É com um profundo sentimento de revolta que regresso da Reboleira. Não pela derrota em si, mas por cada vez mais, e hoje mais que nunca, ter a certeza que muitos dos nossos jogadores e equipa técnica não merecem a camisola que envergam. Usam-na como se fosse algo perfeitamente banal vestir esta camisola. Usam-na assim, porque não lhes ensinam que esta camisola já custou o suor de muitas gerações de Belenenses. Usam-na assim, porque quando a desrespeitam não lhes mostram que no Belenenses só há um caminho: o da luta! Ganhando ou perdendo, exige-se luta, garra, querer.
A azia é tal que não me vou alongar muito. Podíamos ter ganho na Reboleira, indesmentível. Aliás, a haver um justo vencedor nos 90 minutos eramos nós, pois o guarda-redes do Estrela da Amadora, Paulo Lopes, fez uma exibição do outro mundo, com pelo menos 3 defesas fenomenais e mais um par de boas defesas. Quanto a Pedro Alves, encaixou algumas bolas, pois apesar de algumas boas ocasiões, o Estrela conseguiu atirar dois remates para fora do estádio...
Incrivelmente, o Belenenses entrou com aquela atitude altiva de quem se acha superior. Isto ante uma equipa sem grande qualidade (2ª Liga), mas que se encheu de brios e garra e foi a única que pensou exclusivamente na vitória do princípio ao fim. E o prolongamento foi uma verdadeira vergonha, ao nível dos piores jogos da época passada, com um sufoco constante na nossa área.
De positivo no Belenenses, Neca que fez um jogo muito bom, atacando e defendendo (estupidamente, na bancada, chamavam nomes a Neca quando pressionava os adversários, diziam que ainda ia para a rua. Com adeptos destes...) e Sousa, com um jogo de grande entrega e onde podia ter selado a vitória nos últimos minutos. Pela negativa, nem vale a pena falar. O marasmo, a mornice, o laissez-faire que cada vez mais nos caracterizam e que nos fizeram perder mais uma oportunidade sublime de ganhar a Taça de Portugal.
No banco, hoje Carvalhal até esteve bem. Mas só hoje. Li declarações dele ontem, perfeitamente aberrantes, em que afirma que o que interessa é fazer um campeonato tranquilo e a Taça é uma competição paralela, que iam ver o que se podia fazer. Isto a 2 jogos da final só pode ser gozar com quem lhe paga. Porque se a Direcção, a sua entidade patronal, concorda com esta atitude idiota e lhe dá o "amen", em útlima instância a entidade patronal de Carvalhal são os adeptos, e esses não lhe podem perdoar a falta de âmbição. Já não sei se Carvalhal quer chegar ao Porto ou ao Benfica. Mas por este andar, só se for, com todo o respeito, ao Benfica de Castelo Branco. Impressionante o laxismo que grassa neste clube e que contamina quem cá chega, pouco tempo depois de querer ganhar a Taça de Portugal pelo Leixões e de passar uma eliminatória da Taça UEFA com uma equipa da 2ªB.
É preciso muito trabalho psicológico. E é preciso ensinar aos jogadores o que é o Belenenses. Vejo todos os jogadores, de todos os clubes, "comerem a relva". Vejo os nossos calmamente instalados em campo, mais parecendo que estão no sofá, gozarem o seu ordenado pago a tempo e horas e cumprindo esse terrível aborrecimento que se chamam jogos.
Uma última achega para o árbitro, Paulo Paraty. O que aconteceu a meio da 2ª parte não é um erro do árbitro ou uma falha de comunicação da equipa de arbitragem: o fiscal de linha, a 15 metros do lance, levanta a bandeirola e assinala penalty que se traduziria na expulsão do jogador do Estrela. O árbitro, a 30 metros e por trás das costas do jogador, diz que não é penalty. Até aqui tudo bem. Mas transforma-se em caso de polícia quando o fiscal de linha mantém a bandeirola levantada a olhar para o árbitro, o Belenenses pára de jogar, e o árbitro se RECUSA a ouvir o que o fiscal de linha tinha para lhe dizer. Deus queira que passe muitos anos na prisão.
Cada vez mais estou farto. De gastar tempo e dedicação neste poço sem fundo chamado Belenenses. Onde por cada um que rema para a frente, há 10 ou 15 a remar para trás. Basta! Chegou a hora de dizer chega a esta palhaçada! Temos de assumir claramente as nossas responsabilidades, ou a nossa morte será mais rápida do que a maioria imagina. A jogar como jogamos, jamais subiríamos da 2ª Liga. Se lá caírmos, pode ser uma queda sem retorno. E o 10º lugar hoje na Superliga, esse grande resultado, pode ser daqui a 2 ou 3 anos o 10º lugar na 2ª Liga. Um campeonato tranquilo...
Estou muito, muito triste. Sentissem eles um décimo do que eu sinto por este clube...
quinta-feira, março 03, 2005
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