quinta-feira, janeiro 08, 2009

Quarto de Hora à Belém XXII




Ano Novo, vida na mesma. Continuamos a somar derrotas e agora estamos em último lugar. Muito mau para um clube como o Belenenses. Referindo propriamente o jogo, parece-me que iniciámos o mesmo com receio do adversário e quando assim o é, as coisas podem correr mal.

Até nem iniciámos mal o jogo de facto, pressionámos nos primeiros minutos a equipa do Braga e em termos tácticos surpreendemos aquele que eu considero um “mestre da táctica”. É difícil surpreender um treinador que pensa como poucos e além disso tem várias situações idealizadas para cada fase do jogo. É essa a diferença.

Voltando ao jogo, os primeiros 30 minutos foram positivos, tentámos de bola parada surpreender o adversário, mas o golo não surgiu. Carciano ainda fez a bola entrar (mas o árbitro anulou por suposto fora-de-jogo) e Meyong atirou à barra. Portanto e nos últimos 15 minutos da primeira parte o Braga equilibrou o jogo, perante um Belenenses de contenção e a jogar em contra-ataque.

Na segunda parte, o Braga entrou muito forte e marcou um golo de “rajada” a surpreender a própria defesa do Belém (que diga-se está sempre a ser surpreendida!). Depois já sabemos o que aconteceu, acusámos muito o golo, a equipa nem com a entrada dos suplentes equilibrou o seu jogo, perdemos organização e o Braga sendo uma equipa que em vantagem sabe bem gerir o ritmo do jogo, aproveitou essa situação.

Continuo a dizer que um dos males deste Belenenses é a sua organização defensiva. Não é de hoje, é desde o começo da época (que foi muito mal estruturada). Escolheram-se centrais nos “saldos”, não se chegou a observar jogadores (só por DVD) e a equipa foi no seu todo mal feita. A recente lesão de Gomez também ajudou o meio campo ofensivo do Braga a movimentar-se com mais perigo, junto à zona da área do Belém e depois claro, a defesa ajudou e muito. Carciano fez um penálti ridículo, pois ainda tinha a ajuda do seu colega Arroz e continua assim a revelar muita ingenuidade.
Ora esta falta de organização defensiva, sem um bom pivot defensivo (pois Mano a trinco não tem estrutura física nem componente táctica) como Gomez, resulta numa perda de meio campo e de recuperação defensiva. E como se costuma afirmar “quem perde o meio campo, perde o jogo”.

Também não gostei da estrutura táctica delineada por Jaime Pacheco e como afirma Jorge Jesus “o jogo tem 5 momentos”, isto é o jogo na sua essência nunca pode ter um momento como o Belém o demonstrou – unicamente a fase defensiva. Não podemos estar nesta classificação e a precisar urgentemente de pontos e ir a Braga e jogar com 5 defesas. O jogo tem mais momentos. Na segunda parte, especialmente notei que a equipa preocupou-se mais em aguentar a partida do que propriamente arriscar. A estratégia estava montada para uma equipa sem profundidade, para jogar em contra ataque. Não deve ser assim e espero que com o Rio Ave assumamos o jogo de princípio ao fim. Há que assumi-lo sem medo de errar.

No final Jaime Pacheco disse que faltava “competência à equipa” e que precisava de reforços, o que eu concordo em absoluto. É preciso competência nesta equipa, pois até Silas tem estado abaixo do que pode e deve fazer. Não sei se será desmotivação por este lugar ou então já perdeu a crença neste Belenenses. E depois é preciso equilibrar o plantel com bons reforços e não com meras opções.

Quanto a reforços, estranho que ainda não tenhamos contratado um bom central ou melhor dois centrais, pois o jogo com o Rio Ave está aí à porta e ainda não se viu reforços para um sector muito importante como é a defesa. Por falta de dinheiro poderá não ser, devido à vinda de dois reforços recentes, pode é haver dificuldade em encontrar jogadores que queiram jogar nesta fase no Belém. Quando estamos em alta até são os próprios jogadores a oferecerem-se ao clube, agora quando existem dificuldades é muito difícil atrair jogadores, até pelo projecto desportivo. Não é fácil, mas já vi coisa pior no futebol. Exemplos há muitos, por exemplo o Paços de Ferreira de José Mota que com pouco fez muito ou o Guimarães do ano passado, que com um orçamento pequeno conseguiu superar um orçamento milionário do Benfica e ficar á frente destes na classificação. O importante neste momento é em primeiro lugar ver quais as condições do clube, para depois vermos os reforços que precisamos segundo o binómio – preço e qualidade. Em segundo lugar e pesando os condicionalismos financeiros formar uma boa dupla de centrais. É imperioso mudar a defesa toda. Quando digo toda refiro-me também a Cândido Costa, que na minha opinião continua a render muito melhor a extremo direito.

O meio campo na minha opinião está bem, é o melhor sector e se no sector atacante precisarmos de um avançado então que se procure um goleador. Joeano está no mercado para empréstimo, Garcés também quer sair, Adriano tudo indica que não ficará no Porto. Todos estes podem ser opções válidas e por empréstimo só pagávamos alguma quantia referente ao ordenado. Penso que financeiramente era viável. Portanto acho fundamental reforçar o nosso pior sector, a defesa e se possível também o ataque (com a entrada de um goleador).

Como disse atrás, quando os clubes encontram-se em baixo é muito difícil atrair jogadores. Mas existem sempre os oportunistas a quererem meter o “dedo no clube”. Quando alguém está débil, aparecesse outro em jeito de salvação a auxiliá-lo com promessas e mais promessas. Cuidado Belenenses! Aqui no blog afirmei que era importante a entrada de capital na SAD, pois a nossa realidade financeira assim nos obriga. Os custos são mais elevados que as receitas e o clube assim não tem sustentabilidade para aguentar. Com uma fraca bilheteira, com uma equipa que a continuar com estes resultados não irá atrair novos patrocinadores, com um markting débil, a situação carece de uma intervenção. Defendo a entrada de capital, mas atenção há que ponderar e analisar com quem estamos a negociar. Na vida económica há de facto uma característica fundamental – a confiança. Um exemplo, senão tivermos confiança nos bancos, os indivíduos começam a retirar o dinheiro das suas poupanças e o sistema económico vai por “água abaixo”. O mesmo se passa com esta empresa que quer investir no Belém. Desde quando um general tem interesse em negociar com o Belém? Para abrirmos o capital temos de ter confiança nessa empresa. Não me parece que um antigo combatente e agora general perceba alguma coisa de economia. Ou melhor como arranjou tal empresa. Quanto a mim não quero que ele seja um dos maiores accionistas do Belém, pois para colocar quase 2 milhões de euros no clube, prefiro vender um activo e continuar com uma maioria na SAD. Não tenho confiança nesta empresa, porque de salvadores já nós percebemos. Tivemos um e depois fugiu.

Por último outro tema, a revisão dos estatutos. É imperioso mudar os estatutos de acordo com a realidade social. Mudar os estatutos é mudar o clube também. Os estatutos são a ordem jurídica no clube e são esses que nos guiam no dia-a-dia no Belém.

Em primeiro lugar, concordo com a Comissão de Revisão dos Estatutos em recuperar os antigos sócios, em terminar os votos por procuração e em alterar os mandatos dos Órgãos Sociais de 2 para 3 anos (dando maior estabilidade às direcções). Acho que são questões de fundo que precisam de ser efectivadas em Assembleia Geral.

Mas continua a não haver um plano para este Belenenses. Continuamos a não saber a real situação económica do clube, o marketing apesar de um esforço para se revitalizar, continua perdido sem um rumo e no campo das grandes decisões económicas - a abertura de capital da SAD e o projecto imobiliário (que poderiam dar sustentabilidade a este clube a médio e longo prazo) nada está a ser feito. Faço aqui um alerta para todos os sócios e elementos da direcção do Belém, não confiem em quem vos aparecer primeiro à frente para investir no clube. E para os sócios, pensem com clareza, porque o clube precisa de nós mais do que nunca.

Espero que se façam opções e decisões, pois de teoria estamos fartos! Queremos realmente um projecto sustentável, levado a cabo por pessoas competentes.

Saudações Azuis!
Nuno Valentim

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