quinta-feira, outubro 21, 2004

Se bem me lembro…

Já lá vão uns anos, penso que 6. O Belenenses recebia o Benfica no Restelo e chega aos 2-0 a meio da segunda parte. Era a euforia entre as hostes azuis pela vantagem sobre o rival Benfica, na altura a viver momentos complicados (um hábito na última década).

Mas eis que de repente a equipa de arbitragem decide tomar parte activa no encontro, tomando para si o protagonismo:
- Edgar arranca em posição claramente irregular e o árbitro auxiliar (cujo nome não tenho a certeza, pelo que não vou arriscar enganar-me) não sanciona, surgindo assim o 2-1
- surge depois o momento mais caricato do jogo, e provavelmente dos mais caricatos de sempre no estádio do Restelo, quando há um remate do mesmo Edgar que o guarda-redes Valente encaixa em queda, sem qualquer problema. Ora aqui é que, em bom português, “a porca torce o rabo”… o árbitro auxiliar levanta a bandeirola, toda a gente pensava para assinalar um qualquer fora-de-jogo, e chama o árbitro Vítor Pereira. Momento de apreensão no Estádio e o árbitro apita para o centro do terreno!!!

Quase todas as semanas há lances duvidosos em que uma bola bate na barra, vai à relva e ressalta para fora da baliza, ou em que o guarda-redes entra dentro da baliza para defender, ou até mesmo aquele lance típico do defesa que corta sobre a linha, mas tem os pés atrás dela. Neste caso não! Houve um remate, Valente encaixa a bola e cai na relva, claramente dentro das 4 linhas. Mas o árbitro auxiliar assinala golo…

Havia na altura, no Domingo Desportivo, um óptimo auxiliar chamado “imagens virtuais”, que semanalmente clarificava situações de fora-de-jogo. Nesse Domingo foi utilizado para se saber se a bola tinha ou não entrado. Imaginam o resultado?

Para os menos lembrados, passo a enumerar o que as imagens virtuais permitiram concluir:
- a câmara acompanha sempre a bola e mostra claramente que a bola nem sequer chega a ficar sobre a linha de golo!
- e se a evidência anterior já era grave, o que dizer da que se segue: a imagem virtual foi colocada ao nível da cabeça do fiscal de linha, que aparecia numa das imagens, e a verdade é que o fiscal de linha NÃO consegue ver a bola, na medida em que esta se encontra coberta pelo corpo do guarda-redes que, repito, estava claramente fora da baliza!!!

O que é isto? Um escândalo! O fiscal de linha assinalou um golo em que nem sequer vê a bola! Relacionando com acontecimentos recentes em que os beneficiados do costume, por serem prejudicados uma vez, falam no fim do mundo e do universo, devo dizer que me parece bem mais honesto não assinalar um golo em que há dúvidas que a bola tenha entrado do que em assinalar um golo em que a bola não entrou e, cúmulo dos cúmulos, nem sequer se vê o lance!

Com base nestas imagens virtuais estalou a polémica, em grande parte pelo facto de ser mostrado claramente que o fiscal de linha NÃO via a bola. O árbitro, a alguns meses do Mundial 98, veio logo no dia seguinte dizer que na sua opinião a bola não tinha entrado, mas o fiscal de linha garantiu-lhe que a viu lá dentro, portanto, assinalou o golo. Quando questionado novamente pelo entrevistador, o árbitro disse claramente que viu que a bola não entrou, mas seguiu a instrução do fiscal de linha… o árbitro escapou incólume e o fiscal de linha foi suspenso umas 2 ou 3 semanas! O árbitro que assinalou um lance em que tinha a certeza que não era golo escapou. Aliás, a imprensa fez uma mega-campanha de forma a abafar o caso, pois a proximidade do Mundial 98 e o facto de Vítor Pereira ser o único português a marcar presença tornavam importante que este não fosse suspenso. Uma espécie de desígnio nacional, enviar um incompetente para a maior competição internacional.

Por último, alguém se lembra do que aconteceu às imagens virtuais? Acabaram nesse mesmo dia… eram perigosas! Afinal, até já podiam mostrar o que a equipa de arbitragem não via e fingia que via… eu não me hei-de esquecer.

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