domingo, março 06, 2005

BELÉM ATÉ MORRER

Artigo da autoria de Eduardo Torres, originalmente publicado a 28/02/2005:

Sem entusiasmo, nunca se fez nada de
verdadeiramente valoroso no mundo
Ralph Waldo Emerson


Há um cântico da(s) nossa(s) claque(s ), um em especial, que me toca profundamente. É assim:

Belém até morrer
Belém até morrer
Tenho todo o orgulho
Sou Belém até morrer.

A frase “Belém até morrer” pode ter dois sentidos: 1) Ser do Belenenses até que se esgotem os dias desta nossa vida; 2) Ser do Belenenses extremamente, com toda a força da alma, dando tudo ao nosso clube.

Há coisas mais nobres na vida do que ser de um clube. Nunca preconizaria que se desse, literalmente, a vida por um clube. Tão pouco sou a favor de fanatismos ou de adesões cegas, que já trouxeram males demasiados ao mundo para que os possamos considerar como coisas boas e louváveis. Nada disso! Entretanto, entristece-me o arrefecimento da paixão clubística, o adormecimento do ânimo que se verifica entre uma grande parte dos adeptos Belenenses, que adoptam uma postura morna, de distanciamento ou até de omissão.


Já não falo, sequer, daqueles que dizem que o Belenenses é o seu 2º clube ou o seu outro clube. Esses, para mim, não são belenenses coisa nenhuma: pelo contrário, a sua afirmação é das maiores ofensas que nos podem fazer. Dispenso essa atitude complacente e caritativa – mesmo se, em alguns casos, ela homenageia a grandeza de alma dos belenenses, que inspira respeito. Como dizia o Pedroto: “Ame-o ou deixe-o!”. Para mim, não se pode ser do Belenenses um bocadinho ou assim-assim. O Belenenses é o meu 1º clube, e o 2º, e o 3º, e o 4º, e o 1000º. Sou belenenses 100%, de raiz e de fruto, até à última fibra; vão para as camisolas azuis com a Cruz de Cristo todos os meus olhares e todos os meus amores, e não sobra espaço para mais nada, em termos clubísticos. E nem concebo outra maneira de se gostar do Belenenses. Como canta o nosso consócio Pedro Barroso: “Se houver alguém que não goste, / Não prove, deixe ficar; / Eu, só por mim, quero-te tanto / Que não vai haver menina [Belém] para sobrar”.

Sinto falta de ver o Belenenses a vibrar. Sinto falta de o ver querido e amado, apoiado e incentivado como o fizeram aqueles a quem devemos o existir este clube, para dele gostarmos. Sinto, sim, saudades de ver um clamor, uma tempestade de aplausos e de incentivos que faça estremecer o nosso estádio e a nossa alma quando a equipa vestida com a nossa camisola entra em campo. Sinto, sim, saudades de ver o nosso pavilhão cheio do grito “Belém! Belém! Belém!” a ecoar por todos os lados. É disso, muito mais do que de vitórias, que sinto falta, pois isso, só, bastaria para me aquecer o coração.

Não quero ofender ou atacar ninguém. Em termos de clubes, os que são do Belenenses são “os meus”, a minha família; para mim, terão sempre essa virtude, que me dá gosto de lhes descobrir outras. Desculpem-me, portanto, mas eu, que sou belenenses – belenenses ferrenho e total –, não posso entender certas coisas: não percebo que, por hábito, se entre tarde no estádio, já depois de a nossa equipa assomar em campo, não lhe podendo por isso tributar o nosso incentivo;

Não percebo os braços cruzados quando há palmas para empurrar as nossas cores para a frente.

Não percebo as gargantas caladas quando se ensaiam os gritos de apoio, que lembram aos nossos jogadores que ali estamos, e devem impor respeito aos adversário.

Não percebo que haja um speaker a quem não se tenha instruído que o nosso grito é “Belém! Belém! Belém” e não “Beléeeeeeeeeem”, e que possa dizer o “nosso Benfica” ou “Trapattoni vai mexer na equipa”, como se interessasse o nome do treinador da equipa adversária.

Não percebo os “doutores da bola” que, nas bancadas, falam de cátedra com ar de grande inteligência – e não me considero estúpido –, olham de soslaio, com quase reprovação, a “populaça que grita e que aplaude, e a quem nem um golo ou um gesto de esforço heróico é capaz de emocionar.

Não percebo que se queira acabar com os sectores que mais apoiam as nossas equipas, em vez de os expandir, multiplicar e enquadrar num movimento de grande élan.

Não percebo que haja quem não se comova com um mar de bandeiras azuis, quem não se exalta com o seu colorid.

Não percebo que haja quem esteja a torcer para que “o Benfica ou o Sporting, porque são de Lisboa, ganhem o Campeonato em vez do F.C.Porto”.

Não percebo que se aplauda ou aceite como normal receber jogadores emprestados de outros clubes portugueses (e particularmente do porto, do Sporting ou do Benfica), sem o sentir como uma humilhação e com ela sangrar;

Não percebo que, em vez de esquecer os jogadores que trocaram a nossa camisola pela de um outro clube português, se siga com grande interesse a sua carreira e se rejubile com as suas conquistas.

Não percebo os que não se comovem com aqueles que, vestindo a nossa camisola, nos honraram e enobreceram, nem com o nosso passado de paixão e glória.

Não percebo, enfim, os que não são belenenses ferrenhos!

Precisamos de belenenses que sejam – só e totalmente – “Belém até morrer”!

Já não falo, sequer, daqueles que dizem que o Belenenses é o seu 2º clube ou o seu outro clube. Esses, para mim, não são belenenses coisa nenhuma: pelo contrário, a sua afirmação é das maiores ofensas que nos podem fazer. Dispenso essa atitude complacente e caritativa – mesmo se, em alguns casos, ela homenageia a grandeza de alma dos belenenses, que inspira respeito. Como dizia o Pedroto: “Ame-o ou deixe-o!”. Para mim, não se pode ser do Belenenses um bocadinho ou assim-assim. O Belenenses é o meu 1º clube, e o 2º, e o 3º, e o 4º, e o 1000º. Sou belenenses 100%, de raiz e de fruto, até à última fibra; vão para as camisolas azuis com a Cruz de Cristo todos os meus olhares e todos os meus amores, e não sobra espaço para mais nada, em termos clubísticos. E nem concebo outra maneira de se gostar do Belenenses. Como canta o nosso consócio Pedro Barroso: “Se houver alguém que não goste, / Não prove, deixe ficar; / Eu, só por mim, quero-te tanto / Que não vai haver menina [Belém] para sobrar”.

Sinto falta de ver o Belenenses a vibrar. Sinto falta de o ver querido e amado, apoiado e incentivado como o fizeram aqueles a quem devemos o existir este clube, para dele gostarmos. Sinto, sim, saudades de ver um clamor, uma tempestade de aplausos e de incentivos que faça estremecer o nosso estádio e a nossa alma quando a equipa vestida com a nossa camisola entra em campo. Sinto, sim, saudades de ver o nosso pavilhão cheio do grito “Belém! Belém! Belém!” a ecoar por todos os lados. É disso, muito mais do que de vitórias, que sinto falta, pois isso, só, bastaria para me aquecer o coração.

Não quero ofender ou atacar ninguém. Em termos de clubes, os que são do Belenenses são “os meus”, a minha família; para mim, terão sempre essa virtude, que me dá gosto de lhes descobrir outras. Desculpem-me, portanto, mas eu, que sou belenenses – belenenses ferrenho e total –, não posso entender certas coisas: não percebo que, por hábito, se entre tarde no estádio, já depois de a nossa equipa assomar em campo, não lhe podendo por isso tributar o nosso incentivo;

Não percebo os braços cruzados quando há palmas para empurrar as nossas cores para a frente.

Não percebo as gargantas caladas quando se ensaiam os gritos de apoio, que lembram aos nossos jogadores que ali estamos, e devem impor respeito aos adversário.

Não percebo que haja um speaker a quem não se tenha instruído que o nosso grito é “Belém! Belém! Belém” e não “Beléeeeeeeeeem”, e que possa dizer o “nosso Benfica” ou “Trapattoni vai mexer na equipa”, como se interessasse o nome do treinador da equipa adversária.

Não percebo os “doutores da bola” que, nas bancadas, falam de cátedra com ar de grande inteligência – e não me considero estúpido –, olham de soslaio, com quase reprovação, a “populaça que grita e que aplaude, e a quem nem um golo ou um gesto de esforço heróico é capaz de emocionar.

Não percebo que se queira acabar com os sectores que mais apoiam as nossas equipas, em vez de os expandir, multiplicar e enquadrar num movimento de grande élan.

Não percebo que haja quem não se comova com um mar de bandeiras azuis, quem não se exalta com o seu colorid.

Não percebo que haja quem esteja a torcer para que “o Benfica ou o Sporting, porque são de Lisboa, ganhem o Campeonato em vez do F.C.Porto”.

Não percebo que se aplauda ou aceite como normal receber jogadores emprestados de outros clubes portugueses (e particularmente do porto, do Sporting ou do Benfica), sem o sentir como uma humilhação e com ela sangrar;

Não percebo que, em vez de esquecer os jogadores que trocaram a nossa camisola pela de um outro clube português, se siga com grande interesse a sua carreira e se rejubile com as suas conquistas.

Não percebo os que não se comovem com aqueles que, vestindo a nossa camisola, nos honraram e enobreceram, nem com o nosso passado de paixão e glória.

Não percebo, enfim, os que não são belenenses ferrenhos!

Precisamos de belenenses que sejam – só e totalmente – “Belém até morrer”!

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