domingo, fevereiro 27, 2005

Andersson pretende ficar

Artigo da autoria de Marcus Bjorling

Em entrevista ao Site Sueco Fotbolldirekt o jogador Andersson, do Belenenses, falou sobre a sua situação futura e sobre o actual momento que vive no Belenenses, inclusivé da competição interna com Rui Ferreira por um lugar no 11.

Das suas afirmações, destacam-se as seguintes:

- "Gosto muito de aqui estar, espero permanecer mais uns anos."
- "Penso que tenho uma posição importante dentro do clube e este afastamento que começou com uma lesão é temporário e o resto da temporada correrá pelo melhor."
- "Não tenho podido treinar ao máximo desde que me lesionei, daí a ausência da primeira equipa."
- "Voltarei a conquistar o meu lugar no 11. Provavelmente, passarei a jogar com Ferreira no meio-campo. Somos dois tipos diferentes de jogador e eu provavelmente ficarei com um papel mais ofensivo. Mas não será por isso que marcarei muitos golos (risos)."

Nesta curta entrevista, salienta-se a vontade continuar em Portugal e também a vontade de reconquistar um lugar no 11 por parte de um jogador que começou a época como capitão e vinha a ser um dos mais regulares da Superliga.

Liga TMN: Duelo de Titãs

Os Guerreiros enfrentam hoje pelas 16h a forte equipa da Ovarense, actual 3ª classificada da Liga, num desafio que se reveste de vários motivos de interesse. Desde logo o de saber se é desta que os Guerreiros recuperam a confiança que os caracterizou na temporada passada.

Dos adeptos azuis espera-se que marquem presença, aproveitando o frio que se faz sentir (e que não motiva ninguém para andar na rua...) para recolherem ao Pavilhão Acácio Rosa.

sábado, fevereiro 26, 2005

Marcar passo...

Futebol e Andebol marcaram esta tarde passo nas respectivas competições. A equia principal do clube, a de futebol senior, empatou a zero no reduto do Penafiel, enquanto que no andebol, segunda modalidade histórica do Belenenses, não fomos além de uma derrota por 29-26 frente ao Ginásio do Sul, da Cova da Piedade...

Futebol

Penafiel, 0 - Belenenses, 0

Apenas a vitória interessava aos Belenenses, num jogo contra uma das equipas mais fracas do campeonato, que havia sido goleada no Restelo na 1ª volta. Mais do que uma boa exibição exigiam-se 3 pontos que permitissem iniciar a preparação de uma difícil série de jogos com a tranquiilidade que se impõe... Todavia nem 3 pontos, nem exibição digna de registo. E diz quem viu que o pontinho somado nem foi tão mau assim, tendo em conta que foi o Penafiel a equipa que mais perto esteve da vitória.

Contas feitas passamos a somar 29 pontos, e mantemos o 12º lugar da tabela, logo atrás da UD Leiria, que foi buscar 1 ponto ao Porto, perante a violenta equipa do Boavista.

Andebol

Ginásio do Sul, 29 - Belenenses, 26

A partida que colocou frente a frente 5º e 6º classificados do campeonato da Liga, respectivamente Belenenses e Ginásio do Sul, disputou-se no Pavilhão da equipa almadense, na Cova da Piedade.

Começou melhor o Belenenses, que iniciou a partida com o seguinte 7: Humberto Gomes, Diogo Pinheiro, Bruno Moreira, Tiago Silva, Pedro Matias, Jorge Meneses e João Pinto. Depois de quase 4 minutos sem golos, o Belenenses colocou-se em situação de vantagem através de Bruno Moreira.

Os primeiros 15 minutos da partida foram controlados pela equipa azul, que chegou aos 2-5 com relativa facilidade. O Belenenses jogava em ataque organizado, tentando envolver toda a equipa em bonitas combinações ofensivas e tendo como objectivo central colocar a bola no pivot ou, em alternativa, em homens soltos e prontos para o remate.

O Ginásio optou por outro estilo de jogo e desenvolveu a sua estratégia com base em duas soluções extremamente eficazes: os remates da meia distância e a velocidade e poder de remate do seu ponta esquerda. Nunca os almadenses tentaram jogar bonito, nem apresentar jogadas demasiados elaboradas... os golos todaviam começaram a aparecer.

A fase inicial da partida fica ainda marcada pela apresentação de vários cartões amarelos a jogadores do Belenenses, bem como pelo recurso excessivo da equipa de arbitragem aos 2 minutos de exclusão... A primeira parte terminava com o marcador em 15-13, favorável à formação da margem sul.

A segunda parte não trouxe grandes novidades, a não ser um maior nervosismo por parte dos jogadores azuís, que tentavam jogar andebol bonito mas pouco eficaz: os ataques da equipa belenense esbarravam no guarda-redes do Ginásio (na nossa opinião o melhor jogador em campo) ou em decisões "caseiras" da equipa de arbitragem, que assinalou sucessivas faltas ofensivas, incluindo inacreditáveis situações de invasão da área...

O Ginásio ia mantendo a diferença na casa dos 2 / 3 golos, gerindo a situação de forma inteligente, contra um Belenenses que jogava com o coração e não com a cabeça. João Pinto era o rosto do inconformismo azul, assinando golos de belo efeito e, simultaneamente, exagerando nas iniciativas individuais.

No final o marcador assinalava 29-26. O Ginásio vencia o jogo sem nunca ter jogado bonito... Venceu a equipa mais pragmática, numa partida que revela bem a falta de ritmo competitivo das equipas da Liga, vítimas de guerras e problemas a que são alheias.

Sobre a nossa equipa: fica a ideia de que se trata de um conjunto cheio de talento, que sabe jogar andebol em equipa, mas ao qual falta experiência e calma, bem como soluções tão básicas como um canhoto a jogar na ponta direita do ataque... Acredito todavia que esta equipa tem condições para conseguir melhor e dar alegrias aos sócios, numa modalidade de que tanto gostam os belenenses!

Apito dourado... volta, estás perdoado!

Luis Guilherme é um daqueles personagens que, qual rolha, se vão conseguindo aguentar à tona do "sistema" que domina o futebol português. Trata-se de um daqueles homens que se tivesse um pingo de vergonha na cara já tinha abandonado as suas funções, a bem do desporto e da sua própria (pouca) honorabilidade. Guilherme, todavia, encontra-se apostado em vingar neste pântano da arbitragem. Não admira, uma vez que o estado de degradação a que chegou a figura dos senhores do apito está, de certa forma, moldada à sua semelhança.

Desta vez, e perante um pedido do CF "Os Belenenses" para o agendamento de uma reunião com a Comissão de Arbitragem da LPFP, o inacreditável aconteceu: Luis Guilherme recusa-se a receber os representantes do Belenenses, ao contrário do que aconteceu no passado com outros emblemas.

Segundo o diário A BOLA, Barros Rodrigues guarda uma reacção para depois do confronto desta tarde em Penafiel, o que constitui uma posição sensata. Todavia espera-se da SAD e dos seus responsáveis uma resposta firme e contundente. Aguardemos, caros consócios, pelo momento certo... mas não o deixemos passar, uma vez mais, sob pena de cair no esquecimento mais um episódio caricato deste mundo quase extraterrestre que é o futebol.

Apito dourado, volta! Estás perdoado!

O jogos entre vizinhos

Não, não me enganei. Nesta altura do campeonato, Belenenses e Penafiel são vizinhos entre duas situações diferentes mas nem por isso muito longínquas: o Belém é a última das equipas do campeonato do meio da tabela, com 28 pontos (12º), e o Penafiel é o primeiro do campeonato dos aflitos, com 23 (13º).

Trata-se por isso de um jogo que pode cavar ainda mais a diferença, em caso de vitória azul. A vitória é mais do que necessária: é obrigatória! E ninguém dúvida que temos fortes possibilidades de a conseguir. O Belenenses demonstrou no último jogo uma atitude que importa manter, verdadeiramente guerreira, e tem todas as condições para trazer para Belém os 3 pontos que são afinal o objectivo central da partida.

Antchouet é a novidade depois de dois (habilidosos) jogos de suspensão. O nosso desejo é que marque pelo menos dois golos, compensando a equipa, o clube e a sua própria conta pessoal de golos. Por outro lado é tempo de Carvalhal perceber que no Belenenses não há lugares cativos na equipa, e que se impõe por um lado a aposta em Neca e por outro a substituição de Zé Pedro.

De resto só espero que a defesa mantenha os níveis de concentração de outras partidas, pois os veteranos de Penafiel são matreiros e fazem do oportunismo a sua grande arma.

Agenda Azul

Hoje é dia de jogos nas várias modalidades em que o Belém compete. Assim, e para aqueles que ainda não decidiram o que fazer neste dia de descanso, aqui ficam algumas sugestões:

Futebol
18:30h - Super Liga: Penafiel - Belenenses (Estádio 25 de Abril)
15:00h - Nacional de Juniores: Belenenses - U.Madeira (Restelo, Relvado 2)

Andebol
18:00h - Liga: Ginásio do Sul - Belenenses (Pavilhão do G.Sul, Almada)

Voleibol
15:30h - Seniores femininos (II Divisão): AD Maristas - Belenenses (Pav. Maristas, Lisboa)

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Afastamento temporário

É com grande tristeza que tenho de comunicar a todos os amigos Bloguistas o meu afastamento temporário do Blog. Infelizmente, uma série de contratempos na minha vida pessoal levou-me a tomar hoje esta decisão, de forma a poder continuar de consciência tranquila relativamente ao conteúdo do Blog, cuja qualidade não me sinto capaz de manter, pelo menos com uma rotina diária. De qualquer forma, passarei por cá todos os dias para sentir o pulsar do nosso Belenenses e, quando for oportuno, comentarei ou publicarei artigos. Mas não posso estabelecer qualquer compromisso. Fica um grande abraço para todos com a certeza de que voltarei o mais depressa possível.
Continuaçao do post.

Basket: Unidos a caminho da vitória

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O Belenenses recebe já no domingo a equipa do Ovarense num jogo relativo à 20ª jornada da Liga TMN. O encontro será disputado no Pavilhão Acácio Rosa ás 16:00 e esperamos que seja o regresso dos "Guerreiros" às vitórias. Para mais informações sobre este jogo e sobre o basquetebol azul visite www.belenensesbasket.com.

Falta de actualizações

Pedimos desculpas a todos pela falta de actualização do blog, mas infelizmente tem faltado tempo aos editores do Blog do Belenenses.
Esperamos que em breve seja retomada a actividade normal do blog.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

ENTRE O PASSADO E O FUTURO - OS ÚLTIMOS 15 ANOS


Por estranho que possa parecer, a última alegria realmente muito grande que o Belenenses nos deu, a conquista da Taça de Portugal em Maio de 1989, abriu a porta para o regresso à tristeza. Claramente, como já escrevi, não houve força ou ambição para ir mais longe, para continuar a ressurgir. Desinvestiu-se, e a época seguinte, a de 89/90, já representou um passo atrás. Depois, não houve nenhum festejo organizado dessa vitória, nem ela foi minimamente explorada, em termos psicológicos, para criar mais elán, como se impunha. Essa indiferença aos factores psicológicos – sobretudo o quase horror à psicologia das massas – é algo de tristemente continuado no Belenenses. Mais tristemente ainda: quando se fala nisso, são muitos os adeptos que se não interessam, que permanecem indiferentes, que acham que essa questão não merece um comentário. E assim, infelizmente, tal é ignorado nas candidaturas eleitorais.

Repito: depois da vitória na Taça, o Restelo parecia estar em hibernação. As assistências diminuíram drasticamente, porque não havia chama. Já antes escrevi isto mas repito porque vejo a insistência no erro de que o aumento da presença de público no Restelo é (ou será) basicamente uma consequência de bons resultados. É falso. Os factos mostram uma coisa diferente.

Bom, mas o pior estava para vir. Na sequência da já por nós repetidamente explicada vitória de Ferreira de Matos (excelente mas completamente inadequada pessoa) nas eleições de 1990 (péssima escolha dos sócios), o que restava de esperanças de reassunção da grandeza do Belenenses iria esboroar-se completamente. Nunca conseguirei perceber como é possível que, um ano depois da vitória na Taça de Portugal, os sócios tenham optado pela falta de ambição e pelo folclore menorizante. Mas enfim... As más escolhas pagam-se; e o preço foi a descida de divisão, um mar de dívidas, a entrada no anedotário nacional. Mas ainda há gente que olha as eleições com ligeireza e que, embora pense o contrário, estaria pronta para votar num Ferreira de Matos ou num Matias! Tenho a absoluta convicção disso! Ainda bem que não se perfila nenhuma candidatura assim para as próximas eleições. Caso contrário, seria vitória quase certa....

Foi talvez o maior golpe que nos auto-infligimos na história do Belenenses. A partir daí, não mais se podia sustentar que tínhamos descido (só) uma vez, por acidente. A partir daí, descer (ou não) passou a ser um facto para se lidar habitualmente! A partir daí, cada vez mais se multiplicaram os ignorantes da história do clube – e pior do que isso, que fazem gala em a espezinhar -, prontos a estarem de joelhos perante os nossos 3 velhos rivais (por causa de um Paulo Sérgio ou de um Rodolfo Lima, por exemplo) e a assanharem-se com o Penafiel ou o Gil Vicente. Às vezes, verifico, com espanto, que há gente que parece preferir que estivéssemos a lutar pelos 1ºs lugares...de uma divisão secundária!

O que restava da alma do clube ainda teve um sobressalto. Na histórica Assemblei Geral de Dezembro de 1990, num erguer de braços unânime, os dirigentes foram destituídos e eleita uma Junta Directiva, liderada pelo Major Baptista da Silva. Foi já tarde para evitar a descida de divisão mas a acção da Junta foi meritória e veio trazer um balão de oxigénio ao Belenenses.

A fim de garantir o retorno imediato à 1ª divisão, a equipa foi reforçada com jogadores de qualidade (Emerson, Mauro Airez, Luís Gustavo). Pôs-se, naturalmente, fim, à experiência dos empréstimos do ano anterior. Depois de um mau começo, a equipa embalou no 2º terço do Campeonato, agora com Abel Braga a treinador, e assegurou a subida.

A época de regresso começou com bastante fulgor, excelente futebol e boas assistências; e o regresso às competições europeias esteve por um triz. Seria ainda possível um ressurgimento do Belenenses?

A época seguinte, com três treinadores – Abel Braga, José António e José Romão – traria a (de qualquer maneira previsível) negação dessa hipótese. Entretanto, ao Presidente António Moita, de boa memória, sucedera Luís Pires, sem dúvida um belenenses de gema e com vontade de singrar mas muito instável, ou seja, sempre a mudar o plantel da equipa de Futebol. Na sua Presidência, fica, no entanto, o registo de mais um título – o 5º - de Campeão Nacional de Andebol, cuja última jornada teve lugar em Março de 1994.

Apesar de tudo, entre a 2ª metade de 1992 e a 1ª metade de 1994, o Belenenses viveu uma breve Primavera. Vejamos de que modo isso se reflectiu nas modalidades extra-Futebol:

1992 - Campeão Nacional de Juniores, em Pólo Aquático. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos. José Pinto presente nos Jogos Olímpicos pela 3ª vez.

1993 - Vice Campeão Europeu de Triatlo, por Equipas. José Mariz, Campeão Europeu de Triatlo. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi. Vencedor da Taça de Portugal de Juniores, em Râguebi. Vitória na Taça Ibérica de Râguebi, em Juniores. Campeão Nacional de Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Infantis, em Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei de Sala. Estreia na Taça da Europa de Bilhar às Três Tabelas. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos (7ª vez consecutiva). Campeão Nacional de Patinagem Artística, por Equipas. Rita Falcão, Campeã Nacional de Patinagem Livre. José Pedroso, Vice campeão Europeu de Lançamento do Martelo, em Veteranos. Joana Serpa presente nos Campeonatos do Mundo de Ginástica Rítmica.

1994 - Campeão Nacional de Andebol. Campeão Nacional de Juvenis, em Râguebi. 2ª vitória consecutiva na Taça Ibérica de Râguebi, em Juniores. Vice Campeão Nacional de Juniores, em Corta Mato.

Acresce a isto um dado muito significativo que foi – finalmente! – a conclusão e inauguração das Piscinas.

Estalou entretanto, na Primavera de 1994, uma crise directiva no clube, digladiando-se os que preconizavam uma política de contenção financeira e os que apostavam em maior investimento. Dessa crise, sobre a qual tenho uma opinião muito peculiar, que não vem ao caso, resultou a convocação de eleições.

E não é que a maioria dos sócios repetiu exactamente o mesmo erro que 4 anos antes? José António Matias sobe à Presidência e, como 1º acto – já anunciado como carácter distintivo da sua lista, face às outras candidaturas – vende Emerson, o nosso melhor jogador, ao F.C.Porto. Em contrapartida, nessa época, tivemos 4 jogadores emprestados. Salvámo-nos da descida na penúltima jornada, sob fortes suspeitas de métodos reprováveis. A equipa médica e o grande João Silva, Belenenses de décadas são marginalizados. Que falta de respeito (a mesma que levou J.A.Matias a nem estar presente no funeral de Acácio Rosa)! Pelo meio, as habituais cenas rocambolescas nas candidaturas e direcções folclóricas: por exemplo, José Romão é despedido mais ainda dirige a equipa mais um ou dois jogos (e se tivesse ganho), enquanto a Direcção espera que ele também assuma a vontade de sair, por causa das indemnizações. Sucedeu-lhe João Alves.

Este último tem uma qualidade que não podemos deixar de reconhecer: a de descobrir talentos. E isso teria sido bom para o clube, época seguinte, a de 95/96, não fosse uma série de mas e de ses. E vem então um dos extremos em que o Belenenses tem sido fértil nas últimas décadas (desinvestimento / investimento excessivo): compraram-se jogadores às carradas, alguns completamente desnecessários (como foi o inqualificável caso de Pacheco que, aliás, pelo que dissera no passado, jamais se deveria admitir que vestisse a nossa camisola. Mas quando não há sentido de dignidade...). José António Matias, talvez mal acompanhado e sem habilidade para dizer “não!”, põe o clube (e a ele próprio, sejamos justos) à razão de juros. Assumamos as nossas responsabilidades: 1º) foram os sócios que elegeram aquela Direcção; 2º) Se houvesse uma maior resposta em termos de presença nos jogos, em termos de base de apoio (correspondendo à qualidade do plantel), talvez as coisas pudessem ter sido diferentes. O final da época é um autêntico dilúvio: não se vai além do 6º lugar no Futebol, o clube está mergulhado em dúvidas, a maior parte dos nossos jogadores são vendidos ao desbarato (pergunta inocente: não houve nenhum “grande” belenenses, daqueles que prometem mundos e fundos, que permitisse aguentar a venda de um, dois ou três desses jogadores, que nos poderiam ter trazido larguíssimos proventos)?

Matias sai, deixando o clube e a si próprio em maus lençóis. Devemos ter o sentido de gratidão e de justiça de reconhecer o seu papel na conclusão das piscinas, quando era Vice-Presidente. Não duvido de que quisesse o melhor para o Belenenses.

E recomeça a luta pela sobrevivência. Há que fazer face à avalanche de dívidas que surgem de todo o lado. Em 96/97, parecia que era possível, mesmo assim, aguentar a equipa de Futebol entre os maiores. Mas, na época seguinte, já com Ramos Lopes a Presidente, a penúria do plantel, algumas arbitragens vergonhosas (por exemplo, o tristemente célebre jogo com o Benfica, no Restelo, em que perdemos 2-1 mas com... um dos “golos” do Benfica a resultar de um lance em que a bola não entrou (!!!); o outro marcado num fora de jogo aí de 10 metros) e a aparente opção deliberada de descer aos infernos para sanear o clube e recomeçar, empurraram-nos para a descida.

Foi na 2ª divisão que se reforçou a equipa a sério (criando-se, aliás, uma base defensiva para muitos anos: Marco Aurélio, Filgueira, Tuck, a seguir Wilson e Cabral). Houve mérito do injustiçado Cajuda, que fez uma prospecção de jogadores muito séria; e houve um verdadeiro esforço directivo para adquirir bons jogadores, e com uma política consistente. E isto leva-me a perguntar: porque raio é que só quando descemos é que há esse esforço para melhorar muito o plantel (91 e 98)? Será porque então se propõe um objectivo (a subida) enquanto nos outros anos é o “deixa andar”, “qualquer coisa serve”? Um grande mistério – ou talvez não...

Os últimos 5 anos estão frescos na memória de toda a gente: melhoria das instalações, recuperação financeira, sucessos em várias modalidades extra-futebol (aspectos positivos); futebol sem objectivos realmente ambiciosos (apesar de uns fogachos nas épocas com Marinho Peres e do quimérico anúncio do objectivo 4º lugar na época passada), diminuição progressiva das assistências, continuação da perda de identidade do clube (aspectos negativos).

Dia a dia, o Belenenses vem perdendo visibilidade, em parte, é verdade, por causa de uma Comunicação Social cada vez mais discriminatória, que quase só fala em 3 clubes; mas, em grande medida, porque os dirigentes nunca implementaram nem os sócios (que tendem sempre a repetir os clichés vigentes) exigem uma política de Imagem e Projecção.

Nesse aspecto, o Belenenses está por um fio. Não sabemos quando já será tarde de mais. Até os próprios sócios já desconhecem ou, mais incrível ainda, querem enterrar o peso da nossa história; a alma do clube está moribunda. Admitimos tudo, até as maiores humilhações, sem já termos noção de que são humilhações. Ou mudamos a sério... ou o Belenenses caminhará cada vez mais para um clube vulgar, sem identidade nem ambições. Mesmo que façamos um fogacho numa época futebolística, que adiantará isso com assistências de 2 ou 3 mil pessoas?

Belém, acorda! Não deixes que (os) outros te condicionem e determinem o que deves pensar (para tua própria desgraça). Não te deixes embalar, numa dormência fatal! Não deixes morrer a tua alma! Lembra-te do que foste, para saberes o que deves ser no futuro!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Pólo-Aquático Belenenses 8 - 7 CPN

O Belenenses alcançou este sábado mais uma vitória no Nacional de Pólo masculino, e subiu ao 4º lugar da tabela classificativa. O marcador fixou no final do 4º período 8-7 a favor da nossa equipa. Está de parabéns a secção de pólo e a equipa sénior, que parece embalada para um final de campeonato de alto nível... Isto para não falar na Taça de Portugal!

domingo, fevereiro 20, 2005

ELEIÇÕES – ALGUNS NÃOS (4)

Artigo da autoria de Eduardo Torres.

Espero que haja ao menos uma lista concorrente cuja política face ao exterior não se limite aos aspectos comerciais, ao tão decantado merchandising e que, em contrapartida, perceba a importância capital e prioritária de um Sector (Vice Presidência?) de Imagem e Projecção que vise colmatar uma lacuna de décadas: a de uma política coerente e sistemática que permita transmitir uma imagem correcta, forte, respeitada e apelativa do clube, tanto directamente para as pessoas em geral, como para a comunicação social, e que permita torná-lo mais popular, atraindo novos adeptos. Cabe-lhe estudar a imagem que o clube deve projectar de si, e factores de diferenciação e identidade clubísticas que se tornem chamativos. Cabe-lhe enfim, (re)acender a chamar, suscitar entusiasmo, criar élan clubístico.

Considero isto, de longe, o mais importante de tudo!

Continuaçao do post.

sábado, fevereiro 19, 2005

Vamos manifestar a nossa indignação ao país?

Que estamos todos indignados com o que ontem se passou no Restelo, bem como com as diversas "incidências" que temos vivido ao longo desta época, é indesmentível. Por isso mesmo, que tal mostrar-mos o nosso descontentamento ao país? Como, perguntam. A resposta é simples. O programa da TVI de análise da jornada (sim, aquele programa que mostra uns resumos de 25 segundos dos jogos do Belenenses) tem na sua última parte uma secção de "Fórum".

A proposta do Blog do Belenenses é simples e fácil de concretizar: vamos todos inundar a TVI com chamadas para entrar no Fórum. Alguém há-de ser escolhido, com sorte mais do que um, e aí podemos manifestar de viva voz e sem medo de sermos multados pela Liga a vigarice que grassa no futebol português e que teima em querer empurrar o Belenenses para os últimos lugares.


Tentem não ser demasiado explanativos, parece-me ser muito mais importante enumerar o rol de "erros" de que temos sido vítimas, quer nesta, quer noutras épocas. Relembrar a época de Marinho Peres e a sua saída provocada por estarmos a meter medo a muita gente, lembrar o célebre jogo com o Benfica do golo que não entrou, relembrar o jogo das Antas na época passada com 5 minutos de desconto numa primeira parte sem paragens e com o 1º golo com falta do avançado do Porto e o 2º num penalty ridículo. Lembrar o jogo nas Antas em que árbitro deu 6 minutos de descontos na 2ª parte (mais uma vez sem pausas) e em que o Porto empatou no 7º minuto.

Proponho que quem se lembrar de outros casos, os exponha aqui nos comentários para todos nós podermos fazer uma compilação e, se for o caso de nos ser dada a palavra, podermos enumerar essa lista interminável de roubos.

Esclarecimento importante...

A edição de hoje do jornal "A Bola" refere que Mendes Palitos, um dos candidatos à presidência do Belenenses, usou "um dos blogs associados ao clube" para promover o seu manifesto eleitoral. Nessa pequena notícia é referido o Blog do Belenenses, juntamente com o seu endereço na net.

Assim, e para que não restem dúvidas acerca da posição do Blog nesta matéria, aqui ficam alguns esclarecimentos:

- O Blog do Belenenses publicou de facto o manifesto eleitoral de Mendes Palitos, da mesma forma que já havia antes publicado um outro documento assinado por um conjunto de sócios (sobre as eleições), um conjunto de textos assinados pelo consócio Eduardo Torres dedicados ao mesmo tema e notícias sobre as outras candidaturas envolvidas no processo eleitoral;

- Não foi o único dos blog azuís a fazê-lo, nem tão pouco foi "utilizado" por nenhuma candidatura;

- Reafirma-se aqui a disponibilidade para publicar todos os documentos que nos sejam remetidos, desde que o seu conteúdo seja correcto na forma e devidamente assinado;

Aos jornalistas de "A Bola" agradece-se a referência ao nosso blog, mas pede-se simultaneamente mais rigor na forma e no conteúdo das notícias publicadas, em especial numa fase tão delicada da vida do Belenenses, como é o período eleitoral.

E-mail enviado para a Sport Tv

Exmos Senhores

Durante a transmissão do desafio entre o Belenenses e o FC Porto, que decorreuesta noite no Estádio do Restelo, um dos vossos colaboradores terá afirmadoque a habitual romaria dos jogadores da equipa nortenha ao Memorial que noRestelo existe dedicado ao jogador José Manuel Soares "Pepe" se deve ao factodeste ter alinhado no passado pelos dois clubes.

A informação prestada é falsa: José Manuel Soares iniciou e terminou a suacurta mas rica carreira no Clube de Futebol Os Belenenses, emblema que defendeucom brilhantismo e paixão até ao dia em que faleceu.

Assim, a ignorância dos vossos colaboradores foi novamente demonstrada. E afalta de respeito pelo Belenenses também.

Não esquecemos a forma inacreditável como em directo, durante o ano passado,dois jornalistas vossos "brincaram" com o Belenenses e com o Rio Ave. Nãoesquecemos a vergonhosa forma como os vossos comentadores - uns mais do queoutros - tratam a nossa formação. Não esquecemos a discriminação de quesomos alvo por parte da Sport TV (e neste particular não apenas pelo vossocanal).

A pior publicidade para o produto que vendem é a sua má qualidade. E essa é,comprovadamente, de baixo nível.

Rui Vasco Silva - Sócio 3887 do Clube de Futebol Os Belenenses - Almada

Raiva!


É uma raiva imensa, tudo o que tenho para partilhar. É uma tristeza profunda, que me ecoa nas raízes da alma e ressoa na cabeça, afogada no ribombar de trovões de revolta. É pensar que não vale a pena. É não acreditar e acreditar que tudo pode ser ainda diferente e tudo há-de mudar. Raiva, só raiva, porem tanta...

Hoje tive aquela que foi talvez a derrota futebolística mais difícil de "engolir" da minha vida. Tivemos o campeão do mundo à nossa mercê, mas não soubemos (e Carvalhal não quis) ser cruéis e estraçalhar aquele amontoado de jogadores de 2ª linha que juntos formam uma equipa de 2ª Divisão. Entrámos bem, mas tivemos medo. Porque se o Porto a partir de meio da 1ª parte controlou o jogo, esse controlo dava-se com trocas de bola entre os centrais e balões para a frente. Ao intervalo Carvalhal tinha de ser corajoso e tentar ganhar o jogo. Fosse tirando o estapafúrdio Petrolina (tens 10 colegas em campo amigo, que tal passar a bola?) e colocando Neca (mais uns minutinhos para deixar saudades), ou colocando Neca, Catanha ou Rodolfo Lima no lugar do esforçado, mas absolutamente nulo, Paulo Sérgio.

Mas Carvalhal esperou para ver... e viu o golo do Porto. A partir daí, até devo admitir que as substituições foram coerentes, apesar de hoje o Zé Pedro até estar a fazer uma boa 2ª parte e quem deveria saír era Juninho. Enfim... hoje não posso criticar Carvalhal, apesar de lhe pedir mais audácia. Com mais audácia podíamos ter goleado esta equipa menor que a jogar assim há-de perder por 4 ou 5 com o Inter de Milão.

E depois meus amigos, o que verdadeiramente me dói cá dentro, o árbitro encarregou-se do resto: cartões por tudo e por nada para os jogadores azuis e uma condescendência imensa para com os do Porto, nomeadamente Quaresma que agrediu Amaral e viu somente amarelo. Se aquela entrada é para amarelo, como é possível o Antchouet ter sido suspenso 2 jogos por uma entrada muito menos violenta? Sumaríssimo?...

E há depois um penalty que só não é marcado porque este é mais um dos árbitros corruptos que nos têm calhado em sorte (ou azar, ou nomeação, whatever). Depois do que vi em Leiria, não lhes dou mais o benefício da dúvida. Desejo sinceramente que sejam todos presos e sofram o máximo possível. Se a minha dor é imensa, desejo que a deles seja inexprimível por palavras.

Estou farto disto. Fartíssimo. Não sei o que faça: se ainda tenho forças para lutar, ou se me entrego a outras lutas. Não estarei, eu e todos os Belenenses, a lutar contra moínhos de vento? Valerá a pena?

Roubo de Igreja


A equipa do Belenenses foi hoje impedida de vencer a partida disputada no Estádio do Restelo frente aos actuais campeões nacionais e da Europa. O resultado final foi de 0-1, para o FC Porto, com o único golo da partida a ser apontado por Costina, no início da 2ª parte. Como a revolta é grande, e a falta de calma resulta sempre em disparates, deixamos uma crónica detalhada das incidências para mais tarde... Mas vamos avançando que hoje se assistiu no Restelo a um autêntico "roubo de igreja", protagonizado pelo Sr.Carlos Xistra e pela sua equipa.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Quem virá ao Restelo esta noite?

Quem virá ao Restelo esta noite? O campeão do mundo de clubes, ou uma equipa banal que se arrasta de vitória em empate e de empate em derrota, sem brilho e sem chama? Este Porto é, na minha opinião, o menos temível dos candidatos ao título nacional. Isto porque o Sporting é capaz do pior e é também capaz de ter períodos brilhantes, enquanto o Benfica consegue ainda ter, por vezes, alguma chama que repentinamente o Porto perdeu. Por isso, temos esta noite uma oportunidade única de vencer o Campeão do Mundo de Clubes. E com a camisola Pepe, tudo é possível...

Aguardo um Belenenses de garra e que saiba “estar em campo”, onde cada jogador sabe exactamente ao que vai, qual a sua missão e qual a dos seus colegas. Um Belenenses que entre em campo decidido a discutir o jogo e que disso não seja impedido por “forças estranhas”.

Aguarda-se a utilização do equipamento Pepe, estreado na recepção ao Benfica e que nos traz uma grata memória. Curiosamente, mas certamente sem ser casual, estará hoje à venda na Loja Azul esse equipamento (impressionante, uma jogada de marketing bem pensada...). Espero ver as bancadas cheias de equipamentos Pepe, exactamente o equipamento com que levaremos de vencida o Porto e nos aproximaremos dos lugares europeus.

Um último parágrafo ainda para relembrar as palavras de Juninho Petrolina, que pediu aos adeptos azuis para se deslocarem em massa ao Restelo. Pediu ele esta semana, como pedem sempre os jogadores do Belenenses, que querem sentir o apoio das bancadas. Apoio!

Hoje vamos todos esquecer que não gostamos deste ou daquele jogador, que não concordamos com o treinador e APOIAR O NOSSO BELENENSES? Vamos a isso!

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

MANIFESTO ELEITORAL DE DR. ANTÓNIO RODRIGUES MENDES PALITOS

POR UM BELENENSES COM ALMA E EMOÇÕES.
CHEGOU A HORA DE MUDAR E DE GANHAR
TRABALHO, PROFISSIONALISMO, SERIEDADE, AMBIÇÃO, VITÓRIAS

AS NOSSAS AMBIÇÕES

Com esta minha Candidatura, estão todos os que achamos que O BELENENSES MERECE MAIS E MELHOR e que chegou o momento decisivo da nossa História:
- Optamos pela mudança e viramo-nos para fora, para a sociedade, para o país e para o mundo, para a competição e para a vitória, num grande projecto desportivo que nos levará em poucos anos a voltar a ser indiscutivelmente UM DOS GRANDES
- Ou preferimos a continuidade de vivermos virados para dentro, sem alma e sem ambição, descontentes e mal dispostos, e sempre condenados a viver épocas de grande aflição.

A nossa opção está feita e só podia ser a primeira. Fazer do Belenenses um GRANDE CLUBE, um CLUBE COM ALMA. Queremos voltar a disputar os lugares cimeiros. Vamos trazer a massa associativa para dentro do Clube e para as bancadas do Restelo. Crescer com melhor organização e muito bom senso. Usando os recursos próprios, mas sempre recusando as loucuras que fizeram a ruína dos outros.
O Belenenses merece MAIS e MELHOR.

20 OBJECTIVOS E 20 COMPROMISSOS
- Queremos iniciar um processo, com cabeça, tronco e membros, que leve o Belenenses a ser um dos quatro maiores clubes de Futebol portugueses até 2010, um clube com alma e ambição, capaz de vencer a Super Liga e ganhar o acesso às competições europeias e de nelas se prestigiar e valorizar;
- Vamos consolidar o ainda precário equilíbrio económico e financeiro do Clube. Este não deverá ser entendido numa lógica de “mercearia” e sim como uma realidade dinâmica e de desenvolvimento assente sobretudo em recursos próprios. O Trabalho profissional, honrado e competente, deve progressivamente impor-se ao amadorismo auto- -desresponsabilizador e algo hipócrita que tem empurrado ciclicamente o Clube para situações de crise;
- Devemos investir com determinação, mas sensata e inteligentemente, na valorização do plantel, evitando as tradicionais soluções em que o Belenenses funciona como pau de cabeleira dos negócios alheios, como parque de estacionamento dos interesses de terceiros, ou como vendedor de lebre a preço de gato;
- Poremos à disposição do Clube os recursos financeiros necessários à renovação do plantel, sem perder de vista a sustentabilidade do processo; os recursos envolvidos devem ser não mais do que os necessários e não menos do que os suficientes, rejeitando-se assim as megalomanias que puseram no passado o Clube em perigo, mas aceitando investir em jogadores de comprovada qualidade e com futuro à sua frente. Não embarcaremos na presente onda de contratações de duvidosa qualidade no mercado brasileiro, que tantas vezes se revelam péssimos negócios e que nem sempre se concretizam com a necessária transparência ;
- Implementaremos em todas as estruturas do Clube uma gestão profissional por objectivos, com orçamentos de base zero, definição anual de metas quantificadas e verificáveis e efectiva responsabilização dos decisores pelos resultados alcançados;
- Importa criar mecanismos efectivos de controlo da execução orçamental e uma estrutura interna de auditoria financeira e jurídica;
- Aumentaremos drasticamente as receitas em áreas actualmente mal exploradas, mas decisivas para um Clube moderno e com ambições (plano de marketing estratégico, angariação sistemática e profissional de grandes patrocínios, etc.) e manteremos o controlo apertado sobre os custos que não tragam efectivos benefícios ao Belenenses ;
- Importa devolver o Belenenses aos Sócios, atraindo-os (os actuais e os futuros) para a vida do Clube, fazendo mais e melhor comunicação e criando condições para a sua participação e envolvimento neste projecto de mudança, que se pretende seja feito com alma e com emoção. Isso permitirá também aumentar o número de sócios efectivos pagantes, acabando-se com a actual situação em que uns pagam e outros não. Queremos chegar a uma situação em que todos os 30 mil sócios possam votar, porque pagaram voluntariamente as suas quotas e se reconciliaram o Clube. Não nos contentaremos com uma “democracia” só para alguns, porque isso diminui a grandeza do Belenenses, alimenta injustiças e descontentamentos e faz correr o risco de se elegerem Direcções com o voto de apenas um punhado de “amigos”;
- Reforçaremos a democraticidade interna do Belenenses, com a transparência da Gestão e através da realização de inquéritos regulares de opinião aos sócios acerca de questões importantes da vida do Clube;
- Assumiremos sem complexos a prioridade ao Futebol profissional, no respeito pelo nome do Clube, mas continuaremos a apoiar adequada e realisticamente outras modalidades onde exista maior potencial desportivo e perspectivas comerciais sólidas: Andebol, Basket, Natação e Rugby. Estudaremos a viabilidade económica do regresso em força ao Ciclismo. Estudaremos ainda a potencialidade do Futsal e do Hóquei, implementando prioritariamente a primeira que tão bons frutos está a dar; Envolveremos a massa associativa neste processo estratégico. Apoiaremos com realismo as outras modalidades ditas “amadoras”, proporcionando-lhes melhores recursos próprios, rumo à sua autosustentação, a prazo;
- Defenderemos intransigentemente, em sem complexos de subalternidade, os interesses do Belenenses nas estruturas associativas do Futebol – Liga, Federação e Associação. Deve ser o Clube a definir os seus interesses, as suas prioridades e o seu calendário. Por isso, não andaremos a reboque de terceiros e nunca mais serviremos de muleta a projectos de poder de terceiros. Exigiremos sempre ser tratados em pé de igualdade; e praticaremos uma política de relacionamento cordial com todos os agentes, clubes e instituições desportivas desde que estes tratem o Belenenses com seriedade e respeito;
- Será criado um “Espaço do Sócio” no Complexo Desportivo do Restelo, dotando-o progressivamente de um Café Internet, um espaço de TV e Vídeo, uma área de ginásio, área de ateliers, área de leitura e similares. Este espaço será economicamente autosustentado e constituirá uma tertúlia de convívio da Alma Belenenses. Pretende ser uma alternativa concreta ao espírito que ainda hoje domina o Restelo;
- Proporemos uma cuidadosa revisão dos Estatutos, melhorando a democraticidade da vida do Clube, e designadamente regressando-se aos mandatos de três ou quatro anos dos corpos sociais, única forma de assegurar a indispensável estabilidade de gestão e a viabilidade de cada “ciclo de projecto” em termos de Gestão;
- Daremos seguimento aos projectos imobiliários anunciados pela Direcção cessante para o perímetro do Estádio do Restelo que se revelem como correctos, mas efectuaremos rapidamente uma avaliação cuidadosa e uma auditoria independente aos compromissos eventualmente já celebrados com terceiros, em ordem a garantir que os mesmos não prejudicarão o desenvolvimento das actividades desportivas e assegurando, em qualquer caso, a optimização do retorno económico e financeiro de tais empreendimentos, procurando evitar a alienação de património;
- Investiremos mais e melhor no Futebol Infantil e Juvenil e no funcionamento da Escola de Formação Vicente Lucas, designando um Gestor profissional para toda esta áreas, de forma a que o Clube possa beneficiar a prazo da grande riqueza e potencial das camadas mais jovens. Estas devem ser encaradas como um importante viveiro do Clube e como uma potencial fonte de grandes receitas a médio e longo prazos, assumindo uma filosofia de Clube que aposta primeiro na formação, valorização e aproveitamento dos seus próprios recursos e que só complementarmente recorre ao mercado de jogadores para suprir lacunas competitivas; De igual modo, mais e melhor investiremos na formação do Andebol e Basket;
- É importante profissionalizar e desenvolver a área de Marketing, Patrocínios e Merchandising, valorizando as marcas “Belenenses”, “Belém” e “Liga Azul”, criando produtos e serviços mais apetecíveis, celebrando acordos com entidades prestigiadas, tornando este sector num importante centro de receita, virando-o para todo o mercado e não apenas para o interior do Clube;
- Lutaremos pela mediatização do Belenenses, de forma a que ele passe a merecer o acesso às primeiras páginas dos jornais e aos espaços de debate desportivo nas televisões. Para tanto, será celebrado um acordo de cooperação preferencial entre o Belenenses e um dos grandes grupos mediáticos portugueses, líder de mercado, de forma a que o Clube consiga desenvolver e aproveitar importantes sinergias na Imprensa, Rádio e Televisão, assim se conseguindo reforçar o seu prestígio e notoriedade e o seu capital de influência no sector desportivo;
- Prosseguiremos uma política de correcto e leal relacionamento com os investidores no Clube e lutar pela melhoria dos contratos de direitos audiovisuais;
- É preciso ordenar, limpar e beneficiar algumas instalações e espaços técnico-desportivos no Complexo do Restelo, contrariando a sua evidente degradação. Isso deve ser feito sem recurso a grandes despesas, porque tal não será necessário para melhorar as condições de utilização por todos os atletas das várias modalidades. Será assegurada uma melhor higiene desses espaços, especialmente em alguns balneários, o que actualmente não acontece devido ao laxismo e desmazelo;
- Recuperaremos a tradição dos troféus anuais que distingam os atletas e sócios de grande mérito; e que distingam também, em certos casos excepcionais, outras personalidades que tenham prestado serviços muito relevantes ao Belenenses.

ELEIÇÕES – ALGUNS NÃOS (3)

Artigo da autoria de Eduardo Torres

Espero que, ao contrário do que sucedeu em outras ocasiões, nomeadamente aquando das eleições de José António Matias (1994) e da dupla Ferreira de Matos / Joaquim Cabrita (1990), não saia vencedora, do próximo acto eleitoral no Belenenses, uma candidatura que se caracterize pelo conformismo e falta de ambição.

Há quem diga que foi a ambição - o excesso de ambição - que provocou os grandes males no clube. Eu, com base nos factos, penso exactamente ao contrário. Os que mais enterraram o Belenenses (possivelmente de modo involuntário, não discuto isso) sempre se caracterizaram pelo cinzentismo, por uma imagem de subalternização do clube, por uma postura de conformismo com a menoridade. Para alguns, dá jeito pensar que o problema é ser-se ambicioso: baixa o nível de exigência, e instala a cultura do “qualquer coisa serve”. Mas...


Foi pela falta de ambição que José António Matias começou logo por vender o nosso melhor jogador de então (Emerson), enchendo o clube de emprestados do F.C.Porto e do Benfica, sintoma invariável de menoridade e subalternização face aos clubes emprestadores. Foi por causa da falta de ambição que Ferreira de Matos / Joaquim Cabrita acusaram a lista (infeizmente!) perdedora, liderada pelo Major Baptista da Silva, de megalomania e excesso de ambição; e que, uma vez eleitos, se puseram de joelhos face a Benfica, F.C.Porto e Sporting, para apanharem umas migalhas, no caso uns jogadores emprestados pelo F.C.Porto e o acabado Chalana (“a fim de que este não estivesse parado no Benfica”!!!), e transformarem o Belenenses num clubezinho folclórico, exposto ao ridículo e aos desastres desportivos.

Não quero, de maneira nenhuma aventureirismos; mas não votarei numa lista que revele conformismo e falta de ambição em afirmar (com a sua postura e as suas obras) o Belenenses com um grande clube: uma ambição lúcida, inteligente e fundamentada!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

ENTRE O PASSADO E O FUTURO - SÍNTESE DO PASSADO – PARTE V – DE 1982 a 1989

Entramos aqui no período cronológico que, para mim, posso chamar os tempos modernos (que antecedem os contemporâneos). Isto surpreenderá os que têm bastante menos que os meus 43 anos ou os que de história do clube não têm mais memória do que a de meia dúzia de anos. Mas até esses, um dia, concluirão, como eu, que o tempo voa, e as distâncias que antes nos pareciam longínquas se tornam próximas.

Caído na 2ª divisão, pela primeira vez na sua longa e gloriosa história, em 1982, ainda por cima com um déficit tremendo (e justamente, em larga medida, por causa disso), o Belenenses vivia dias sombrios e o futuro estava cheio de presságios negros.

Valeram, nesta emergência, um punhado de belenenses corajosos e a fidelidade dos verdadeiros adeptos do clube. Entre eles, cumpre destacar Acácio Rosa que, uma vez mais, no início quase sozinho, tentou estancar a queda, começou a inverter a situação, opôs-se à anarquia instalada (com o Belenenses ao abandono, qual quinta sem dono!), diminuiu despesas e aumentou receitas, restaurou a dignidade clubística. Depois, Mário Rosa Freire, que fez ressurgir o clube do ocaso futebolístico e, em seguida, o liderou durante alguns anos em que se obtiveram os melhores êxitos futebolísticos das última décadas: uma Taça de Portugal, uma outra presença na final dessa prova, um 3º lugar no Campeonato, o regresso, durante 3 anos consecutivos, às competições europeias. Como algum dia, inspiradamente, escreveu Alexandre Pais, a sobrevivência do Belenenses foi, em grande medida, “o milagre dos Rosas” – que curiosamente se haveriam de digladiar entre si.

Grande parte dos adeptos actuais não podem imaginar o que significava, então, o Belenenses ter descido ao inferno da 2ª Divisão (correspondente à actual Divisão de Honra). Não era um facto normal e, muito menos, costumeiro; era, sim, algo de insólito e quase inacreditável. Naqueles tempos não se ouvia, como hoje se ouve com tanta frequência - e com tanta ligeireza e tanto despudor, que muito nos ferem, diga-se de passagem – “os nossos rivais são os clubes pequenos não são os chamados grandes”. Para todos os belenenses de então (e ainda hoje, julgo eu, para aqueles que se prezam), o nosso clube era um dos grandes e os outros (grandes) eram/são os seus verdadeiros rivais – sem o que continuaremos a perder a identidade e caminharemos para a morte. Aquela estadia na divisão secundária parecia-nos um verdadeiro exílio, uma penosa expiação.

Muitos de nós, entre os quais me incluo, temeram mesmo que aquela pudesse ser uma queda sem retorno de um clube desvitalizado. E isso pareceu confirmar-se logo no jogo inaugural na 2ª divisão, com um descolorido empate 0-0 no Restelo, frente ao Olhanense, prolongar-se-ia com uma época cinzenta e decepcionante, que raramente deu esperanças de subida (terminámos em 5º lugar), e afigurava-se continuar com desacertos e mudanças de treinadores na primeira parte da época de 1983/84. Só com a vinda do treinador Jimmy Melia encarreirámos de ver, assegurando um muito festejado regresso à 1ª Divisão (mais de 30.000 pessoas no último jogo no Restelo) e o título de Campeão Nacional da 2ª Divisão.

Durante o calvário de tristes resultados no futebol, valia-nos a consolação de, por um lado, se notar um cerrar de fileiras e sinais de recuperação financeira; por outro lado, as proezas obtidas nas modalidades extra-futebol. Vejamos os feitos obtidos nesse terrível período de 1982 a 1984:


1982 - Vencedor da Taça de Portugal em Andebol (triunfo por 26-24 sobre o Benfica, na Final). Vencedor da Supertaça em Andebol. Campeão de Lisboa de Iniciados, em Andebol. Campeão Nacional de Juniores, em Basquetebol. Campeão Nacional de Juvenis, em Basquetebol. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Basquetebol. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Finalista da Taça de Portugal em Râguebi. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi. Finalista da Taça de Portugal de Juniores, em Râguebi. Estreia nas Competições Europeias de Hóquei em Patins. José Pinto, Campeão Nacional de 20 Km Marcha. Ana Rute Almeida, Campeã Nacional de Patinagem Artística. Maria José Falcão, Campeã Nacional de Ginástica. Maria João Falcão, Cristina Lebre e Elsa Lebre presentes no Campeonato Europeu de Ginástica Rítmica. José Pinto presente nos Campeonatos Europeus de Atletismo.

1983 - Campeão Nacional de Juniores, em Hóquei em Patins. Campeão de Lisboa em Hóquei em Campo. Campeão Nacional de Juniores, em Basquetebol. Campeão de Lisboa de Juniores, em Basquetebol. Finalista da Taça de Portugal, em Râguebi. José Pinto, Campeão Nacional de 20 Km Marcha. José Pinto presente nos Campeonatos do Mundo de Atletismo. Campeão Nacional de Ginástica Rítmica. Vencedor da Taça de Portugal de Ginástica Rítmica. Cristina Lebre, Margarida Carmo, Maria José Falcão e Ana Cristina Peleira presentes no Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica. Reinicia-se a actividade da Natação e do Pólo Aquático.

1984 - Vice Campeão Nacional de Andebol. Vencedor da Taça de Portugal, em Andebol (triunfo sobre o Benfica por 20-18, na Final). Vencedor da Supertaça, em Andebol. Campeão Nacional de Juniores, em Basquetebol. Campeão de Lisboa de Juniores, em Basquetebol. Finalista da Taça de Portugal em Râguebi. Vice Campeão Nacional de Juniores, em Equipas Masculinas de Atletismo. Campeão de Lisboa de Atletismo, em Equipas Juniores Masculinas. Campeão de Lisboa, em Hóquei em Campo. José Pinto, Campeão Nacional de 20 Km Marcha (5ª vez consecutiva). José Pinto bate o próprio Record Nacional de 50 km Marcha e obtém 2ª melhor marca ibérica. José Pinto participa nos Jogos Olímpicos em Atletismo – 8º Lugar nos 50 Km Marcha. Maria João Falcão e Margarida do Carmo participam nos Jogos Olímpicos, em Ginástica Rítmica. Vitória na Taça de Portugal de Ginástica Rítmica.

Face a isto – que resulta de uma compilação que jugo inédita - reitero o que em tempos já escrevi: em épocas de crise sombria do Futebol (sem dúvida, claro, o cerne do Clube...de Futebol Os Belenenses) foram algumas outras modalidades a manterem viva a chama do orgulho clubístico. À atenção dos que defendem que se deve apostar tudo (só) no Futebol!...

As épocas seguintes ao regresso à 1ª divisão foram, em síntese (com as inevitáveis oscilações e períodos ou jogos menos bons), algo que conservamos na memória com muito agrado. Deixaremos um rápido resumo, uma vez que já sobre elas falámos abundantemente.

1984/85 – Para 1ª época de retorno, um bastante razoável 6º lugar no Campeonato

1985/86 – 7º lugar no Campeonato (mas com um bom final, já com Henry Depireux a treinador), 3 jogadores presentes entre os 22 que foram ao Campeonato do Mundo no México e, 26 anos depois, o regresso a uma final da Taça de Portugal. Perdemos 2-0 com o Benfica mas podíamos ter resolvido o jogo a nosso favor nos primeiros dez minutos

1986/87 – Liderança do campeonato até à 8ª Jornada, a primeira vitória sobre um dos outros grandes após o regresso à Divisão maior (2-0 sobre o Sporting, com 45.000 pessoas no Restelo; houve enchentes idênticas contra F.C.Porto e Benfica e outras excelentes assistências, por exemplo, contra Académica, V.Guimarães e Chaves). Algumas exibições espectaculares, nas quais pontificaram Jaime, Mapuata e Mladenov (este, trazendo um “perfume” de classe ao nosso futebol). No final do Campeonato, a conquista do acesso às competições europeias.

1987/88 – Excelente réplica na eliminatória da Taça UEFA com o Barcelona (pela 3ª vez no nosso caminho): derrota 2-0 em Nou Camp (com os 2 golos sofridos no período de descontos!...) e vitória 1-0 no Restelo (com o 2-0 a escapar-nos por um triz diversas vezes). 3º Lugar no final do Campeonato – o regresso ao pódio, 12 anos depois.

88/89 – Liderança do Campeonato nas 5 primeiras jornadas. Eliminação do Bayer Leverkusen, detentor da Taça UEFA, nesta competição, com dupla vitória por 1-0. Conquista da Taça de Portugal, após vitória por 2-1 sobre o Benfica, com o Jamor a transbordar, e mais de 20.000 belenenses presentes, e a consequente garantia do acesso, pela 1ª vez,
à Taça das Taças.

Durante estes anos, assistimos a algo que, incrivelmente, foi único nos últimos 30 anos: a construção coerente e sistemática de uma equipa, ano após ano, todas as épocas garantindo alguns verdadeiros reforços (como vimos detalhadamente em artigos anteriores) e, ao mesmo tempo – aspecto muito importante – não vendendo NENHUM dos jogadores de qualidade. E aqui, toco num ponto que gostaria de frisar, e no qual tenho uma posição muito própria, e invulgar nos dias que correm: sou totalmente CONTRA a venda dos jogadores que nos interessem a equipas portuguesas, mesmo que isso traga um bom encaixe financeiro. A única excepção é se a nossa solvibilidade depender radicalmente dessa venda. A ter que se vender, que se procure fazê-lo para clubes estrangeiros, porquanto:

1º Pagam mais e melhor;
2º Não fortalecemos os nossos adversários;
3º Não nos menorizamos nem contribuímos para alimentar o domínio ditadorial de certos clubes todo-poderosos (como ainda há pouco vimos no caso da ida de José Couceiro para o F.C.Porto, oportunamente comentada neste blog).

A conversa de “não cortar as pernas” é, em si mesma, absurda. Os jogadores e treinadores estão ao nosso serviço (e não o contrário), recebem ordenado e assinaram um contrato. Eles decerto não se vão deter em considerações como “não cortar as pernas ao Belenenses” quando trocam o nosso clube por outro. O posicionamente deve, pois, ser recíproco. Lembremos, para não recuar mais, a triste “borrada” que fizemos com a venda do Emerson: excelente negócio sim, mas para o F.C.Porto (que se limitou a ter olho). Poder-se-á dizer: “ah, mas o Boavista vendeu e vende... o Braga, idem”. E eu respondo: Pois, mas isso é o Boavista. E nós não podemos ser o Boavista II ou o Braga II. Se quisermos ir por esse caminho, que nega a identidade do clube, continuaremos a insistir na via que, por exemplo, levou à desertificação do Restelo (cuja causa principal é que, por falta de afirmação da nossa identidade, por arrefecimento de paixão e de orgulho, os adeptos não aguentam mais e afastam-se). Bem sei que o Boavista, nos últimos 15 anos, tem obtido melhores resultados que nós. Isso não está em causa. O que contesto é que, para tentar inverter a situação, devamos continuar a procurar imitá-los.

Como já vimos no artigo anterior, prova de que bons resultados no Futebol não são incompatíveis com bons resultados nas outras modalidades, são os sucessos nestas alcançados durante esses anos de retoma:

1985 - Campeão Nacional de Andebol. Vice Campeão Nacional de Juniores, em Andebol. Vice Campeão de Lisboa de Juniores, em Andebol. José Pinto, Campeão Nacional de 50 Km Marcha. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos. Vencedores da Taça Ibérica de Veteranos, em Ténis. Estreia na Taça dos Campeões Europeus de Veteranos, em Ténis. Campeão de Lisboa de Infantis, em Hóquei em Campo. Minervina Tomás, Campeã Nacional de Pentatlo Moderno.

1986 - Vice Campeão Nacional de Andebol. Vice Campeão Nacional de Juniores, em Andebol. Vice Campeão de Lisboa de Juniores, em Andebol. Vencedor da Taça de Portugal de Juniores, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Infantis em Hóquei em Campo. José Pinto presente nos Campeonatos da Europa de Atletismo.

1987 - Finalista da Taça de Portugal, em Andebol. Campeão de Lisboa de Andebol, em Iniciados. Campeão Infantil de Lisboa, em Andebol. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi. Finalista da Taça de Portugal de Juniores, em Râguebi. Vencedor do Torneio Nacional de Juvenis, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos. Minervina Tomás, Campeã Nacional de Pentatlo Moderno. Manuel Manteigas, Campeão Nacional de Duatlo. José Pinto, Campeão Nacional de 50 Km Marcha. José Pinto presente nos Campeonatos do Mundo de Atletismo (pela 2ª vez). José Pinto presente nos Campeonatos Europeus de Pista Coberta. José Pinto presente na Taça do Mundo de Marcha. 1º jogo da Equipa Feminina de Râguebi.

1988 - Finalista da Taça de Portugal em Andebol. Vice Campeão de Lisboa de Juniores, em Andebol. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Andebol. Campeão de Lisboa de Infantis, em Andebol. Equipa Júnior de Râguebi chega pela 1ª vez à final da Taça Ibérica. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Andebol. Campeão de Lisboa de Iniciados, em Andebol. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos. Conquista da Taça Ibérica de Ténis, em Veteranos. Vice Campeão de Lisboa, em Hóquei em Campo. Finalista da Taça de Portugal, em Hóquei em Campo. Estreia do Hóquei em Campo na Taça das Taças. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Hóquei em Patins (de 6). Início da actividade do Triatlo. Teresa Ramos, Campeã Nacional de Pentatlo Moderno. Teresa Ramos participa nos Campeonatos da Europa de Pentatlo Moderno. Campeão Nacional de Marcha em Seniores, Juniores e Juvenis. José Pinto, Campeão Nacional de 50 Km Marcha. José Pinto participa nos Jogos Olímpicos em Atletismo (Marcha).

1989 - Campeão de Lisboa de Juvenis, em Andebol. Campeão de Lisboa de Iniciados, em Andebol. Finalista da Taça de Portugal em Râguebi. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi (3ª vez consecutiva). Finalista da Taça de Portugal de Juniores, em Râguebi. Equipa Júnior de Râguebi chega pela 2ª vez consecutiva à final da Taça Ibérica. Vice Campeão Nacional de Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Hóquei em Campo. Finalista da Taça de Portugal em Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Vice Campeão Nacional de Juvenis em Hóquei em Campo. Vice Campeão de Lisboa de Juvenis em Hóquei em Campo. Campeão Nacional de Ténis, em Veteranos. Teresa Ramos, Campeã Nacional de Pentatlo Moderno. Teresa Ramos participa nos Campeonatos o Mundo de Pentatlo Moderno. Campeão Nacional de Marcha Atlética, por Equipas. José Pinto, Campeão Nacional de 50 Km Marcha. José Pinto presente na Taça do Mundo de Marcha (pela 2ª vez).

E em 1989 terminou o nosso breve período de (só) parcial ressurgimento – em grande medida potenciado pelo golpe de asa que foi a abertura do Bingo, em Março de 1986, em zona privilegiada. Tempos terríveis, mais terríveis que nunca, viriam a seguir... Vê-los-emos no próximo artigo, em que encerraremos esta digressão pelo passado, para, a partir de então, nos situarmos no presente e nos dirigirmos para o Futuro.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Por falar em assistências...

Não gosto de ser alarmista e faço por não o ser. Por isso digo que a presença de tão pouco público nas bancadas não me parece assim tão grave quanto isso, por uma série de factores diversos. O mesmo não significa que não me deixe profundamente triste, até porque poucas acções ver serem tomadas para inverter a situação.

Há uns meses atrás, por altura do jogo com o Boavista, tinha vários convites. Contactei vários amigos no sentido de irem ao Restelo. Muitos deles foram pela última vez ao Restelo ver o jogo com o Braga da época passada, e grande parte desses deram a resposta óbvia para quem não seja um verdadeiro apaixonado pelo clube: “Para ver tristezas? Deixa estar, obrigado.”


Ou seja, levar gente ao Estádio não se consegue em 2 dias, nem 2 semanas, nem 2 anos. Até porque mesmo uma “enchente” pontual pode significar um retrocesso: querem melhor exemplo que o tal jogo com o Braga?

É preciso haver um projecto estruturado capaz de integrar diversas vertentes: a paixão, o preço, a qualidade do recinto, a qualidade do espectáculo e, acima de tudo, o resultado final. Porque no fim de contas, por muito bonito que seja jogar bem, o que o adepto quer é ver a sua equipa ganhar. E não me convencem com “tretas” de que há um público que gosta de futebol, e não deste ou daquele clube. Se estamos à espera desses para fazer receita, então teremos umas dezenas de espectadores por jogo… a não ser que haja o tal projecto a longo prazo.

Comecemos então a analisar as diversas vertentes:

Paixão – Infelizmente, sucessivos erros desportivos e de gestão têm afastado muitos adeptos. Para além disso, é preciso não esquecer que “bases de apoio” como a Ajuda, Belém ou Alcântara estão envelhecidas. Mas tal como o resto da cidade antiga, algumas dessas zonas estão a ser reocupadas por uma nova geração e aí temos “material humano” para “apaixonar”. Porque as paixões alimentam-se, senão extinguem-se. Há ainda o problema de grande parte dos “crónicos” espectadores preferirem apupar a equipa em vez da apoiar. Esses ainda lá vão… e os outros que compram o cativo e não aparecem? E os outros que só vão de 2 em 2 anos? E aqueles que vão sempre que é de borla? Não teremos de os apaixonar? Como isso é conseguido? Esqueçam fórmulas milagrosas, há que ser paciente e saber receber os espectadores. Há que criar hábito. Querem melhor exemplo que as músicas que são passadas antes dos jogos e durante os intervalos? Uma lástima, sucessos já com bolor, se calhar de um tempo em que o Belenenses até ainda tinha chama, mas que não se coadunam com um espectáculo do Séc. XXI. Passar meia-hora a ouvir hits dos anos 80 é um mau prelúdio para o jogo. Custará assim tanto passar músicas que as pessoas tenham vontade de ouvir? Nem que seja o último êxito dos inenarráveis O-Zone. Quem é que nunca trauteou aquela coisa horrenda chamada Dragostea Din Tei??? Ora aí está, se toda a Europa trauteia tal coisa sem fazer a mais pequena ideia do que seja, é porque foi criado um hábito. Tantas vezes ouvimos aquilo no rádio ou na TV que nos habituámos. É o que temos de fazer no Estádio. Habituar as pessoas a frequentá-lo, começando por despertar a paixão. Relativamente à paixão, penso até que temos uma grande vantagem relativamente aos outros clubes de Lisboa, nós ainda somos 2 coisas que eles deixaram de ser: um “Clube” e “de Lisboa”. Há que aproveitar as vantagens que daí podemos retirar (e são tantas). Para além disso, é importante “piscar o olho” aos concelhos de Oeiras, Sintra e Cascais, praticamente desprovidos de representação futebolística.

Preço – Este tema já aqui foi mais do que debatido, portanto se calhar voltamos a bater na mesma tecla. Mas não se compreendem os preços praticados, é um facto. Preços de Liga dos Campeões para mais um jogo entre equipas do meio da tabela é ridículo e é matar o futebol. Dizem que um dos problemas de ter muita gente, é que isso aumenta os custos, portanto diminuir o valor dos bilhetes acaba por diminuir ainda mais a margem. Para alguém que só vê em frente, sim, de certeza. Mas e que tal rentabilizar essas pessoas que estão “por nossa conta” durante 2 horas? Incremento de receitas de patrocínios, merchandising, apoio à equipa e consequentemente melhores resultados desportivos, apostar nos serviços para além do raio do jogo na relva… com 3 ou 4 vezes mais pessoas, os bares não facturam muito mais? Não poderemos então cobrar mais pelo aluguer do espaço? E não trará ainda mais empresas interessadas em explorar os bares, fornecendo serviços de melhor qualidade, sendo mais rentáveis e, consequentemente, termos um ainda melhor retorno financeiro? Tenho o máximo respeito pelos vendedores que andam nas bancadas, mas por favor: batas fritas, nougats e afins não é pouco? E porque não, para além de comida e bebida, haver também venda de merchandising? E de brochuras sobre o jogo? Se até no basket, nas competições europeias, ao comprar o bilhete se recebe uma fotocópia com os plantéis de ambas as equipas... Isso é tão pouco e no futebol já é pedir demais.

Qualidade do recinto – É na minha opinião o ponto que mais temos a nosso favor, e se calhar um ponto com que jogamos pouco. Temos um Estádio (um verdadeiro Estádio) remodelado, com todas as condições para a prática desportiva e boas condições para a assistência. Neste último aspecto haverá coisas a rever, saltando à vista de imediato as longas filas para comprar bilhete. Para quando meia dúzia de máquinas de venda automática de bilhetes? Mas o recinto é, sem dúvida, o nosso melhor activo neste aspecto e um dos únicos factores afectos ao Belenenses que é respeitado pelos adeptos dos outros clubes, que são unânimes em considerar o Estádio do Restelo como um estádio muito bonito.

Qualidade do espectáculo – Depende não só de nós, como do adversário. Mas aí também podemos ter um papel decisivo em termos desportivos… mas não só. Há que preencher os tempos mortos. A ideia da entrada em campo de crianças com a equipa é óptima, são é precisas mais dessas ideias. Tenho a certeza que uma percentagem elevada dessas crianças tornar-se-á adepta azul. Outras iniciativas do género são necessárias.

Resultados – O ponto fundamental para atrair pessoas, advoguem o que quiserem. Eu não me esqueço do Estádio da Luz, dos tais 6 milhões, na “era Souness”, com assistências de 3, 4, 5 mil pessoas, semana após semana. O mesmo estádio que, bastando cheirar ao de leve a título, necessitava do triplo ou quádruplo de lugares. Não sejamos demagogos e insinuemos que esses Belenenses que só lá vão quando ganham são piores do que aqueles que estão lá sempre. São diferentes, e precisamos deles para ganhar ainda mais. E precisamos de ganhar para que eles nos ajudem a ganhar. Nem que seja por meio a zero, temos de ganhar jogos para as pessoas quererem ir ao Restelo.

Concluindo, não podemos ser sempre tão pessimistas quanto às assistências, pondo as culpas nos adeptos que “fugiram”. Em vez de lamentar as ausências, devemos procurar compreender o porquê da sua “fuga” e estudar formas de alterar essa situação. Nós ainda somos muitos. Temos é de arranjar formas de nos unir. E de “arregimentar” mais uns quantos.

domingo, fevereiro 13, 2005

ELEIÇÕES – ALGUNS NÃOS (2)

Artigo da autoria de Eduardo Torres

Espero que, ao contrário do que já aconteceu, com resultados verdadeiramente catastróficos (como já lembrei em muitas – mas não suficientes – ocasiões), não ganhe nenhuma lista que venha com o blá-blá-blá já requentado da gestão moderna e empresarial, esquecendo o mais importante: revitalizar a Alma do clube.

Espero sim, que ganhe uma lista que se proponha devolver ao clube uma mística ao Belenenses, que faça questão de respeitar e preservar a nossa vitalidade e que tenha a força, a garra, a paixão e o talento para trazer de volta os muitos e muitos belenenses (alguns dos melhores!...) que se afastaram, por não aguentarem mais a tristeza e a decepção - voltando a encher os nossos recintos desportivos. Este objectivo, ABSOLUTAMENTE PRIORITÁRIO, não se alcancará com folclore, nem com métodos salazarentos, nem com elitismos e medo da “populaça”, nem com atitudes senis nem com ideias de galarotes cheios de tiques de marketing mas que nada entendem do que é, foi e deve ser o Belenenses. Conseguir-se-á, sim, atingi-lo, reacendendo a paixão, com nível e com inteligência. Nunca nada de bom e importante se realizou sem muita força, muita paixão e muita inteligência – as três qualidades ao mesmo tempo!

sábado, fevereiro 12, 2005

Tão fraquinhos que eles são

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Na noite de ontem o Belenenses venceu o Estoril por 3-0. Até aqui, facilmente se deduz que foi um jogo que não levantou grandes problemas a um Image Hosted by ImageShack.usBelenenses que foi superior ao adversário. Mas não foi nada disso que aconteceu. Ontem houve um Belenenses amorfo na 1ª parte e completamente perdido em campo na 2ª parte. Só um Estoril tão mauzinho como este era capaz de ser derrotado por 3-0 por um Belenenses a fazer uma exibição daquelas.

Nós que tantas vezes criticamos o nosso treinador (onde eu também me incluo), também devemos por os olhos nos adversários e ver como Litos conseguiu transformar uma derrota por 1-0 onde estava perto do empate num derrota por 3-0. Ao retirar de campo a meio da 2ª parte Dorival e fazer entrar Yuri, fez-me lembrar o treinador Inácio quando entrava em desespero e começava a tirar defesas e colocar avançados. Lembram-se do jogo com a Académica?...

Image Hosted by ImageShack.usEnfim, destaque pela positiva para a 1ª parte de Catanha, com uma classe inconfundível, capaz de isolar Lourenço por 3 vezes sem que este percebesse. Catanha parecia claramente jogar demais para o seu "par". No entanto, na 2ª parte Catanha estava fisicamente mal e fez um chorrilho de asneiras, tendo sido bem substituído. Só não percebo porque entrou o Paulo Sérgio... De resto, destaque para a entrada de Neca (será que o treinador não vê que o Neca anda a jogar bem, ao contrário de outros colegas de meio-campo que se devem cansar muito a apanhar o Cacilheiro para vir treinar) que veio dar dinâmica defensiva e ofensiva ao meio-campo, fazendo na perfeição a "transição defesa-ataque" que o Professor Carvalhal tanto gosta.

Image Hosted by ImageShack.usE já que se fala em Carvalhal, duas notas, uma positiva e outra negativa:
- ao contrário do início da época, em que se via a equipa à deriva e ele calmamente sentado no banco, começa-se a ver Carvalhal em pé, a dar instruções e preocupado com o desenrolar da partida. Estou a gostar de ver.
- continuo sem palavras para a situação de Eliseu. Como é possível aquele porta-chaves que veio directamente dos infantis do Sporting chegar e ser titular ou suplente utilizado e Eliseu, um homem da casa, claramente mais jogador que o Paulo Sérgio, continuar ou não convocado, ou suplente não utilizado. Eu até acho que em Leiria o Paulo Sérgio entrou bem, mas tanho a certeza que o Eliseu é melhor. Deixem-no jogar pelo menos 45 minutos e na posição dele.

Image Hosted by ImageShack.usEm relação a notas negativas, vão para a apatia da equipa no primeiro tempo e pela forma medrosa com que se apresentou na 2ª parte. E ontem estranhei as constantes faltas de entendimento entre Marco Aurélio e os centrais, com trocas de bola surreais dentro da área e outra situação em que o Marco Aurélio coloca a bola dentro da área nos pés de Pelé que tinha um avançado em cima dele.

Resumindo, saí do Estádio satisfeito com o resultado mas preocupado com a exibição. Má sina ser adepto do Belenenses, as coisas nunca são perfeitas.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

PRESIDENTES, TREINADORES, ÁRBITROS AND SO ON...

Artigo da autoria de Manuel Benavente

Ouço: o F.C.Porto despede o treinador Fernandez e vai contratar o treinador Couceiro do V. Setúbal.

Ouço um jornalista dando a novidade ao treinador Couceiro no Estádio de Alvalade, o qual diz desconhecer o interesse do Porto mas que a ser verdade iria em passo de corrida. E ouço ainda o presidente do V. Setúbal, Chumbita Nunes, no dia seguinte dizendo-se orgulhoso do presidente do F.C. Porto ter escolhido Couceiro como seu preferido. Por fim, ouço o presidente do F.C.Porto, Pinto da Costa, contando que no jogo da primeira volta, em Setúbal, trocara de gravata com José Couceiro, dizendo-lhe que ainda haveria de ser treinador do Porto.


Constatei depois uma total unânimidade em redor da súbita passagem de Couceiro para treinador do F.C.Porto, sem ninguém pôr em causa este estranho processo de mudar de treinador numa competição profissional – a mais importante do futebol português -, em que no espaço de quarenta e oito horas um homem muda de entidade patronal com a orgulhosa aquiescência desta, por amor a uma gravata e à grandeza do F.C.Porto.

Constatei depois uma total unânimidade em redor da súbita passagem de Couceiro para treinador do F.C.Porto, sem ninguém pôr em causa este estranho processo de mudar de treinador numa competição profissional – a mais importante do futebol português -, em que no espaço de quarenta e oito horas um homem muda de entidade patronal com a orgulhosa aquiescência desta, por amor a uma gravata e à grandeza do F.C.Porto.

Primeiro, porém, aviso já, que tenho a melhor das opiniões pela competência técnica do treinador José Couceiro e que lhe desculpo alguma falta de ética nas declarações proferidas no Estádio de Alvalade – perdão, mas para mim enquanto o Sporting estiver em Alvalade, será sempre Alvalade! -, tendo em atenção os seus verdes anos de treinador de futebol.

O que porém está aqui em causa, muito mais que o treinador Couceiro, que o presidente Chumbita ou que o presidente Pinto da Costa, é a forma como todos estes personagens se relacionam entre si, num campeonato profissional de futebol, em que todos são iguais em direitos e deveres, mas em que há uns mais iguais que outros.

Com certeza que o V. Setúbal não saíu desta história de mãos a abanar; decerto Couceiro vai ser devidamente indemnizado por passar toda a sua vida particular no espaço de quarenta e oito horas (!) da Grande Lisboa, para o Grande Porto. Mas espanta como a prepotência do mais forte pisca o olho a quem lhe apetece, declarando com alguma solenidade estar a protagonizar o último acto de uma peça, que tinha começado com a oferta de uma gravata… E muito mais: que a comunicação social não denuncie esta estranha forma de vida…, demonstrando que o vírus do compadrio, anestesia a própria opinião pública, a qual na sua génese ética deveria estar bem vigilante.

Mais: o V. Setúbal está a realizar um excelente campeonato com um plantel de vinte e cinco tostões e até com vencimentos em atraso, estando a escassos seis pontos do próprio F.C.Porto! Mas em Portugal todos nós sabemos que o V.Setúbal não pode aspirar a muito mais do que está a realizar. A aspiração máxima do V.Setúbal e da esmagadora maioria dos clubes da 1ª Divisão é protelar ao máximo a descida aos infernos da 2ª Divisão, aí sim, reside a grande vitória. A falta de transparência é tanta, que não interessa nada dos objectivos classificativos do V. Setúbal, o qual à décima nona jornada, continuava potencialmente a ser candidato ao título ou pelo menos a um lugar na Liga dos Campeões Europeus. Qual seria a indemnização a arbitrar ao V.Setúbal, por desperdiçar esta ocasião única de inscrever o seu nome em vencedor do campeonato ou de estar presente na Liga dos Campeões do próximo ano? Meus amigos, tal desperdício, tal demissão não tem preço e a verdade é que o V.Setúbal ao alienar o comandante dos seus vinte ou trinta jogadores, abdicou do mais importante numa competição desportiva, como na vida: lutar!

Porque na verdade neste ambiente competitivo falseado, em que uns desistem de lutar com os outros, o mais importante é mesmo “não descer”, sendo conveniente para isso que os mais fracos abram o caminho aos mais fortes.

E enquanto esta nossa mediocridade existir, e para que os mais fracos abram o caminho aos mais fortes, sem querer emitir qualquer juízo de valor sobre a bondade da arbitragem, não nos podemos admirar de um cartão amarelo, ou vermelho, ser mostrado com muito mais facilidade a um jogador do V. Setúbal, do que a outro de um clube mais poderoso. Não nos podemos admirar de um árbitro entender que não deve mostrar um cartão a um jogador porque só se joga há três minutos e outro mostrá-lo precisamente pelo mesmo motivo. Não nos podemos admirar de um árbitro entender que não vale a pena expulsar um jogador porque o jogo está quase no fim, e outro não expulsá-lo porque o jogo está quase no princípio. Não nos podemos admirar de um árbitro validar um golo que não viu e outro não validar um golo que lhe pareceu ver. Porque os árbitros são agentes do futebol profissional, como os dirigentes e os treinadores, e vivem neste ambiente inquinado em que uns nasceram para ficar em último lugar e outros em primeiro. Mais: aos árbitros é-lhes conferido o poder da subjectividade, da arbitrariedade e da discricionaridade, porque assim convém a quem convém. Como se pode condenar um árbitro que não vê um fora de jogo – que hoje por hoje quantas vezes pode valer para aí um milhão de contos a um clube poderoso...- se está já provado que o ser humano é incapaz de julgar tal fenómeno com uma normal eficiência?

O futebol profissional está na verdade doente e este caso passado com o presidente do V. Setúbal, com o treinador Couceiro e com o presidente do F.C. Porto demonstra-o à saciedade.

Como calculam, foi de propósito que deixei os jogadores fora desta engrenagem, pois na verdade eles ganhando fortunas ou misérias e investindo ou dissipando o futuro, são a saúde do futebol, pois correm, saltam, defendem, goleiam, enfim são verdadeiros actores da vida real.

E eu vejo-me a meditar, que não sendo propriamente um admirador do treinador Mourinho, bem pelo contrário, ele foi uma pedra no charco, não pelas suas vitórias, mas pela sua desfaçatez, que mostrou por caminhos errados, como o rei aqui vai nú.

Na verdade o F.C.Porto não seria o que é sem o seu presidente, teria muito menos vitórias decerto, mas o futebol português, sem o presidente do F.C.Porto, também não seria o que é, teria muito menos derrotas, sobretudo éticas, com certeza.

O culpado disto tudo é o senhor Pinto da Costa? Nem por sombras, nós todos é que criamos as condições para que pessoas assim, medrem e julguem que mandam em nós.

Por este andar e para lá de ver Pinto da Costa não sei quantas vezes mais campeão de futebol, ainda não perdi a esperança de o ver discutindo a desconstrução de Derrida com Eduardo Prado Coelho...

Primeiros nomes...

Foram conhecidos no fim de tarde deste dia 10 de Fevereiro de 2005 os primeiros nomes da lista do Eng. Cabral Ferreira, candidato à presidência do Clube de Futebol "Os Belenenses". E se esta lista era já esperada como a lista da continuidade, a maior prova torna-se evidente hoje. Ou não fosse o Vice-Presidente da Assembleia Geral o Dr. António José Sequeira Nunes. Como Presidente da Assembleia Geral, surge o nome do Eng. Machado Rodrigues. Como Presidente do Conselho Fiscal, surge o nome do Dr. João Correia Neves. Para mais tarde ficará a divulgação dos nomes dos restantes membros da Direcção.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

ELEIÇÕES – ALGUNS NÃOS (1)

Artigo da autoria de Eduardo Torres

Desdobrando um pouco o artigo que há dias escrevemos, com o título “Eleições – Refrescando a Memória”, gostaríamos de explicitar algumas coisas que NÂO gostaríamos de ver (repetidas) nas próximas eleições do Belenenses. Fá-lo-emos numa série de pequenos artigos, que hoje começamos...

Não gostaríamos que as listas (ou pelo menos, todas as listas) candidatas apresentassem um manifesto eleitoral cheio de afirmações vagas e pouco ou nulamente justificadas. É o que, infelizmente, sempre tem acontecido até agora. Os projectos (se é que de projectos se pode falar...) que, em todas as eleições passadas, foram apresentados, pouco se distinguiam entre si; estavam cheios de lugares-comuns; nunca foram portadores de verdadeiro élan clubístico, não transmitiram entusiasmo, não deram nenhuma razão válida para acreditarmos num futuro melhor.

Desejo que, ao menos uma das listas que se candidatarem às próximas eleições, apresente um verdadeiro programa eleitoral, que seja:

* Bem Escrito.
* Transmissor de entusiasmo clubístico.
* Coerente.
* Sem declarações vagas, genéricas, politicamente correctas mas que nada definem, nada adiantam, nada clarificam.
* Com objectivos claramente definidos – isto é, o que se quer atingir, porque se quer atingir e quando se julga poder atingir, e com base em que opções e escolhas (como os meios não são ilimitados, nem somos omnipotentes, a conquista de certos objectivos, implica menos investimento, financeiro e humano, em outros possíveis objectivos).
* Fundamentado – isto é, explicando o como, de que forma, por que caminhos serão alcançados os objectivos propostos.

Menos do que isto, considero insuficiente e insusceptível de nos dar uma base de confiança. Em resumo: que os propósitos das listas sejam claros, coerentes e bem explicadinhos. Que não deixem duvidas quanto as estas perguntas: O Quê? Porquê? Como? Quando? Como sócios, devemos ter essa exigência. È que, de noite, todos os gatos são pardos. E acho que não devemos votar com base em acreditar (sabe-se lá no quê...) mas, sim. em compreender.

ENTRE O PASSADO E O PRESENTE - SÍNTESE DO PASSADO - PARTE IV – DE 1970 a 1982


Entramos agora nos tempos a que já nos lembramos de assistir e que descrevemos com relativo pormenor quando desfiámos as nossas memórias pessoais. Por isso, tentaremos ser ainda mais sintéticos.

A década de 70 iniciou-se de forma venturosa para o Belenenses. Colheram-se os frutos do trabalho da Junta Directiva, como já disséramos no artigo anterior.

Comecemos pelo Futebol...

Na época de 70/71, Joaquim Meirim foi o primeiro treinador do Belenenses. Os resultados foram maus, e valeu-nos, a meio da época, o grande Homero Serpa, coadjuvado pelo Mourinho (pai). Mas, por outro lado, com as suas declarações bombásticas (talvez em parte demagógicas), Meirim teve o condão de provocar uma estrondosa mobilização dos “beléns”, de (re)acender a chama, a magia e o entusiasmo. O nosso estádio, que, na 2ª metade dos anos 60, se fora, comparativamente, esvaziando, voltou a encher-se de belenenses confiantes e quase eufóricos. Era uma loucura: 30.000 pessoas (ou mais) no Restelo contra o V.Guimarães ou o Tirsense (eu vi!)! O Estádio da Antas cheio com mais adeptos do Belenenses do que portistas, quando ali jogámos! Os resultados desportivos foram maus mas, financeiramente foi bom. E, passados todos estes anos, continuo a pensar se não podemos e devemos voltar a ter um golpe de asa que suscite esse entusiasmo e essa mobilização, embora, é claro, com outra solidez e com resultados desportivos mais satisfatórios.

Na época de 71/72, as coisas começaram a entrar nos eixos. Veio o consagrado treinador Zézé Moreira (que chegara a comandar a selecção do Brasil durante vários anos). A classificação final ainda foi decepcionante, um 7º lugar. Mas a verdade é que começámos muito mal o campeonato e à 7ª jornada, se não me engano, tínhamos 1 vitória e 6 derrotas. Ganhámos então ao Sporting por 2-1 (depois de estarmos a perder) - ainda me lembro de, miúdo, tremer de alegria - e, a partir daí, embalámos. Se contarmos as 19 jornadas desde a 7ª até à final (foi o último campeonato com 14 equipas e 26 jogos. Na ano seguinte fez-se um alargamento para 16, a fim de que a Académica permanecesse na 1ª Divisão. Honra seja feita ao Belenenses, que não quis beneficiar disso aquando da primeira descida, apesar de alguns o terem chegado a insinuar. O nosso não foi tão digno quanto peremptório! Como já disse, até o F.C.Porto já beneficiou desse tipo de favor, em 1939/40, ano em que, curiosamente, até viria ser campeão nacional!), se contarmos essas 19 jornadas, dizíamos nós, registámos um saldo bem favorável, com 10 vitórias, 7 empates e 6 derrotas. Também chegámos às meias-finais da Taça de Portugal. E, entretanto, os nossos jogadores mais jovens e promissores (por ex: Murça, Pietra, Quinito, Carlos Serafim), iam ganhando maturidade...

E foi assim que, na época seguinte, com alguns bons reforços, e a vinda de Scopelli para treinador, obtivemos um 2º lugar, um género de classificação de que há muito (mais de uma década) andávamos arredios. Depois, em 73/74, voltámos a realizar um bom campeonato, apesar de não termos ido além do 5º lugar. Ficámos atrás do Sporting, do Benfica, do V.Setúbal (que aqui culminou a sua década de ouro) e do F.C.Porto mas bastante próximos em termos pontuais - e, em contrapartida, com uma clara vantagem sobre o 6º classificado, o V.Guimarães, de 9 pontos (e no tempo em que as vitórias só valiam 2 pontos). A 1ª volta não foi grande coisa, e foi pena. Na verdade, acabámos a prova em grande, com 6 vitórias consecutivas; e, na 2ª volta, fizemos tantos pontos como o campeão. Se o campeonato tivesse durado mais umas jornadas, julgo que teríamos chegado ao 3º lugar.

Igualmente nas modalidades extra-futebol, e no domínio do património, se verificou um crescendo. Vejamos os principais factos e sucessos nos anos de 1971 a 1974:
971
1971 - Campeão de Lisboa, em Andebol. Campeão Nacional de Juniores, em Andebol. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Andebol. Campeão Nacional de Ténis, em Equipas Femininas. Campeão Nacional e de Lisboa de Juvenis de Atletismo, em Equipas Femininas. Vice Campeão Nacional de Juniores de Atletismo, em Equipas Femininas. Campeão Nacional de Halterofilia. Alfredo Vaz Pinto, Campeão Nacional de Ténis. Leonor Peralta, Campeã Nacional de Ténis. Maria José Falcão presente no Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica.
1972
1972 - Campeão Nacional e de Lisboa de Juniores, em Andebol. Campeão Nacional de Juniores, em Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Campeão Nacional e de Lisboa de Infantis, em Ténis de Mesa. Campeão Nacional de Juniores de Atletismo, em Equipas Femininas. Campeão de Lisboa de Juvenis, em Equipas Masculinas de Atletismo. Vice Campeão de Lisboa, em Equipas Femininas de Atletismo. Campeão Nacional de Halterofilia, em Seniores e Juniores. Alfredo Vaz Pinto, campeão nacional de Ténis (7º título, 5º consecutivo). Leonor Peralta, Campeã Nacional de Ténis. Inaugurada a Sala de Troféus no Estádio do Restelo. Reconstruída a Bancada Nascente do Estádio do Restelo.
1973
1973 - Campeão Nacional de Râguebi. Campeão Nacional de Ténis, por Equipas. Leonor Peralta, Campeã Nacional de Ténis. Vencedor da Taça Ibérica, em Equipas de Ténis. Campeão Nacional de Juniores, em Andebol (de 11). Campeão Nacional de Juniores, em Ténis de Mesa. Campeão de Lisboa de Juniores, em Ténis de Mesa. Vencedor da Taça de Portugal de Juniores, em Ténis de Mesa. Campeão Nacional e de Lisboa de Juniores, em Equipas Femininas de Atletismo. Maria José Sobral presente na Taça da Europa de Atletismo, em Juniores. Basquetebol Feminino volta à actividade. Início da actividade do Andebol Feminino. Grande melhoramento da iluminação do Estádio, que se torna uma das melhores da Península Ibérica.
1974
1974 - Campeão Nacional de Andebol. Vencedor da Taça de Portugal de Andebol (na final, vitória 17-14 sobre o Benfica). Estreia na Taça dos Campeões Europeus de Andebol. Campeão Nacional de Ténis, por Equipas. Leonor Peralta, Campeã Nacional de Ténis (13º título). 1ª Equipa Portuguesa a participar na Taça dos Campeões Europeus de Ténis, atingindo a 2ª eliminatória. Campeão Nacional de Juniores, em Râguebi. Branca Seabra, Campeã Nacional de Corta Mato.

É importante salientar isto, porque fica claro que uma equipa de futebol competitiva não é incompatível com sucessos noutras modalidades, antes costumando ocorrer simultaneamente no nosso clube. Historicamente, pode-se demonstrar que, sempre que as coisas tiveram “picos” no futebol, o mesmo ocorreu no grosso das modalidades. Sei que é hábito pensar-se o contrário e que a nossa afirmação poderá ser contestada – mas a verdade é que os factos a justificam e fundamentam. E contra factos... Normalmente, quem pensa de maneira diferente, são as pessoas que (quase) supõem que a nossa história começou com José António Matias e que o nosso primeiro treinador foi Marinho Peres.

Gostava de salientar que o Presidente da Direcção, entre o início de 1972 e o final de 1974, foi o Major Baptista da Silva. Fez um excelente trabalho. Paradoxalmente, haveria de perder eleições, mais tarde: em 1990, directamente contra Ferreira de Matos / Cabrita (de cuja lamentável acção, depois, ainda teve que se esforçar por colar os cacos, juntamente com Agostinho Carolas, Florentino Antunes, Mendes Pinto e Luís Pires); em 1994, indirectamente contra J.A.Matias (na lista dos órgãos sociais do candidato Florentino Antunes). Os sócios, de modo absurdo, preferiram “enterrar o passado”, como os (tristemente) vencedores preconizavam. Os sócios não tiveram memória – como os que, hoje, continuam a achar inútil lembrar o nosso instrutivo passado, preferindo adular jogadores que, quem sabe, daqui a meses estarão noutro clube, a dizer cobras e lagartos do Belenenses. Os sócios escolheram o folclore e a falta de ambição – e Baptista da Silva, Presidente da Direcção quando o clube atingiu a melhor classificação futebolística dos últimos 50 anos, não teve oportunidade de voltar a ser Presidente. Triste...mas verdadeiro! Verdadeiro... e a reflectir! É fácil barafustar contra tudo e contra todos quando as “coisas” correm mal. Mas, e a nossa responsabilidade?

Quando as “coisas”, no Belenenses, pareciam voltar aos tempos de glória, deu-se o 25 de Abril. E, de novo, tudo se turvou no nosso clube. O receio da exprobação por causa do Almirante Américo Tomás deixou o Belenenses numa situação de grande indefinição. Enquanto alguns ousaram e deram grandes passos em frente (F.C.Porto, Boavista e até o V.Guimarães), e outros, que se poderiam sentir comprometidos (o Sporting...), não fraquejaram (João Rocha teve esse mérito), o Belenenses desinvestiu, ficou a marcar passo, assistiu a fugas - compreensíveis em alguns casos, lamentáveis, noutros. Logo em 1974, houve uma debandada de jogadores, como vimos em outros artigos. A época de 75/76 permitiu constituir outra vez uma equipa de grande nível (3º lugar), a que se seguiu nova debandada (para Benfica e F.C.Porto) – e o decaimento progressivo do Belenenses.

Não podemos de maneira nenhuma dizer que foi pena que o 25 de Abril tivesse quebrado um ciclo de progresso para o Belenenses, porque a importância daquela revolução para todo o país, desde logo ao trazer o precioso bem da Liberdade, não nos permitiria fazê-lo. Mas lamentamos, sim, que não tenha havido mais coragem e desassombro, até para lembrar que, se houve Américo Tomás e outros no Belenenses, o facto é que em todos os clubes houve figuras ligadas ao antigo regime; e que, em contrapartida, foram jogadores do Belenenses – e só do Belenenses! -, designadamente, Mariano Amaro, Artur Quaresma e José Simões, que se recusaram a fazer a saudação fascista aquando de um Portugal-Espanha. Ainda hoje, quem sabe disso? Quem sabe dos campeonatos de que fomos espoliados por arbitragens indecentes, nos tempos do regime em que supostamente éramos beneficiados? Quem sabe das raízes populares e até rebeldes do Belenenses? E, no entanto, ainda nos atiram à cara com Américo Tomás (que, sejamos justos, e fora de questões políticas, gostava deveras do clube, de que era sócio desde 1924, e nunca favoreceu o Belenenses - aliás, na prática, quem mandava em Portugal, durante a vida de Salazar, não era o Almirante, em nada). E infelizmente, poucos belenenses sabem ripostar, quando ainda hoje nos apontam o dedo, demagogicamente, os adeptos de clubes que, esses sim, em plenos regime democrático, são cumulados de benesses, privilégios e mordomias pelo Poder Central, Regional e Autárquico...

Como dissemos, o Belenenses ainda teve algumas épocas de fulgor logo a seguir a 1974. A 2ª metade do Campeonato de 74/75, foi boa (incluindo uma vitória 4-0 nas Antas, em 26 de Janeiro de 1975 e um triunfo 2-0 sobre o Sporting, na última jornada) e, na Taça de Portugal, atingimos as meias-finais; em 75/76, ganhámos uma das Séries da Taça Intertoto (o que significava ser “vencedor”!), ficámos em 3º lugar no Campeonato Nacional (invictos em casa), e conquistámos o 1º Campeonato Nacional de Iniciados. Em 77/78, tivemos uns bons primeiros 2/3 do Campeonato, no qual chegámos ao 3º lugar, a ameaçar os 2 primeiros. Mas, depois, começámos a caminhar para o abismo, com cada vez mais raros e fugazes sobressaltos.

As modalidades ditas amadoras acompanharam o ciclo, ou seja, aguentaram-se relativamente bem até 1978, decaindo nitidamente nos 3 anos seguintes. O mesmo aconteceu em termos de enriquecimento do património. Assim, entre 1975 e 1978, registe-se:

1975 - Campeão Nacional de Ténis, por Equipas. Campeão de Lisboa de Andebol Feminino. Campeão Nacional de Juvenis, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Ténis de Mesa. João Sequeira presente no Campeonatos Mundial de Xadrez, em Juniores. Início das Obras do Pavilhão Gimnodesportivo
1976
1976 - Campeão Nacional de Andebol. Vencedor da Taça de Portugal em Andebol Feminino. Estreia na Taça das Taças em Andebol Feminino (1º clube português em Competições Europeias Femininas). Vencedor da Taça de Portugal, em Râguebi. Campeão de Lisboa de Juniores, em Basquetebol. Campeão Nacional de Iniciados de Atletismo, em Equipas Masculinas. Início das Obras do Pavilhão do Restelo.
1977
1977 – Campeão Nacional de Andebol (2ª vez consecutiva). 1ª equipa portuguesa a ganhar fora, e 2ª equipa portuguesa a atingir Oitavos de final em Competições Europeias de Andebol (Taça dos Campeões). Campeão de Lisboa de Juniores, em Equipas Masculinas de Atletismo. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Campeão Nacional de Juvenis, em Râguebi. Campeão Nacional de Iniciados, em Râguebi. João Sequeira, Campeão Nacional de Juniores, em Xadrez. Fernando Sequeira e João Sequeira presentes nos Campeonatos Mundiais de Xadrez, em Juniores. Inauguração do Pavilhão Gimnodesportivo (actualmente, Pavilhão Acácio Rosa).
1978
1978 - Vencedor da Taça de Portugal em Andebol. Vice Campeão Nacional, em Andebol. Estreia na Taça das Taças, em Andebol. Vice Campeão de Lisboa, em Hóquei em Campo. Campeão de Lisboa de Juniores, em Hóquei em Campo. Campeão Nacional e de Lisboa em Xadrez. Maria José Falcão presente no Campeonato Europeu de Ginástica Rítmica

Saliente-se, neste período, o grande e conturbado esforço para a construção do Pavilhão, de que também já falámos em outros artigos.

A partir do fim da década de 70, pessoalmente, sentia no Restelo um ambiente de laxismo, de porreirismo, de amolecimento. Ainda havia o ambiente à Belenenses mas esbatido, acinzentado, amolecido. Não vou culpar os dirigentes, porque eles terão feito o melhor que podiam e porque eram belenenses a sério. Falo, antes de tudo, dos comentários nas bancadas: de “apalhaçamento”, de optimismo parvo, de perda de mística – embora nada que se compare com o triste cenário de hoje. Tudo “cheirava” a enfraquecimento. Vendíamos os melhores jogadores e, mesmo assim, só se falava de dívidas, de cada vez mais dívidas. Nunca, porém, acreditei que descêssemos de divisão, como veio a acontecer em 1982. Já falei disso, logo num dos primeiros artigos desta série. Ficámos incrédulos, muitos de nós. Acontecera o que... não podia acontecer!

E agora, falo para os mais jovens. Muitos de nós assistimos ao último jogo dessa época de lágrimas nos olhos, ouviram? Não nos conformávamos, não podíamos aceitar que fosse normal – como mais tarde quase se passou a achar. Discutia-se acaloradamente ao pé do monumento ao Pepe! Sim, durante anos, antes dos jogos começarem e, sobretudo, depois deles, e até nos dias de semana, ficávamos ali às centenas – muitas centenas – a discutir acaloradamente o nosso Belenenses. Não era a debandada triste de hoje, a debanda dos poucos que resistem. Quando o Belenenses desceu a primeira vez, esse acontecimento foi de grande impacto nacional. Fez a primeira página em todos os jornais, desportivos ou não, foi abertura de noticiários, ouviram? Nós somos um clube de tradição! Não somos, com o devido respeito, o Rio Ave ou o União de leiria, o Boavista ou o Penafiel. A nossa bandeira está encharcada de lágrimas! A nossa camisola foi honrada com sangue, suor, sofrimento, pertinácia, querer e paixão! O Belenenses teve grandes dirigentes, teve grandes jogadores, teve adeptos enormes, páginas e páginas escritas a letra de ouro no livro dos feitos maiores e mais nobres do desporto português.

O nosso clube merece respeito – antes de tudo, por parte dos seus adeptos. Não nos façamos, nunca, de coitadinhos – tudo menos isso!

terça-feira, fevereiro 08, 2005

A dor

Desde a noite de Sábado sinto uma dor enorme, indescritível, que só eu e os adeptos Belenenses sabemos o que dói. Deixei de acreditar em inocentes, há culpados e que merecem justiça, e não só desportiva, mas criminal. As peças do puzzle começam a encaixar e começa a ser claro que houve uma acção concertada para que o Belenenses saísse derrotado.

Neste feriado só quero esquecer. Esta manhã vou ao Restelo entrevistar o Renato para o próximo jornal do Belenenses, dar um abraço aos meus amigos Belenenses que tanto sofreram (os jogadores estavam destroçados) e garantir-lhes que quando houver justiça, a jogar com aquele empenho e cultura táctica, somos uma equipa temível. Até lá, temos de ser fortes e aguentar. Ainda acredito que haja justiça. Desjo TANTO ver o Lucílio Baptista e toda a sua entourage atrás das grades...

Desejo a todos um feriado o melhor possível.

sábado, fevereiro 05, 2005

Vitória Dourada do Apito do Lucílio

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1 expulsão surreal e 3 penaltys por assinalar a favor do Belenenses. É preciso dizer mais alguma coisa? Já agora, com 10 jogadores a partir da meia-hora de jogo fomos a equipa que criou mais oportunidades de golo (fomos mesmo a única). Cheira muito mal o que se está a passar com o Belenenses e impõe-se uma tomada de posição frontal, independentemente de multas e castigos. O Apito Dourado anda por aí e, não tenho dúvidas em afirmá-lo, Lucílio Baptista e a sua equipa de arbitragem prejudicaram hoje premeditada e deliberadamente o Belenenses. Haja justiça.
Pouco consigo dizer depois de assistir ao escândalo desta noite. Tudo começou ao 2º minuto de jogo, com um lançamento lateral perfeitamente ridículo a favor do Leiria. A partir daí, começou o festival de roubo:

- cerca dos 15 minutos de jogo, Antchouet isola-se e é apontado fora de jogo. O Gabonês estava, pelo menos, 5 a 6 metros em jogo. Havia um jogador do Leiria parado na entrada da área, do outro lado do campo. Incrível!

- aos 30 minutos de jogo, Antchouet tem uma entrada muito dura (que em Inglaterra ou Espanha o colocavam à beira do vermelho directo) e vê cartão amarelo. A situação prossegue com o jogador do Leiria no chão e uma grande confusão gerada pelo banco do Leiria, que entrou dentro de campo e por ali ficou ante a passividade do árbitro. Eis senão quando (e a SporTV mostrou claramente o que passo a relatar) o fiscal de linha vem a correr ter com Lucílio Baptista e mostra-lhe o bloco onde anota os cartões. Uma espreitadela rápida e Lucílio Baptista corre 30 ou 40 metros e mostra o vermelho a Antchouet! Ou seja, é claro o que se passou e espero que a SporTV mostre as imagens, o fiscal-de-linha assinalou um amarelo a Antchouet que não existiu e Antchouet é expulso por acumulação de amarelos ao ver o 1º!!!

- Existem 3 penaltys por assinalar a favor do Belenenses, 2 na primeira parte e um na 2ª. Há um penalty claro sobre Lourenço no final do primeiro tempo, que o árbitro transformou em falta a favor do Leiria. A verdade é que Lourenço ganha a bola, está à frente do defesa e é pontapeado. Que falta é que o árbitro viu? Os outros 2 penaltys, sendo que um deles passou despercebido aos comentadores, foram iguaizinhos ao que ontem o Braga se fartou de reclamar. Há um na primeira parte sobre o Neca (penso) e outro na 2ª sobre o José Pedro, no lance em que Costinha ia deixando a bola entrar na baliza e depois a coloca nos pés do médio azul. José Pedro passa o primeiro defesa e já dentro da área adianta a bola e é atropelado por outro defesa. Nada...

- O lance do golo do Leiria, que é regular, só me causa estranheza por não ser assinalado fora-de-jogo posicional ao Renato aquando do cruzamento. Quando o cruzamento sai, Renato está fora-de-jogo e o árbitro auxiliar não faz ideia onde a bola vai caír, daí a minha estranheza. A partir daí, tudo regular, aquando do toque de cabeça de Geufer, Renato já está em posição legal.

Não posso, contudo, deixar passar em claro a exibição de elevado nível do Belenenses e, se alguém merecia ganhar, éramos nós, tantas as oportunidades de golo criadas e falhadas (algumas delas por mérito de Costinha). O Leiria teve 2 oportunidades de golo além do golo, a que Marco Aurélio se opôs com a classe que faz dele o melhor guarda-redes a jogar em Portugal. Uma palavra especial para o regresso de Sousa (óptimo jogo) e para a entrada de Paulo Sérgio, que esteve francamente bem, Uma aposta acertada ao contrário do que eu previa. Por fim, devo dizer que gostei muito da atitude de toda a equipa, quer com 11 (dominávamos completamente o jogo), quer com 10 (controlávamos completamente um Leiria com iniciativa mas sem "cabeça").

Enfim, pelo erro técnico do árbitro da partida, assiste-nos o direito de protestar o jogo. O que não me parece que vá acontecer:
- primeiro, porque os dirigentes do Belenenses primam por não ir por caminhos difíceis
- segundo, porque o árbitro vai limpar o erro no relatório da mesma forma que os comentadores da SporTV logo arranjaram solução: é só escrever que o que o fiscal de linha lhe disse não foi que era o 2º amarelo, mas sim que a entrada era para vermelho. Resta saber para que lhe mostrou o bloco... talvez seja mudo.