terça-feira, junho 01, 2004

Plano de venda de bilhetes



Depois de um primeiro artigo algo polémico, volto a escrever sobre o Planeta Belenenses, desta vez, sobre um tema que considero ser de aplicação relativamente fácil.

O tema desta semana foca um possível plano de venda de bilhetes. A meu ver podemos segmentar o universo belenense (constituído por adeptos e simpatizantes), em três segmentos:
1) adepto regular: sócio, com presença constante nos jogos em casa;
2) adepto ocasional: sócio ou não, vai a alguns jogos, influenciado por terceiros, que por norma são adeptos regulares
3) o simpatizante: não sócio ou “sócios piscineiros”
Genericamente são estes os segmentos que podem e devem ser trabalhados. Utilizando como exemplo o campeonato nacional de futebol, por ser aquele que mais pessoas é capaz de reunir no complexo desportivo do Restelo, poderá ser elaborado um plano de venda de bilhetes de diferentes tipos.

1) Adepto Regular
Para o clube estes sócios são a sua imagem, o Belenenses é o que estes sócios forem, e por isso a sua presença no estádio é indispensável. Sem querer ser demasiado optimista, penso que o Belenenses deverá tentar garantir a presença , através da venda de bilhetes de época (cativos ou não) de 50% da lotação do estádio, ou seja, sensivelmente as 10.000 pessoas por jogo, o que corresponderá às duas centrais a “meio gás”. O que fazer aos restantes 50% falaremos depois…
Muito se falou da medida tomada pela actual direcção de suspender o pagamento de quotas suplementares (bilhetes de jogo) na última temporada. Pessoalmente, não me importei, contudo percebo a indignação de alguns sócios, pela injustiça da decisão, que, misturada com a oferta de bilhetes, chegou a provocar o não pagamento de quotas por parte de alguns sócios.
A medida até é muito bem pensada, sim senhor, e cheia de boas intenções, contudo, por ter sido tomada no final do campeonato, funcionou como uma “traição” àqueles que tinham comprado os bilhetes no inicio da época.
É indiscutível que o Belenenses tem cerca de 2000-3000 adeptos que constantemente marcam presença nos jogos, interessa então mantê-los e para isso é preciso mantê-los satisfeitos, não só através do desempenho da equipa, mas também através de mecanismos alternativos como sejam o conforto no estádio.
Concretamente, a minha opinião é de que o básico está feito, ou seja, o estádio foi recentemente remodelado, embelezado e por isso existem condições para elevar a fasquia em termos de prestação do serviço. A meu ver, para o básico se completar falta só melhorar as condições de visibilidade dos sócios (não cativos), facto que parece estar a ser tratado. A meu ver, o valor a ser percebido nos sub-segmentos de cativos/não cativos deve assentar nos seguintes atributos:

Não-cativos: Mais proximidade do campo, maior interacção
Cativos : Melhor visibilidade, prestação de serviços alternativos
Camarotes: Conforto, Serviço personalizado

Não faz sentido que o sócio que paga menos tenha acesso ao mesmo tipo de serviço, que por exemplo um sócio com lugar cativo, atenção, não se trata de estratificar socialmente as bancadas, mas sim de oferecer a quem paga mais, melhor serviço. Do mesmo modo, para quê um mini-bar no camarote com águas e barras de cereais, a intenção é feliz sem dúvida, contudo nos dias de hoje não chega. Tenho a certeza que 75% dos que aqui escrevem e participam diariamente seriam consumidores deste tipo de serviços, desde que fossem ajustados aos sub-segmentos aqui apresentados.
Esta tese pode ser comprovada se pensarmos na altura a que chegamos ao Estádio do Restelo, 10-15m antes do jogo? E muitas vezes, ficamos em casa, ou no café da esquina. Porque não no Restelo?? Porque não há…ou melhor, há, mas não agrada…

Na minha opinião, o clube deve tentar que o adepto regular seja imune aos maus resultados desportivos, é que os adeptos são como o dinheiro, onde aparece traz sempre mais algum atrás, mesmo que de menor valor!! E só criando as ditas alternativas é que se consegue essa fidelização.
Alguns poderão alegar que este serviço comporta custos elevados…certo, mas e para que existe o sub-licenciamento? Diria até outsourcing, ou aluguer de espaços móveis dentro do estádio (mas não com a renda rídicula que pagam “Golfinho” e “Varanda Azul”!).
A última experiência que tenho, foi no inicio da época passada, no estádio Nacional por ocasião do Benfica x Belenenses, fui convidado pelo BPI a estar presente num simples cocktail para patrocinadores. Meus amigos posso dizer que aquilo parecia uma autêntica selva, tantas eram as pessoas a tentar entrar para o anexo aos camarotes.
São nestes eventos que se desenvolvem relações com eventuais investidores (a propósito de uma altura em que tanto se fala de patrocinadores).

Para terminar, a minha opinião sobre a alegada vaga de empréstimos, se se tratarem de jogadores que venham preencher sectores para os quais o clube não tem capacidade para contratar jogadores de qualidade, que venham e sintam a camisola como os outros, e se houver clausula de opção no final do empréstimo, perfeito, se por outro lado, são jogadores para encher o banco, não obrigado, prefiro ver um júnior de último ano a ganhar experiência.

Um abraço a todos e até para a semana.

(Artigo da autoria de Pedro Cruz. Tem continuação na próxima semana.)

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