Vivemos por esta semana dias difíceis no Restelo. O pesadelo que vivemos a época passada e que queríamos rapidamente esquecer, e que durante alguns meses pareceu longe de se repetir no futuro próximo, surge agora como uma sombra que volta a pairar sobre o nosso Belenenses, que se revela ano após ano capaz de se envolver nas situações mais estranhas que se possam imaginar.
Partimos para esta época com renovadas, e pareciam fundadas, esperanças de uma época de transição, porém livre de sobressaltos. 13 jornadas volvidas, estamos exactamente como na época passada, com os mesmos pontos e as mesmas interrogações no horizonte. Apenas temos alguns factores que nos dão o pouco ânimo que na época passada por esta altura já nos escapava: um guarda-redes que se mantém sólido, um patrão da defesa que nos faltava, um patrão do meio-campo (mas sem ajuda, ganhar um patrão da defesa roubou o pronto-socorro do meio-campo) e um avançado que já ultrapassou o estatuto de trapalhão que se enganava, e que agora é um goleador que se atrapalha. Tirando isso, o mesmo deserto de ideias, a mesma falta de fio de jogo e de vontade de correr e suar a camisola.
Sentimo-nos, obviamente, orgulhosos da quantidade de “produtos” das escolas que são escolhas regulares do treinador e mostram o seu valor. Sentimos que Amaral, quando joga na sua posição, é um grande reforço. Sentimos que Petrolina, numa equipa que saiba o que quer, pode ser um diamante. Sentimos que Cabral é útil. Sentimos que Rodolfo Lima e Lourenço não se revelam a mais-valia que é condição imprescindível para se recorrer a empréstimos, que acabam sempre por beneficiar mais quem empresta do que quem pede o empréstimo. Sentimos que José Pedro, em quem depositámos tantas esperanças (e com razão se nos basearmos no seu potencial), continua a dar razão a Jaime Pacheco, que se encantou com ele nos primeiros tempos mas depressa percebeu que “não era por ali”.
Sentimos claramente que não temos extremos. Que temos uma táctica ridícula e que vai vivendo do génio de Petrolina e da vontade férrea de Antchouet, bem como da estoicidade de Marco Aurélio e das omnipresentes dobras de Pele. Começámos a época com 2 extremos no plantel, ambos do lado esquerdo. Um foi titular um jogo, quando entrava era decisivo e, com ou sem motivo, foi despedido. O outro, um jovem com elevado potencial a extremo esquerdo, tem de ir jogando alguns minutos de vez em quando a defesa esquerdo, onde não é bom nem mau, simplesmente é…
Veja-se o ridículo do nosso meio-campo típico: Andersson, Neca, José Pedro e Juninho Petrolina… um médio-centro e 3 (três) criativos!!! Quem joga nas pontas??? José Pedro à esquerda e um dos outros 2 à direita… coisa que nenhum deles sabe fazer! Queremos jogar pelo meio, mas como se jogamos muitas vezes com o Antchouet sozinho na frente e, na melhor das hipóteses, com 2 avançados “porta-chaves”? Aqui sinto-me à vontade: nunca concordei com a dispensa do Ceará. Tosco, mau, etc, era um ponta-de-lança forte e volto a insistir que o Detinho também não valia um “caracol” e era o abono de família do Antchouet no Leixões, abrindo espaços e ganhando bolas para o Gabonês rasgar.
A questão é: como é que com este meio-campo “obtuso” não há espaço para Eliseu??? Já que nenhum dos criativos defende, e um deles atrapalha mais do que ajuda… até ando com saudades do Marco Paulo. Pode ser lento e jogar sempre para trás e emperrar o jogo, mas pelo menos joga. E sabe-se colocar, sabe ocupar espaços, não o vemos parado.
Algo tem de mudar, e agradecia sinceramente que Carvalhal optasse por fazer as alterações necessárias e não inventar, fazendo-nos começar os jogos a perder para depois emendar e fazer o óbvio. Amaral a médio-interior?????
Vamos mas é a jogar à bola e a suar a camisola. Sinto-me tão triste, jamais pensei que no início de Dezembro iria estar a dizer esta frase tantas vezes repetida a época passada. Mas é um facto… sofrer é a nossa sina. São mesmo mais tristezas que alegrias, por mais que queiramos o contrário.
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