Às vezes dou por mim a pensar: de onde vem toda esta paixão pelo Belenenses?
A resposta imediata que me ocorre é a influência familiar... mas pensando bem, não é só por aí. O meu pai gosta de tanta coisa que eu não posso sequer ver à frente! Não é por aí, também é, mas não só. Então se calhar é por ter vivido os primeiros 10 anos da minha vida na Ajuda, e desde então entre Algés e Linda-a-Velha, zonas de forte implantação azul. Mas não, dos meus amigos da Ajuda havia um do Belenenses, os outros eram do Benfica ou Sporting. De Algés e Linda-a-Velha, também só meia-dúzia eram pastéis, alguns mais por obrigação que por gosto...
Da escola, será isso? Talvez, sempre andei em escolas perto do Belenenses... mas também aí conhecia meia dúzia de amigos azuis. Claro! Foi no Belenenses que pratiquei desporto!!! Não, é mentira. Pratiquei no Belenenses ginástica, que era uma coisa que abominava mas que os meus pais me obrigavam a fazer. O futebol, a minha paixão, foi jogado no grande Atlético, pois o Belenenses rejeitou todo o meu talento...
Há-de haver um motivo. Será por ter estado presente, embora sem ter vivido, a final da Taça de 89, ou o jogo com o Mónaco, ou ainda a vitória no campeonato nacional de Andebol nos anos 90? Também não.
Começo agora a descortinar de onde nasceu o meu amor pelo Belém... diria que na época 1997/98, a da última descida. Aquela em que até ao fim, sabendo aquilo a que estavamos condenados, não falhei um jogo. Porque se é verdade que descemos de divisão, também é justo realçar que os jogadores em campo deram sempre tudo, mas infelizmente os dias conturbados que o nosso clube vivia não davam para mais. Tinhamos um avançado chamado Dias que "ganhou" um jogo ao Porto, tinhamos um médio Sueco chamado Leif Olsson que parecia um caixote e tinha um pontapé de meia-noite, na estreia enviou uma bola à barra que se ouviu o som do outro lado do estádio. Tinhamos um avançado Dinamarquês com 1,50m, o Johansson, rápido como uma flecha, tosco como os trovões. Ou então um extremo que poderia ter tido uma carreira brilhante, mas nunca conseguiu dar o tal "clique", o João Paulo Brito. E que dizer de Jójó e Néné, esses laterais imponentes? Não, nem vou falar de Vitor Valente, o homem que defendia as bolas para a frente (e era dos poucos que se "safava"). Ou Fonseca, um central algo lento e duro de rins... Mas tinhamos jogadores que me faziam crer no futuro, e acho que foi aí que o meu amor pelo clube brotou. Botelho, que era fantástico a saír-se aos cruzamentos e anda desaparecido ; Malá, um ponta-de-lança promissor que virou médio e está no Beira-Mar ; Neca, um médio que parecia muito consistente e é hoje uma referência do clube ; Paulo Dias, um trinco de raça e a quem augurava um futuro brilhante, e que se perdeu pelos anos fora. Provavelmente esqueço-me de algum. Mas não me esqueço do suor que todos deixaram em campo em tão ingrata época.
E foi assim que no ano seguinte, na 2ª Liga, passei a viver colado ao rádio ou no Estádio ao Domingo, ansiando pelas vitórias (o que na 2ª Liga significa ganhar em casa e empatar fora). E deliciava-me com um jogador fabuloso, chamado João Gonçalves, o fantástico Tuck. E com o Marcão, o Marco Aurélio ou o Filgueira. Quando no dia da subida saí da bancada e entrei no relvado, soube que a emoção que senti naquele dia de regresso à 1ª Liga era uma brincadeira, comparada com a que o meu pai sentiu ao vencer a Taça em 89. E é esse sonho que persigo desde esse dia, ver o meu Belenenses conseguir grandes conquistas.
Acabo como uma frase que já se tornou célebre: Eu ainda hei-de ver o Belenenses campeão, nem que para isso tenha de não morrer!
quinta-feira, outubro 14, 2004
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