Artigo publicado na edição de hoje do jornal "A Bola":
É proibido falar!
O impensável aconteceu. O treinador dos juvenis do Belenenses, Paulo Morgado, que há poucos dias conseguiu um feito inédito, foi... despedido. Não se tratou de uma decisão relacionada com maus resultados, tão-pouco com indisciplina ou incompetência, mas apenas... de uma entrevista. O técnico apontou a A BOLA alguns aspectos menos bons da política de formação do clube e a decisão de quem de direito foi dispensá-lo.
Paulo Morgado passou sete dos seus 29 anos no Belenenses. Já trabalhara com as escolinhas e era, actualmente, treinador dos juvenis e adjunto nos juniores. Mas foi como técnico principal que se distinguiu. No passado domingo, depois da vitória sobre o Benfica (4-0), que passou ao lado dos homens que conduzem o clube, o jovem técnico conquistou o direito de levar a sua equipa à terceira e última fase do campeonato nacional da categoria, algo inédito na história dos azuis. Uma proeza que coloca o clube no mesmo patamar de FC Porto, Boavista e Sporting. O grupo vai, no entanto, disputar, e pelo motivo mais impensável, o título de campeão órfão do seu mentor. Paulo Morgado foi convidado a dar uma entrevista a A BOLA no dia seguinte ao triunfo e, de uma forma franca e honesta, explicou que apesar do sucesso muitas coisas existem na política de formação do Belenenses que não estão bem. Lamentou o facto de as camadas jovens não terem a devida atenção e queixou-se da inexistência de prospecção, mas sempre com a intenção de alertar quem de direito para algo que pode e deve ser melhorado. Ontem de manhã, esteve no treino dos juniores e pouco tempo depois foi informado de que estava dispensado de funções. Tentou falar com a Administração, mas o resultado foi nulo. Nem sequer quiseram recebê-lo. Tudo isto, afinal, depois de os administradores terem constatado que havia um treinador no clube que fizera reparos na imprensa. Pouco interessava que tivesse conseguido um resultado de grande qualidade ou mesmo se as suas palavras eram acertadas...
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