No jornal “A Bola”, de 21 de Novembro de 2004, escreveu o nosso consócio Homero Serpa palavras que merecem amplamente ser citadas:
"Claro que já ouvi histórias semelhantes no passado e, até, assisti a factos intrigantes, que concederam e tiraram títulos nacionais. O meu clube, o Belenenses, do qual não falo aqui com a insistência que vejo noutras crónicas em relação a outros emblemas, protegidos e abençoados pelas audiências, que são tão vastas que me dão a ideia do país ser, agora, habitado aí por uns vinte milhões de cidadãos, o Belenenses, dizia eu, perdeu, pelo menos, um campeonato devido a misteriosos erros de arbitragem.
Ainda, outro dia, o Carlos Gomes, antigo e bom guarda-redes do Sporting, confirmou um desses lapsos no célebre jogo dos quatro minutos, nas Salésias. Carlos Gomes contou um episódio autêntico, eu poderia ir lá atrás, montado na máquina do tempo, e descobrir situações semelhantes. Mas se nem a cruz de Cristo salvou o Belenenses de injustiças, por que razão havia eu de trazer a estes modernos tempos atitudes premeditadas ou apenas casuais impeditivas dos êxitos do Belenenses com óbvios reflexos na caminhada dos clubes? O iconoclasmo ficou assim a manchar pessoas, o problema é saber-se se de facto as melindrou ao ponto de sentirem remorsos, creio que não, uma vez que foram procedimentos ardentemente perfunctórios."
Nestes dois magníficos parágrafos, o grande Homero Serpa põe a nu dois pontos do maior interesse para nós:
1º O contraste entre o pudor – o escrúpulo – com que belenenses como ele falam do clube quando escrevem para jornais que se supõem independentes (mas onde se podem encontrar gabinetes cheios de adereços do Benfica...adiante...), e o despudor e o inescrúpulo com que adeptos de alguns outros clubes se pronunciam. O mais grave é que Homero, quando fala, assume claramente que é do Belenenses, como, justiça seja feita, faziam no passado Ribeiro dos Reis, Aurélio Março e Carlos Pinhão relativamente ao Benfica, ou Vítor Santos e Carlos Miranda, relativamente ao Sporting. Hoje, o que assistimos, nos jornais desportivos e não só, é à mais venenosa de todas as práticas: sob a máscara, debaixo do fingimento da independência, jornalistas medíocres e ignorantes, fazem a propaganda descarada dos seus cubes...mas são imparciais! Subtil mas certeiramente, Homero Serpa denuncia esse facto.
2º Como relatamos pormenorizadamente em outro artigo, esteve o Belenenses várias vezes em condições de ser campeão, para além daquela época em que conquistámos o título. E, em alguns casos, situações anómalas impediram-nos de alcançar esse objectivo. Se tivesse sido com outros clubes, seriam escândalos nacionais, até hoje. Mas assim... O facto é que essas anomalias sucederam e, sem elas, o presente poderia, talvez, ter sido bem diferente...
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Palavras que foram ditas... 31 - (DES)PUDORES
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