À conversa com... Serrinha

Continuamos a nossa rubrica de entrevistas aos craques do futsal com um dos campeões nacionais da época transacta.
Vai no 2º ano com a nossa camisola ao peito, tem 28 anos, muita experiência de 1ª divisão e é o nosso matador Serrinha.



Blog: Serrinha, como é que começas-te a tua carreira de jogador?
Serrinha: A minha carreira começou no futebol de 11, em clubes do Cacém, nomeadamente o Atlético e o Agualva. A carreira no futebol de 5, foi iniciada no Clube Unidos do Cacém, fiz lá a minha formação. No último ano de júnior, a equipa foi patrocinada pelo Correio da Manhã, que tinha uma equipa a competir na 1ª divisão nacional. Alguns dos melhores jogadores juniores transitaram para os seniores do Correio da Manhã, eu fui um deles, corria o ano de 1995. Logo nesse primeiro ano, consegui ser campeão nacional. Foi uma experiência muito boa. Considero que o título ganho pelo Belenenses na época passada teve muito mais sabor, porque participei com mais regularidade do que na época do Correio da Manhã. Nessa equipa havia muitos bons jogadores, alguns “monstros” da modalidade, casos do Nelito, Ivo Cristóvão, todos eles com muitos títulos conquistados e muita experiência de futebol de 5. As minhas oportunidades para jogar foram quase nulas, participei nalguns jogos apenas. Ficou o prazer de jogar com aqueles grandes jogadores e a aprendizagem. Todos eles colaboraram para a pessoa que eu sou hoje.

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Blog: Depois do Correio da Manhã foste para onde?
Serrinha: Depois do 1º ano fui para a tropa e a minha carreira sofreu uma pequena pausa. Quando terminei a tropa fui para o Vila Verde. Estive lá cerca de 7 anos, sempre fui bem tratado. Entretanto existiram algumas alterações a nível directivo e fui afastado para a equipa B. O treinador da equipa A que era Luís Alves não apostava em mim e como havia pouca procura aceitei a equipa B. Surgiu a oportunidade de ir jogar para o Olímpico da Buraca, fiquei lá 1 época, precisavam de um jogador que marcasse golos e lembraram-se de mim. Depois regressei ao Vila Verde, para a equipa A, cujo treinador era Luís Manta, que montou uma equipa na qual se incluíam alguns dos actuais jogadores do Belenenses. Nesse ano ficámos em 4º lugar, uma das melhores épocas do Vila Verde no futsal. Como a temporada seguinte já não foi muito boa, começaram a surgir alguns problemas e voltei a sair, desta vez para o Santa Susana. Nunca tive problemas no Santa Susana, estive sempre à vontade com todos os dirigentes. Uma situação engraçada que aconteceu no principio dessa temporada foi que estive quase a vir jogar para o Belenenses, na altura, na 3ª divisão, mas como já tinha dado a minha palavra aos dirigentes da equipa de Sintra, não se concretizou a transferência. Foi uma época muito boa, joguei com muita regularidade, marquei muitos golos e no final da temporada, deu-se o salto para o Belenenses. Eu já estava comprometido para mais uma época com o Santa Susana, mas o projecto que me foi apresentado pelo Belém, era aliciante. Houve conversações com os dirigentes do Santa Susana, que facilitaram a minha vinda para o Restelo, não colocando quaisquer entraves à minha saída. Quero agradecer ao senhor Manuel Machado, presidente do Santa Susana e ao senhor Carlos, vice-presidente por não me terem cortado as pernas.

Blog: Podemos considerar a época transacta a melhor da tua carreira?
Serrinha: Sem dúvida que foi uma das melhores.

Blog: Foste o melhor marcador da equipa com 26 golos no campeonato.
Serrinha: É verdade. Foram 26 golos no campeonato e 8 na taça.

Blog: Os teus objectivos individuais foram concretizados na época passada?
Serrinha: A época passada, eu queria marcar muitos golos, embora não viva obcecado por isso, estive 8/9 jogos sem marcar e se não fosse esse interregno, podia facilmente chegar aos 50. Tive a sorte de marcar os livres directos. Quero agradecer aos meus companheiros a confiança que depositaram em mim, muito embora, haja no plantel mais jogadores que batiam bem esse tipo de lances, casos do Carlos Reis, do Pacheco, o Vilar também bate bem. Mas criou-se aquele hábito e aquela confiança em mim e tive o privilégio de ser eu a marcar.

Blog: E quais os teus objectivos para a presente temporada?
Serrinha: Para esta época, quero que seja igual ou melhor que no ano passado.

Blog: E os objectivos colectivos?
Serrinha: Para este ano, espero que as pessoas tenham mais vontade do que ano passado para continuarmos a cumprir os nossos objectivos. No ano passado era ser campeão e chegar o mais longe possível na taça, este ano passa por atingir um lugar nos play-off e melhorar ou pelo menos igualar a prestação na taça de Portugal, ou seja, no mínimo, a final-four.

Blog: Ao atingirmos os play-off, iremos discutir o título, achas possível sermos campeões?
Serrinha: Tudo pode acontecer. Eu acho os play-off um bocado ingratos, porque a equipa que fica em 1º pode não ser campeã. Para este ano, se entrarmos nos play-off, tudo pode acontecer, é a eliminar e ganhar quem jogar melhor e aproveitar bem os erros alheios. Vai ser necessária muita concentração.

Blog: E a final-four?
Serrinha: É em tudo idêntica aos play-off, mas tudo se decide num só jogo. No ano passado fizemos uma caminhada fantástica. No jogo da meia-final aquilo correu mal, deu-nos um bloqueio quando entramos em campo. Podíamos ter marcado primeiro, depois sofremos e não conseguimos dar a volta ao marcador. Para este ano, esperamos disputar a final, e claro, ganhar!

Blog: Achas que o profissionalismo é o caminho a seguir para a modalidade?
Serrinha: O futsal está a evoluir muito rapidamente. Há neste momento, 4 equipas profissionais. Para as outras seguirem o mesmo caminho, têm de investir bastante, irem buscar os melhores jogadores, alguns estrangeiros, nomeadamente brasileiros, que juntamente com os espanhóis, são as melhores escolas de futsal. Mas profissionalizar para no ano seguinte desistir não vale a pena, há que fazer uma aposta ponderada e correcta na profissionalização das equipas.

Blog: Falando em Espanha, gostavas um dia de ir jogar para o estrangeiro?
Serrinha: Quem é que não gostava? Temos vários casos de sucesso em Espanha, casos do Arnaldo e do Joel, é sempre bom, se isso se concretizasse, teria de ser bem estudado, mas gostava de experimentar.

Blog: E uma ida à selecção?
Serrinha: Pensar na selecção eu penso, mas tenho as minhas dúvidas na ida à selecção, muito embora o seleccionador assista a vários jogos. É claro que se for chamado, irei com todo o gosto e prazer, dar o meu melhor para ajudar Portugal. Nunca se sabe. Com muito trabalho e dedicação tudo se consegue.

Blog: Achas que a comunicação social dá o devido destaque à modalidade?
Serrinha: Alguns jornais fazem comentários e reportagens sobre os jogos, embora seja muito pouco, quando fazem é quase sempre Benfica e Sporting, relegando os outros para 2º plano. Há pouca divulgação. Os jornais limitam-se a trazer a classificação e os resultados, acho que podiam acompanhar com mais regularidade o dia-a-dia dos clubes. A televisão começa a dar mais transmissões, mas ainda é muito pouco. O futsal, sendo a modalidade, com mais praticantes em Portugal, devia ter muito mais destaque na televisão.

Blog: Qual o segredo para a harmonia e o bom balneário existente no seio do vosso grupo?
Serrinha: Estávamos todos concentrados no objectivo que era o título, somos todos amigos, já jogamos todos juntos durante vários anos e para este ano vai ser o mesmo. Tudo malta amiga, unida para concretizar os objectivos propostos. Temos de remar todos para o mesmo lado, para o barco não afundar.

Blog: E a integração dos novos jogadores?
Serrinha: Eu no ano passado quando cheguei já conhecia mais de metade do plantel. Alguns nem por isso, só de nome e correu tudo bem. Para este ano, não prevejo grandes dificuldades de integração. É tudo malta porreira e queremos é jogar e divertir-nos. Quem vier com esse espírito, não irá ter nenhum tipo de dificuldades.

Blog: E o apoio dos adeptos?
Serrinha: Dos adeptos só posso dizer bem. É difícil expressar palavras para o apoio que nos foi dispensado. Para este ano, espero que o apoio se mantenha, independentemente dos resultados. O apoio é excepcional, em todos os clubes onde joguei, nunca tinha visto um ambiente como aqui no Restelo, é magnifico jogar com 400 pessoas na bancada a puxar por nós. O êxito é de todos, vocês fazem parte do grupo também, tudo se complementa. Se víssemos o pavilhão vazio, não iríamos ter aquela emoção. Nós temos o nosso valor, mas é preciso aquela base. Chegar ao pavilhão e ver a namorada, a mulher, o filho ou o amigo, dá sempre aquela força extra. É o pontapé inicial. Mas além do apoio, por vezes também sabe bem, ouvir um palavrão dito pelos adeptos, para sabermos que vocês estão ali e estão com atenção, tanto às coisas boas, como às coisas más.

Blog: Queres deixar alguma mensagem aos sócios do Belenenses?
Serrinha: Espero que tudo nos corra bem e nunca nos deixem de apoiar. Juntos vamos ser imbatíveis!

Serrinha, tu podes ter a certeza que o nosso apoio nunca irá faltar, esperamos todos continuar a festejar os teus golos!