segunda-feira, setembro 26, 2005

Entrevista a Silas

L.Rodrigues

Entrevista a Silas publicada no Jornal do Belenenses.

Silas nasceu em Lisboa em 1976, e chega ao Belenenses aos 28 anos, no topo da sua carreira, que já o levou a Espanha e a Inglaterra. Ao longo desta entrevista vamos conhecer melhor este jogador ponderado e experiente, e descobrir como se sente bem nesta sua nova casa.

O Silas é um jogador com larga experiência, inclusive com 2 experiências no estrangeiro…De facto, comecei a minha carreira no Domingos Sávio e passei depois dois anos pelo Sporting. Ingressei então como iniciado no Atlético, onde me mantive até ao 3º ano de sénior. Foi então que surgiu o Ceuta, de Espanha, onde estive um ano. Na época seguinte o Ceuta emprestou-me ao Elche, da 2ª Liga, que não conseguiu cobrir as exigências do Ceuta para me libertar no fim dessa temporada, pelo que cumpri novamente o último ano de contrato no Ceuta. Regressei então a Portugal, para a União de Leiria, onde estive dois anos. Após bons desempenhos, fui contratado pelo Wolverhampton, de Inglaterra, onde não fui muito feliz, e estive na temporada passada no Marítimo.

Quais as primeiras impressões, quando está há cerca de 2 meses no Restelo?
Muito boas. Já tinha muito boa impressão do Belenenses, mas as minhas expectativas têm sido superadas. Sabia que era um clube muito bom, vim encontrar um clube muito organizado e com pessoas muito afáveis, o que não é fácil de encontrar no futebol nacional. Os futebolistas por vezes não são muito respeitados e aqui tenho-me sentido muito bem tratado. Em Portugal muitas vezes não nos sentimos respeitados. Em Inglaterra, por exemplo, tive também um tratamento fantástico. Mas em Inglaterra há um respeito pelo futebolista completamente diferente. A mim não me parece lógico que um dirigente tenha 7 páginas num jornal desportivo, acho que é uma falta de respeito não só pelos atletas, mas pelo futebol em si. Em Inglaterra não há jornais desportivos, só generalistas com secção desportiva. Mas os adeptos não fazem ideia de quem são os dirigentes, tirando o caso do Chelsea cujo dono é muito conhecido por motivos “extra-futebol”. Mas por outro lado, há espaço para todos os jogadores de todas as equipas na imprensa. Agrada-me muitíssimo a forma como tenho sido tratado no Belenenses.

Continua...

Como correu o estágio de pré-época em Florença e a digressão a França?
Correu muito bem. Mas não podemos exigir de um dia para o outro que as coisas funcionem na perfeição. Precisamos acima de tudo de minutos de jogo, mas se pudermos ganhar obviamente que é importante. Temos de ganhar entrosamento e perceber e colocar em prática aquilo que o treinador quer. Não serve de nada ganhar na pré-época e perder no campeonato. O objectivo é construir uma equipa e acho que tem vindo a ser conseguido.

Quais as perspectivas para a próxima época?
Em termos colectivos, toda a gente sabe o que queremos: ir à Europa. Os responsáveis já o disseram e nós assumimos o objectivo. Mas também sabemos que há muitas equipas que o pretendem, e com valor. Prometemos entrega, dedicação e trabalho para atingir o objectivo. Tem sido assim por todos os lados onde passei.

E o regresso à selecção, está no horizonte?
Se as coisas correrem bem ao Belenenses, poderá voltar a acontecer. Mas será sempre na sequência de um bom trabalho no Belenenses. Mas é um dos meus objectivos, claro.

Houve muitas entradas nesta temporada. Tem corrido bem a integração do grupo?
Essa foi uma das coisas que mais me tem dado prazer, pois os jogadores nota-se que foram escolhidos de forma a formar um grupo muito unido. Parece que foram escolhidos a dedo. O grupo é muito bom, não há grandes necessidades de “forçar” a integração, porque as pessoas dão-se todas muito bem.

O regresso a Lisboa também foi importante, depois de tantos anos longe?
Foi, foi importante. Mas não foi só por isso. O facto do treinador contar comigo e dizer-me “Quero-te aqui”, foi muito importante o esforço que o Belenenses fez para conseguir a minha libertação, e para o qual também contribuí. É muito importante jogar para a Europa e não para fazer um campeonato tranquilo, senão não viria. Tudo isso pesou na minha decisão.

A experiência em Inglaterra não foi positiva. Alguma explicação para esse facto?
Acontece… em tantos anos de carreira foi um ano. Devemos aprender com o que fizemos menos bem, mas também houve outros problemas que não gostava de referir.

De que forma ocupas os tempos livres?
Vou ao cinema, leio… e neste momento ando a mobilar a casa.

Uma mensagem final aos adeptos…
Esperem toda a dedicação da nossa parte. Dedicação e trabalho.

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