(Artigo da autoria de Eduardo Torres, relembrando o último grande momento de glória do nosso clube, que todos esperamos repetir depressa)
Passam hoje 15 anos sobre o dia 28 de Maio de 1989, data da última grande conquista do Belenenses no futebol: a vitória na Taça de Portugal. Nessa jornada inesquecível, perante cerca de 60.000 espectadores, dos quais cerca de 20.000 adeptos azuis, com o Estádio Nacional a rebentar pelas costuras (e, por não ter cadeiras, com uma lotação muito superior à de hoje), o Belenenses bateu o Benfica por 2-1. As bandeiras azuis com a Cruz de Cristo voltaram a agitar-se triunfantemente, 29 anos depois da anterior Taça de Portugal, e 42 anos depois do Campeonato Nacional.
Foi um triunfo arrancado com muito mérito e com muita luta. Antes de tudo, pela magnífica carreira até à final: vitórias contra o Sintrense por 3-0, no único jogo fora de casa; contra o Estrela de Portalegre por 7-2; contra o F.C.Porto, nos oitavos de final, por 1-0 (golo de canto directo); contra o Espinho (então na 1ª divisão), por 2-1, nos quartos-de-final; contra o Sporting, por 3-1, nas meias finais, com mais de 30.000 pessoas no Restelo, e os golos de Baidek (70m, minutos depois de um outro lhe ser anulado), Saavedra (73m) e Mladenov (84m) a anularem a vantagem que o Sporting chegara a adquirir aos 52m.
Depois, a final intensíssima, contra o Benfica, que ganhara o campeonato, e que tinha nas suas fileiras jogadores como Veloso, Mozer, Valdo, Diamantino e Vítor Paneira. À maior valia técnica dos jogadores encarnados (contratados por um poder financeiro que não tínhamos nem de perto nem de longe), opôs o Belenenses a sagacidade técnica de Marinho Peres e a garra, a vontade e a crença indomável dos seus jogadores. Eles parecem ter correspondido ao estado de espírito com que entrámos no Jamor: a alegria de estar na festa, algum receio mas uma voz íntima a dizer: “Tem que ser! É agora ou nunca!”. E foi!
O Belenenses alinhou: Jorge Martins; José António; Carlos Ribeiro (depois, Teixeira), Sobrinho, Baidek e Zé Mário; Chiquinho, Juanico, Macaé e Adão; Chico Faria (depois, Saavedra).
Os golos: a pouco mais da 1º parte, passe de Juanico a desmarcar Chico Faria, que arranca com uma flecha, dá um nó cego a Mozer (que fez uma falta e ficou a chamar a atenção ao árbitro para a marcar, o que a acontecer beneficiaria o infractor e faria parar o nosso avançado). Só com o Guarda-Redes pela frente, Chico Faria desvia-lhe subtilmente a bola, que vai vagarosamente para a baliza. Quando acabou a eternidade que demorou a ultrapassar o risco de baliza, foi o delírio entre os beléns, a maior parte deles situados por detrás dessa mesma baliza, no Topo Sul.
Na 2ª parte, a uns 20 minutos do fim, o Benfica empata e tememos o pior. Mas o Belenenses enche o peito, vai lá à frente, ganha um livre directo, e Juanico ,a 30m da baliza, arrancar um tiro formidável (que andou semanas a passar na Eurosport) e a bola foi indefensavelmente para o fundo da baliza. Foi uma explosão ainda maior! Parecia quase irreal!
Depois, no quarto de hora que faltava para os 90minutos, e mais na meia dúzia de descontos, à tentativa esforçada do Benfica, respondeu o Belenenses com uma garra ainda maior. Sofremos, cerrámos os dentes, gritámos, chorámos, reclamámos “está na hora”, enchemos o estádio de “Belém! Belém! Belém”, até que veio o apito final. Depois, foi a grande festa, linda, sentida no fundo da alma. Um mar de bandeiras azuis, caravanas automóveis por aqui e por ali e uma alegria imensa, indizível!
Eduardo Torres
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