sábado, junho 10, 2006

Escândalo - A Bola

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Artigo de "A Bola" de hoje:

Gil Vicente ganha «round» e dois juízes demitem-se

Um golpe palaciano! A Comissão Disciplinar da Liga decidiu, ontem, no Porto, pela manutenção do Gil Vicente na Liga, julgando improcedente a queixa apresentada pelo Belenenses e mandando arquivar o processo. Depois de na reunião de Lisboa, no primeiro dia do corrente mês, a votação ter sido favorável aos azuis do Restelo, eis-nos perante um surpreendente volte-face de última hora, com um dos elementos da CD, filho de um dirigente gilista, a fazer questão de votar mesmo depois de em devido tempo ter pedido escusa de participar na votação. Por causa disso, dois juízes demitiram-se de imediato e a comissão caiu.

Indignação, vergonha, palhaçada! São estes os termos que caracterizam o sentimento de algumas pessoas da Liga, incluindo directores da Comissão Executiva, mas também de um dos juízes da CD, Pedro Mourão (relator do processo-Mateus), cuja voz de revolta, dizem, se fez ouvir bem alto nos corredores da instituição. Em causa estava a subscrição do acórdão sobre o denominado caso Mateus, já apreciado e votado numa anterior reunião do mesmo órgão, em Lisboa, então, com três votos favoráveis ao Belenenses e o pedido de escusa de Domingos Lopes, que se considerou parte interessada, uma vez que é filho de Constantino Lopes, vice-presidente gilista para a área financeira. Dada a necessidade de se proceder à célere redacção da sentença — considerando, entre outras, a necessidade de homologação dos campeonatos ao fim de 30 dias... —, Pedro Mourão e Frederico Cebola assinaram o texto dois dias mais tarde, em Lisboa, e enviaram o documento para o Porto (via Cunha Leal), para que o mesmo fosse subscrito pelo presidente da comissão, Gomes da Silva, e para que as partes pudessem desde logo ser notificadas. Mas...

2-2 e voto de qualidade de Gomes da Silva

Percebe-se agora o atraso nas notificações. Sexta-feira, 9 de Junho de 2006. Um dia para o futebol português recordar, sem dúvida. Reunião do Plenário da Comissão Disciplinar, na Liga, no Porto. Os quatro elementos da CD da Liga — um juiz desembargador (Gomes da Silva), dois juízes de carreira (Pedro Mourão e Frederico Cebola) e um advogado (Domingos Lopes) — comparecem ao encontro. Sobre a mesa está o acórdão, fundamentado nos votos da reunião de Lisboa, mas não a assinatura de Gomes da Silva, que entretanto decidiu mudar de opinião. Domingos Lopes, o tal que se escusara a votar, alegando conflito de interesses, também opta, agora, por usar o seu voto... e, claro, em benefício da causa gilista. Pedro Mourão e Frederico Cebola mantêm as posições assumidas no primeiro dia do mês, na capital, contrárias à pretensão do Gil, e, algo surpreendentemente, o líder, Gomes da Silva, opta por se juntar a Domingos Lopes, colocando o saldo em 2-2. Para desfazer o empate, o presidente do órgão, invocando o seu direito a voto de qualidade — que se apresenta como legalmente discutível, sustentam juristas —, concede finalmente ao emblema minhoto a vantagem nesta primeira etapa da corrida: 3-2, desce o Belenenses, fica o Gil na Liga maior! Arquivem-se os autos! «Em Itália, a isto chamam-lhe máfia e camorra, aqui não sei qual o nome que lhe dão!...», terá reagido, na hora, um dos juízes derrotados no processo, segundo garantiram fontes bem colocadas no interior do edifício da Liga. Obviamente, esta (como qualquer outra) decisão da Comissão Disciplinar é passível de recurso para o Conselho de Justiça (CJ) da FPF depois de notificados os interessados, o que deverá acontecer na segunda-feira. A partir de aí, o Belenenses pode avançar para a queixa no CJ.
Belenenses vai agir criminalmente

A notícia da deliberação da Comissão Disciplinar da Liga chegou ao Estádio do Restelo durante a tarde, apanhando de surpresa os dirigentes do Belenenses, que aguardavam a notificação... da primeira decisão, que colocava os azuis na Liga e despromovia o Gil Vicente. Cabral Ferreira, presidente da administração da SAD do Belenenses, mostrou-se sereno, lembrando que o clube não tinha ainda recebido qualquer notificação oficial. De qualquer forma, e deixando mais declarações para uma conferência de Imprensa marcada para esta manhã (11.30 horas), Cabral Ferreira reagiu de forma veemente ao inesperado volte face. «A ser verdade esta deliberação, a serem verdadeiros todos os acontecimentos que a antecederam, o Belenenses vai ser obrigado a reagir de forma imediata e implacável, exigindo a responsabilização disciplinar e criminal de todos os envolvidos nesta cambalhota », afirmou o presidente do Belenenses, não contendo a sua indignação: «Esta situação é tão mais grave que desprestigia o futebol português, tanto interna como internacionalmente.»

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