A minha estadia no Egipto fez-me clarificar, de vez, uma nítida sensação que tinha, mas que podia não passar de má vontade ou revolta para com Manuel José. Prende-se, portanto, com os porquês que levaram esse treinador a abandonar um projecto arriscado que levou para a frente, tendo exigido tudo sem dar nada em troca.
Conhecendo o Cairo, facilmente qualquer pessoa percebe que nem que fosse o Real Madrid, para ganhar menos ninguém ia para lá. O Cairo é uma metrópole com 18 milhões de habitantes, gigantesca, encravada num gigantesco oásis chamado Nilo, que se estende de Sul para Norte do país, sulcando uma pequena linha de vida. Para além do vale do Nilo, sobra o vazio e a morte. No vale do Nilo, sobra a pobreza e o atraso.
O Cairo é uma cidade onde os taxistas não conhecem os principais hoteis, pura e simplesmente porque quem lá se aloja não apanha táxis! O Cairo é uma cidade onde o parque automóvel é constituído, maioritariamente, por Fiat's 125, 127 e 128, por Peugeot's 404 e 504 ou por Tata's dos anos 70, coexistindo todo este monte de ferrugem com Jaguares, Porches e BMW's! O Cairo é uma cidade onde os prédios, todos com um mínimo de 10 andares, estão inacabados, em tijolo, sem janelas, onde encontramos torres de 30 andares com o 18º andar completamente aberto, sem sequer estar fechado com tijolo! O Cairo é uma cidade onde o stand da Ferrari fica na zona nobre da cidade, que continua a ser uma zona péssima! O Cairo é uma cidade onde o Sol só aparece lá para as 9 da manhã, pois a neblina da poluições esconde o fortíssimo Sol do deserto! O Cairo é uma cidade onde pura e simplesmente não há regras de trânsito, onde vale tudo, onde jamais um ocidental conseguirá guiar um carro mais de 100 metros! O Cairo é tudo isto e muito pior, apesar de ter coisas fantásticas.
Um português só vai morar para o Cairo em busca de uma coisa: DINHEIRO! Faça-lhe bom proveito Sr. Manuel José!
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