Considero que é hora de reflectirmos, todos nós e sobretudo os responsáveis deste clube, acerca de um mal de que tem vindo a padecer o nosso Belenenses e que, em minha opinião, deverá ser alvo de uma séria e profunda discussão. Falo-vos das lesões que têm atingido, implacavelmente, alguns dos nossos jogadores nos últimos anos.
Quero, desde logo, que fique bem claro que não tenho absolutamente nada contra (ou a favor, diga-se em abono da verdade) dos profissionais que integram o departamento médico do clube, nem sequer alguma vez levantaria qualquer suspeita acerca da sua integridade ou ética profissional. A verdade é que, convenhamos, se podem colocar sérias reservas sobre a sua actual aptidão para dar conta do recado no que toca à… enfermaria azul.
Dir-me-ão…mas isso acontece em TODOS os clubes. Pois acontece! Mas, não só com o mal dos outros posso eu bem, como também sempre me habituei a elogiar, e a ver elogiada, a competência dos profissionais médicos do Restelo. Acresce que tenho sérias dúvidas de que determinadas situações se passassem em determinados outros clubes. E já não estou a falar daqueles que têm mais responsabilidades, mais sócios, mais adeptos, mais visibilidade, mais títulos e melhores jogadores do que nós. Refiro-me a clubes que, supostamente, têm como objectivo retirar-nos o estatuto de 4ª grande do futebol português… Há limites para tudo e, últimamente, muitos têm sido ultrapassados.
Logo nós, que nos podemos orgulhar de ser um clube muito reconhecido a este nível, habituado a ter médicos na Selecção Portuguesa. Eu não queria ir tão longe mas parece-me que, após a saída de Camacho Vieira e de João Silva, nunca mais as coisas foram as mesmas...
Limito-me a constatar este facto: nos últimos anos têm sido contratados jogadores que passam mais de 50% do tempo do seu contrato, ou de determinada época, lesionados. Dou exemplos. Romeu, Djurdjevic, Silas, Cabral, Neca, Mangiarrati, Rui Borges, Rogério, João Paulo Brito, Marco Paulo, Mauro, o próprio Antchouet, que, de cada vez que contraía uma lesão de tipo muscular, ficava 1 ou 2 meses no estaleiro… E estes são apenas casos de jogadores com lesões verdadeiramente crónicas. Outros há, como o Wilson ou o Filgueira, que passaram os 2 últimos anos das suas carreiras sem conseguir fazer mais do que 3 jogos seguidos. Mas, enfim, nesses casos podemos dizer que “a idade não perdoa” e que o departamento médico está, de certa forma, ilibado, porquanto pouco podia fazer.
Mas voltando atrás… e os outros? É normal tanto caso… crónico? É que a estes ainda podemos juntar as situações de lesões mais graves, como roturas de ligamentos, fracturas, etc, que sofreram, a título de exemplo, jogadores como Sousa, Amaral, Marco Aurélio, Carlos Fernandes ou o próprio Romeu (embora este acumule lesões acidentais, normais, com problemas crónicos). Serão apenas os os sócios/adeptos a achar isto estranho? Há lesões que se arrastam e arrastam e arrastam... Insiste-se que ninguém, penso eu, quer levantar suspeitas sobre a competência do nosso departamento médico, muito menos eu que nem sequer tenho qualificações para tal. A minha área é outra, bem outra. Estou, e estamos, somente a constatar uma realidade, dura nos últimos anos, apoiando-me no meu sentimento, no dos demais adeptos e, porque não, em declarações dos próprios treinadores. Tudo isto são factos. E não são contestáveis. Apenas o poderão ser numa perspectiva puramente técnica e essa, uma vez mais, eu não domino. Por isso me limito a questionar se determinadas incidências são ou não normais.
Considero exisitirem momentos, fulcrais no que concerne à gestão de um plantel profissional de futebol, em que o departamento médico tem que intervir. Primeiro, quando emite parecer em momento anterior à contratação de um jogador, certificando, após aturados exames médicos, da sua condição física e, segundo, quando, depois de contratado, o jogador se lesiona e é necessário recuperá-lo. Se em relação a este último não posso opinar em demasia, até porque acredito que haja lesões que podem ser, à partida, mais fáceis de debelar do que outras, já em relação ao aval que deve ser dado no momento da contratação de um jogador parece-me que deveria haver pouco espaço de manobras, pouco espaço para serem cometidos erros. Caramba, não dará para identificar problemas crónicos ou a propensão de certo jogador para se lesionar? Será que se conhece o passado/percurso médico do jogador antes de o contratar? Será que se pede algum tipo de boletim médico, paralelamente aos exames que são feitos? Olhando para determinadas contratações, sou levado a acreditar que isto não tem sido bem feito...
Ora, considero que todos os factos que enumerei têm, pelo menos, importância suficiente para suscitar uma reflexão por parte dos responsáveis do meu clube… ou vamos continuar a assobiar para o ar também nesta matéria?
É tempo de pararmos e avaliar as situações passadas e presentes de contratação de atletas com lesões crónicas ou as situações de lesões aparentemente fáceis de debelar e que se revelam, no fim, autênticos calvarios para o jogador, para o treinador, para a equipa, para os adeptos e para os cofres dos clubes (no caso de não serem as Seguradoras a suportarem os ordenados). É tempo de nos questionarmos sobre se estamos mesmo a fazer tudo o que podiamos fazer e se temos as pessoas certas para o fazer. Pelo menos pensem nisso, nem que seja para concluirem que está tudo bem e que apenas precisa de uma afinação...
quinta-feira, novembro 02, 2006
Escrever Direito - Azar ou algo mais?
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