quarta-feira, outubro 06, 2004

A DÉCADA DE 70 - PARTE III – A ÉPOCA DE 73/74. O 25 DE ABRIL E O BELENENSES



Continuamos a nossa viagem pelas memórias dos anos 70, alargando-nos hoje em factos que, pelo menos que seja do nosso conhecimento, jamais foram objecto de uma análise aprofundada ou, sequer, de uma listagem mais ou menos exaustiva. Esperamos e acreditamos, deste modo, deixar consignados alguns pontos fundamentais para se compreender o Belenenses.

Permitam-nos salientar que todos os factos aqui narrados podem ser comprovados. Recusando-nos a fazer afirmações gratuitas, sem apoio em dados objectivos, recusamos e devolvemos, com boa razão de ser, as anónimas acusações de demagogia.


A época de 73/74 iniciou-se debaixo de forte optimismo, devido não só à excelente prestação da equipa de Futebol no campeonato anterior e à margem de progressão que vários jogadores do plantel apresentavam, como face ao panorama nas outras modalidades: no Râguebi havia-se conquistado o título de Campeão Nacional (algo que esqueci de referir no artigo anterior); no Andebol lutara-se palmo a palmo pela conquista do título; no Basquetebol e no Hóquei em Patins, aí estávamos na 1ª Divisão. Por outras palavras, o clube tinha 5 modalidades ao mais alto nível, em alguns casos aptas a lutar pelo 1º lugar, tinha ainda outras modalidades com excelentes representantes (por exemplo, no Atletismo, em especial no Sector Feminino) e, apesar de tudo isto, havia equilibrado as suas finanças.

Pela parte que me toca, e designadamente quanto ao Futebol, sonhava eu com a subida de um lugar na Classificação Geral – o que significaria... o 1º lugar – e com uma grande prestação na Taça UEFA.

Apesar de, durante o defeso, se ter falado de contratações sonantes, nomeadamente de dois internacionais brasileiros – um deles, era Ivair; do outro, já não recordo o nome – o plantel futebolístico sofreu pouquíssimas alterações. Basicamente, saiu Laurindo e entrou o médio Eliseu e o ponta de lança Toninho, ambos brasileiros. A equipa base manteve-se, com uma única alteração: Quinito avançou para o lugar de Laurindo e Eliseu fixou-se no meio campo. Como uma grande parte dos jogadores eram ainda jovens, esta aposta na continuidade prometia dar bons frutos.

No final da época anterior, terminado o campeonato, haviam-se feito digressões economicamente proveitosas e, desportivamente, 100% vitoriosas em França e no Canadá, com destaque para a vitória por 2-0 sobre o Olympique de Lyon (várias vezes campeão francês e que ainda recentemente brilhou na Liga dos Campeões). Por sua vez, na pré época, viajou-se até aos Estados Unidos, Canadá e Espanha, neste último país se tendo conquistado o troféu de La Línea, na sequência de vitória 2-1 sobre o Málaga e empate 1-1 com o Bétis. A poucos dias do início do campeonato, ganhámos ainda, no Restelo, por 4-1, a uma equipa chilena. A “coisa” prometia...

E o Campeonato Nacional começou da melhor maneira com um triunfo sobre o F.C.Porto no Estádio do Restelo, perante uma excelente assistência (calculo que cerca de 25.000 pessoas). O único golo foi marcado a cerca de um quarto de hora do fim, salvo erro por Quaresma (ou teria sido Quinito? Aqui, as minhas memórias estão um pouco esbatidas...).

Seguiu-se um empate 1-1 em Guimarães, resultado que, não sendo brilhante (sobretudo para o que o Belenenses significava na altura...), estava longe de ser desastroso. E aqui, estranhamente, a imprensa começou a dizer que estávamos em crise, que íamos ficar muito aquém do ano anterior... Por que razão? Não se encontrando nenhuma razão...razoável, parece que estávamos a incomodar... E a incomodar a sério!

Na jornada seguinte, em jogo rijamente disputado, e perante enorme assistência, perdemos por 2-1 com o Benfica, no Restelo (justamente no dia em que o clube completava 55 anos). A nossa exibição foi boa, o empate ter-se-ia justificado mas a imprensa gritou ainda mais forte: “crise”! Admito que a equipa se tenha ressentido psicologicamente desse despropositado rótulo, tanto mais detestável quanto é certo que estávamos em véspera da eliminatória para a Taça UEFA.

No sorteio saíra-nos o Wolwerhampton. Mais uma vez não fomos afortunados. O Wolwerhampton era uma equipa bastante difícil, que dois anos antes fora finalista da mesma Taça UEFA, perdendo num 2º jogo com o Totenham, após empate no 1º desafio.

A 1º mão foi em nossa casa, no dia 26 de Setembro de 1973, às 22 horas (eu sou suficientemente... atento e provido de memória para me lembrar destas coisas!). Tenho a ideia que os bilhetes eram muito caros e, talvez por isso, a assistência foi decepcionante. Li algures no site oficial do clube que teriam estado cerca de 9.000 pessoas; pergunto-me se isso inclui os sócios e os convites e crianças não pagantes. Suponho que no 1º caso a resposta é positiva e, no 2º caso, negativa. A ser assim, talvez possamos estimar o público presente em cerca de 12.000 pessoas, ou seja, perto de 1/3 do estádio.

Começámos o jogo algo nervosos (talvez pela pressão do regresso às competições europeias, talvez como reacção à campanha jornalística da pretensa “crise”) e só cerca dos 15 minutos saiu uma boa - aliás, excelente! - jogada de entendimento Godinho-Gonzalez (a tal asa esquerda que, no jogo da 2ª mão, o treinador da equipa inglesa veio a considerar a melhor da Europa...), com perigosíssimo remate do paraguaio. A equipa e o Estádio pareciam despertar mas... 2 ou 3 minutos depois veio o balde de água fria, com o golo do Wolwes. E, até ao final da primeira parte, não mais o Belenenses se encontrou. Mais uma ou dias jogadas de perigo, e foi tudo!

Após o intervalo, então, sim, o Belenenses fez 10/15 minutos de grande nível. Perdemos várias oportunidades, uma delas verdadeiramente incrível e que ainda mantenho na retina. Luís Carlos está sozinho a meio da área, o Guarda Redes inglês está caído, a baliza (a do Topo Norte) escancarada, e o remate vai rasteiro... contra o guardião inglês. Quase não dava para acreditar...mais a mais de um excelente avançado como era Luís Carlos!

“Quem não marca arrisca-se a sofrer” e assim foi, uma vez mais, naquela noite: em contra-ataque veio o 2º golo inglês, que matou o jogo e a eliminatória. A derrota por 0-2, em casa, de facto nada de bom prometia para o jogo da mão, que teria lugar uma semana depois. Mais a mais quando, pelo meio, ainda fomos perder a Alvalade.

No entanto.... entrámos de modo espectacular no jogo da 2ª mão, apesar das dificuldades adicionais motivadas pelo característico apoio frenético do público inglês, e realizámos 25 minutos de grande nível. Aos 7 minutos, Murça colocou o Belenenses a vencer, reduzindo a desvantagem para somente um golo. Renascia a esperança! Por volta da meia hora, os ingleses empataram mas as nossa chances mantinham-se de pé: estávamos a jogar bem e, já com a regra dos golos fora a funcionar, uma vitória por 3-1 dar-nos-ia a qualificação. As ilusões terminaram a cerca de um quarto de hora do fim, com o 2º golo inglês, fixando o 2-1 final.

No campeonato, embora com alguma irregularidade, o Belenenses ia melhorando e fixou-se no 5º lugar, ainda que a alguma distância do Líder Sporting, que veio a ser campeão.

E vem a propósito recordar o jogo da 19ª jornada, no nosso estádio: com as bancadas cheias, num jogo tremendamente disputado (como se escreveu na “bola”: “de poder a poder”, i.e., disputado segundo a segundo, centímetro a centímetro, com ambas as equipas “de peito feito”), o Belenenses ganhou por 1-0 com um golo de Luís Carlos, em remate à meia volta, cerca dos 20 minutos. Que saudades daqueles momentos finais: O público azul de pé, milhares e milhares gritando “Belém! Belém! Belém!”, com um dedo levantado a fazer sinal aos jogadores que se tinha entrado no último minuto!...

À medida que o Campeonato ia avançando, a forma do Belenenses ia crescendo – e sinal disso mesmo foram as 6 vitórias consecutivas com que terminou o campeonato. Curiosamente, apesar de baixar 3 posições – do 2º para o 5º lugar –, o Belenenses conquistou exactamente o mesmo número de pontos que no campeonato anterior: 40.

Repare-se que os 5 primeiros classificados desta época de 73/74 ficaram muito próximos entre si, havendo, pelo contrário, uma grande distância entre o Belenenses e o 6º classificado. Face ao que dissemos, pena foi, portanto, que o campeonato não durasse mais umas jornadas, pois teríamos subido uma ou duas posições. Como, curiosamente, embora por ordem diferente, foram os mesmos clubes os primeiros seis do campeonato anterior, poremos entre parêntesis a soma de pontos obtidos nesses dois campeonatos. Vejamos:

Sporting – 49 pontos (86)
Benfica – 47 pontos (105)
V.Setúbal – 45 pontos (83)
F.C.Porto – 43 pontos (80)
Belenenses – 40 pontos (80)
V.Guimarães – 31 pontos (64)

Quase no fim desta época, deu-se o acontecimento capital para a sociedade portuguesa que foi o 25 de Abril. E gostaríamos de fazer alguma reflexão a propósito, em termos das suas consequências desportivas, em especial para o Belenenses.

É importante notar que, nessa época de 1973/74, o Belenenses fez a “dobradinha” em Andebol, vencendo o Campeonato e a Taça de Portugal (na final, ganhámos 17-14 ao Benfica). Recordemos que, no ano anterior, tínhamos ficado em 2º lugar no Campeonato de Futebol, havíamos sido campeões de Rugby e ficáramos em 2º lugar em Andebol; que estávamos também na 1ª Divisão em Basquetebol e Hóquei em Patins, que estávamos bastante fortes em Atletismo. Em todas estas modalidades, o Vitória de Setúbal (sob a liderança de um grande dirigente: Fernando Pedrosa) estava muito distante de nós (Andebol) ou era inexistente. Apesar das excelentes prestações, tanto nas competições nacionais, como nas europeias, a sua equipa de futebol caminhava para a veterania (73/74 culminou, justamente, a sua época de ouro), ao contrário da juventude da do Belenenses. No conjunto, apesar das vantagens que o F.C.Porto detinha – e detém - como clube mais forte da 2ª cidade do país, um observador imparcial talvez apostasse mais no Belenenses do que no F.C.Porto para o futuro. E no entanto, olhando para estes 30 anos, até onde descaiu o Belenenses, e a que alturas subiu o F.C.Porto!

Como os dois anos seguintes ao 25 de Abril foram caracterizados pela polarização política das atenções, ainda sem grandes alterações em termos de resultados desportivos – com, talvez, a imediata excepção do assomar do Boavista –, vejamos a soma de pontos obtidas nos 4 campeonatos entre 72/73 e 75/76 pelos principais clubes (note-se que, por exemplo, não incluímos aqui o Marítimo, que só em 77/78 chega à 1ª Divisão, nem o Braga, que só aí regressa em 75/76):

Benfica – 204
Sporting – 167
F.C.Porto – 163
Belenenses – 155
Boavista – 142
V.Setúbal –138
V.Guimarães – 138

Acrescentemos a isto as excelentes participações do Belenenses na Taça Intertoto em 1975 (vencedor) e 1976 (2º lugar na sua Série); a presença na meia final da Taça de Portugal em 74/5, perdendo por 2-1 na Luz, depois de termos afastado o F.C.Porto por 2-0; a conquista do Campeonato Nacional de Iniciados em 75/76; a vitória no Campeonato de Andebol, também de 75/76; o campeonato de Lisboa e a Taça de Portugal ganhos no Andebol Feminino, respectivamente, em 1975 e 1976; o campeonato Nacional de Rugby em 74/75.... e, agora, pensemos:

O Belenenses foi sucessivamente baixando as suas prestações. O Sporting, decaiu também. Desde então, em quase 30 anos, o clube leonino ganhou 4 campeonatos, 1/3 dos que conquistara nas três décadas anteriores. O Benfica manteve uma posição forte, até à sua crise de resultados desde metade da década de 90. O Boavista emergiu de um clube quase irrelevante para a disputa dos primeiros lugares, a conquista de Taças e até de um Campeonato Nacional. O F.C.Porto tornou-se o clube mais poderoso. Enfim, para completar o quadro, diremos que em 73/74, entre os 16 participantes na 1ª Divisão futebolística, só havia 5 clubes a Norte de Coimbra, enquanto 8 se concentravam nos distritos de Lisboa e Setúbal (e havia 2 no Algarve), enquanto que, 30 anos depois, tínhamos apenas 6 clubes a Sul de Coimbra, nenhum ao Sul de Lisboa (agora, com o Regresso do V.Setúbal, a “linha” baixou 40 kms...) e 8 concentrados nos distritos de Porto e Braga.

Não vamos comentar esta diferente distribuição por regiões mas repare-se:

- O Vitória de Setúbal terminou a sua “década de ouro” e voltou à relativa penumbra, aqui e acolá sacudida por um fugaz assomar. Acompanhou, à escala, a crise que se abateu sobre os clubes que, durante um tempo, floresceram no distrito de Setúbal: o Barreirense, a CUF, também o Seixal, o Montijo e até o Luso do Barreiro;
- O Sporting, clube elitista por excelência, foi bastante abalado pelas transformações que se seguiram ao 25 de Abril;
- O Benfica, clube estandarte do país no anterior regime (sem querer tirar mérito, nomeadamente, às suas conquistas europeias), fez da sua incontestável expressão popular, de uma verdadeira tradição democrática e de ter sido seio de nichos oposicionistas, bem como, já agora, nos períodos mais revolucionários, da sua cor vermelha, motivos para não ser abalado por essas transformações;
- O F.C.Porto, teve uma hábil política de ser (sempre) oposição para se firmar. Nos anos em que as concepções políticas mais à esquerda se mostraram mais fortes e predominantes, ostentou a bandeira mais conservadora do Norte; quando a tendência política se inverteu, mudou curiosamente de rumo (relembre-se o afastamento de Américo de Sá). Enfim, encontrou em Pinto da Costa um dirigente tenaz, ambicioso, que defende o seu clube a todo o preço e que parece nunca se saciar de vitórias;
- O Boavista, independentemente de outras considerações, seguiu à sua escala o trilho do F.C.Porto, ousou apostar nos momentos conturbados do país (Pedroto a treinador em 74/75 e 75/76), aproveitou a lógica da transferência de poder futebolístico do Sul para o Norte, e nesses centros de poder colocou estrategicamente as suas peças.

E o que se passou no Belenenses?

No Belenenses, algumas pessoas que financiavam o clube entraram em pânico e desapareceram. Mais, e pior: o Belenenses não soube defender-se e argumentar, quando alguns o conotaram especialmente com o regime deposto. Permitiu-se – e permitiu-se durante muito anos! – que se jogasse com a colagem ao Almirante Américo Tomás, a pontos de nos atirarem à cara que sem ele “não éramos nada”. Ora, a realidade, é esta:

- Américo Tomás era sócio ( e veio a ser presidente honorário) do clube muito antes de ser Presidente da República e antes, bastante antes até, de ser Ministro da Marinha. Mais: era sócio desde o tempo da 1ª República.
- Antes da Ditadura e do chamado Estado Novo, um Presidentes da República também foi simpatizante e sócio do Belenenses: Manuel Teixeira Gomes. Com a mesma naturalidade com que, por exemplo, Jorge Sampaio é do Sporting.
- Ninguém pode afirmar que Américo Tomás contribuiu para favorecer o Belenenses. De resto, li da pena de jornalistas claramente oposicionistas do regime ante 25 de Abril que ele mantinha a sua imparcialidade nesse âmbito e que, quando assistia a jogos do Belenenses, era cortês e educado.
- Aliás, toda a gente sabe que, embora a Constituição de 1933, literalmente, determinasse o contrário, o Presidente da República era mera figura decorativa ou protocolar (e Américo Tomás mais que todos), pois o verdadeiro pilar e força determinante e mandante do regime era Salazar – do qual não se conhece nenhuma simpatia pelo Belenenses...
- O Belenenses não foi mais (nem sequer tão beneficiado) pelo Estado Novo, do que outros clubes, mormente o Benfica e o Sporting. A “expulsão das Salésias” e a perda do Restelo mostram-no à evidência. Em rigor, fomos, sim, prejudicados e não benificiados.
- Certamente, havia figuras do regime que eram adeptos ou sócios do Belenenses. Era normal. Sendo então o Belenenses o clube de uma percentagem relevante de portugueses, logicamente que também uma percentagem relevante de figuras do Estado Novo eram adeptos do Belenenses. À proporção natural...Nem mais nem menos!
- Mas, como em outros clubes, e certamente que também na lógica proporção, havia no Belenenses oposicionistas e contestatários do regime anterior. Lembremos, desde logo, que Artur José Pereira e Cândido de Oliveira eram amigos íntimos, e que o último foi bastante perseguido pelo regime deposto em 1974.
- E lembremos, muito particularmente, que foram 3 jogadores (todos) do Belenenses que, num jogo internacional com a Espanha, se recusaram a fazer a saudação fascista, eufemisticamente chamada de “olímpica”, com os consequentes problemas advenientes: Mariano Amaro, Artur Quaresma e José Simões. Amaro, foi mesmo ao ponto de cerra o punho, em vez de estender a mão. De resto, em outras situações, responsáveis do Belenenses foram seguidos, vigiados ou atormentados pela polícia política.


Tentámos, na medida do possível, eximir-nos à emissão de opiniões políticas (embora não possamos deixar de dizer que somos contra todo o tipo de tiranias, sejam elas quais forem, e que a liberdade de pensamento e de expressão é um bem precioso). O que, sim, gostaríamos de deixar claro, é que o Belenenses tinha argumentos para evitar a colagem que foi feita. Assim tivesse havido coragem... e conhecimento da história (coisa útil, diga-se o que se disser. Se não sabemos quais as causas que as provocaram, como poderemos compreender as situações presentes?). Mas não houve....

E como não houve, o clube resistiu, durante 2 ou 3 anos, vivendo à conta dos juros... do que, no caso do futebol, ia restando duma equipa em decomposição. Veja-se a diferença: em situações quase iguais em 74/76 (também eles viviam um jejum de títulos), o F.C.Porto ousou, e nós...encolhemo-nos. Em ambos os casos, deu o que deu...

E vem aqui a propósito referir algo que não consigo perceber, por mais voltas que dê à cabeça: durante décadas, o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol era, rotativamente, do Benfica, do Sporting e do Belenenses (teve razão o F.C.Porto quando reagiu contra isso... eles tiveram razão em algumas queixas, é preciso reconhecer, à luz da história); temos autoproclamados adeptos (pelo menos são sócios...) do Belenenses na Presidência da Federação de Andebol, da Confederação Portuguesa de Desportos, em vários organismos desportivos; tivemos belenenses a seleccionadores nacionais; temos belenenses a dirigir “a Bola” e o “Record”; temos como adepto um dos melhores jogadores actuais de hóqueis em Patins (Filipe Galréu) e tivemos como belenenses assumido o melhor Jogador de todos os tempos (António Livramento), sem que nunca singrássemos nessa modalidade; temos tido alguns dos melhores técnicos nas diferentes modalidades; temos e tivemos algumas das mais notáveis figuras do meio artístico e cultural português... e há décadas que marcamos passo! Porquê essa timidez, esse escrúpulo levado ao excesso (contrastando com o “descaramento” de adeptos de outros clubes)? porquê essa falta de ambição? Porque se instalou esta maneira de ser simpática-porreirinha, alheia a confusões de disputa dos lugares de topo, que quase sempre prevaleceu nas últimas décadas?

Repito: uns ousaram, nós não. E os resultados são factos objectivos...

Mas continuaremos no próximo artigo...

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