sexta-feira, abril 08, 2005

Basquetebol: a pressão na linha de "lance livre"



Imaginemos a seguinte situação: um resultado equilibrado (ou desvantajoso para a nossa equipa), um pavilhão muitíssimo ruidoso e muita pressão sobre o jogador que se coloca sozinho na linha de lance livre, prestes a tentar converter um, dois ou três lançamentos. Trata-se de um quadro bastante comum no basquetebol (não apenas profissional, mas a todos os níveis) e com o qual se confrontam todas as semanas milhares de jogadores em todo o mundo...

Ninguém duvida que lançar da linha durante uma partida importante é de facto uma situação de intensíssima pressão sobre o jogador. É precisamente por isso que o lançamento aparentemente mais simples do basquetebol (porque é realizado sem oposição e no tempo escolhido pelo jogador) se torna muitas vezes um facto decisivo nos jogos, tirando ou oferendo vitórias e derrotas…

Naturalmente que não se deve colocar neste aspecto do jogo a importância que muitas vezes não tem. Mas é certo que os jogos de basquetebol são muitas vezes equilibradíssimos, obrigando as equipas a controlar os níveis de ansiedade e exigindo aos jogadores concentração máxima no momento de converter preciosos pontos.

Dizem as estatísticas que, na presente edição da Liga TMN, somos a 7ª equipa com melhor aproveitamento destes lançamentos (com 69.3% contra os 73.0% do CAB, 1º classificado desta variável do jogo), tendo convertido 437 dos 631 pontos possíveis.

Lançamentos Livres (dados LCB):
(Lançamentos convertidos / Total de Lançamentos / Percentagem)

CAB – 468 – 641 – 73%
Queluz – 369 – 508 – 72.6%
Santarém – 376 – 521 – 72.2%
Porto – 389 – 548 – 71%
Benfica – 386 – 547 – 70.6%
Barreirense – 390 – 560 – 69.6%
Belenenses – 437 – 631 – 69.3%
Aveiro B. – 397 – 578 – 68.7%
Ginásio – 352 – 521 – 67.6%
Oliveirense – 341 – 524 – 65.1%
Ovarense – 305 – 469 – 65%
Lusitânia – 283 – 461 – 61.4%

Gráfico 1
Gráfico 2

Todavia, o que estas estatísticas não dizem é quando é que estes lançamentos foram falhados… Em que contexto? Com que diferença entre as equipas no marcador? E que influência acabam por ter os pontos falhados na relação entre equipa em igualdade percentual, no desempate em termos de tabela classificativa?

Uma análise quantitativa dos números relativos a lances livres permite-nos chegar à seguinte conclusão: se é verdade que do ponto de vista percentual a nossa equipa anda na média, também é verdade que dispusemos de muitos mais lançamentos que a maioria dos nossos adversários. O Belenenses beneficiou de 631 lançamentos, contra apenas 547 do Benfica ou 524 da Oliveirense. Convertemos 437 (mais 51 que o Benfica e 96 que a Oliveirense), mas desperdiçámos simultaneamente muitos mais (194 pontos, contra os 161 do Benfica e 164 da Oliveirense).

Já do ponto de vista qualitativo importa ter em conta que grande parte dos lançamentos falhados aconteceram em momentos chave dos encontros, em particular durante a segunda parte dos desafios, quando a diferença no marcador se começa a distanciar (no sentido da vitória ou da derrota…).

Dos jogadores com mais minutos em campo destacam-se pela alta percentagem de aproveitamento Paulo Simão (jogador que revela elevado potencial em todos os indicadores de lançamentos ao cesto adversário, com 52.2% nos L2, 37.1% nos L3 e 83.7% nos LL) e Reggie Moore, com uma percentagem de 76.8%.

Seguem-se Richard Anderson (69.3%), Luís Costa (68.2%), Jorge Coelho (68.1%), Nuno Perdigão (63%), Miguel Minhava (59.4%) e Mário Jorge (50%).

No que diz respeito aos jogadores menos utilizados, aquele que apresenta maior taxa de aproveitamento dos LL é Benedito Suca (100%), mas este jovem jogador ainda só jogou em duas partidas, tendo uma média de 2 minutos. Vassel ainda não teve tempo para mostrar o seu potencial nos lançamentos livres (embora em Queluz tenha tido 0%, com 0/2)…

José Couto terá perfeita noção da influência desta variável no jogo do Belenenses. Saberá ele, muito melhor do que qualquer um de nós, perceber que tipo de impacto o aproveitamento dos lançamentos livres têm ou não tido no desfecho das partidas e nas relações de pontos entre a nossa formação e equipas nossas concorrentes.

Todavia, como curiosos do basket e amantes desta nossa fabulosa equipa dos Guerreiros (que tantas alegrias nos tem dado!), não podemos deixar de aqui publicar esta análise mais ou menos simples (ainda que não simplista) sobre um factor do jogo que nos tem preocupado.

Nota: para os próximos dias fica prometida uma análise comparativa dos dados estatísticos disponíveis relativamente às equipas do Belenenses, Oliveirense e Benfica.

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