terça-feira, março 22, 2005

Passadeira tricolor...

Não é nosso costume perder muito tempo a comentar textos de comentadores, especialmente quando estes textos são expressão de cegueira clubística. Todavia, de quando em quando abrimos aqui uma excepção, sempre que aquilo que se diz ou escreve se relaciona com o Belenenses, directa ou indirectamente.

Foi hoje publicado pelo jornal “A Bola” um texto de Miguel Sousa Tavares (MST), que considero paradigmático da tal cegueira clubística que tanta afecta os mais doentes adeptos e escribas da “santíssima trindade” do futebol português. É certo que já quase ninguém liga aos textos de MST, evidente que é a sua falta de capacidade para analisar o desporto, e em particular o futebol, com olhos de ver e “massa cinzenta” de compreender. Mas sempre me ensinaram que quem cala consente e que, quando sentimos que os limites foram ultrapassados, devemos dizer basta e manifestar a nossa posição própria.



O ponto 1 do texto de MST é dedicado a João Ferreira, árbitro do Sporting-Porto de ontem, e às expulsões que tiveram lugar durante a partida. Diz MST que a “anedótica” expulsão de McCarthy é a “mais inacreditável expulsão” que o autor viu em “quarenta anos a ver futebol”. E acrescenta que em jogos desta importância reduzir uma equipa a 10 elementos, “ainda para mais na qualidade de visitante (...) equivale praticamente a sentenciar o vencedor”.

Interessantes, as afirmações do comentador. É que só poderá considerar a expulsão de McCarthy a “mais inacreditável” que já viu na sua vida alguém que não tenha assistido por exemplo ao Porto-Belenenses da primeira volta do campeonato, quando Juninho Petrolina é expulso a meio da primeirra parte, na sequência de uma “bolada” de Ricardo Costa e de uma agressão de Costinha, cortesia de Elmano Santos (o tal que Pinto da Costa não gostou de ver abraçar Eduardinho, ontem em Alvalade).

Na circunstância o Belenenses viu-se reduzido a 10 unidades, na condição de visitante e com mais de hora de jogo pela frente... Ou seja, aplicando ao Porto-Belenenses o critério que MST utilizou na análise do jogo de ontem, terá sido Elmano Santos a “sentenciar o vencedor”.

MST teria muitas e boas razões para se calar bem caladinho,e para não falar em arbitragens vergonhosas e expulsões ridículas. Até porque foi muitíssimo beneficiado, uma vez mais, no Belenenses-Porto da 2ª volta, quando ficou por assinalar um penalty claríssimo sobre Lourenço.

À conta dos jogos com o Belenenses, o FC Porto somou 6 pontos muitíssimo duvidosos. E é interessante pensar que se tirássemos 6 pontos ao Porto e os colocássemos na conta do Belém teriamos um Porto com 39 pontos e um Belenenses com 41...

E para que não se diga que falamos apenas das arbitragens internas para justificar as vitórias portistas, ignorando os sucessos fora de portas acrescento que tão inacreditável como a expulsão do Juninho já referida é a expulsão do Jorge Andrade na primeira mão da meia final da Liga dos Campeões no ano passado, aos 86 minutos, impedindo-o que dar o seu contributo ao Deportivo, na segunda mão...

MST fala no seu artigo de uma “passadeira vermelha”, estendida por João Ferreira ao Benfica, oferecendo-lhe a vitória no campeonato. Nós, os belenenses, sabemos bem que esta é uma visão estreita e fanática de alguém que só vê para um lado... A passadeira existe, é certo, mas é tricolor, vermelha, azul (que não o azul do Restelo) e verde, há muitos anos. E mais recentemente, é justo dizê-lo, tem sido remendada com quadradinhos pretos e brancos.

Este texto não se destina atacar MST nem a “santíssima trindade” (Porto, Benfica e Sporting). Ele serve antes para dizer o tal “basta!” que se impõe. É que é uma VERGONHA que a discussão das arbitragens neste país continue a ser feita com base nas expulsões ou nos casos isolados que se vão verificando nos jogos dos beneficiados de sempre, ignorando-se a forma escandalosa como, semana após semana, os outros clubes são verdadeiramente roubados, muitas vezes com consequências dramáticas...

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