domingo, junho 27, 2004

JOGOS PARTICULARES, FILIAIS E SIMPATIZANTES

(Artigo da autoria de "Um Belenense")

Na próxima Superliga de futebol, dos 18 distritos do continente português, apenas 7 têm clubes representados: Aveiro, Braga, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto e Setúbal. Ficam de fora quase 2/3 dos distritos: Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. O clube mais a Sul mora a em Setúbal, a uma distância superior a 200 Km do extremo meridional, o clube mais no interior está sediado em Coimbra, ou seja, a somente 50/60 Km da costa. Ou seja, 40% do país no sentido Norte-Sul, e 70% no sentido Oeste-Este (da costa para o interior) não tem qualquer representante.

Já agora, sem querer ser exaustivo, acrescentaria que, se não me engano, há 4 distritos que, ao longo de toda a história do futebol português não tiveram nunca um representante na divisão principal: Beja, Bragança, Guarda e Viana do Castelo, a que se juntam mais outras tantas capitais de distrito, ou seja, Castelo Branco, Portalegre, Santarém e Vila Real. É significativo das grandes parcelas do nosso país arredadas dos grandes confrontos futebolísticos. Não admira, pois, as grandes enchentes que a visita de qualquer primodivisionário, mesmo dos mais populares, provocam quando os sorteios da Taça de Portugal proporcionam esses encontros.

Mas o que é que isto tem especificamente a ver com o Belenenses?

O Belenenses é um dos pouquíssimos clubes portugueses com adeptos disseminados por todo o país. E isso vê-se, aliás, pelo facto de sermos o 3º clube com mais filias/delegações/casas/núcleos. No entanto, na sua zona de maior implantação natural, em Lisboa (onde está sediado) e à volta de Lisboa, tem o seu crescimento muito dificultado pela concorrência do Benfica e do Sporting, a partir do momento em que fomos deixando de competir de igual para igual para com esses clubes. Justamente pela erosão provocadas por décadas de resultados desportivos pouco felizes, sucede em todo o país que, embora tenhamos adeptos em todo o lado, a proporção destes diminui ano após anos. Até muitas das nossas filiais e delegações já quase só tinham uma ligação estatutária ao Belenenses. Na prática, não havia ligação afectiva, nem dos dirigentes, nem dos sócios, nem dos frequentadores. Ou, se havia, era muito pouca.

Um dos mais meritórios esforços da actual direcção tem sido o de congregar e revitalizar as filiais, lembrando-lhes a sua matriz belenenses, fazendo-a reviver, voltando a despertá-las para a efectividade. Já bastante foi feito e, pelo que se sabe, vai-se continuar a trilhar esse rumo.

Ora, se há tão vastas regiões do país onde (quase) nunca chega o futebol e os clubes de primeira, em muitos casos nem sequer da Divisão de Honra, e se em muitos desses espaços geográficos temos filiais, não se poderia investir em realizar mais jogos particulares do Belenenses nessas zonas?

Tratar-se-ia de aproveitar as delegações existentes (capitalizando o entusiasmo que exista ou pondo-lhes um desafio que faça despertar esse mesmo entusiasmo) ou, onde não as houver, fazendo contactos com clubes locais e/ou autarquias de regiões onde não há futebol de primeiro plano, e marcar jogos onde a nossa equipa estivesse presente. As receitas seriam oferecidas aos cubes locais. Para nós, pouco ou nada representaria, para eles, seria um presente muito bem-vindo.

É claro que só muito excepcionalmente poderiam estar presentes os nossos jogadores titulares. Mas poder-se-ia apresentar equipas com suplentes pouco utilizados (veja-se o caso do Pedro Alves, que precisa de jogar para não passar ao lado de uma carreira promissora), jogadores a precisarem de ritmo por virem de lesões, jogadores a precisarem de se adaptar ao futebol português, eventualmente jogadores à experiência (oxalá isso seja coisa que rareie) e, decerto, alguns dos juniores mais promissores, que assim cresceriam em maturidade.

Quais as vantagens disto?

- Rodar jogadores e/ou fazer-lhes ganhar maturidade, já que não temos equipa B;

- Darmos mais alguma vida e entusiasmo às nossas filiais e ao belenenses que vivem longe, ou até muito longe;

- Criarmos laços de simpatia nessas regiões que aumentem o número dos nossos adeptos, o que é tão importante para nós, e que tornem mais fácil irmos de vez em quando buscar jogadores revelação, graças a acordos preferenciais.

Fica a ideia. Talvez seja boa, talvez não...

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