No final de mais uma longa fase regular da Liga TMN, e apurada que está a nossa equipa para os “Play-off”, importa fazer um balanço do trabalho realizado e dos resultados alcançados, tendo em conta os meios disponíveis, as expectativas criadas e o desempenho da equipa ao longo da temporada.
O Belenenses Montepio Studio Residence terminou a temporada na 6ª posição, com 18 vitórias e 14 derrotas (56.3%). Trata-se de um resultado abaixo do alcançado na temporada anterior (20 vitórias, 12 derrotas e 62.5%) mas claramente acima das épocas anteriores a 2003/4 (nos três anos anteriores a maior percentagem alcançada pelo Belenenses na Liga havia sido 25.0%).
As razões de um resultado mais fraco são diversas, não residindo exclusivamente no Restelo e no desempenho da formação azul. Todavia, o objectivo fundamental da fase regular – o apuramento para o Play-off – foi alcançado.
Importa recordar que, contrariamente a outras formações que connosco disputam a Liga, o Belenenses não dispõe de um orçamento que lhe permita alinhar com um verdadeiro batalhão de jogadores estrangeiros. Isso torna a nossa equipa a mais portuguesa de entre as equipas que irão disputar o título nacional, dado que importa valorizar no contexto do basquetebol profissional nacional.
A gestão criteriosa do orçamento ao dispor dos nossos Guerreiros foi aliás demonstrada recentemente com a dispensa do internacional canadiano Keith Vassel, reforço desta fase final da fase regular. Vassel, jogador com provas dadas no seu país de origem e também noutras ligas europeias, não demonstrou ser o jogador de que o Belém necessitava para esta fase final.
Do ponto de vista colectivo, a equipa do Belenenses revelou-se mais homogénea, com vários jogadores a rodar no 5 inicial e a serem utilizados durante largos minutos durante as partidas da Liga. Assim, 10 dos 12 jogadores do plantel (descontados Keith Vassel, que teve uma passagem muito rápida pelo Restelo, e Valter Sargento, que nunca alinhou durante toda a temporada) têm médias de utilização iguais ou superiores a 10 minutos. Importa ainda ter em conta que apenas 3 jogadores do plantel (o base Nuno Perdigão, o MVP Reggie Moore e Luís Costa) ultrapassam a barreira dos 30 minutos, o que revela a rotatividade imprimida por José Couto.
A análise do desempenho da equipa ao longo das 32 jornadas da Liga permite-nos verificar o seguinte: o Belenenses inicia melhor os jogos, terminando-os em quebra. Assim, a nossa equipa venceu 59.4% dos 1º períodos (19), 53.1% dos 2º e 3º períodos (17) e 43.8% dos 4º períodos (14). Globalmente, e descontados os períodos correspondentes a prolongamentos, o Belém venceu 67 período num total de 128 possíveis (52.3%).
No que diz respeito a pontos marcados e sofridos, o desempenho é o seguinte:
1º Período – 700 / 633 – saldo: 77 pontos
2º Período – 628 / 624 – saldo: 4 pontos
1º Período – 664 / 609 – saldo: 55 pontos
1º Período – 723 / 722 – saldo: 1 ponto
Total marcados: 2715*
Total sofridos: 2588*
* Os pontos marcados e sofridos em prolongamentos não se encontram contabilizados.
Estes dados estatísticos, ainda que importantes, não são por si só demonstrativos da eficácia da equipa uma vez que o contexto específico de cada jogo e a relação entre parciais verificados em cada partida, determinam vitórias e derrotas. Assim, nem tudo no basket se resume a estatísticas.
A nossa equipa foi obrigada a disputar prolongamentos nas partidas contra Aveiro Basket (7ª jornada, fora) e contra Barreirense (24ª jornada, casa), tendo perdido o 1º encontro e vencido o 2º.
No que diz respeito ao desempenho individual dos jogadores, e não obstante a boa época realizada pela generalidade dos elementos do plantel, é impossível não destacar Reggie Moore, Nuno Perdigão e Mário Jorge.
Reggie constituiu ao longo de toda a temporada uma efectiva mais valia. Assim, e analisando as estatísticas disponibilizadas pela Liga, Reggie obteve uma eficiência de 23.9, foi eleito por 4 vezes o MVP da jornada e integrou o 5 ideal por 7 vezes. Com uma média de 35 minutos em campo, Reggie amealhou 20.4 pontos por jogo e 7.6 ressaltos. O seu estilo de jogo surpreendeu pela versatilidade e capacidade de adaptação a diferentes posições dentro do terreno de jogo. Reggie é excelente debaixo do cesto e obtém uma boa percentagem no jogo exterior (33.7%). Ao longo da temporada integrou todos os 5 iniciais do Belenenses, excepção feito ao último encontro, com o FC Porto, no qual não jogou por se encontrar lesionado.
Nuno Perdigão, o “base” da nossa equipa, foi “tão só” o jogador português mais vezes eleito pela LCB para o 5 ideal da jornada: nada mais nada menos que 8 vezes! Perdigão alinhou por 28 vezes no 5 inicial belenense, obteve uma média de 12.8 pontos e 5.1 assistências (de longe o melhor da equipa neste particular). Assim, e não obstante o facto de por vezes parecer alheado dos jogos, Perdigão demonstrou uma vez mais que é o melhor “base” português da actualidade e muito provavelmente o melhor a alinhar na Liga TMN.
Por fim, Mário Jorge: este nosso Guerreiro alinhou em 31 partidas ainda que apenas o tenha feito no 5 inicial por 9 vezes. Mário Jorge realizou uma temporada em crescendo, tendo-se destacado sobretudo nas últimas jornadas da competição. Jogador extremamente batalhador, muito à imagem daquilo que pretende José Couto, ataca e defende com o mesmo empenho e com a mesma determinação. Expressão dessa atitude é as suas estatísticas (4.2 ressaltos por jogo, num total de 87 ressaltos defensivos e 43 ressaltos ofensivos). Mário Jorge revelou-se um jogador essencial em algumas partidas, contagiando os seus companheiros e a massa associativa azul com a sua confiança. Foi eleito por uma vez para o 5 ideal da Jornada (23ª jornada).
Outros jogadores realizaram uma boa temporada ou bons jogos: Luís Costa iniciou a época em grande e encontra-se em crescendo neste final de temporada; Richard Anderson, que apesar dos poucos pontos marcados em média (apenas por uma vez se distingui claramente dos outros companheiros de equipa neste indicador, na 3ª jornada, quando foi eleito o MVP da ronda) se revela essencial no esforço defensivo da equipa; Miguel Minhava que se afirma como um jogador a ter em conta no futuro (e no presente!), constituindo-se como um provável sucessor para Nuno Perdigão; Jorge Coelho, que apesar de um menor números de minutos jogados entra sempre de forma consistente nas partidas; Paulo Simão, eleito por uma vez para o 5 ideal da Jornada, jogador capaz de virar uma partida com a sua precisão nos lançamentos exteriores…
Em suma, foi uma boa temporada do Basquetebol azul, que se encontra apurado para a fase final do Campeonato, tendo pela frente o Campeão Nacional em título (FC Porto). Mas sobre a fase final escreveremos um “post” específico, um dia destes…
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