhas, aplicáveis ao presente ou ao futuro do nosso clube. No caso da rubrica semanal “Entre o Passado e o Futuro”, virão ainda vários artigos que, olhando o passado, claramente se projectam no presente e no futuro. Também espero elaborar um plano o mais completo possível do que penso que deveriam ser todas as linhas de actuação global do clube (e da SAD) – talvez possam dar algumas ideias úteis, quem sabe?

Digo isto porque, mais uma vez, faço questão de esclarecer que não estou agarrado ao passado pelo passado mas apenas para que seja o que nele houve de grandeza, de nobreza de sentimentos, de amor, sacrifício e paixão pelo clube a inspirar e a dar-nos a medida do que haveremos de construir no futuro.

No entanto, vejo com tristeza que, apesar do trabalho extraordinário de homens como Acácio Rosa e Homero Serpa, muitos tesouros da história do nosso clube estão em risco de se perder, olvidados, dispersos, não valorizados e acarinhados. Feitos heróicos, esforços titânicos, tradições maravilhosas, figuras gigantescas, actos de abnegação pelo clube, textos repletos de sentimento e beleza vão ficando esquecidos, postos de lado, subalternizados ao culto do imediatismo, das contratações anunciadas com trombetas mas que em meses perdem o seu brilho, dos ícones de vento e de plástico vendidos por campanhas de Marketing, jornais, televisões, empresários e interesses económicos – de certo modo, a antítese do que fez grande e diferente o Belenenses. Quero, pois, ajudar a reunir e a conservar um pouco do que ainda vai a tempo de ser guardado.

Tenho pena de, eu próprio, ter perdido muitos registos que tinha; e sei, também, que me escasseiam os dias para continuar a escrever sobre o Belém. Muito está perdido mas, para quem possa interessar-se futuramente por um tal trabalho, lembro que nos livros de Acácio Rosa, nos registos de jornais antigos, sobretudo de “A Bola”, que espero estejam guardados e possam ser acessíveis, se encontrará ainda muito material.

Chamo a esta nova série de textos “Palavras que Foram Ditas”, porque vou buscar o que, no passado, distante ou recente, foi dito por diversas pessoas, a que me limitarei a acrescentar alguns comentários. Será um pouco de tudo: páginas comoventes sobre o nosso Belém; avisos que não foram levados a sério e permanecem válidos; promessas não cumpridas; traições aos ideais do clube; a luta contínua contra os obstáculos e adversidades; as mil e uma oposições levantadas contra o Belenenses; a alma com que os nossos maiores edificaram e perpetuaram este clube a que tanto amamos…

E, por um acto de justiça para quem, entre muitos outros serviços prestados ao Belenenses, foi o principal historiador do clube, e ainda por vir na linha do que aqui expus, vou começar por:

Acácio Rosa e a história do Belenenses

No início do seu livro”História do Clube de Futebol Os Belenenses”, editado em 1991, escreveu Acácio Rosa:

“Tenho medo que as vitórias, os êxitos, os nomes dos que com “Camisola Azul e Cruz ao Peito” fizeram grande o Belenenses, não cheguem às novas gerações.

Tenho medo que as páginas belas e trágicas da nossa história sejam lançadas à vala comum.

Este livro, tal como os 3 volumes já publicados, não é a História do Clube de Futebol ‘Os Belenenses’”.

Para escrever a história do Belenenses seria necessário engenho, arte e saber.

O meu engenho, a minha arte e o meu saber foram, somente, ter a consciência tranquila de dar a conhecer às novas gerações do ‘Belém’, os nomes de todos aqueles que serviram e se apaixonaram por este Clube”.

Não são precisos comentários… Obrigado, Acácio Rosa!

quinta-feira, julho 29, 2004

NO RESCALDO DO BELENENSES-ORIENTAL

Artigo da autoria de Eduardo Torres

Ontem fui ver o jogo-treino do Belenenses com o Oriental. Fiz aqui alguns comentários no blog, que não vou repetir. Não acho que interesse. Afinal, foi pouco mais que um treino, só com relativo interesse. Terminado o jogo, vi-me tranquilamente embora do campo, sem nenhum especial sentimento.

Mas, ao voltar para o carro, resolvi pôr algumas músicas que me evocam irresistivelmente o Belenenses! E senti-me feliz, por, mesmo num jogo daqueles, a feijões, num campo qualquer, e até sem camisolas azuis, ter ido ver o Belenenses. Já tinham passado uns meses…

Lembrei-me das palavras do Acácio Rosa, quando não pôde, durante algum tempo, ver jogos do Belenenses, para preservar a neutralidade que certas funções que assumira lhe obrigavam a respeitar. Terminadas essas obrigações, “sentiu-se, finalmente, livre. Haviam decorrido três longos anos sem que ele tivesse visto jogar o seu Belenenses. Estava cheiinho de saudades. Agora, já podia sentar-se no seu lugar na bancada, como qualquer sócio, como qualquer entusiasta, como qualquer belenense. O azul fizera-lhe tanta falta…Foi um encher de olhos da equipa cor do mar” (in “História do Clube de Futebol Os Belenenses”).

E, por ser ali ao pé, no complexo do Jamor, lembrei-me natural e irresistivelmente daquela grande vitória na Final da Taça, há já longos 15 anos! Quero mais uma, nem que seja só mais uma vez! Quero voltar a fazer a peregrinação dos grandes dias, passando pelas Salésias dos nossos grandes heróis que eu nunca vi jogar, antes de ir para o estádio onde se realiza o encontro! Quero ver outra vez aquele mar imenso de bandeiras azuis! Quero gritar outra vez, até ficar sem voz, até o grito ser já quase um choro de sofrimento, de comoção e de felicidade antecipada, como nos minutos finais daquele jogo! Quero voltar a ver a equipa a correr para nós, ao encontro do nosso delírio, dos nossos sorrisos e das nossas lágrimas, da nossa alegria incontida, para nos mostrar o troféu, no pano de fundo de tudo o que de azul tivermos à mão para agitar! Quero saltar outra vez para cima daquele muro, para me embriagar de azul e ter a certeza de que, enfim, depois de tudo, o Belenenses voltou às grandes vitórias! Quero que voltemos a encher estradas e ruas com a nossa festa, quero chegar a tempo à Praça Afonso de Albuquerque, onde nascemos, e quero uma celebração como deve ser, no nosso lindo, único, incomparável Restelo! Quero voltar a abraçar – não já o meu pai, infelizmente, embora ele esteja ali através de mim – mas todos os que somos “Belém” – todos, todos, todos!

Sim, e pensei como todos os que são do Belenenses são do Belenenses! Parece uma cacofonia, ou uma frase mal construída, ou um conjunto de gralhas mas não, é isso mesmo que quero dizer! Às vezes exaspero-me com opiniões ou atitudes ou omissões ou cegueiras ou imediatismos que acho que menorizam o clube e comprometem o seu futuro, às vezes apetece-me dizer “bolas, mas porquê tanta tansice?”, “não vêm que assim não vamos a lado nenhum?”; enervo-me e consumo-me com coisas que oiço e que considero patetices. Chego a ficar doente, febril, e apetece-me disparatar!

Mas, como todos, só quero o bem do Belenenses. E expresso-o da maneira apaixonada e arrebatada que me é própria! Não estou contra ninguém, só estou a favor do Belenenses!

Por isso, admito tudo menos a desonestidade ou o desrespeito pela memória sagrada do clube. E sou grato a todos. A todos os que serviram o Belenenses o melhor que puderam e lhe permitiram chegar até hoje, mesmo que cometendo erros, mesmo tomando opções com que não concordo. Sou grato a todos os que vibram por ele, a todos os que já clamaram, gritaram, ou até sofreram em silêncio por ele. Sou grato a todas as bandeiras que se agitaram com a cor e o símbolo do nosso clube. Sou grato a todos os que são belenenses, haja o que houver, contra tudo e contra todos, contra ventos e marés, com o mesmo amor inalterável em momentos de glória ou em tempos de desgraça!

Meu velho, querido, lindo, imenso e incomparável Belém! Que coração enorme tem este clube, maior que todas as desventuras! E que coração, que força e dignidade é preciso para ser do Belenenses! Ser do Belenenses é ser do tamanho do mundo!

E agora sei, com toda a clareza, porque é que, contrariamente aos adeptos de outros clubes, não temos dependência de vitórias a todo o custo. É que nós temos todos os dias uma grande, enorme, incomparável vitória, só alcance de uns tantos afortunados: a de sermos do Belenenses!

O repouso do guerreiro

Vou de férias meus amigos, mas fiquem descansados que o Blog do Belenenses nunca vai de férias. O Luís Vieira vai ficar "aos comandos" da máquina, existe já uma fornada de novos artigos do Eduardo Torres e o Blog estará sempre atento à actualidade do nosso Belenenses.

Gostava de esclarecer aqueles que ontem me felicitaram pelas novas tabelas do lado direito, com a pré-época e mercado (actualizado), que as felicitações têm de ir inteirinhas para o Luís, pois foi ele o responsável por este óptimo trabalho.

Após 2 últimos meses especialmente desgastantes, preciso realmente de retemperar forças para a nova temporada que se avizinha quer no Belenenses, quer na minha vida. Por isso estes dias de ausência, ainda por definir. Ausência do Blog significa que só excepcionalmente colocarei textos. Mas não descarto a hipótese de ir comentando com os meus amigos, assim descubra um Cyber Cafe em Lagos.

Relativamente ao jogo de ontem, com o Oriental, parece que a exibição não foi muito conseguida, mas pelo que me apercebo nos comentários, na globalidade estivemos bem. Há uma linha, há um rumo, parece que há alguém dentro do Belém que sabe para onde vamos e como faremos para lá chegar. Não sei quem são os responsáveis, apesar de ter as minhas "suspeitas".

Agora que vou, gostava de deixar um abraço amigo a todos aqueles que leem o Blog diariamente, pois são a razão de existência do Blog e o que me dá força para procurar fazer sempre mais e melhor, em prol do nosso Belém.

Até ao meu regresso, em princípio nos comentários, directamente de Lagos (pareço o Miguel Sousa Tavares!)

quarta-feira, julho 28, 2004

A Década de 80 (cont.) - Parte IV – E Voltam as Desilusões... - Secção II – O Regresso à Desolação

 
Vimos na Secção anterior que a seguir à conquista da Taça, não se aproveitou esse feito como rampa de lançamento para voos maiores. Encarou-se, antes, essa vitória como um ponto de chegada, no qual a ambição se esgotou. Não houveram os festejos, a repercussão, a multiplicação do entusiasmo que se justificavam.

Marinho Peres, vendo que não havia ambição para ir mais longe, foi-se novamente embora. Sobrinho saiu e optou-se por pedir um jogador  (Edmundo) emprestado ao Benfica, para mim uma espécie de prestação de vassalagem de todo escusada – e uma grande humilhação face aqueles, do Sporting ou do Benfica, a quem eu garantia que não precisávamos de recorrer a tais coisas, porque o grande Belenenses estava de volta. E Zé Mário fez dois ou três jogos e partiu, sem que se contratasse substituto – a história mil vezes repetida do “talvez não seja preciso”. Na mesma linha de falta de qualquer noção de projectar o clube aproveitando a embalagem da vitória na Taça, a apresentação foi contra o Estrela da Amadora. No Restelo, estava-se em plena dormência. Triste, e difícil de acreditar!

Os jogos de preparação foram medíocres. Mas, curiosamente, o campeonato até começou razoavelmente. Na 1ª jornada, empatámos 0-0 na Madeira, contra o Marítimo. No jogo seguinte, no Restelo, uma vitória 2-1 contra o Braga, com uma razoável 1ª parte, premiada com 2 golos sem resposta. Depois, começou o descalabro anunciado. Derrota 1-0 contra o Feirense. E iniciou-se um ciclo impressionante de vitórias em casa e derrotas fora, que culminou numa estranha época em que, no Restelo, tivemos 15 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota, enquanto fora, registámos 1 vitória, 2/3 empates e 13/14 derrotas. Porquê 2/3 e 13/14? Porque empatámos 1-1 contra o Nacional mas, por um estúpido erro administrativo nosso – amadorismo inadmissível! – o empate transformou-se em derrota 0-3.

Bom, mas parece haver aqui algo de exagerado nas minhas palavras. Eu falo em descalabro mas… não perdemos nenhum jogo em casa (para o campeonato…); apesar de tudo, tivemos mais vitórias que derrotas; e, acrescento ainda, apenas sofremos 2 golos em casa. Pode não ser brilhante mas… descalabro?!

Sim, descalabro! Descalabro, face às expectativas criadas pelas épocas anteriores. Descalabro pelas paupérrimas exibições durante metade da época: Descalabro porque, não fora um calendário que, face às circunstâncias, nos foi muito favorável, as coisas teriam sido bem diferentes…para pior!

Explico: a nossa produção de jogo era medíocre (Sadkov revelou-se inexplicável desilusão. Todos os treinadores diziam que era tecnicamente o melhor e que nos treinos era óptimo; mas chegava aos jogos e…eclipsava-se. E também teve muito pouco apoio das bancadas, numa atitude incompreensível mas que não é caso virgem). A nossa defesa, sem Sobrinho, Baidek e Zé Mário, tornou-se um autêntico crivo. Isso via-se bem fora de casa: sofremos 4 golos no Bessa, 4 golos na Amadora, 3 golos no Mónaco… era um autêntico susto! Mas em casa, tivemos uma série de jogos com equipas acessíveis: o União da Madeira, o Tirsense, o Beira-Mar, etc, e, jogando muito mal, sem arriscar, lá ganhávamos 1-0… Só tivemos adversários mais difíceis no último jogo da 1ª volta (empate 0-0 com o Benfica) e na 2ª volta. E, aí, como veremos, alguma coisa mudara para melhor.

Mas tudo ia entristecendo: veio a Supertaça contra o Benfica. Perdemos 2-0 na Luz, com a nossa defesa a  meter buracos por todo o lado, valendo que o Benfica também não estava grande coisa. A 2ª mão no Restelo, foi outro momento deprimente. Não havia a mais pequena crença de se dar a volta ao resultado. Assistência: umas 5.000 pessoas das quais só uns 30% do Belenenses! Aos 15/20 minutos já o Benfica ganhava, arrumando de vez a questão.

Pelo meio, uma luzinha de esperança e de satisfação: a vitória na Taça de Honra, com triunfos contra o Estrela da Amadora e sobre o Sporting, na final, por 2-1. Esse jogo da final foi no Restelo, numa tarde com um nevoeiro incrível.

As assistências iam estando ao nível das exibições e só quatro ou cinco se destacaram minimamente durante toda a época. Uma delas, embora não muito exuberante, foi a 1ª mão da eliminatória da Taça das Taças, contra o Mónaco.

Estariam presentes umas 15.000 pessoas (com transmissão televisiva). A primeira parte foi sofrível, não mais do que isso. No entanto, entrámos bastante bem na 2ª parte e, por volta dos 10 minutos, chegámos ao 1-0: Chico Faria a entrar bem pela esquerda, a cruzar perto da linha, e Chiquinho, rápido e oportuno, a fazer o 1-0. Foi um momento raro de fulgor, no meio desses meses de penumbra. Por uns minutos, “Abriu-se” o Restelo “em sons e cores”. Não sei porquê, conservo a memória dos flashes dos fotógrafos, a contribuírem para o brilho desses momentos. Mas nem essa alegria durou muito. A um quarto de hora final, em livre directo, Ramón Diaz estabeleceu o empate.

 
E, na 2ª mão, com a defesa tipo passador, a esperança durou 20 minutos. Perdemos 3-0. E acabara-se as aventuras europeias. Até hoje…

Claro que voltámos a ter azar no sorteio, embora o Mónaco ainda não tivesse o prestígio que depois granjeou… justamente a partir desa altura, talvez da época anterior. No entanto, o Belenenses que eliminara o Bayer Leverkusen, e que quase vergara o Barcelona, também teria sido capaz de afastar o Mónaco. Só que voltara o “Belenenses-zinho”. E na Comunicação Social, só dava outra vez Benfica, Porto e Sporting, que Sousa Cintra, com coragem, diga-se, lá ia reanimando. È que, apesar da imensa crise financeira, o Sporting não enveredou pelo discurso de coitadinho. No Restelo, dizia-se, por vezes: “Eles assim rebentam de vez”. Pois, mas infelizmente, fomos nós a dar o berro!

Para o campeonato, continuava a tristeza. Lembro-me do jogo no Bessa, transmitido na televisão. Desliguei-a quando, ainda não se passara um quarto de hora da 2ª parte, perdíamos por 4-0. Não queria ver mais, pois tudo indicava que ia ser uma derrota estrondosa. Cada ataque deles ou era um golo ou um susto tremendo. Acreditem que foi com grande surpresa e alívio que vim a saber que, milagrosamente, só perdemos por 4-2.

Depois de nova vitória em casa contra um adversário de fundo da tabela, veio a deslocação à Amadora. Recordo-me que, já na 2ª parte, liguei o rádio e – contrariamente ao que me acontece tantas vezes! – oiço interromper da Amadora a “informar” de um golo do Belenenses. “Que bom”, pensei – até que, depois de o repórter descrever a jogada, ouvi a conclusão: “E assim, o Belenenses reduz para 4-1!”.

Bem, pelo que li e me contaram, a 1ª parte foi um autêntico desastre. O Belenenses saiu a perder por 4-0! Pelos vistos, o treinador Hristo Mladenov (que fora um senhor do futebol búlgaro) foi despedido durante o Intervalo! Julgo que não foi uma atitude muito dignificante, até porque não adiantava nada. Mas enfim…. Parece que a 2ª parte foi um bocadinho menos má.

Logo nessa noite foi anunciado o novo treinador: Moisés de Andrade, conhecido por “O Xerife”. Trouxe um pouco mais de garra à equipa mas as exibições continuaram a ser deprimentes. Foi na viragem do ano que as coisas começaram a melhorar, nomeadamente porque – enfim! – se contratou um muito razoável central brasileiro (Oliveira) e Zé Mário voltou (levando a que, no jogo do regresso, cerca de 12.000 estivessem no Restelo, para assistir a jogo com o Portimonense, que ganhámos por 1-0, com golo de…Zé Mário).

E aqui chegamos ao ponto em que nos cruzamos com factos a que já nos referimos na década de 90. Em rigor, a 2ª parte da época de 89/90, pode ser incluída na década de 80. E, por isso, já nos referimos às duas realmente grandes assistências nessa época registadas no Restelo: cerca de 35.000 pessoas contra o Benfica (empate 0-0), no último jogo da 1ª volta, e cerca de 25.000 contra o F.C.Porto (vitória por 1-0, a meio da 2ª volta, quebrando a invencibilidade do que foi o campeão dessa época). Já agora, na penúltima jornada, com cerca de 15.000 pessoas, ganhámos ao Sporting por 1-0, com golo de Chico Faria.

Lembramos, aliás, que toda esta série de artigos, que nunca previ fosse tão longa, tem como ponto de partida assistências significativas. E aqui, devo dizer que sou – ou fui; agora menos - autenticamente “doente” por contar as assistências no Restelo. Às vezes, já o jogo começou e ainda estou a fazer contas. (A propósito: acharia bem um contador de entradas, mas olhem que teríamos uma surpresa muito desagradável, ainda que oposta à de alguns jornalistas). E, sinceramente, sempre me impressionou e desagradou a indiferença com que durante anos e anos as direcções trataram essa questão, e até a atitude de muitos sócios.  Lembro-me de, por essa altura, já manifestar preocupação com a questão de fracas assistências (e, no entanto, tão superiores às de hoje!...), recebendo às vezes a seca resposta: “Isso não interessa!”. Pois eu achava e continuo a achar que interessa - e muito!

Bom, pela razão de que é impossível cindir factos encadeados só por causa da mudança de década, vamos aqui repetir, ainda que rapidamente, os factos relevantes da época de 89/90, na sua 2ª metade. E, posteriormente, teremos que abordar, no contexto da década de 80, o sucedido na própria época de 90/91. Sai já fora da década, mas é necessário para se perceber a ligação.

A 2ª metade da época foi melhor. O Moisés lançou o Gonçalves, que jogou muito bem. Lembro-me de uma grande exibição dele, e de toda a equipa, contra o Vitória de Guimarães, que ficou em 4º lugar, mas que nessa partida baqueou por 4-0. E recordo-me de, nesse mesmo jogo se repetir um grito que veio da final da Taça anterior: “Quando o Belenenses joga, Portugal treme”. Alguém ainda se lembra?

Como já disse, chegámos a sonhar com nova vitória na Taça, sobretudo depois da grande vitória em Setúbal, por 2-0, no famoso jogo em que cortaram a luz. Mas, como também já disse, perdemos contra o Farense por 1-2, na meia-final no Restelo. Ao intervalo ganhávamos por 1-0, e acabámos por perder no prolongamento. Justamente no Intervalo, como prenúncio da desgraça, aterrou de pára-quedas, em acção de propaganda eleitoral, o bom do Major Ferreira de Matos. Bom como pessoa, não como candidato e muito menos como Presidente.
 Dessas eleições, e das tristes consequências que daí advieram, falaremos no próximo artigo. Vamos apenas adiantar que elas tiveram lugar em Maio de 1990, e que Mário Rosa Freire, ao fim de 8 anos, resolveu não se candidatar. Apresentaram-se inicialmente três listas: A, com Rui da Cruz à cabeça; B, liderada pelo Major Baptista da Silva; C, com a dupla Ferreira de Matos / Joaquim Cabrita. Entretanto, a lista A e C fundiram-se, e surgiu a lista D, liderada (aparentemente) pelo Major Ferreira Matos, com Rui da Cruz à frente da lista para o Conselho Fiscal. Esta lista, teve o apoio, embora com reservas, do Presidente cessante e, infeliz e lamentavelmente, do jornal oficial do clube, que no número anterior à realização das eleições apresentou uma capa com a frase VOTAR COM DETERMINAÇÃO, com o “Votar” e, sobretudo, o “D” destacados e em letras garrafais. A Lista D veio a ganhar com 56,2% dos votos. Com base em quê, veremos no próximo artigo… Talvez com dados surpreendentes, que aliás já prometi.

terça-feira, julho 27, 2004

Cabral e Petrolina a caminho do Restelo

É hoje noticiado na imprensa desportiva, nomeadamente pelos jornais A Bola e O Jogo, que o Belenenses está próximo de contratar o ex-benfiquista Cabral, que assim regressaria à casa que lhe deu projecção, para além de estar em negociações relativamente a Juninho Petrolina. O Cabral já está com 31/32 anos, mas ainda é capaz de fazer umas boas 2 épocas, é um jogador que nunca me pareceu o que o "endeusaram", mas é natural, uma vez que foi contratado pelo Benfica. Tem uma grande vantagem, preenchendo 2 lacunas importantes do plantel, nem que seja como "back-up", pois não temos nem defesa esquerdo nem direito suplentes. Já o Juninho Petrolina é um criativo, médio de ataque puro, um Verona com mais cabeça e um pouco menos de magia. O que me preocupa relativamente ao Petrolina são os seus conhecidos "antecedentes" comportamentais em Aveiro, mas confio plenamente na capacidade de análise e visão de Rui Casaca e Carlos Carvalhal.

O que me apraz registar é que pelo menos agora parece haver um critério nas contratações. Isso é fundamental. Se calhar o que veio nos jornais há 2 ou 3 dias, que tinhamos o plantel fechado e não havia dinheiro, era para despistar a concorrência e de Rincons estamos nós fartos.

Este ano temos um plantel estruturado, as pessoas demonstram saber o que querem. Não é estar a atacar ninguém, mas sinceramente, não andamos a falar que queremos um "caixote" para a área e aparece um "porta-chaves" que ninguém ouviu falar. Este ano, pelo menos isso, pediu-se o "caixote", mas o porta-chaves que veio tem qualidade comprovada. Acho, sinceramente, que indo buscar estes 2 jogadores ficávamos com um óptimo plantel. Um 11 inicial consistente e um óptimo banco, com jogadores como Andersson, Neca, Cabral, Rodolfo Lima, Brasília...deixem-me sonhar!!!

Só não concordo com a dispensa do Ceará, jogos haverá em que serápreciso um caixote na área, e ele não é tão mau como a "bancada o pinta", senão o Santos não estava interessado nele. Simplesmente, é daqueles pontas-de-lança que marca uns 10 golitos numa boa época, mas temos de compreender que a sua função, mais do que marcar golos, é arranjar espaços e desgastar as defesas.

Só uma última questão: como é que encaixamos Petrolina e José Pedro no mesmo meio campo, sabendo que jogamos com 4 homens? Um é trinco(Tuck ou Pélé), à frente Marco Paulo ou Andersson, será que encostamos o José Pedro à esquerda e o Petrolina à direita??? Isso é quase um 4-2-4 aberto!

VAMOS A ELES BELÉM!

Um pesadelo

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Esta noite, tive um pesadelo.

Sonhei que o meu vizinho me tinha roubado o carro. Para não parecer que tinha sido ele, foi um amigo seu a levá-lo. Mas já estava combinado que, depois, o carro seria dado, por valor simbólico, a esse meu vizinho.

Deva-se dizer que (no pesadelo, claro), esse mesmo vizinho já me tinha pregado várias partidas. Além de me estar sempre a invadir o terreno e a tirar a clientela, ainda por cima, alguns dos seus filhos, quando me faz uma visita, deixam sempre estragos. Tudo isto no pesadelo, claro.

Apresentei queixa à polícia pelo roubo. Só que o meu vizinho é um dos que tem lá grandes conhecimentos e familiares. Ele diz que não, mas tem. Já os outros que igualmente têm grandes influências, costumam negar. E acusam-se mutuamente. Uma coisa é certa: eu é que não tenho! Nada, nadinha!

Bem, mas lá consegui levar o caso para tribunal. E ganhei a causa! Foi-me dada razão, o meu vizinho foi condenado a devolver-me o carro e a pagar uma indemnização, sob pena de ficar sem a carta.

Só que ele não pagava. Dizia, por exemplo, que não tinha dinheiro para pagar. Mas eu não percebo como é que isso era verdade, porque ele continuava e continua a comprar carros, carrinhos e carrões. Só para ter em frente da baliza, perdão, em frente da casa, tem três carros, dois dos quais recentemente comprados. Tudo isto no pesadelo, claro. Ora, acho eu, ele não pode dizer que não tem dinheiro, se continua a comprar carros. A comprar e a vender. Donde, concluí eu, além de ladrão, é um grande caloteiro.

Mas, depois, sabem que os sonhos e pesadelos têm sempre coisas estranhas. Reunimo-nos os dois para chegar a um acordo. E chegámos mesmo. Só que o acordo era um bocado estranho. No pesadelo, repito.

Ficou-lhe perdoada uma parte da indemnização. Já não sei bem quando é que ele paga, pagou ou pagará essa indemnização. Ainda bem que os pesadelos são assim, ou seja, depois não nos lembramos de tudo. Talvez ele até já tenha pago, quem sabe? Espero não estar a sonhar ao formular esta hipótese.

Mas há, aliás havia, no maldito pesadelo, uma outra coisa estranha: é que em vez de ele me dar o dinheiro para eu comprar um carro com ele, como era normal e determinado pela sentença judicial, o que ficou acordado foi uma coisa diferente. Disse-me dele: não, esse dinheiro, não lhe dou. Porque eu não tenho dinheiro (não se esqueça que eu tenho que comprar agora uma série de carros para contentar a família e dar que fazer aos jornalistas). Então, perguntei eu, e se me desse um carro de valor equivalente, ou seja, um bom carro – dar, é como quem diz, no fundo era devolver ou pagar a indemnização em género? Nã, nã, disse ele, nem pensar! Vamos fazer outra coisa: eu empresto-lhe um carro que precisa de rodagem, e um outro que não me dá garantias de segurança. E você anda com eles durante 8 meses. Depois devolve-mos, e ficamos quites! Nos sonhos e pesadelos, os pensamentos são coisas palpáveis. De modo que eu via-o a pensar: e assim não pago nada de especial, fico com a rodagem feita, sem estar a perder tempo e gasolina com isso, e gajo é tão troucha que vai aceitar.

Nesta altura, certamente estão a pensar que eu não podia ser suficientemente lorpa para aceitar. Sobretudo porque (já me esquecia de dizer isto), entramos ambos anualmente numa corrida. E, assim, ainda menos sentido faria eu aceitar condições tão iníquas. Mas não se esqueçam que aquilo era um pesadelo. E nos pesadelos podem suceder coisas incríveis e terríveis. E o facto é que eu aceitei!

Num estado normal nada disto teria sentido. Tanto mais que (também já me esquecia de falar nisso, e até nem tinha muita vontade de o fazer…), quando formos a correr lado a lado, eu não posso usar carro emprestado por ele. Até dá vontade de rir! Ai, ai, os enredos malucos que se arranjam nos pesadelos!

E tanto assim é, que eu, todo satisfeito, quando o carro por ele emprestado acelerava até aos 100, ficava louco de alegria, e esquecia tudo o resto. Nem pensava, por exemplo: e que carro é que eu vou ter na corrida do ano a seguir? Estranho ainda: uma parte da minha família ficou igualmente contente. Mas a esses, eu não levo a mal, porque são do meu sangue. Como disse alguém: “Right or wrong – my Country!”. Posso é não perdoar a mim próprio por ter sido tão lorpa. Mas nos pesadelos, acontece. E afinal, foi só um pesadelo…

Lembro-me também agora que, nos jornais lá do bairro, nunca ninguém sequer dizia que eu andava com o carro dele como pequena compensação do roubo que ele havia perpetrado. Não, eles até davam a entender que ele era um gajo tão porreiro, que me emprestava os carros dele. Isso nunca se esqueciam de dizer. E reparo agora: os mesmos jornais, que nunca tinham ligado ao meu carro, agora só queriam vir-me a casa fotografar os carros “emprestados” por ele. E passavam a vida a falar-lhes sobre o meu vizinho… Os pesadelos podem ser levados do diabo!

Havia ainda outras cláusulas do acordo. Não sei porquê, ele ficou com direito de preferência sobre qualquer carro que eu porventura venha a querer negociar. Não dá para perceber como é que, tendo sido ele o ladrão e caloteiro, eu ainda lhe dei esta benesse. Porque é que, pelo mesmo preço, eu tenho que vender um carro a ele, que compete na mesma corrida que eu e é mau pagador, quando posso vender para corredores de outras competições, e que devem ser melhores cumpridores das suas obrigações.?! Mas não se esqueçam que tudo isto é um pesadelo.

Também ficou acordado que eu farei uma visita a casa dele, pagando ele as despesas. Não ficou assente quando é que será. Espero que não seja em alguma noite fria, escura e chuvosa de Dezembro, depois da família dele ter gasto a massa toda numa grande jantarada, e depois só servem um pastelinho de bacalhau e meia imperial choca. Nos pesadelos tudo pode acontecer…

Ah, e ele também ficou de dizer quando é que passava por minha casa. Também é ele que paga o jantar. Parece que vai trazer um frango ou algum outro galináceo. Espero é que não traga os miúdos. Não me refiro aos miúdos do frango, atenção. Refiro-me, sim, às pestezinhas dos filhos deles. É que podem fazer tais estragos, que ainda fique mais caro que o jantar. É que eles têm bicos de águia. Ou de milhafres. É mais ou menos o mesmo. Seja como for, são aves de rapina. E nos pesadelos, nunca se sabe o que é que pode acontecer!

Felizmente, acordei e vi que era um pesadelo. Ainda estive um bocadinho naquele estado de dúvida mas depois vi que era mesmo um pesadelo: eu posso ser lorpa mas também há limites!

Só há uma coisa estranha. É que no fim do pesadelo, houve um facto misterioso. É que parecia que isto tinha uma relação qualquer com o meu clube. Mas não cheguei a perceber porquê. É que, recordem-se, eu acordei logo a seguir.

Por isso, pedi para publicar esta descrição aqui, para ver se alguém consegue descobrir alguma relação…

segunda-feira, julho 26, 2004

Gastos

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Já aqui manifestei o meu respeito e consideração pelos actuais dirigentes do clube. Fi-lo, desde logo, porque constato a sua honradez (pelo menos naqueles que reconheço e identifico) e a sua honestidade, nomeadamente na gestão dos dinheiros do clube.

Deste modo, o que escrevo a seguir não tem nada a ver com a presente Direcção, nem com nenhuma outra em particular, mas apenas com uma reflexão global.

Já conheci uma instituição, NÃO desportiva, que se queixava constantemente da sua pobreza o que, segundo os seus dirigentes, impedia de fazer alguma coisa de significativo. Os dirigentes mudaram, aquilo deu uma volta, e acabou por se descobrir que havia um excelente património e bastantes rendimentos. E muito dinheiro parado, para nada. Certamente, o Belenenses não tem muito dinheiro. Mas, no caso daquela outra instituição, a pobreza afinal não era de dinheiro: era a pobreza de espírito, de ideias, de iniciativa, de horizontes, de projectos, de inconformismo, de vontade de realizar! E essa é a sempre a maior pobreza de sempre.

Ora, que eu saiba, o Belenenses foi sempre pobre; mas foi a riqueza de iniciativas, de arrojo, de pioneirismos, aquilo que o fez grande!

Como não me quero alargar, continuo a deixar apenas uma espécie de tópicos:

Quando há um desequilíbrio negativo entre receitas e despesas, pode-se tentar solucioná-lo diminuindo as despesas e/ou aumentando as receitas. Por norma, o melhor é aumentar as receitas. Para aumentar as receitas, muitas vezes, não se pode deixar de investir. Tem é que se fazer bem esse investimento e, claro, dentro de limites razoáveis. Sustentada e progressivamente.

Gastar mal ou excessivamente pode não ser apenas pela forma activa de despender dinheiro (e/ou alienar património). Por exemplo:

- Não haver uma política sistemática, ambiciosa e inteligente de atrair adeptos, portanto público, portanto receitas, não é financeiramente nocivo?

- Desmotivar os adeptos, permitir que uma equipa perca toda a ambição e dê péssimos espectáculos, afastando público, portanto receitas, não é financeiramente nocivo?

- Não se aproveitar os recursos do mundo actual para promover, divulgar, popularizar o clube e as suas actividades, não é financeiramente nocivo?

- Não haver uma política global e integrada de captação, formação e aproveitamento de jogadores das camadas jovens não é financeiramente nocivo?

- Ficar só dependente das ofertas de empresários, em vez de criar os meios para descobrir bons jogadores a preços acessíveis, numa melhor relação custo-qualidade, não é financeiramente nocivo?

- Chegar ao fim da época sem nada na manga para reforçar a equipa e depois, para fazer algumas contratações, já só ficar com o refugo, sem muito por onde escolher, não é financeiramente nocivo?

- Poupar 10 no início da época porque “assim talvez chegue”, para depois se gastar 30 a
meio da época, já com a corda na garganta, não é financeiramente nocivo?

- Aceitar emprestados como meio de outros clubes pagarem as sua dívidas para connosco, emprestados que depois (se forem realmente bons) se vão embora, e nos obrigam a partir do zero para solucionar o problema do ano seguinte, não é financeiramente nocivo?

- Não haver um aproveitamento sistemático das grandes figuras do clube como referências para os actuais praticantes e como forma de projectar a imagem e o prestígio do clube, não é financeiramente nocivo?

Como disse, não pretendo criticar ninguém. Quero somente deixar alguns pontos de reflexão que me parecem válidos.

domingo, julho 25, 2004

Bruno Pais Campeão Europeu

Bruno Pais sagrou-se hoje, na Hungria, Campeão Europeu de Triatlo na categoria de Sub-23.
O Blog do Belenenses dá os Parabéns ao atleta do Belenenses!!

1 perda inestimável e 3 pérolas deitadas à rua

Este é um fim de semana estranho, que me conduz para sentimentos ambíguos relativamente ao meu Belenenses. Por um lado, temos 2 vitórias convincentes, em especial em termos ofensivos, faltando claramente sistematizar os mecanismos defensivos. Por outro, perdemos Sousa por 6 meses e 3 esperanças do futebol azul para sempre...

As vitórias
Depois de ganharmos 4-2 ao Olhanense (com os 2 do Olhanense enganadores) e 3-0 ao Alverca, vemos uma equipa com uma grande capacidade ofensiva, capacidade essa assente em jogadores como Antchouet, Lourenço e Rodolfo Lima, sem esquecer Eliseu, que voltou à sua posição de origem e está a dar cartas. No meio-campo, temos um farol chamado José Pedro, com o Rúben Amorim a crescer e a merecer jogar já esta época. O Neca parece claro que vai ter uma época complicada se não mudar de atitude e não mostrar mais empenho e capacidade física. No meio campo defensivo, temos Andersson como o pêndulo e Tuck ainda terá uma palavra a dizer. Na defesa, Mangiarrati parece estar a perder terreno, e Sandro e Pélé, sem esquecer Rolando, parecem as melhores apostas para o eixo. Do lado esquerdo, Cristiano começa a convencer e é um jogador acima da média, enquanto do lado direito Amaral é um óptimo jogador e Sousa tem um pulmão e entrega inesgotáveis. Na baliza, nem se põe qualquer questão: quem tem o Imperador Marco Aurélio, tem tudo.

As derrotas
Questionam-se agora: "Mas não perdemos nenhum jogo?". Pois não, mas perdemos um jogador importantíssimo pelo seu amor à camisola e por nunca virar a cara à luta, como o Sousa, para além de ficarmos debilitadíssimos do lado direito se o Amaral se lesiona. Para além disso, acabámos de dispensar 3 jogadores que ainda há 3 meses estavam na selecção de sub-19, o Lécio Pereira, o Bruno Simão e o Diogo Andrade. Diogo Andrade já há muito via questionado o seu profissionalismo (note-se que era amador, talvez uma incongruência própria do nosso Belém) e Bruno Simão teve uma época nos séniores, com 3 treinadores, e nenhum deles apostou nele. Já Lécio Pereira, o Makelele do Restelo, era um jogador claramente promissor, internacional, que estamos a deitar à rua. Ainda no jogo treino com a Itália vi e ouvi a imprensa transalpina impressionada com o miúdo. Aliava a um grande pulmão uma boa capacidade física e sentido posicional e leitura de jogo, que o tornavam dono do meio-campo.

A minha questão é simples: para quando o estabelecimente de um protocolo com um clube da 2ª B e outra da Liga de Honra? Quando os jogadores chegam a séniores, são avaliados e vê-se se têm possibilidades de crescer no seio do clube. Se não tiverem espaço, são emprestados no 1º ano de séniores para a 2ª B. No ano seguinte, e têm um prazo de 2, no máximo 3 época, irão para a Liga de Honra. Se por volta dos 21/22 anos não tiverem categoria para integrar a equipa, aí sim são dispensados. É este o modelo seguido por Guimarães, ou Boavista, por exemplo. Não digo que se faça isto com todos os júniores, mas pelo menos com aqueles que têm fortes capacidades. Não vamos andar a deitar fora internacionais...

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 35

1. No primeiro jogo que disputou contra o Desportivo da Corunha, o Belenenses venceu por 4-1 (Abril de 1950).

2. Também em 1950, o Belenenses venceu o Borússia de Dotmund por 2-1, em jogo disputado em Dortmund.

3. Por seu turno, a primeira vez que defrontámos o Olympique de Lyon, vencemos por 2-0, e igualmente em casa do adversário. Foi em 26 de Maio de 1973.

sábado, julho 24, 2004

Alverca-0-3-Belenenses (Res. Final)

45 minutos
Ao intervalo, no Complexo Desportivo de Alverca, o resultado mantém-se num empate a zero. Do lado do Belenenses destacaram-se no primeiro tempo Rolando e Amaral.

56 minutos
0-1 para o Belenenses! Golo de José Pedro, na recarga a um livre directo de Sandro.

65 minutos
0-2 para o Belenenses! Novo golo de José Pedro, na sequência de uma boa jogada pelo lado esquerdo, assistido por Cristiano.

73 minutos
0-3 para o Belenenses! Golo de Antchouet após assistência de Marco Paulo, numa jogada em que ambos os jogadores azuis fugiram bem do fora-de-joga e surpreenderam a defesa ribatejana.

90 minutos
0-3, resultado final. Amaral esteve muito bem, José Pedro voltou a demonstrar muita qualidade, Sandro está a ganhar o seu espaço, Rolando esteve muito certinho, Antchouet e Rodolfo Lima muito esforçados, Andersson demonstrou muita classe e Tuck mostrou toda a sua garra.

(Análise de Nuno Lopes)





O Dr. Pangloss e o amigo do Ventura

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Há quase 20 anos atrás (como o tempo passa!) fui ver um jogo de Hóquei em Patins entre o Belenenses e o Quimigal no Pavilhão do Restelo.

Um dos nossos jogadores, salvo erro o nº 3, chamava-se Ventura. Um sócio ou adepto belenense, mesmo junto ao recinto de jogo, passou o tempo inteiro a “chingá-lo”: “Não jogas nada, ó Ventura”, “Vai-te embora, ó Ventura”, “Ó Ventura, estás cada vez pior!”. Se o Ventura falhava um passe, o homem espumava “Que é isso, ó Ventura?!”; se ele ia para o ataque, o homem dizia “vais lá para a frente, ainda sofremos um golo!”; se ele ficava cá atrás, lá vinha o protesto: “Tás aí parado a fazer o quê, ó Ventura? Vamos é para o ataque”!

Tenho a impressão que o Belenenses ganhou 5-2. E um dos golos foi do Ventura. Ficou naturalmente a curiosidade do que é que o tal senhor ia dizer…Pois não é que, quando se esgotou aquele bruá normal a seguir a um golo, gritou ele: “Não jogas nada, ó Ventura! Nem sabes como é que fizeste aquilo!”? (Nota: não estou a inventar!).

Estávamos meio divertidos, meio fartos daquilo, até que alguém se dirigiu ao tal senhor e lhe perguntou: “Mas o que é que você tem contra o Ventura?”. A resposta foi surpreendente: “Eu não tenho nada…Até sou amigo dele! Só estou a dizer o que penso!”.

Bem, com amigos daqueles, o Ventura não precisava de inimigos! Mas o que o “Amigo do Ventura” mostra é uma maneira de estar, que alguns têm no Belenenses. Acho que não é preciso dizer mais nada. São aqueles que dizem sempre mal, que dizem mal por dizer, que encontram satisfação em dizer mal, mesmo que só arrasem o clube, de quem são “muito amigos”.

Bem, está esclarecido quem era “o Amigo do Ventura”. E o Dr. Pangloss?

Desculpar-me-ão esta divagação. O Dr. Pangloss é uma personagem de um livro do Voltaire (“Cândido”), que por acaso até caricaturiza um homem (Leibniz) que acho que foi invulgarmente inteligente e genial - mas nem por isso deixa de ter piada (a tal personagem do Dr.Pangloss). Bem, e o Dr. Pangloss, fosse qual fosse a situação, mesmo que a mais negra e dolorosa, a mais absurda e injustificável, achava sempre que aquilo era o melhor que podia ter acontecido, pois vivíamos no melhor dos mundos possíveis, e tudo quanto acontecia devia ser aceite como óptimo, excelente, ideal e elogiável.

Pois também o Belenenses tem os seus Drs. Pangloss. Aconteça o que acontecer, esteja na Direcção quem estiver, eles são sempre a favor, está sempre tudo bem, defendem o indefensável com ar sabedor e de maior entendimento que os outros, e aí de quem fizer algum reparo: é logo considerado desestabilizador, burro ou outra coisa ainda pior. Acho que também não é preciso dizer mais…

E agora, bem: entre o “Amigo do Ventura” e o Dr. Pangloss, “venha o diabo e escolha”! Porque aquilo que precisamos, acho eu, é de uma 3ª via: crítica mas construtiva, realista mas inconformada, colaborante mas não servil!

sexta-feira, julho 23, 2004

Pretérito Mais Que Perfeito... - Dia 34

1. Nos jogos disputados entre si nas edições do Campeonato de Portugal, os 4 maiores registariam as seguintes pontuações: F.C.Porto – 30; Belenenses – 28; Sporting – 27; Benfica – 17.

2. Se nos mesmos Campeonatos, somarmos o Boavista, e virmos o total das pontuações dos 5 clubes, nos jogos entre si, nos diversos Campeonatos para apurar o melhor de Portugal, i.e., o Campeonato de Portugal, a I Liga e o Campeonato Nacional (e Superliga), temos o seguinte: Benfica – 643 (26,30%); F.C.Porto – 631 (25,80%); Sporting – 570 (23,31%); Belenenses – 392 (16,03%); Boavista – 209 (8,54%).

3. Em Fevereiro de 1945, a selecção nacional de Andebol (então de 11), disputou o seu primeiro jogo, com a Espanha. Dos 14 convocados, 9 eram do Belenenses!

Optimismo? Pessimismo?

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Desde há algumas semanas – mais propriamente desde que foi conhecido quem seria o treinador para a próxima época futebolística – que se vem discutindo nos blogs se estamos optimistas ou pessimistas para a próxima época. Ou antes: alguns afirmam “estou confiante” ou “estou optimista” e, quando outros denotam algumas insatisfações, dizem que eles são “pessimistas”.

É indubitável que há temperamentos mais optimistas e outros mais pessimistas – e, às vezes, até os alternamos em diferentes fases da vida. Penso que o realismo é melhor do que o optimismo ou o pessimismo, pois estas duas são apenas perspectivas subjectivas, respeitáveis, mas que não têm mais valor que esse; entretanto, neste caso, penso sobretudo que os “optimistas” e os “pessimistas” (admitamos estes termos) estão a pensar em coisas diferentes. Em consequência, falam também de coisas diferentes e, por isso, não se entendem – embora, nestes espaços azuis, prevaleça quase sempre a cordialidade e o respeito activo (digo “respeito activo” porque, para mim, não dar cavaco, não é respeito), que são um verdadeiro exemplo.

Na verdade, uns estaremos a falar da recém-iniciada época futebolística (1); outros, dos horizontes futebolísticos para os próximos anos (2); outros, do futuro próximo do clube em diferentes modalidades, i.e., não só o futebol; outros ainda, do futuro global do clube, a médio prazo, embora dependendo do curto prazo (4).

É nesta última perspectiva que geralmente falo, mesmo quando vou buscar coisas ao passado. Ambas são maneiras de ver fora do imediato, seja para trás ou para frente. São maneiras de estar e de ver as coisas, e estas são as minhas mais frequentes. Mas, por não serem as únicas, vou falar um pouco das outras.

1) Próxima época futebolística. Se avaliar em função dos objectivos dos responsáveis, ou seja, ficar nos primeiros 8-10, quer dizer, ficar a meio da tabela sem aflições, estou moderadamente “optimista”. Não temos um grande plantel mas temos o suficiente para ficar nesses lugares. O que aconteceu o ano passado tem muito a ver com uma série impressionante de asneiras. O plantel, em si, tinha qualidade para o meio da tabela (grosso modo). Acho o deste ano com um valor mais ou menos equivalente. E acho que não se farão as mesmas asneiras de gestão. O treinador parece bom, fiquei contente com a sua contratação. No entanto, depois de tudo o que já se viu, nomeadamente no Belenenses, com treinadores considerados competentes, ambiciosos, etc, não alinho em entusiasmos excessivos. Em princípio, estando no Belenenses, é o melhor treinador do mundo. Deve ser apoiado assim, enquanto não houver razões para ser de outra forma. Mas, repito, demasiada dependência de um treinador não é bom.

Agora, se virmos a próxima época doutra forma, eu estou triste ou “pessimista”. Dizer que o objectivo é ficar em 9º ou 10º não me motiva nada. Significa continuar a andar para trás. A perder terreno. Cada vez menos os jogadores ambiciosos nos podem olhar como um destino apetecível. Nem infundimos respeito a outras equipas. Se se perguntar ao adepto comum, não belenense, quais as melhores equipas, ele falará do Porto, do Benfica, do Sporting, do Boavista, do Marítimo, do Guimarães, do Braga, do Nacional... e nós? Fracos objectivos para o 4º clube português! É claro que no futebol há surpresas e podemos afinal ir mais longe do que os tais objectivos apontados. Claro que sim! Mas, pela mesma razão, também podemos ficar aquém e acontecer mais ou menos o mesmo que o ano passado. Aí, que se pronunciem os optimistas e os pessimistas. Por nós, falamos só do previsível dentro de um plano de normalidade. E o previsível, é realmente o meio da tabela. (Ainda há outra coisa que me entristece mas já se sabe e não vou repetir...).

2) Se os objectivos apontados para esta época não nos entusiasmam, não serão eles uma proposta realista, uma espécie de época de transição (como escrevi há tempos) que permita preparar outros voos? Pode ser; oxalá que sim. Mas, como já muitas vezes se disse algo de semelhante no passado e deu em nada, como apesar de alguns indícios positivos (a ideia de uma prospecção eficaz, por exemplo) ainda estão indefinidos e julgo que ainda não passaram a actos, como a política de empréstimos e até os contratos de um ano (além de uma excessiva dependência face à visão de um treinador só com um ano de contrato... e que até pode sair por “cima”) não são indícios muito animadores, mantenho-me expectante. Só duas observações: os protocolos para empréstimos de que falou o Engº Barros Rodrigues vão ser com clubes portugueses (para mim, péssimo!) ou com clubes estrangeiros, v.g., espanhóis, brasileiros e até argentinos (o que acharia muito bem)? E a propósito de Argentina: a rede de prospecção, além de Portugal e Brasil, não se pode estender, por exemplo, à Argentina, de onde o Belenenses recebeu alguns dos seus melhores jogadores, e onde temos amigos? Basta pensar em Di Pace. Claro que não preconizo que, na sua idade, o Di Pace vá andar a correr de um lado para o outro para nos referenciar jogadores. Mas certamente nos pode indicar quem o faça; e, com o seu olho de enorme jogador que foi, facilmente identificará um ou outro reforço que seja válido, mesmo vendo um ou outro jogo ocasionalmente.

3) Noutras modalidades além do futebol, estou optimista. O basquetebol pode fazer tão bem ou até melhor que o ano passado. Se não fizer, não é por falta de esforço para tal mas apenas por quaisquer contingências infelizes e imprevisíveis. Podemos até sonhar com um campeonato, uma taça, ou uma boa participação europeia. O Andebol apresentou uma planificação com deve ser. As modalidades aquáticas, especialmente a Natação, prosperam e têm um futuro altamente promissor. O Futsal pode subir outra vez. Saúda-se o começo do Voleibol Feminino (sem malícia ou segundos sentidos). Não é por acaso que é nestas modalidades, onde o dinheiro ainda não manda tanto, e onde se aproveita melhor o património humano de competências de que dispõe Belenenses, que as coisas são mais risonhas. Algo que dá para pensar... De qualquer modo, apesar de ser defensor de outras modalidades, temos que reconhecer que o Futebol é o que mais define o estado do clube.

4º) E o futuro global do clube? Haveria tanto para dizer... que vou dizer muito pouco. Não me quero alargar.

Em síntese, estou moderadamente apreensivo. Reconheço e sou grato ao esforço continuado para resistirmos e sobrevivermos, em padrões de dignidade; às melhorias notáveis no domínio das instalações; a um reequilíbrio financeiro. Mas, apesar disto, continuamos a ficar para trás. Continuamos a ver uma ambição limitada. Continuamos a ver que não nos situamos na realidade destes tempos, com estratégias de crescimento em termos de adeptos e de aproveitamento de meios de CS.

E... Por causa da construção do Restelo (e do azar daquele campeonato em 54/55), perdemos um pouco o comboio da profissionalização (a partir de meados da década de 50); por causa das dívidas e encargos por causa do Restelo, perdemos o comboio de brilhar em competições europeias (anos 60 e começo dos 70). Perdemos o comboio do tempo da grande projecção do Futebol nos jornais e na televisão (anos 90). Em breve virão campeonatos europeus. Com várias divisões e, depois, algo de semelhante aos nossos actuais distritais, que serão os campeonatos só nacionais. Há 40 anos atrás, aspiraríamos à 1ª Divisão europeia; há 15 anos atrás, à 2ª Divisão. Agora, corremos o risco dos “distritais” (i.e., nacionais). Temos uma década, ou talvez menos, para dar o salto...ou não. Se o não dermos, corremos, sim, o risco da Atleticização. Pode parecer uma loucura, um pessimismo detestável, mas olhem que há mais quem veja este risco. E com mais conhecimento de causa! Mas não sejamos derrotistas e pensemos em soluções!

Estes sim, são os grandes problemas a pensar. Acho que nos blogs já várias pessoas deram contributos válidos. E grátis!

(Nota: este artigo foi escrito antes do jogo em Santiago do Cacém).

quarta-feira, julho 21, 2004

Belenenses - 4 - 2 - Olhanense

Equipa:
Marco Aurélio ; Sousa, Pélé, Rolando, Amaral ; Tuck, Marco Paulo, José Pedro e Mauro; Eliseu e Ceará. Jogaram ainda: Pedro Alves, Cristiano, Mangiarrati, Sandro, Andersson, Ruben Amorim, Antchouet, Rodolfo Lima e Brasília

Marcha do marcador:
25' - Eliseu - 1-0
37' - Amaral - 2-0
47' - Brasília - 3-0
56' - Olhanense - 3-1
57' - Olhanense - 3-2
67' - Rodolfo Lima - 4-2

O jogo:

Na bela cidade de Santiago do Cacém, mais concretamente no Estádio Municipal, teve esta tarde lugar o primeiro desafio de preparação do Belenenses para a época 2004/05. A organização do jogo ficou a cargo da Filial do Belenenses Grupo Desportivo S. Francisco da Serra, presidida por Paulo Jesus. Antes da partida, vários frequentadores do Blog reuniram-se no "Kafé C@fé", mesmo em frente da entrada do Estádio, trocando impressões sobre o plantel e perspectivas para a temporada que se avizinha.

Pelas 18:00, teve início a partida. O Belenenses entrou em campo num claro 4-4-2, com a surpresa de Amaral surgir na esquerda da defesa. De resto, dupla de centrais com Pélé e Rolando (que estiveram seguros) e Sousa na direita. No meio-campo, Tuck mais atrás, Marco Paulo a médio direito, Mauro do lado esquerdo e José Pedro numa posição livre, de apoio ao ataque. Na frente, Eliseu e Ceará.

O jogo começou muito morno, mas com algum ascendente do Olhanense, apesar da defensiva azul revelar acerto e resolver com alguma facilidade os problemas. Na frente, Ceará esteve lutador e Eliseu colocou a cabeça em água à defesa algarvia. Aos 20 minutos, Sousa lesiona-se sozinho num lance que resultou nalgum perigo para a nossa baliza. Já com Sousa fora de campo, mas sem ter sido ainda substituído, Ceará tem um óptimo trabalho a meio-campo a livrar-se de 3 adversários, endossa a bola para a frente e Eliseu desmarca-se. Contorna o guarda-redes e encosta para o fundo da baliza.

De seguida entrou Cristiano, e Amaral foi para o lado direito da defesa. Passados alguns minutos, e já com o jogo equilibrado, excelente passe de Tuck para uma boa desmarcação de Amaral, que com um chapéu perfeitamente executado parecia ter resolvido o jogo.

Após o intervalo surge o 3-0, logo aos 46 minutos, naquela que foi a melhor jogada do desafio, com Brasília a surgir a concluír. Ao intervalo entrou praticamente uma equipa nova, tendo-se mantido somente em campo Amaral e José Pedro. Aos 56 minutos, num remate inofensivo do Olhanense, fraco e à figura, Pedro Alves foi infeliz e viu a bola entrar, passando-lhe por entre as pernas. Passado somente um minuto, o sangue dos adeptos azuis gelou como tem sido hábito num passado bem recente, com a nova dupla de centrais (Mangiarrati e Sandro) a desentender-se (uma constante ao longo da 2ª parte) e a surgir o remate dentro da área do jogador algarvio, num lance em que Pedro Alves pouco podia fazer.

Aos 67 minutos surge o golo da tranquilidade, da autoria de Rofolfo Lima, num contra-ataque concluído à segunda tentativa. Daí até ao final nota de destaque para 2 boas intervenções de Pedro Alves, redimindo-se do erro inicial.

No final da partida, ambas as equipas receberam um troféu das mãos da Vereadora da Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Santiago do Cacém. Também a equipa de arbitragem foi agraciada com ofertas.

Em suma, o Belenenses esteve relativamente bem, muito pressionante, e com Carvalhal muito interventivo (aliás, soltando algumas gargalhadas da bancada, nomeadamente quando se dirigiu ao árbitro avisando-o que a partida não era da Liga dos Campeões, após um repreensão mais intempestiva a um jogador azul).

Análise individual dos jogadores do Belenenses:
 
Marco Aurélio - Seguro, como de costume. Está para "lavar e durar".

Sousa - Apenas 20 minutos em campo, suficientes para um remate e algumas dificuldades defensivas. A lesão não parece grave.

Pélé - Boa exibição, a transmitir segurança ao inexperiente Rolando

Rolando - Parece ter grande futuro, muito bem defensivamente quer a central, quer a lateral-direito (reentrou na 2ª parte). Revelou alguma dificuldade no passe.

Amaral - Jogou quer a lateral-direito, quer a lateral-esquerdo, e esteve muito bem em ambas as posições. É claramente reforço.

Tuck - O já conhecido espírito combativo e visão de jogo.

Marco Paulo - Relativamente apagado, ainda teve alguns lances onde mostrou clarividência para orgranizar o meio-campo

Mauro - Encostado ao lado esquerdo foi muito batalhador e empurrou a equipa para a frente, apesar de por vezes com pouco nexo. Na 2ª parte reentrou para lateral-direito e deu bastante luta

José Pedro - Encheu as medidas aos adeptos presentes. Forte fisicamente, boa técnica, boa visão de jogo, parece ser um jogador de classe e a ter em atenção por Neca.

Eliseu - Muito activo no ataque, inaugurou o marcador e teve outra boa hipótese salva in extremis pelo guarda-redes algarvio.

Ceará - Esteve muito bem nas tabelas com colegas que apareciam de trás, casos de Eliseu ou Mauro. Exibição positiva.

Pedro Alves - Pena ter sofrido o 1º golo daquela forma, pois de resto esteve seguro e fez mesmo uma grande defesa na sequência de um livre directo.

Cristiano - Entrou cedo e esteve "certinho", destaque especial para as boas combinações com os colegas de flanco. 

Mangiarrati - Grandes dificuldades de entendimento com Sandro, permitindo veleidades aos algarvios. Esteve bem no capítulo do passe longo.

Sandro - Em termos individuais pareceu seguro, mas teve falhas de marcação a repartir com Mangiarrati.

Andersson - Esteve muito lutador a meio-campo (por vezes exagerou) e ajudou a pautar jogo.

Brasília - Um início em cheio, com o golo e uma boa jogada do lado esquerdo, mas eclipsou-se.

Rúben Amorim - É um óptimo jogador que merece oportunidades. O que se disse de José Pedro aplica-se ao jovem azul.

Antchouet - Esteve bastante infeliz, perdendo um golo isolado logo na primeira jogada da 2ª parte. Noutros lances em que se poderia isolar, complicou muito.

Rodolfo Lima - Com aquela sua fraca estatura, ganhou inúmeras bolas quer pelo chão, quer pelo ar, no meio-campo contrário. Marcou um golo em que fugiu bem à defesa contrária, na recarga a remate dele mesmo.



O 11 inicial




Entrega da Taça a Andersson




O organizador, Paulo Jesus, cumprimenta Carlos Carvalhal

Lourenço em Atenas



O avançado azul Lourenço foi esta tarde oficialmente convocado para a selecção olímpica de futebol, que disputará de 11 a 28 de Agosto a medalha de Ouro naquela que é a maior competição desportiva do Mundo.

Recorde-se que na primeira fase, a selecção nacional enfrentará as selecções do Iraque, Marrocos e Costa Rica.

Ao Lourenço, bem como a todos os futebolistas convocados, desejamos as melhores felicidades.

A Década de 80 (Cont.) - Parte IV – E Voltam as Desilusões... - Secção I – O Baixar das Bandeiras


Constato que tenho feito textos demasiado grandes, mesmo omitindo muitas coisas que me ocorrem. Simultaneamente, vejo que não é possível acabar esta série de artigos, nem sequer fazer as reflexões da década de 80, antes de começarem os jogos da nova época futebolística (no dia em que sairá este artigo, temos o 1º jogo, em Santiago do Cacém). Deste modo, resolvi resistir à tentação de dizer demasiadas coisas em cada artigo e, para poupar espaço, farei uma apresentação mais por tópicos.
 
A seguir à vitória na Taça, além da imensa alegria, perguntávamo-nos o que viria a seguir: um tempo novo de ambição e de conquistas ou uma recaída na mediania, no conformismo. As respostas chegariam muito em breve. E seriam ainda piores do que aquilo que receávamos!
 
Da prometida forma esquemática, deixamos alguns pontos que, naquele momento, faziam parte da equação das nossas interrogações:
 
- Tinha sido uma vitória extremamente meritória, não só pela final em si (triunfo sobre o Benfica, vencedor do Campeonato) mas, também, por toda a carreira, designadamente a eliminação do F.C.Porto e do Sporting;
- Era a primeira vitória, no espaço de uma década, que escapara ao trio dos nossos antigos rivais Benfica, Sporting, Porto. Parecia o Belenenses a reassumir-se...
- Nos últimos 3/4 anos, tendo em conta as diversas competições, tínhamo-nos superiorizado ao Boavista, de certo modo ao Vitória de Guimarães, e claro aos restantes clubes, exceptuando o Porto e o Benfica;
- E o Sporting? O Sporting vivia talvez a sua maior crise de sempre. Estava a meio do seu jejum de títulos, desde 1982; a situação financeira, sobretudo depois da fase Jorge Gonçalves, então a chegar ao fim, parecia ser catastrófica; no últimos anos, ou tínhamos ficado à frente deles no Campeonato (87/88) ou, em termos pontuais, bastante perto (embora sem anunciar grandes conquistas, como eles continuavam a fazer); mesmo em Alvalade, só perderamos 1 vez nos últimos 4 anos; ganháramos a Taça, o que eles não faziam desde 82; e já se ouvia, aqui e ali, dizer que agora, em Lisboa, era o Benfica e o Belenenses, para rivalizar com o Porto. Em resumo, tínhamos a oportunidade de sair da posição de conformado 3º clube de Lisboa, incapaz de competir com SLB e SCP;
- Com 20.000 belenenses na final, apesar da lotação esgotada e da transmissão televisiva, havíamos demonstrado que ainda possuíamos uma grande capacidade de mobilização;
- Além do 3º lugar da época anterior, tínhamos tido algumas fases excelentes em anteriores campeonatos, embora alternando com fases de maior apagamento;
- Havíamos registado duas boas prestações europeias;
- O estádio tinha, enfim, beneficiado de algumas melhorias, com as cadeiras para todos os “cativos” e a iluminação nova e bastante boa (uma das 2 melhores do país);
- Apesar de tudo, abrira-se mais um espaço para os sócios no Estádio, metade da bancada do lado Tejo;
- Havia obras que, finalmente, pareciam encaminhadas: piscinas, campo de treinos relvado...
 
Todavia, no outro lado da balança:
 
- Mesmo em tempos auspiciosos, uma parte dos adeptos continuava a evidenciar uma pequenez de objectivos confrangedora (“Competições europeias... para quê?”; “já não descemos...”; “6º lugar? Bem bom!”; “ficar outra vez em 3º? Estás mas é maluco!”; “perdemos? E depois? Querias ganhar sempre? Então, éramos campeões...”; “Na Luz ou contra o Porto é para perder”, etc.”);
- A afirmação de belenensismo por parte dos dirigentes era, por vezes, muito débil. Alguns pareciam nem conhecer a história do clube. Quando Pinto da Costa os acusou de serem do Benfica, quase nem reagiram...
- O clube, em termos de assistências, não só continuava bem distante do Benfica, do Sporting e do Porto (embora menos do que hoje), como não se conseguia superiorizar aos Vitórias (Guimarães e Setúbal) em jogos do campeonato ou de Taças Europeias, e desesperávamos com a falta de preocupação com esse facto;
- O aspecto das instalações ainda era desolador;
- Das camadas jovens, quase nada se aproveitava para a equipa de futebol;
- A imprensa continuava a ligar-nos muito pouco (embora muitíssimo mais que actualmente) e a atacar-nos capciosamente sempre que podia. Exemplo disso, foi o jornal Record do dia a seguir à nossa vitória na Taça: 2 linhas minúsculas na capa, sem nenhuma imagem; todo o destaque para uma entrevista com um jogador do Benfica; na 2º página, um editorial do Rui Cartaxana a dar-nos para trás; insinuações de que ganhámos por causa da arbitragem e da sorte (!!!), o que me pôs em estado de revolta quase colérica;
- A estas discriminações, os responsáveis não reagiam, nem nunca vi uma estratégia (nem preocupação com tal) para fazer reverberar as nossas vitórias, puxar pelo clube, torná-lo atractivo para os jovens, mostrá-lo como alternativa – novamente! Nem o passado sabíamos aproveitar... – aos três clubes que sabemos, dá-lo como exemplo de luta contra a adversidade, reunir élan e entusiasmo à sua volta, fazer aumentar as assistências, manter viva a projecção e a ambição do clube;
- Nas épocas de 87/88 e 88/89, o Benfica e o Sporting contrataram quantidades inacreditáveis de jogadores. Podiam fazer 3 equipas, já com os suplentes! Começou então a campanha, via jornais ao seu serviço e adeptos, para os pôr a rodar, emprestados noutros clubes. E o Belenenses era um dos principais alvos; e em alguns sectores azuis, essa ideia encontrava eco...
 
A resposta à nossa questão cedo se foi definindo, no pior dos sentidos.
 
Começou, de certa forma, com o facto de não haver nenhuma celebração preparada. Lembro-me de hesitarmos onde devíamos ir. O meu pai perguntava: “Vamos às Salésias?” (ou seja, para o Restelo. Só que ele quase sempre ainda dizia “Salésias”, onde provavelmente foi mais vezes que ao Restelo...). Resolvemos ir ver se havia algo na Praça Afonso de Albuquerque. Mas, apanhados no meio de bichas, chegámos tarde, pois a camioneta com a equipa já ali estivera. Percebo que, sendo duvidosa a vitória, não se tivesse organizado nada. E também não havia os meios de comunicação instantâneos que existem actualmente. O que não entendo é que, depois, nada se tivesse feito, deixando murchar o entusiasmo, deixando cair o feito no esquecimento em termos de imprensa, não aproveitando e fomentando o entusiasmo...
 
Continuou nas declarações de responsáveis do clube. Fazendo coro com os comentadores, todo o mérito foi posto em Marinho Peres! “Nós sempre acreditámos que Marinho Peres nos podia dar este triunfo...”. Ou seja, é como se todo o projecto, afinal, tivesse sido, só, Marinho Peres. É um erro recorrente: Meirim (uma catástrofe em resultados; mas falarei disso um dia), Artur Jorge (quase 40 jogadores e primeira descida...); José Romão (...), João Alves (...), Manuel José (...), Inácio (...). Sempre que se confiou demasiado num treinador deu mau resultado. É por isso que, embora esteja contente com a sua contratação, não acho bem toda esta ênfase em que o Carvalhal é que sabe, é que vai fazer e acontecer, é que diz que jogadores é que quer... Acho perigoso. Não é assim que se trabalha nos clubes de sucesso. Veja-se o Porto. Dir-se-á: mas com Marinho Peres não resultou? A minha resposta é: só enquanto ele esteve. Ele sabia levar as coisas e moralizar os jogadores. Mas sempre que ele saiu, foi o dilúvio...
 
Bom, e naquela altura havia a dúvida se Marinho Peres ia ficar (acho que foi o que se pediu na Praça de Albuquerque, quando o autocarro passou por lá: “Fica1 Fica! Fica”, gritou-se, segundo me disseram). Ainda hoje se diz que ele, então, se foi novamente embora por causa de problemas familiares no Brasil. Mas penso que isso foi um mito que se criou e que foi conveniente que se criasse. É verdade que ele falou em saudades. Mas eu lembro-me perfeitamente que, poucos dias depois da final, entrevistado no programa “Livre e Directo”, na Antena Um (6ª f à noite), quando perguntado se ficava ou não no Belenenses, depois de o próprio locutor dizer “Tem problemas a resolver no Brasil, não é?...”, Marinho Peres não esclareceu: “Sabe, o problema maior nem é tanto esse. Ganhámos a Taça, foi bonito, mas no Campeonato ficámos a 26 pontos do 1º. Então, vai depender de se eu tenho condições para no próximo ano andar cá mais em cima no campeonato. Aí a directoria é que vai dizer...”. E passadas semanas, foi-se embora... No ano a seguir estava no Sporting. E já não havia o problema das saudades... Acho que isto diz tudo, até porque penso que ele gostava e gosta realmente do Belenenses!
 
Depois, toda a postura do clube, paradoxalmente, era de mostrar menos ambição do que antes da Taça. Era como se toda a ambição se tivesse consumado nessa conquista. Lembro-me que uma ou duas semanas depois, no Restelo, havia um silêncio e um deserto que não havia em nenhum defeso anterior; era como se o clube tivesse adormecido. Feliz mas exausto e adormecido – é isso. Havia muito poucos sócios por ali, e falando doutras coisas que não o clube. Nada de um ambiente festivo, nada de sonhar com outras conquistas, nada de projectar o futuro... Logo a seguir, a minha vida complicou-se e deixei de poder ir ao Restelo com a frequência dos anos anteriores. Mas ainda hoje me espanto com aquela dormência – de dirigentes e adeptos. Uma sensação de cansaço... a que ainda haveremos de voltar, noutro artigo.
 
Tristemente, não só não houve nada que, festivamente, assinalasse a vitória da Taça no fim daquela época (oportunidade perdida...), como o jogo de apresentação na época seguinte foi contra...o Estrela da Amadora (sem desprimor)! Meia dúzia de gatos, um jogo paupérrimo (1-1), que deprimente começo!
 
E quanto ao plantel? Antes ainda do fim da época, sabia-se que iam sair Mladenov e Jorge Martins. Acho que o processo não foi bem conduzido, porque não se acautelou a noção de que esses jogadores, em especial Mladenov, eram referências do clube, e porque o clube para onde foram, o Vitória de Setúbal, mais propriamente o seu Presidente de então, nos chamaram “clube de bairro”, “sem ambição” e não tiveram a devida resposta. Mas é verdade que o Mladenov já começava a decair; e, aparentemente, tinham-se assegurado contratações à altura: o Guarda-Redes internacional búlgaro Mihailov, o também internacional búlgaro Sadkov (que se esperava viesse a ser o já então desejado nº 10 de classe) e o avançado Jorge Silva que, no Marítimo, fora o 2º ou 3º melhor marcador do Campeonato (infelizmente, os dois últimos pouco fizeram no clube). Acrescia uma opção para Defesa Esquerdo, Grosso, vindo do Fafe (no ano anterior, em caso de impedimento do Zé Mário, tinha que se adaptar o Adão). Durante o defeso, porém, o central Sobrinho saiu para o Racing de Paris e, para compensar, pedimos Edmundo emprestado ao Benfica. Um grande golpe para mim, revelador (ou antes, a confirmar) a pouca ambição e a aceitação de uma posição de menoridade. E não havia necessidade... Infelizmente, no ano a seguir, viriam mais emprestados e... acabámos na 2ª Divisão – duas épocas (e não uma, como às vezes, suspeitamente, se diz) depois da vitória na Taça. Digo que é suspeito, porque julgo que se pretendeu inculcar a ideia de que tínhamos subido a alturas excessivas – quando foi exactamente ao contrário, a meu ver. Mas disso falaremos outro dia. Voltando ao plantel para 89/90: para piorar, Baidek lesionou-se e assim esteve meses a fio. E Zé Mário jogou dois ou três jogos e foi-se embora (tendo, porém voltado na 2º metade da época).
 
Quanto ao treinador, para substituir Marinho Peres, veio o búlgaro Hristo Mladenov (não confundir com o jogador, Stoicho). Veremos no próximo artigo o que é que tudo isto veio dar...

Belém Dominador (3ª parte)

Belém dominador num mundo sem grandes
Baseado no artigo de Miguel Amaro, publicado no jornal Record em 21 de Julho de 2003 

Com base no estudo realizado pelos jornalistas do jornal Record apresentamos de seguida os dados estatisticos mais relevantes para os 65 campeonatos realizados entre 1938 e 2002.
 
O Belenenses teria sido campeão por 19 vezes, ou seja, quase 30% das vezes, o Boavista tinha conquistado o titulo em 13 ocasiões (20%) , o Vit. Guimarães apareceria em terceiro lugar com 11 títulos festejados (17%) e o Vit. Setubal tinha ganho 7 vezes (11%).
 
Estes quatro emblemas tinham conquistado entre si 50 campeonatos, ou seja cerca de 77% do total. Podemos então dizer que estes seriam os "quatro grandes" do futebol português.
 
Mas 8 outros clubes também tinham festejado o titulo: a Académica e o Atlético por 3 vezes, o Estoril, o Braga e o Portimonense em duas ocasiões e o Barreirense, o Sp Covilã e a CUF por uma vez.
 
O "Belém" seria campeão nas seguintes épocas:
- Década de 30: 38/39 e  39/40
- Década de 40: 40/41, 42/43, 44/45, 45/46 e  48/49
- Década de 50: 51/52, 52/53, 54/55, 55/56, 56/57, 57/58, 58/59 e 59/60
- Década de 60: 60/61 e 62/63
- Década de 70: 72/73
- Década de 80: 87/88

Resumindo, o Belenenses seria 2 vezes bicampeão, 1 vez tricampeão e por uma vez teria conquistado 7 campeonatos seguidos!!!

O "Belém" teria ainda sido vice-campeão 8 vezes e alcançado o terceiro posto em 13 ocasiões. Ou seja, nos 65 campeonatos analisados, teria chegado ao pódio 40 vezes.

Outros dados curiosos são os dados sobre os treinadores campeões. Neste caso o treinador com mais titulos de campeão em Portugal seria Fernando Vaz com 8 campeonatos conquistados, 5 dos quais pelo Belenenses, 2 pelo Vit. Setúbal e 1 com a CUF. Logo a seguir, apareceria José Maria Pedroto com 7 titulos em 3 clubes diferentes (Vit. Setúbal, Boavista e Vit. Guimarães). Dos 12 treinadores com mais de 1 titulo conquistado, Fernando Riera (3), Augusto Silva (3), Otto Glória (2) e Scopelli (2) tinham sido campeões sempre pelo Belenenses.



terça-feira, julho 20, 2004

Não deixemos entristecer as crianças do Belém

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Volto a citar o Luciano, agora por causa de uma frase que me tocou. A propósito de algo que escrevemos sobre a campanha que conduziu à nossa última vitória na Taça de Portugal, comentou ele: “Tenho tantas saudades dessa vitória, que ainda por cima não soube saborear por falta de noção do que era o Belenenses, que para mim aos 8 anos era só um bocadinho pior que o Benfica e Porto, porque o Sporting era do nosso nível. Como é bom ser criança!” A exclamação final é uma frase que, certamente, tem muitos significados, como todos facilmente entendemos. Pego nela do ponto de vista clubístico.
 
Para muitos belenenses novinhos, a relação com o seu clube começa num deslumbramento encantado, cheio de optimismo e ingenuidade,  convictos de que muitas alegrias e vitórias surgirão, naturalmente, como todos os dias amanhece ou anoitece; de que uma vitória é apenas mais uma das muitas que hão-de vir; de que uma derrota ou uma classificação é somente uma nuvem passageira; de que o seu clube é forte e respeitado; de que tem meios, ambições e possibilidades semelhantes às dos outros, dos quais se fala tanto.
 
Mas, a pouco e pouco, vem a mágoa e a ansiedade: os outros miúdos, quase todos de clubes mais bem sucedidos, que gozam com a nossa ausência de triunfos, o estádio, sempre lindo mas desoladoramente vazio (“então não há muitos belenenses, como nós?”), as vitórias que teimam em não aparecer, as derrotas que nos esbofeteiam duramente, as notícias que quase sempre nos ignoram e quase sempre falam de “outros”.
 
Depois, já na fase final da adolescência, vêm outras constatações, mais racionalizadas mas nem por isso menos dolorosas: temos realmente um déficit de meios para lutar de igual para igual com os mais poderosos; todos os anos se fala em mudar mas as coisas continuam na mesma e, muitas vezes, mudam para pior; vemos que o Belenenses é subalternizado, que não é respeitado como devia, que nos vêm de maneiras bem diferentes daquelas com que olhamos e sentimos o nosso clube. Começamos a perceber que não é por acaso que, na imprensa, nas poucas vezes em que falam no nosso Belém, o fazem a correr, sem conhecimento nem consideração, escolhendo a dedo os nossos jogadores que entrevistam para poderem perguntar sobre outros clubes – o Benfica, e o Sporting e mais o Porto. Com jogadores emprestados, então, chamam-lhe um figo, pois a relação é directa. Mas ainda quando assim não é, descobrem sempre que aquele jogador, nem que seja há 15 anos atrás, jogou num desses clubes ou que, há quatro épocas atrás, se falou uma vez em ele se transferir para um dos tais.
 
E pior, começamos a reparar que, até no nosso estádio, com esses mesmos clubes, tantas vezes jogamos fora, esmagados por um peso de adeptos e por claques mais numerosas, a que só podemos resistir como é possível. Vemos, no nosso próprio estádio, apesar da correcção que caracteriza a maior parte dos sócios e simpatizantes do Belenenses, que massas adeptas de outro clube insultam, agridem, partem, destroem e conspurcam, perante a nossa impotência e às vezes a passividade das forças policiais. (Não sei se alguém aqui já assistiu a um jogo no Restelo, contra um dos clubes com mais adeptos, rodeado por estes. Eu já, uma vez. Foi em 78/79, contra o Benfica. Felizmente, ganhámos por 1-0. Por razões que não vêm ao caso, assisti na Superior Norte, que tinha uns 90% de lampiões. É inenarrável! Que fanatismo cego, que propensão à violência e intimidação, que falta de princípios e educação mínimos, que arrogância parva e bestializante! O clima entre eles próprios é tal, que assisti à maior cena de pancadaria que vi na vida. Depois, à saída, deixavam todas as torneiras abertas (fui ameaçado por ir fechar algumas), davam pontapés no que podiam, como autênticos bichos. A sua ignorância sobre o Belém era total. O árbitro anulou-nos, muito mal (como se confirmou na TV), um golo, por pretenso fora de jogo. Pensando, não sei porquê, que ele tinha mandado marcar penalty contra eles, aprestavam-se a invadir o campo. Depois de verem que, afinal, tinha sido anulado o golo ao Belenenses e marcado fora de jogo, continuaram imperturbavelmente a chamar “gatuno” ao árbitro...etc, etc. Não é que os belenenses sejam o pináculo da perfeição humana mas não dá para comparar. É a diferença entre seres humanos e feras bestiais!).
 
E vemos que até isso (prepotências, actos que denotam o mais bárbaro desrespeito por tudo e todos) é passado em claro pela comunicação social qu,e como tantos outros poderes, são servas desses outros clubes. E olhamos à volta, e vemos que outros clubes, além desses 3, têm suportes, apoios e pressões regionais, camarárias, políticas e económicas, e que apenas nós parecemos estar sós na nossa luta, desamparados e, de certa forma, vulneráveis.
 
E vemos que é preciso ter um grande poder de encaixe, uma grande capacidade de resistir e persistir, de aguentar a adversidade  e a míngua de vitórias. A maior parte dos que nos rodeiam, são dos clubes de que é fácil ser: Porto, Benfica, Sporting... Outros, naturalmente, regra geral em acumulação com um desses clubes, apoiam o clube da sua terra. E nós, porque somos do Belenenses? Sabemos, mesmo quando não somos capazes de nos explicar, mas ninguém nos parece entender...
 
Talvez não seja bem assim para quem mora em Belém, Ajuda ou zonas adjacentes, mas todos os que moramos mais longe, já muitas vezes fomos chocados com a pergunta: “És do Benfica ou do Sporting”? (Não sei, sinceramente, como será, por exemplo, no Porto. Outros poderão explicar com conhecimento de causa). Eu sempre me enfurecia em miúdo. Antes de dizer que era do Belenenses, respondia ferozmente: “Porquê? Só há esses clubes?”. No passado, olhavam-nos com espanto, ás vezes com frases de desafio provocante. Hoje, é pior: podem perfeitamente dizer-nos “pois, está bem, nós somos todos do Belenenses ou da Académica mas diga lá qual é o seu clube a sério, ou quer esconder para não se compremeter”.
 
Hoje, eu olho o ser do Belenenses como uma enorme superioridade. Além do mais humaniza-nos. O Belenenses é e foi simultaneamente grande e fraco, vencedor e vencido. E isso ajuda-nos a saber estar em diferentes circunstâncias, a saber estar com os ganhadores ou os vencidos na terrível competição que costuma ser a existência humana; ajuda-nos a respeitar os que perdem e a não nos rebaixarmos perante os que ganham. Mas, para uma criança, sobretudo quanto não mora perto de Belém, pode ser difícil lidar com os “enxovalhos”.
 
Talvez por tudo isto, vamos aprendendo a defender-nos. Uns, refinando um saudável sentido de humor; outros, tornando-se optimistas incorrigíveis, sempre a dizer que “acreditam mais do que nunca”; outros tornam-se “marretas” militantes, sempre prontos a repetir com Camões “Vi ao bem suceder mal e ao mal muito pior”; outros, fartam-se por uns tempos, como forma de escape; outros (que me custam mais a entender), tornam-se uma espécie híbrida, semi-Belenenses semi-outro clube qualquer, que quando quer dar exemplos de alguma coisa, desconhece os factos e a história do nosso clube, e ilustra com o Benfica, o Barcelona ou o Milão.
 
De uma forma ou doutra, temos que arranjar as nossas carapaças. Mas “as crianças, Senhor?”. Essas, não as deixemos enxovalhar; não as deixemos esbofetear; não as deixemos entristecer. Não esqueçamos como o Belenenses foi grande, não desistamos de querer um Belenenses grande, não permitamos que elas desesperem de ter (algumas) vitórias e alegrias!
 
(Já que estou em maré de citações, quero dizer a satisfacão e orgulho com que, no blog do Pedro Lourenço, vi estas afirmações do Pedro Patrão:”...há 4 coisas que eu detesto no futebol, e por maioria de razão, no nosso clube:1 - Olés, o futebol não é uma tourada, nem os nossos adversários são bois.2 - Lenços brancos a achincalhar o adversário, seja ele qual for. Às vezes estamos nós na mesma situação e detesto que mo façam a mim.3 - Assobios tipo macaco para os jogadores adversário de cor negra. É racismo e também nós temos jogadores negros que se devem sentir mal com isso. Acima de tudo são homens.4 - Cânticos de "apoio" à nossa equipa, insultando o adversário, esteja ele a jogar contra nós ou não. Apoio deve ser pela positiva, não pela negativa. Se não for o adversário presente é estar a dar-lhes importância demasiada (tipo Clube da Rotunda é *****).” E com que orgulho e satisfação vi como todos concordaram! Sim, senti-me orgulhoso de ser belenenses! E acho que é caso para isso!)

Belém Dominador (2ª parte)

Belém dominador num mundo sem grandes
Artigo de Miguel Amaro, publicado no jornal Record em 21 de Julho de 2003 

Anos 40 e 50
Dominio do Sul

As duas primeiras décadas do futebol portugês sem os três grandes teriam sido completamente dominados por clubes do sul. Aliás, por emblemas de Lisboa. Logo a abrir, o Belenenses seria tricampeão, com grande superioridade em relação ao rivais: Barreirense e Académica. Os azuis sofreriam apenas três derrotas em três épocas e numa delas (39/40) seriam campeões invictos.
O Barreirense seria o primeira a travar o apetite devorador dos do Restelo com a conquista do campeonato em 1941/42. Outras excepções nessa década foram o Atlético, com os seus únicos três troféus, e o Estoril, bicampeão entre 46 e 48.
Os anos 50 seriam um passeio para os azuis. Durante essa década, o "Belém" festejaria nove títulos em dez possíveis. A excepção aconteceria na temporada 53/54 com o Sp. Covilhã a conquistar o único titulo da história.
 
Anos 60 e 70
Décadas de mudança

Os anos 60 pareciam ser pintados de azul com os do Restelo a festejar mais dois títulos, intercalados por outro campeonato histórico (61/62) por ter sido o único no qual a CUF terminava em primeiro lugar. Mas surgem novas potências e a Liga passaria a ser mais animada e competitiva pela concorrência próxima entre vários clubes. Depois da CUF, o V. Guimarães, orientado por José Vale, conquista o seu primeiro título na época 63/64. No ano seguinte é o outro Vitória, o de Setúbal, a estrear-se no topo do pódio e, depois dos minhotos somarem segundo troféu, seria a vez de a Académica se sagrar campeã. O "velho capitão" Mário Wilson guiaria a Briosa a dois títulos seguidos. A fechar os anos 60 e a iniciar os 70, o V. Setúbal apareceria como grande dominador (tetracampeão eentre 68 e 72). Essa década permitiria também mais duas estreias em termos de conquistas de campeontaos. Primeiro, o Boavista, de Pedroto, "bi" entre 74 e 76, depois, o Sp. Braga, também com dois troféus seguidos, entre 77 e 79, primeiro comandado pelo argentino Imbelloni, depois por Fernando Caiado.


De 1980 até hoje
Os "novos grandes"

A partir de 1980, o futebol passaria a ser dominado pelo Boavista e V. Guimarães, representando o papel desempenhado anteriormente pelo Belenenses. Essa superioridade foi tal que, em 24 campeonatos, só 4 lhe escaparam.
O primeiro a conseguir incomodar os "novos grandes" seria o Portimonense, único clube capaz de coocar o Algarve no mapa dos campeões nacionais. Primeiro, em 82/83, comandados por Artur Jorge (no seu único título de campeão), cortariam a meta com um ponto de vantagem sobre o Rio Ave (a melhor época de sempre dos de Vila do Conde) e V. Guimarães. Dois anos depois, já orientados por Manuel josé, os de Portimão voltariam a aconquistar o título, desta vez com vantagem de dois pontos sobre o Boavista. Durante a década de 80 só mais duas excepções: o V. Setúbal, de Manuel Oliveira (83/84) e o Belenenses, de Marinho Peres (87/88). Depois de 1988, o troféu passa a ser exclusivo de Boavista e V. Guimarães, com particular destaque para os últimos cinco anos, período no qual os axadrezados, orientados por Jaime Pacheco, seriam tetracampeões e ultrapassariam os vitorianos, com 13 títulos contra 11.

(continua)

segunda-feira, julho 19, 2004

Belém Dominador (1ª parte)

Belém dominador num mundo sem grandes
Artigo de Miguel Amaro, publicado no jornal Record em 21 de Julho de 2003
 
A menos de um mês do inicio de mais uma Liga muitos adeptos apostam já no futuro campeão. Benfica, FC Porto e Sporting surgem naturalmente como grandes favoritos e talvez únicos candidatos. Mas qual seria a sua aposta se os três grandes não existissem? É dificil imaginar o futebol português sem estes três emblemas mas foi que fizemos e aqui apresentamos o resumo de 65 classificações finais.
 
Durante 65 anos de campeonato nacional, o futebol português foi dominado por Benfica, Sporting e FC Porto. Estes emblemas reunem a simpatia da esmagadora maioria dos adeptos e tornou-se normal encarar cada Liga numa corrida a três, na qual os restantes participantes surgem praticamente como figurantes. A realidade é, e sempre foi, esta, mas se entrarmos no mundo do faz de conta chegamos a uma conlcusão: o futebol português era muito mais equilibrados e emotivo se os três grandes não existissem. O Belenenses seria o clube com mais titulos, mas outros onze emblemas já teriam festejado a conquista do troféu.
 
É dificil imaginar, mas sem os três maiores clubes nacionais tudo seria muito diferente. O "Belém", como único grande de Lisboa, teria provavelmente milhões de adeptos espalhados pelo País. O Boavista, isolado na Invicta, seria o rival por excelência. Mas o Minho estaria bem representado por V.Guimarães e Sp. Braga e o V. Setúbal talvez não andasse no sobe-e-desce, assumindo-se como grande representante da região. O Algarve também já teria feito a festa por duas vezes, ambas graças ao Portimonense e até o interior conheceria a glória futebolistica com o Sp. Covilhã campeão. E, a julgar pela aura de "clube simpático", a Académica seria um caso muito sério.
 
A partir de agora entramos num Mundo Novo. Águias, leões  e dragões deixam de existir e fazemos uma retrospectiva de 65 anos de campeonato. Não nos limitamos a retirar apenas os três grandes das classficações finais de cada ano, pois esse método não representaria os verdadeiros campeões. Ou seja, se um clube ficou no quarto lugar da Liga, mas conquistou vários pontos contra os habituais três primeiros, a sua classificação não teria sido a mesma se esses jogos não tivessem existido. Por isso, apagámos os resultados do Benfica, Sporting e FC Porto de todos os campeonatos e fizemos as novas tabelas finais.
 
A conclusão pode também revelar resposta a outra velha questão do futebol português: quem é afinal o quarto grande? Se dependesse dos resultados deste estudo não restariam dúvidas , o Belenenses seria mesmo a quarta potência, beneficiando do passado com duas décadas de domínio quase absoluto. Mas o seu ultimo titulo teria já sido festejado há 15 anos (em 1987) e assim corriam sérios riscos de ser igualados por Boavista e V.Guimarães nos próximos anos como novos dominadores do futebol luso.
 

Esta seria a melhor equipa de sempre do futebol português se os três grandes não existissem. Este plantel do "Belém" de 1959, orientado por Fernando Vaz, conquistaria o quinto titulo num total de sete seguidos. E em 12 anos, de 51 a 63, ganharia a prova dez vezes. Matateu (o terceiro em baixo, a contar da esquerda) era o goleador e grande craque dos azuis.
 
(continua)

domingo, julho 18, 2004

Ainda bem que sou do Belenenses!

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

Gostava de começar por dizer que tenho amigos e conheço pessoas que estimo entre adeptos do Benfica, do Sporting e, embora em menor número por questões geográficas, do F.C.Porto. Em qualquer clube há pessoas com e sem qualidade humana. Sou do Belenenses mas não sou faccioso a ponto de ser cego.
 
Esclarecido este ponto prévio, posso então deixar este desabafo: uma tarde com um “lampião” e um “lagarto” a falar de futebol é de enlouquecer. Irra! Tanta ignorância, tantas frases vulgares, tanta falsa rivalidade – porque, afinal, se identificam até muito! Só conhecem o que os jornais propalaram nos últimos dias. Só dizem absurdos. Só falam de vitórias a todo o custo. Desprezam tudo o resto.
 
Às tantas deixei de ripostar. Só pensava comigo: que sorte ser do Belenenses! Dá-nos tão poucas alegrias, em termos de vitórias, mas é um clube rico – de sentimentos, de dignidade, de muitas experiências e fases diferentes, de uma continuada luta pela resistência. É outra maneira de ser... outra humanidade... outra alma, mais nobre e profunda!
 
Não queria ser desses outros clubes, por mais vitórias que tenham, por mais triunfos que nos fujam no Belenenses. Não trocaria este sentimento pelo Belém por nenhum título deste mundo. Seja campeão ou despromovido (embora devamos lutar para ser campeões!), na 1ª Divisão ou nos Distritais, ainda que sem dinheiro e sem vedetas, o Belenenses é sempre o Belenenses. É muito grande... é enorme, belo e incomparável!
 
Belenenses... sempre!

sábado, julho 17, 2004

Interrogações

(Artigo da autoria de Eduardo Torres)

É já na próxima 4ª feira que o Belenenses disputa o primeiro jogo da nova época futebolística, frente ao Olhanense, e em Santiago do Cacém – na sequência das diligências feitas por dedicados adeptos azuis que ali residem.
 
Trata-se apenas de um jogo, para mais particular e de preparação; todavia, como primeiro da época ele suscita uma especial curiosidade.
 
Não podemos, certamente, embandeirar em arco se as coisas saírem bem ou desesperar se forem ao contrário. Entretanto, este jogo pode dar algumas indicações para responder às dúvidas que subsistem. Na verdade, apesar de o plantel ter sido considerado como fechado (estará mesmo, quer nas entradas, quer nas saídas?), subsistem muitas interrogações importantes e interessantes. Por exemplo:
 
* Que sistema de jogo privilegiará Carvalhal? Um mais ou menos linear 4-4-2? Um 5-3-2, a defender, transformado em 3-5-2 a atacar (e vice versa) com três centrais e dois jogadores nas laterais, a fazerem tanto de defesas como de médios-ala (talvez Amaral + Brasília ou Eliseu, em vez de Sousa + Cristiano, hipóteses prováveis no primeiro sistema)? Ou apostará num sistema com 3 atacantes, numa base de 3-4-3 (a atacar) e 5-2-3 (a defender), neste caso precisando de dois médios muito consistentes e rigorosos? Ou, ainda, ficará num muito português 4-2-3-1 (improvável, pois temos poucas soluções para trinco)?
 
* Que aposta haverá em jogadores jovens formados em Belém, como Gonçalo Brandão e Eliseu?
 
* Que valem jogadores que a maior parte de nós nunca vimos jogar? Refiro-me naturalmente a Amaral e a Sandro (devo dizer que estou optimista quanto a este, achando que, se a qualidade se confirmar, então devemos aceitar com naturalidade os seus 31 anos. Neste momento, não temos hipóteses financeiras de adquirir um jogador de verdadeira qualidade muito mais jovem; por outro lado, um defesa tende a “durar” mais do que, por exemplo, um centro-campista).
 
* Será que o Rodolfo Lima confirma as expectativas de muitos (não as minhas, confesso)? É que, além do mais, e apesar de tudo, a nossa camisola pesa mais que a do Alverca. E porque no plantel há 3 avançados de características semelhantes – Antchouet, Lourenço e R.Lima?
 
* Será desta que o Neca consegue explodir de vez? O Andersson poderá jogar no seu lugar natural? O Pelé será utilizado a trinco ou a defesa?
* Que “onze” tem o treinador na cabeça? Claro que isto depende muito da primeira questão. Estou curioso porque, neste momento, por uma série combinada de razões, só dou o Marco Aurélio como titular de caras. Talvez também o Lourenço (pena ser emprestado... e pena, dessa forma, poder tapar o Eliseu), o Sandro (se for o que julgo) e... não sei mais. “Aceitam-se apostas...”
 
Hipóteses de onzes titulares:
 
Em 4-4-2... M. Aurélio; Sousa, Sandro, Mangiarratti e Cristiano; Pelé, Andersson, Zé Pedro e Eliseu (ou Neca e Zé Pedro); Antchouet e Lourenço.
 
Em 3-5-2 / 5-3-2.... M.Aurélio; Mangiarrati, Sandro, Cristiano; Amaral, Pelé, Andersson, Zé Pedro e Brasília (Eliseu?); Antchouet e Lourenço.
 
Em 3-4-3 / 5-2-3.... M.Aurélio; Amaral, Mang, Sandro, Cristiano e Brasília; Pelé e Andersson; Antchouet, R.Lima e Lourenço. Acho esta a hipótese mais improvável; acho que Carvalhal não deixará de apostar em Zé Pedro.
 
Em 4-2-3-1.... M.Aurélio; Sousa, Mang, Sandro, Cristiano; Pelé e Andersson; Zé Pedro, Neca e Lourenço; Antchouet (mas lá estaria o Andersson a trinco... a não ser que o Tuck fizesse o lugar, avançando Andersson para o lugar de Neca...).
 
Enfim, são meras conjecturas do que o treinador pode ter na ideia. Mas, pessoalmente, gostava muito que o Gonçalo Brandão, o Eliseu, o Neca e o Ruben Amorim se impusessem como titulares...
 
Finalmente duas ou três observações:
 
Como já várias vezes disse e expliquei, sou contra o recurso a empréstimos de jogadores de outros clubes portugueses (salvo numa situação de reciprocidade); mas não tenho nada contra os jogadores que são objecto desse empréstimo, conquanto honrem a nossa camisola. A minha posição é de princípio: e, por isso, independente de, a título imediato, ficarmos, por exemplo, em 4º lugar a contar do cimo, ou 4º lugar a contar do fim da tabela. É uma questão de identidade clubística, de marcação do nosso espaço, e de horizontes para o futuro.
 
Apesar de ter feito uma má época o ano passado, Verona dava um toque de classe à equipa. Ainda tinha futebol para dar e todos os jogadores têm uma época menos boa. Não veio ninguém com as suas características. Acho que foi mal dispensado. E também não sei se foi bom deixar sair o Hélder Rosário. Tinha uma boa margem de progressão.
 
Continuo a achar que o lado esquerdo da defesa deveria ter um lateral de raiz e que precisamos de um jogador alto como referência na área. Até porque, para diferentes situações, necessitam-se diferentes soluções. E, também, porque os treinadores podem ficar anos, meses ou até semanas... Oxalá o Carvalhal fique muitos anos bem sucedidos no Belenenses. E oxalá esta seja uma época de transição para nos aproximarmos de um Belenenses forte e à altura da sua história!