(artigo da autoria de Eduardo Torres)
Os alertas de Acácio Rosa
Na edição do jornal “A Bola” de 3 de Fevereiro, de 1990, quando se começavam a aproximar no horizonte as eleições de Maio seguinte – de tristes consequências -, publicaram-se excertos de alguns depoimentos de belenenses ilustres.
Um deles, foi o de Acácio Rosa, a alma belenenses, que viveu sempre apaixonadamente atento ao seu clube, e activo nas mais diversas frentes. Sobre ele, na mesma edição, escreveu Manuel Bulhosa: “O Acácio Rosa tem o direito de dizer tudo e, mesmo que alguma vez dê um’pontapé’, merece ser desculpado. Ele é o Belenenses, um grande homem do clube da Cruz de Cristo”.
Passados quase 15 anos, as suas (de Acácio Rosa) palavras de então – que muitos, na altura, terão considerado excessivas e sem nexo – permanecem perturbadoramente actuais. Dizia ele:
“Desejamos um Belenenses fiel à mística com que nasceu. (…) Estes dirigentes não têm sensibilidade. Deixaram o Amaro e o Serafim dois anos em total abandono. Quanto tive de lutar! Novos ricos… pobres de espírito. O que mais me confrange é que a maioria dos beléns só pensa na bola que vai à trave, no “penalty” marcado ou deixado por marcar. Pensem na “Cruz ao Peito”. Pensem que nascemos pobres, num banco da Praça Afonso de Albuquerque, que não temos a petulância das campionites. Pensem como foram construídas as Salésias, como surge o Restelo. Vendiam-se as melhores pedras, para se ter um campo. Hoje temos dinheiro. Não temos gestão. Pensem que o Bingo não é eterno. (…)
Estamos a ser ultrapassados por clubes que têm menos de metade do que nós temos. Não podemos ser subservientes. Temos a nossa independência. Respeitamos e exigimos igual reciprocidade a todos os clubes (…)
Belém: ACORDA. Pensa que o clube está em perigo”.
Repito, passaram-se 15 anos… Não podemos dormir!
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