Há dias, na sequência de artigo publicado no site oficial, reconheceu um jornal desportivo que o Belenenses já ganhou uma competição europeia de futebol, mais propriamente, a Taça Intertoto. Penso que valeu a pena termos insistido nesse ponto, que nos credita algo de importante. Não devemos desprezar a relevância desses marcos, quando às vezes damos tanta importância aos factos, lamentáveis, sim, mas comparativamente menores, como por exemplo fazer uma crítica injusta a este ou aquele dirigente ou praticante do nosso clube. Dizermos que nos encontramos no lote restrito dos clubes portugueses que já ganharam uma Taça europeia, contribui para aumentar o peso específico do clube, o seu prestígio, a sua força atractiva.
Actualmente, face à realidade do mundo do futebol, é quase impossível o Belenenses aspirar à conquista de uma Liga dos Campeões ou até de uma Taça Uefa, em futebol. Oxalá a médio prazo as coisas sejam diferentes e que, a curto prazo, regressemos às competições europeias.
Mas... e noutras modalidades? No Andebol é difícil, no Basquetebol muitíssimo difícil. Também por via dessas modalidades, a conquista de uma taça europeia se afigura algo de muito complicado.
No entanto, não seria assim no caso do Hóquei em Patins. Dada a força de Portugal nessa modalidade, é perfeitamente possível, sem orçamentos gigantescos, pensar-se nessa hipótese. Por esta razão, sempre fui defensor de uma maior aposta do Belenenses nesta modalidade e sempre estranhei que tal nunca tivesse acontecido...mais a mais quando o maior jogador de todos os tempos, António Livramento, era assumidamente belenense! , como é óbvio, fiquei triste quando se acabou com esta modalidade no clube, pelo menos em termos de competição.
Face ao exposto, contudo, volto a colocar a questão: não seria de recomeçar, não seria de encaminhar as cisas para, dentro de 4 anos estarmos numa competição europeia, com possibilidades de a ganhar?
A questão é complexa. Haveria custos mas, como sempre, é uma questão de opção: onde gastar? Onde poupar? Reconheço que as outras modalidades de pavilhão e de alta competição têm razões de ser muito fortes: o Andebol e o Basquetebol têm fortes tradições no clube, e já nos deram vários títulos, principalmente o primeiro (enquanto o segundo nos encheu a “alma” na época passada); o futsal é uma modalidade com um potencial de popularidade muito grande, e nenhum de nós deixará de a querer ver na 1ª Divisão, já para o ano; o próprio arranque do voleibol feminino é francamente de saudar. Ainda assim, acho que a questão do Hóquei em Patins merece uma atenta e cuidada ponderação.
Hoje, mais do que nunca, a imagem do clube é da máxima importância. E há que a pensar ao milímetro e ao grama. Veja-se o caso de Francis Obikwelu: a festa da sua medalha foi feita... em Alvalade. Nós, belenenses, sabemos quem acolheu aquele jovem, quem o acarinhou, quem o incentivou, quem o lançou para o sucesso, em alternativa a um caminho bem difícil. E, só por isso (e por tantas coisas semelhantes!), o Belenenses é enorme e digno do maior respeito, mesmo por parte dos que são adeptos de outros clubes. Mas, apesar de algumas notícias televisivas, a maior parte da população portuguesa desconhece o que o Belém fez por Francis Obikwelu...
Ignoro quais as condições que o levaram para o Sporting e que o Belenenses certamente não terá podido acompanhar. Não estou a criticar ninguém. De maneira nenhuma! Mas, já agora... não era bom que um atleta azul ganhasse uma medalha nos próximos jogos olímpicos? Também aqui, há que pensar muito bem e fazer escolhas. Não é impossível e o Belenenses bem o merecia, pelos grandes serviços desportivos prestados à população, e que são objectivamente mensuráveis nos 7.000 praticantes que o clube tem neste momento!
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