(Artigo da autoria de Eduardo Torres)
Às vezes, talvez valha a penas questionar...o inquestionável.
À primeira vista, nos tempos que correm, em Portugal, parece indiscutível a bondade da solução de constituir uma SAD para o futebol (pelo menos), em qualquer clube que se preze. No entanto, ouso fazer a pergunta: no Belenenses, mereceu a pena fazer a SAD?
Suponho que a constituição das SAD´s tem três objectivos fundamentais:
1. Proporcionar um encaixe financeiro;
2. Garantir uma utilização criteriosa, racional, eficiente e controlada dos recursos financeiros e patrimoniais;
3. Gerir bem a actividade desportiva, neste caso, o futebol, aumentando as possibilidades de êxito.
Ora, no Belenenses, o que é que se passou?
1. O encaixe financeiro foi relativamente diminuto, não permitindo nenhum salto em frente;
2. O dinheiro talvez não tenha sido utilizado da melhor maneira (embora louvando enfaticamente o facto de os gestores não serem remunerados): por um lado, com contratações bastante infelizes; por outro lado, com más planificações de épocas, que levam à necessidade de contratar uma equipa quase inteira em Dezembro / Janeiro; depois, com uma atitude conformista, com jogadores medíocres impingidos por empresários, com contratos por um ano, o que não só não permite realizar vendas lucrativas, como não torna o clube atractivo para jogadores de talento que, em igualdade de circunstâncias remuneratórias, o prefiram. Muitas vezes, o “barato sai caro”... Claro que tem que haver bom senso e contenção mas repare-se neste exemplo: quais são os países que prosperam, os poupadinhos sem visão nem horizontes, ou os que têm vistas largas e investem, com vistas largas e com pés e cabeça?
3. Os resultados futebolísticos não melhoraram, até pelo contrário. Basicamente, viveu-se dos “juros” de um núcleo duro de jogadores que se foram buscar (ou já tinhamos) antes da SAD: Marco Aurélio, Tuck, Filgueira, Wilson, Neca...
Nada disto põe em causa a honestidade de quem dirigiu a SAD – embora possamos questionar a sua competência. O que, em si, nada tem de ofensivo...
Finalmente, dou a minha opinião: a SAD valerá a pena mas com outra política, com outra atitude – exigente, ambiciosa, eficiente e com um planeamento global e como deve ser.
Respeito, entretanto, quaisquer outras opiniões, e é a sua expressão que estas linhas pretendem suscitar...
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