sábado, dezembro 16, 2006

Relvados 'cor de rosa' e Matateu

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Artigo de Rita Egídio, publicado pelo site Sportugal:

Olá! Estou de volta aos nossos “relvados on-line”, depois de uns tempos de ausência, por motivos pessoais. Não que seja muito importante para vocês, mas devo dizer que este meu afastamento do futebol e de todos estes meandros me fez muita falta e espero recuperar em força.

No futebol tivemos o afastamento do Sporting das competições europeias, a derrota do mesmo com o Benfica, o regresso de Liedson (já agora, belo livro), o Apito Dourado (mas não muito significativo). Mas, mal ou bem, temos neste momento um campeonato tranquilo sem grandes polémicas, bem diferente do início, embrulhado no “Caso Mateus”.

O que mais me chamou a atenção foi que sobre futebol o mundo “Cor de Rosa” nunca tinha falado tanto!

Tivemos no Verão o caso da nossa fantástica apresentadora Merche Romero e do Super Puto, que fez correr mais tinta do que algum outro romance português.

Continuamos com notícias sobre o tão desejado bebé do Vítor Baia, ou sobre a felicidade do já conhecido casal mediático João Pinto e Marisa Cruz.

Depois vieram as histórias dos sms que os jogadores supostamente enviam aos seus alvos, que passam por manequins e actrizes conhecidas.

Terminamos agora com o famoso romance de Carolina Salgado, que ainda não tive o prazer de ler.

Ou seja, no futebol em si nada de novo, mas nas outras vertentes o futebol transforma-se numa iguaria composta por dinheiro, poder, chantagem, romance, sexo, suborno, flatulência, romance e vedetismo. Todos os ingredientes necessários para fazer do desporto mais famoso do mundo a mais rentável nova fonte de histórias.

No meio disto tudo queria deixar aqui o meu tributo àquele que eu descobri como um dos grandes jogadores de todos os tempos. Sebastião Lucas da Fonseca (Matateu) nasceu em Moçambique, Lourenço Marques, e veio para o Belenenses já tarde, com 24 anos. Ganhou a primeira Bola de Prata na sua segunda época, com 28 golos marcados (troféu que consagrava o melhor goleador do campeonato nacional). Repetiu o feito por mais duas vezes, nas épocas de 1954 e 1955.

Como ponta-de-lança, marcou para sempre aquela época do futebol português, fazendo 217 golos nos 291 jogos que realizou no campeonato.

Destacou-se ainda ao serviço da selecção nacional, com 13 golos nas suas 27 internacionalizações.

Terminou a carreira com 50 anos numa equipa no Canadá. Infelizmente, não há tanta gente que o reconheça pois este génio não existiu na era da TV ou da grande quantidade de media que existem hoje. Não temos, por isso, mais recordações do que aquelas que alguns adeptos sortudos nos podem contar.

Fernando Correia escreveu MATATEU a oitava maravilha do mundo, numa biografia que faltava para completar a estante dos amantes de ídolos de futebol.

Matateu teve azar e sorte. Existiu numa época em que ganhou menos dinheiro, teve menos fama e foi menos reconhecido com o passar do tempo, mas fez durante anos aquilo que amava. Jogar futebolQuem gostava dele era por isso e ninguém se importava com a sua vida amorosa… Aposto que não enviava sms!

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