sexta-feira, junho 04, 2004

Saídas esperadas

Devo dizer com sinceridade que não me surpreenderam e até me agradaram as saídas de Mauro e Rui Borges, se for verdade o que é publicado na imprensa de hoje. Apesar do reconhecido Belenensismo do Mauro e de todo o brio profissional do Rui Borges, a verdade é que nenhum deles constituiu uma mais valia desde que chegaram ao clube.

Mauro é um jogador cujo CV revela enorme instabilidade, com constantes mudanças de clube. Por outro lado, foi contratado para marcar golos, ele que na altura havia marcado 3 ao SCP. Uma vez mais, uma análise detalhada ao seu CV permitia ver que era um avançado que na sua melhor temporada, ao serviço do U.Almeirim, havia marcado uma dúzia de golos... francamente pouco para o Belém. Foi, nitidamente, uma contratação feita com o coração e não com a cabeça, e Mauro tornou-se num dos jogadores mais fracos do nosso plantel com a curiosidade de ser também dos mais caros! Mas há um outro factor que me parece basilar para a fraca prestação do Mauro no Belenenses: nunca foi utilizado na sua posição. O Mauro não é extremo, nem número 10, nem médio, nem ponta-de-lança. O Mauro é avançado e tem de jogar encostado a uma das pontas, rasgando a defesa adversária e colocando a bola no centro da área.

O Rui Borges é um caso ligeiramente diferente: descoberto por Manuel José no Casa Pia, cedo foi para o Boavista que o emprestou ao Académico de Viseu, onde fez uma óptima época e de onde regressou à casa-mãe para nunca se impor. Após um par de épocas em Alverca, muito bem sucedidas, chega ao Restelo sem que alguém houvesse pensado em que posição jogava o jogador que haviam contratado. Apesar de uma excelente técnica individual e visão de jogo, nunca poderia ser médio, pois a sua débil condição física não lhe permite qualquer tipo de contacto. Assim sendo, urgia colocá-lo a jogar na sua posição natural e aquela em que jogava, com tão bons resultados, em Alverca: avançado encostado a uma das pontas. No entanto, as suas características para jogar nessa posição são exactamente as opostas do Mauro, sendo que o Rui Borges tem grande capacidade de rasgar a defesa em diagonal, mas de fora para dentro. Foi assim que marcou bastantes golos em Alverca. Para além disso, viveu uma última época fustigado por lesões.

Acredito que a quem conviveu com eles de perto deixem saudades. Mas, aos simples adeptos da bancada, não deixam grandes saudades. Até porque deles esperava-se muito mais do que aquilo que mostraram.

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