Foi, exactamente como o título desta crónica, que vi o jogo de ontem: um Porto em ritmo de passeio que chegou e sobrou para as encomendas e um Belém que deu tudo o que tinha, mas que tem muito trabalho pela frente para incomodar adversários deste valor.
De facto, ao intervalo dei comigo a pensar o que seria desta equipa se o Porto tivesse jogado a 100% em termos de entrega e concentração. A cada aceleradela, o pânico ficava semeado na nossa defesa e meio-campo defensivo. A equipa foi montada curta, mas penso mesmo que dada a descoordenação defensiva registada, mais valia esticá-la mais um pouco, pois pelo menos podíamos tentar algo em termos ofensivos (tal como sucedeu na 2ª parte, antes do 2-0).
Se na baliza Júlio César se mostra cada vez mais como uma excelente aposta, a defesa tem muito trabalho pela frente. China, o mais regular, acabou por ser infeliz ao estar intimamente ligado ao 1-0, com o seu desvio para canto a bater na canela de Mariano Gonzalez e a entrar na baliza. No lado oposto, Baiano foi afoito no ataque (mas incipiente) e mostrou grandes dificuldades defensivas, em termos posicionais, tendo também ficado "afectado" com um amarelo algo injusto. No eixo, Carciano mostrou alguma capacidade para jogar já na Europa, mas precisava da companhia de alguém com tarimba do futebol português. E não era certamente Matheus, que parecia ter sido largado numa jaula com leões, a companhia indicada. A acrecer a estas dificuldades, à frente dos centrais Casimiro Mior optou por colocar Rodrigo Arroz, que não mostrou qualquer tipo de predicados para jogar nessa posição, não conseguindo ser o elo de ligação entre sectores.
No entanto, a entrada de Baiano teve o condão de devolver Cândido Costa ao meio-campo, e este revelou-se mesmo o melhor do Belenenses, a par de Júlio César. José Pedro, Maykon e Silas estiveram muito ausentes do jogo (a bola apenas lhes chegava em pontapés longos) e na frente Marcelo estava muito sozinho e não parece ser avançado de acorrer a lançamentos em velocidade.
Curiosamente, o Belenenses até podia ter entrado a ganhar na 1ª jogada do jogo, com Marcelo, completamente sozinho em frente à baliza, a cabeçear muito mal, por cima da barra. O Porto calmamente tomou as redeas do encontro e foi com naturalidade que fez o 1-0, após muitos minutos de pânico na defesa azul. Rodrigo Arroz perdeu uma bola em zona proibida, a equipa ficou em contra-pé, Carciano na confusão "largou" Lisandro Lopez para tentar resolver o problema, este isolou-se e Júlio César defendeu muito bem. Veio então China, que ao tentar aliviar para canto acertou em Mariano Gonzalez e a bola, infelizmente, entrou na nossa baliza.
O Belenenses não conseguia responder e o Porto tinha uma supremacia absoluta sem nada fazer por isso. Apenas quase no intervalo o Belenenses se voltou a acercar da baliza azul e branca, mas sem resultados. Até aí, o Belenenses havia até já beneficiado de um fora-de-jogo irreal tirado ao lateral direito portista que se isolou e deu um golo certo a Lisandro Lopez.
Com o 2º tempo o Belenenses veio um bocadinho mais solto, e as substituições melhoraram a nossa equipa, enquanto o Porto vivia calmamente "à sombra da bananeira". E quando parecia que as coisas poderiam mudar um pouco, a mão "divina" do árbitro expulsou Carciano sem qualquer justificação, e assim tudo ficou mais fácil para o Porto, que chegou ao 2-0 num pontapé do outro mundo de Hulk.
Concluindo, ao que tudo indica Gavilán não pôde ser utilizado, mas Mano não faria melhor de trinco e Arroz recuava para central? E não haverá nenhum avançado rápido no plantel para jogar estes jogos? Um plantel de contenção tem de ser montado com avançados com características diferentes de um plantel que assume o jogo...
Ficaram muitas questões no ar e, da minha parte, uma profunda preocupação pela nossa defesa. É que se não marcarmos, o 0-0 ainda pode dar 1 ponto... e no final da época, 30 devem ser suficientes!
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