Foi hoje publicado pelo jornal “A Bola” um texto de Miguel Sousa Tavares (MST), que considero paradigmático da tal cegueira clubística que tanta afecta os mais doentes adeptos e escribas da “santíssima trindade” do futebol português. É certo que já quase ninguém liga aos textos de MST, evidente que é a sua falta de capacidade para analisar o desporto, e em particular o futebol, com olhos de ver e “massa cinzenta” de compreender. Mas sempre me ensinaram que quem cala consente e que, quando sentimos que os limites foram ultrapassados, devemos dizer basta e manifestar a nossa posição própria.
O ponto 1 do texto de MST é dedicado a João Ferreira, árbitro do Sporting-Porto de ontem, e às expulsões que tiveram lugar durante a partida. Diz MST que a “anedótica” expulsão de McCarthy é a “mais inacreditável expulsão” que o autor viu em “quarenta anos a ver futebol”. E acrescenta que em jogos desta importância reduzir uma equipa a 10 elementos, “ainda para mais na qualidade de visitante (...) equivale praticamente a sentenciar o vencedor”.
Interessantes, as afirmações do comentador. É que só poderá considerar a expulsão de McCarthy a “mais inacreditável” que já viu na sua vida alguém que não tenha assistido por exemplo ao Porto-Belenenses da primeira volta do campeonato, quando Juninho Petrolina é expulso a meio da primeirra parte, na sequência de uma “bolada” de Ricardo Costa e de uma agressão de Costinha, cortesia de Elmano Santos (o tal que Pinto da Costa não gostou de ver abraçar Eduardinho, ontem em Alvalade).
Na circunstância o Belenenses viu-se reduzido a 10 unidades, na condição de visitante e com mais de hora de jogo pela frente... Ou seja, aplicando ao Porto-Belenenses o critério que MST utilizou na análise do jogo de ontem, terá sido Elmano Santos a “sentenciar o vencedor”.
MST teria muitas e boas razões para se calar bem caladinho,e para não falar em arbitragens vergonhosas e expulsões ridículas. Até porque foi muitíssimo beneficiado, uma vez mais, no Belenenses-Porto da 2ª volta, quando ficou por assinalar um penalty claríssimo sobre Lourenço.
À conta dos jogos com o Belenenses, o FC Porto somou 6 pontos muitíssimo duvidosos. E é interessante pensar que se tirássemos 6 pontos ao Porto e os colocássemos na conta do Belém teriamos um Porto com 39 pontos e um Belenenses com 41...
E para que não se diga que falamos apenas das arbitragens internas para justificar as vitórias portistas, ignorando os sucessos fora de portas acrescento que tão inacreditável como a expulsão do Juninho já referida é a expulsão do Jorge Andrade na primeira mão da meia final da Liga dos Campeões no ano passado, aos 86 minutos, impedindo-o que dar o seu contributo ao Deportivo, na segunda mão...
MST fala no seu artigo de uma “passadeira vermelha”, estendida por João Ferreira ao Benfica, oferecendo-lhe a vitória no campeonato. Nós, os belenenses, sabemos bem que esta é uma visão estreita e fanática de alguém que só vê para um lado... A passadeira existe, é certo, mas é tricolor, vermelha, azul (que não o azul do Restelo) e verde, há muitos anos. E mais recentemente, é justo dizê-lo, tem sido remendada com quadradinhos pretos e brancos.
Este texto não se destina atacar MST nem a “santíssima trindade” (Porto, Benfica e Sporting). Ele serve antes para dizer o tal “basta!” que se impõe. É que é uma VERGONHA que a discussão das arbitragens neste país continue a ser feita com base nas expulsões ou nos casos isolados que se vão verificando nos jogos dos beneficiados de sempre, ignorando-se a forma escandalosa como, semana após semana, os outros clubes são verdadeiramente roubados, muitas vezes com consequências dramáticas...
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