Habituei-me a ver em João Manuel um jogador daqueles com verdadeiro valor e que nunca teve a oportunidade que muitos outros, com muito menor valia, têm por vezes. A cada ano que passava, mais refinado ficava o seu futebol e maior era a sua inteligência a jogar. De há cerca de 2 ou 3 anos a esta parte, com 30 e muitos anos, obviamente que a sua disponibilidade física já não era a mesma e o seu futebol acabava por se ressentir desse facto, apesar de continuar a ter ainda muito para dar (e deu) à União de Leiria, onde passou 9 anos, uma raridade nos tempos que correm.
Esta época saiu de Leiria, aos 37 anos, rumo ao Moreirense, onde se perspectivava um final de carreira ainda ao mais alto nível, numa equipa que nos tem habituado a compensar a falta de experiência da maioria do plantel com elementos com grande traquejo. Assim foi e tudo indicava que o jogador Beirão iria ser peça importante na equipa Minhota. Começou a época a titular mas desapareceu, surgindo a notícia em Dezembro que talvez fosse forçado a abandonar a carreira por problemas cervicais. Por mim falo, e a impressão com que fiquei em Dezembro foi que era pena que tivesse de abandonar a carreira, mas esses tais problemas seriam fruto dos seus 37 anos. Assim fiquei até há 2 ou 3 dias atrás, quando tomei conhecimento da sua situação actual.
Custa-me crer que o mesmo homem que há uns meses treinava ao mais alto nível é hoje aquele que as fotos que ontem vi no Record me mostraram. A vida é, de facto, o bem mais precioso que podemos ter e o que li ontem algures, que o jogo de homenagem foi feito esta semana porque no Verão João Manuel pode já não estar entre nós, deixou-me profundamente abalado. João Manuel não é uma das milhares de vítimas das estradas portuguesas nem tem um daqueles problemas que, infelizmente, afectam pessoas jovens e ceifam vidas a jovens ao nosso redor. João Manuel, um jogador que me deliciava, está apressada e cruelmente a ser rejeitado pelo seu corpo. Estou muito triste.
quinta-feira, março 10, 2005
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