quinta-feira, setembro 29, 2005
Belenenses na Revista Dez
Excertos da reportagem de Paulo Jorge Pereira sobre o Belenenses publica no suplemento DEZ do jornal RECORD em 24/09/2005.
Destaque para a pequena entrevista a Meyong - em que menciona a importância do C. Carvalhal na sua decisão em representar o Belenenses - e para a análise do treinador à prestação da equipa do Belenenses nas primeiras quatro jornadas do campeonato.
"Lança de África
Três horas depois, saído de ligeiro treino de recuperação, Meyong exibe o ar confiante de quem faz golos como se rubricasse um papel. Se não fosse aquela perdida em Alvalade, o mundo do goleador seria perfeito. “Tentei colocar a bola em arco, mas peguei-lhe mal e falhei. Não costumo falhar ocasiões daquele género e foi acontecer logo naquele jogo. Ninguém lamenta mais do que eu”, confessa. Revendo os lances decisivos, o camaronês fala a sorrir também do golo com trabalho de Costinha: “Por entre a confusão, consegui rodar, chutei, queria cruzar, mas a bola bateu no guarda-redes e entrou; ainda com a União, Amaral fez uma grande jogada, recebi à entrada da área, tabelei com ele e atirei para a esquerda; em Penafiel foi o melhor golo: grande passe do José Pedro, livrei-me do defesa e fiz chapéu ao guardião; no penalty frente ao Vitória, foi escolher um lado e bater com confiança; o segundo, no canto do Silas, é lance ensaiado, antecipei-me ao guarda-redes.”
continua...
Entre a saída de Antchouet e a entrada de Meyong, o que ganhou a equipa? Carvalhal responde: “Melhora a eficácia da finalização. Meyong também é jogador de equipa, colabora muito nas acções defensivas. Antchouet pressionava muito, Meyong distingue-se não pela intensidade, mas pela perspicácia.”
O avançado considera importante voltar a trabalhar com técnico que conheceu em Setúbal. “Tinha boas propostas do estrangeiro, mas gostei de ser treinado por Carvalhal no Vitória, conversámos, ele disse que poderia fazer boas épocas aqui antes de sair, optei e tudo está a correr bem.” A propósito dos sadinos, o avançado lamenta o atraso salarial, sublinha que “outros clubes têm essa dificuldade” e manifesta “esperança” de que tudo se resolva; Carvalhal alarga o âmbito da apreciação “O problema dos salários em atraso tem de ser revisto segundo compromisso entre todos: responsabilizar dirigentes, ter treinadores com orçamento para gerir e jogadores com garantias de que o mesmo salário mais baixo será pago. No Belenenses existe gestão cuidadosa da Administração, tenho consciência do orçamento e, no enquadramento de um clube estável, conseguimos óptimas contratações.”
O goleador não se esgota em Belém, a selecção de Artur Jorge e Raul Águas está no CAN e à beira do Mundial. “O trabalho deles nos Camarões tem sido impressionante, assim se vêem os grandes treinadores. Poucos acreditavam no apuramento, pois preciso ganhar cinco jogos difíceis. Agora só falta um, espero acabar bem. Se for chamado para a CAN estarei disponível. È uma honra estar na selecção, gosto do meu país, não me parece que isso seja problema para o clube.”
Esta época assinalam-se 60 anos sobre o único título belenense na I Divisão. “Tenho consciência desse facto. Barros Rodrigues, o líder da SAD, no início do campeonato ofereceu-nos um livro com muitos dados históricos sobre o clube. Aquilo que pretendo fazer é deixar marca a letras de ouro como no Leixões e no Vitória de Setúbal, este ultimo em contexto difícil, lembra o técnico.
No imaginário colectivo dos adeptos é recitada de cor a equipa de 45/46 com as três Torres de Belém à cabeça (Armando e Andrade também não são esquecidos): Capela; Vasco e Feliciano; Amaro, Gomes e Serafim; Franklin, Elói, Quaresma, José Pedro e Rafael. Azul memória é o tom em voga.
Carvalhal olha para trás e analisa os quatro encontros do Belenenses no campeonato. Em termos gerais, está “satisfeito com o rendimento dos jogadores”, apesar de saber que “há muito para melhorar” na “luta tremenda pela UEFA”:
Sporting – “A nossa ideia é perseguir os melhores para ser como eles. Creio que fomos das equipas que defenderam mais à frente em Alvalade, criámos várias oportunidades para marcar, eles nem tanto.
Venceram com justiça, mas podíamos ter feito algo mais na finalização.”
U. Leiria – “Fomos intermitentes, alternando excelência e mediocridade. Meyong fez golo a culminar 17 passes sem o adversário tocar na bola. Mas, no segundo tempo, foi raro ultrapassar 4/5 passes seguidos.”
Penafiel – “ Muito mais consistentes, fomos equipa e a bola circulou bem, o golo de Silas surgiu após 14 passes. Defendemos e atacámos muito bem, daí a naturalidade dos três golos. O pecado esteve na transição para a defesa.”
V. Guimarães – “Desafio de abordagem complicada, porque o Vitória, equipa robusta, queria rectificar a imagem, estava moralizado com o triunfo europeu e adoptou cuidados. Na primeira parte não fizemos o que fora definido nos treinos, por exemplo, não variando o sentido do jogo. Houve nervosismo e pouca mobilidade. Após o intervalo tivemos velocidade, saímos das marcações e melhorámos, acabando como equipa.”
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