terça-feira, novembro 21, 2006

Est.Amadora-1-0-Belenenses: Ai Jesus!

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Crónica da partida por Pedro Sousa:

Após 15 anos sem perder na Reboleira (talvez o único estádio onde não perdíamos há tanto tempo!), o Belenenses foi derrotado por 1-0 num jogo para lembrar, de tão mau que foi. E quando dizemos que o jogo foi mau, não nos referimos apenas aos azuis, mas sim às 3 equipas que entraram em campo. Depois do jogo de ontem, não tenhamos ilusões. O plantel do Belém vai ter de suar, e muito, para garantir a permanência, mesmo sabendo que apenas descem 2 equipas. O Estrela é do nosso “campeonato” e ontem perdemos uma hipótese de, ao menos, somarmos um singelo ponto.

Quanto ao jogo propriamente dito, Jesus mudou 4 jogadores da equipa que inicialmente defrontou a U. Leiria, apostando nas entradas de Vasco Faísca, Cândido Costa, Manoel e Fábio Januário.

A primeira parte foi equilibrada e mal jogada, com muitos passes falhados de parte a parte, mas com ligeira supremacia do Estrela, que chegava com maior perigo à área azul. De salientar uma boa defesa de Marco num livre de Edu Silva e uma cabeça de Jaime que passou rente ao poste. Do lado do Belenenses, pouca clarividência no desdobramento ofensivo, pois as alas não funcionavam e Silas não dava o devido apoio ao desamparado Manoel. Acrescente-se ainda que o futebol azul era lento e pouco objectivo, sendo que os maiores calafrios na defesa amadorense foram causados quando se acelerava o jogo, mas por manifesto azar ou inépcia atacante, todos os remate batiam invariavelmente num jogador da equipa da casa.

À meia hora de jogo, o momento que decidiu o encontro. Canto batido por Edu Silva, a bola bate em Manoel, sobrando para Jaime que, estranhamente isolado perante Marco Gonçalves, só tem de rematar para a baliza. Fala-se em fora de jogo do brasileiro, mas de onde me encontro não é possível vislumbrar e na repetição que vi, não me pareceu existir offside.

O Belenenses, com o golo sofrido, abanou a sua já débil estrutura, e até ao intervalo o Estrela continuou a porfiar na procura do 2º golo. Com o intervalo pensava-se que Jesus iria alterar a equipa ou dar um valente puxão de orelhas à equipa, mas foi puro engano. Só após 15’ de tédio e um livre directo de Ruben Amorim a que se opôs Paulo Lopes, Jesus faz entrar Dady no lugar de Sousa, procurando garantir mais peso na frente de ataque, e pouco depois, aproveitando a lesão de Fábio Januário, coloca Eliseu no terreno. Com isto, o Belém alargou o campo e encostou o Estrela no seu meio campo defensivo. É claro que encostar é uma força de expressão, porque os azuis mostraram-se sempre incapazes de criar real perigo, mantendo apenas a posse de bola, com toques lateralizados e ligeiríssima margem de progessão, à excepção de Eliseu, que trouxe acrescidos problemas ao lateral direito Tony. Junte-se a isto um árbitro passivo perante o exagerado anti-jogo dos jogadores amadorenses, e temos o filme da segunda parte.

Só mesmo nos últimos 5’ da partida, é que o Belenenses criou real perigo no último reduto amadorense, mas Paulo Lopes ou uma perna “amiga” evitaram o empate que seria um mal menor face à fraca prestação azul.

Em suma, uma derrota que acaba por ser justa, não porque o Estrela seja melhor do que o Belenenses, mas porque soube aproveitar o ressalto e a desatenção defensiva no canto que originou o único golo da partida. Quanto ao Belenenses, muito trabalho pela frente e Jesus começa a perder o capital de confiança que os sócios depositavam nele. Neste jogo, montou mal a equipa e as substituições foram feitas com alguns minutos de atraso; já no jogo com a U. Leiria assim aconteceu. A perder pontos desta maneira, e com o calendário teoricamente difícil que se avizinha, preparemo-nos para mais uma época de sofrimento…

Continua...

JOGADORES

Marco Gonçalves – não teve muito trabalho e do pouco que teve, de salientar apenas um sobressalto que quase deu golo. No lance que decidiu o jogo, não se lhe podem assacar responsabilidades, pois Jaime aparece completamente solto na cara do GR. (3)
Sousa – apesar da má exibição contra o Leiria e de Pinheiro (estranhamente não convocado) ter ocupado a preceito o seu lugar nessa partida, Jesus manteve a sua aposta no lateral direito que apenas foi sofrível, tendo sido substituído poucos minutos após o reatamento. (2)
Gaspar – goste-se ou não, a verdade é que o raçudo central tem sido aposta de Jesus e mais uma vez, dentro do seu estilo impetuoso, procurou mandar na sua área de jurisdição. (3)
Vasco Faísca – o mal-amado do Restelo voltou a jogar e desta vez na posição onde aos 20 anos era titular na Série A. A verdade é que do quarteto defensivo foi o mais certinho, ficando na retina um corte perfeito de carrinho efectuado nos minutos finais do encontro. A rever (4)
Rodrigo Alvim – bem melhor do que o seu colega da lateral oposta, não desistiu de correr os 90’ e incentivar os restantes companheiros, se bem que no geral, nada de relevante tenha saído da sua abnegação e entrega ao jogo. (3)
Ruben Amorim – uma exibição fraquinha do jovem da cantera azul. Muito lento e sem reacção, raramente conseguiu impor-se na zona central do terreno, onde a sua capacidade técnica poderia ter sido importante nas saídas para o contra-ataque. Foi substituído a 3’ do fim, quando o deveria ter sido mais cedo. (2)
Zé Pedro – a par de Faísca, o melhor jogador em campo. Se houve jogador que mudou da época transacta para esta foi Zé Pedro, que agora luta, defende e ataca com uma disponibilidade nunca vista. Se ontem não foi totalmente profícua esse voluntarismo, não foi apenas por culpa dele, porque remar sozinho contra a maré nunca é fácil (4)
Silas – falando em remar sozinho contra a maré, Silas é o expoente máximo, só que este rema só para ele. Dizia Silas esta semana que gosta é de jogar a avançado; quem dúvida tinha, ontem podia tê-la dissipado. Incapaz de pegar no jogo, sempre que o fazia, as jogadas eram inconsequentes, com a agravante de não fazer o mínimo esforço para recuperar a bola. Só faltava mesmo a poltrona e a batuta para “mandar” nos colegas. Para quando o banco de suplentes? (1)
Cândido Costa – ontem não houve o jogador combativo, mas sim o jogador trapalhão. Nunca conseguiu entrar no jogo ou criar desequilíbrios pelo seu flanco. Curiosamente, só quando recuou para defesa direito, é que a sua produção subiu. (2)
Fábio Januário – a surpresa de Jesus para estancar as subidas de Tony pelo flanco direito. E deve ter continuado a ser, apesar das ténues tentativas de abrir jogo nas alas, pois Fábio nunca conseguiu sair do marasmo que tem caracterizado a sua passagem pelo Belenenses. Do jogador activo que via pelo Gil Vicente, só mesmo se for procurar no site do seu empresário. Aposta falhada (1)
Manoel – mais uma tentativa de Jesus em aproveitar o ex-vimaranense, num jogo que foi ingrato para o brasileiro. Pode dizer-se que Manoel pouco fez, mas quantas bolas realmente jogáveis chegaram ao avançado? Da exibição de Manoel ficam as 6,7 faltas arrancadas, uma ou outra tabelinha e a “assistência” para o golo de Jaime. (2)
Dady – entrou para o lugar de Sousa e com o seu estilo trapalhão, procurou incomodar os adversários. Mais combativo que Manoel, provou que actualmente, tem de ser a primeira opção para n.º 9, o que não significa necessariamente mais golos. (3)
Eliseu – demorou a entrar no jogo, mas quando o fez, criou mais problemas a Tony. O problema de Eliseu é que falha quase sempre o último passe. Parece que por vezes, não tem bem a noção do que fazer ao esférico; no entanto, merecia ter sido titular neste jogo e talvez agora não tivéssemos a falar de mais uma derrota (3)
Roma – meter o baixinho a 3’ do fim é gozar com o jogador e associados. Obviamente que não dá tempo para entrar no ritmo do jogo. Penso que ainda tocou uma vez na bola. (0)

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