Na Taça UEFA de 88/89, o Belenenses, depois de haver espectacularmente eliminado o vencedor da edição anterior, os alemães do Bayer Leverkusen, acabou por baquear ante um adversário bastante mais acessível, o Velez Mostar, da Jugoslávia.
Após dois jogos sem que nenhuma das equipas chegasse ao golo, a eliminatória decidiu-se por pontapés de Grande Penalidade – e perdemos...
Dois dias depois, no bar que então existia ao cimo de umas escadas que se iniciavam logo a seguir ao baixo relevo de Pepe, estavam alguns sócios nas mesas, outros (como eu) ao balcão, e, também ao balcão para serem atendidos, um grupo de 4 ou 5 jogadores da equipa de futebol.
Os jogadores conversavam entre si e, a certa altura, algumas expressões mais jocosas fizeram um deles soltar duas ou três sonoras gargalhadas. Como estava mesmo ao lado deles, pude ouvir que um dos colegas lhe chamou a atenção, sugerindo que não se risse tão efusivamente pois “eles [os sócios] ainda estavam sentidos com a derrota e podiam não gostar”.
A resposta foi autenticamente fulminante: “Eles importam-se bem com isso!... Ficaram em casa, com medo da chuvinha...”.
Palavras tão corrosivas quanto justas! Num jogo importante, em que o Belenenses podia dar um grande salto europeu e consolidar o prestígio europeu que granjeara, a televisão e uma chuva miudinha fez muita gente ficar em casa. A assistência foi decepcionante (embora fosse excelente para os padrões dos últimos anos) e, apesar do esforço de uma boa parte dos que disseram “presente!”, os jogadores (res)sentiram-se... Que jogador, que se preze, não gosta de sentir o calor do público, o envolvimento de uma boa assistência, os aplausos e os clamores de incentivo?
Os maus exemplos, sejamos justos, vêm muitas vezes dos sócios e adeptos. É fácil “arrasar” jogadores, treinadores e até dirigentes. Não custa dizer, nos momentos maus, que este ou aquele jogador não respeitou a camisola. E, por vezes, haverá razão para o dizer (atenção: não assim no caso dos jogadores referidos, profissionais briosos). Mas... e nós, respeitamos o nosso emblema quando, por simples comodismo, não comparecemos? Quando, por indiferença, negamos a nossa presença e o nosso apoio – não tanto aos jogadores em concreto mas, mais que tudo, ao Clube? Quando, por isso mesmo, perdemos a legitimidade para criticar?
Lembrei-me disto a propósito do jogo com o Boavista. Lembrei-me disto a propósito do jogo europeu de Basquetebol, onde (só) não pude ser um dos 400 escassos (tão escassos!!!) espectadores presentes, por impossibilidade absoluta. Como me lembrei em outras ocasiões, em que, independentemente dos resultados, a frieza do Estádio me deixou com um sabor a frustração e tristeza!
É PRECISO DEVOLVER A PAIXÃO E TRAZER A ALEGRIA AO BELENENSES!
sexta-feira, novembro 12, 2004
PALAVRAS QUE FORAM DITAS – 27 - No sofá, com medo da chuvinha...
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