domingo, outubro 03, 2004

El Mano del Papa


20 minutos a vulgarizar o Campeão Europeu.
70 minutos de ridicularização do espectáculo, do desporto e dos intervenientes num jogo que tinha tudo para ser interessante.

Entrou bem no jogo a nossa equipa, que ao contrário do que disse Fernandez não se limitou nunca a defender. Criámos aliás as melhores oportunidades do jogo (ou seja, dos primeiros 20 minutos), muito pela capacidade de entendimento da nossa linha ofensiva, muito bem apoiada por Amaral, uma das revelações deste início de campeonato!

Lourenço, por exemplo, teve nos pés o primeiro para o Belenenses, mas deixou-se antecipar por Pedro Emanuel. Será que Emanuel teria tido a capacidade de se antecipar a Lourenço se tivesse sido expulso quando carregou pelas costas um adversário, falta claramente punida com cartão vermelho como mandam as regras internacionais?

O Porto tremia e o Belenenses - talvez a equipa mais esclarecida destes jogos iniciais - ia aproveitando para explorar os espaços nas costas da defesa adversária.

Até que aos 22 minutos... Juninho Petrolina, que havia já sido penalizado com um cartão amarelo no mínimo forçado, é duplamente agredido: primeiro por Ricardo Costa - que chuta a bola contra o jogador azul, quando este se encontrava no chão - e depois pelo chamado "ministro", um verdadeiro mestre no jogo sujo, nas provocações para a bancada e na desestabilização das equipas contrárias.

Elmano Santos, fazendo juz ao nome, funcionou como "El Mano del Papa", e resolveu acabar com o jogo. Perante o desespero de Carvalhal, homem do futebol espectáculo, o senhor do apito expulsou o médio criativo belenense, poupou a expulsão a Costinha e nem sequer penalizou Ricardo Costa. Inacreditável.

A partir desse momento o Dragão percebeu como funcionava "El Mano" que tinha em campo. Os assobios controlavam a actuação do árbitro. Os amarelos choveram para a nossa equipa, e o Porto ia tentando fazer uma jogada de jeito, perante o Belenenses atordoado, mas não vencido.

O golo do Maniche é naturalmente consequência do desiquilibrio que a expulsão de Petrolina causou no meio campo azul. Apenas Fernandez se recusa a ver o óbvio. Fica-lhe mal. É a imitação de Mourinho no seu pior (em alguns casos Mourinho chegou a reconhecer erros em seu beneficio, como na Super-Taça face ao Leiria). Pode ser que um dia seja cuspido, como prémio.

"El Mano", esse continuava o Show:

- Pepe entra a matar sobre o Imperador... nem amarelo leva;
- Andersson é penalizado por ter feito o mesmo que Ricardo Costa - chutar a bola contra um adversário - e o árbitro demonstra a dualidade de critérios que marca a sua actuação;
- Ricardo Costa defende à cotovelada perante Lourenço, e é-lhe poupado o 2º amarelo;
- Derlei simula uma grande penalidade, mas El Mano deixa seguir...

Carvalhal mexe na equipa - na minha opinião bem - e isso sente-se.
O meio campo, que agora corria a dobrar, começa todavia a dar sinais de cansaço e o Porto aproveita para criar algumas situações de perigo. Marco Aurélio brilha e demonstra uma vez mais que é o melhor guarda-redes a actuar em Portugal.

Nada havia a fazer, senão dignificar a camisola azul. Foi o que fizeram os 10 magníficos que terminaram o jogo.

Sinal positivo para Marco Aurélio - um verdadeiro IMPERADOR -, Amaral, para os centrais, Andersson e Zé Pedro. Sinais negativos não há, uma vez que o jogo terminou aos 22 minutos, sem que o Porto tenha criado um único lance de efectivo perigo.

Resta-nos referir aqui duas notas finais:

- Carvalhal é um treinador inteligente. Sabe comportar-se, no banco e fora dele. Excelente a sua entrevista à TVI após o jogo. Uma lição para o pacóvio Fernandez.

- É absolutamente necessário reagir a esta PALHAÇADA. A SAD deve fazer ouvir a sua voz, e utilizar todos os instrumentos ao seu alcance para defender os interesses do Belenenses, que passam entre outros aspectos pelo afastamento deste árbitro sem nível e sem vergonha.

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