domingo, março 21, 2004

Notícias do dia

O JOGO

Inácio pede uma equipa de combate

Passada a fase dos jogos com os "grandes", o técnico do Belenenses acredita que pode dar continuidade em Moreira de Cónegos à tendência da equipa em conseguir bons resultados fora de casa
FRANCISCO FREDERICO

Pergunta | Acredita que os jogadores vão querer redimir-se, depois daquela primeira parte decepcionante frente ao Benfica?
AUGUSTO INÁCIO | Já se redimiram, durante a segunda parte do jogo. Mantivemos várias conversas esta semana, algumas, direi, muito duras, no sentido de fazer ver aos jogadores que essa atitude, essa forma de estar, não pode continuar, porque esse é o caminho para a derrota. A minha intenção foi, portanto, tentar inverter essa atitude mental.

P | Acha que o plantel assimilou a mensagem?
R | Vou esperar pela resposta amanhã, porque no trabalho durante a semana está tudo bem. Em competição é que têm de ter um comportamento mais positivo e coerente com aquilo que fazem durante a semana.

P | Essa contradição entre o trabalho semanal e a resposta dada nos jogos não poderá ser explicada pela tal atitude mental de que fala?
R | É um dos factores. Não será, porém, o único. Corro o risco de me repetir, mas é sabido que temos jogadores em claro défice de ritmo competitivo, porque vieram de longos períodos de paragem e, evidentemente, o conjunto ressente-se. Além disso, temos vários lesionados. Isto não é desculpa. Para mim, o culpado da derrota é sempre o treinador. Às vezes gostaríamos que os atletas fossem umas máquinas, mas infelizmente não o são. E também não temos tempo. Estamos em plena competição, não há paragens para recuperar jogadores. Ao menos no último jogo, pela primeira vez, não houve lesionados, o que já é um bom sinal.

P | Se exceptuarmos os jogos com o FC Porto e o Benfica, as últimas duas saídas do Belenenses traduziram-se num empate (Leiria) e numa vitória (Guimarães). Pensa que agora, frente a um adversário da mesma igualha, a equipa poderá voltar aos bons resultados?
R | Aparentemente, haverá uma tendência para obtermos melhores resultados fora do que em casa, para a qual ainda não tenho explicação. Há ainda outro aspecto: no nosso campeonato, com excepção para duas ou três equipas, qualquer uma pode perder em casa ou ir ganhar fora. Está tudo muito equilibrado. E o Moreirense, está, efectivamente, ao nosso nível.

P | Sendo assim, vai apostar numa estratégia diferente da utilizada frente ao FC Porto e ao Benfica?
R | Não vou olhar para o Moreirense, mas sim para a minha equipa. Estamos a ficar com níveis físicos mais ou menos equilibrados, mas temos alguma desvantagem, neste momento, em termos de altura e isso pode prejudicar-nos porque o nosso adversário tira partido do jogo aéreo. Além disso, a nossa equipa funciona mais à base do transporte de bola do que do passe e sem passar bem não se pode jogar bem. Mas vamos apresentar-nos de forma combativa, em termos de luta pela posse de bola e mais práticos e eficazes em termos ofensivos.

P | Veio hoje (ontem) a público uma notícia segundo a qual o Moreirense teria expulso ontem (anteontem) do treino um suposto "espião" do Belenenses. Quer comentar?
R | Posso responder de duas formas. Acho que, aqui no treino, também esteve gente do Moreirense... Mas prefiro pôr as coisas desta forma: dou a minha palavra de honra em como não esteve ninguém do Belenenses nos treinos do Moreirense, seja a mando da SAD, seja por minha iniciativa. O que não se pode fazer é levantar suspeições, inventar coisas e deixá-las assim no ar! Até parece que não nos conhecemos todos uns aos outros!...


Aleluia, Rui Borges!

A grande novidade da convocatória divulgada ontem por Augusto Inácio reside no regresso de Rui Borges, que já não jogava desde a partida com o Marítimo, a 29 de Novembro, ou seja, há quase quatro meses. A lista completa é a seguinte: Marco Aurélio, Pedro Alves, Wilson, Gonçalo Brandão, Tuck, Leandro, Marco Paulo, Andersson, Antchouet, Brasília, Eliseu, Valdiram, Hélder Rosário, Paulo Sérgio, Rui Borges, Hugo Henrique, Sousa e Rúben Amorim. As ausências são muitas e por variados motivos: Mangiarratti, Filgueira, Pelé, Emerson, Fábio Rosa, Neca, Carlos Fernandes (lesionados), Verona (castigado), Ceará (excesso de estrangeiros), Neto e Mauro (opção técnica).


Exercício de 2003 deu lucro de 16300 euros

O Relatório e Contas que a Direcção do Belenenses se prepara para discutir e submeter à votação dos sócios no próximo dia 30, em Assembleia Geral, apresenta um resultado positivo de 16 300 euros. No documento, ao qual O JOGO teve acesso, destaca-se a redução do passivo (de 21 902 euros para 21 752), bem como as receitas do Bingo e da componente comercial.



A BOLA

Resposta dentro de campo
A semana deixou marcas no balneário do Belenenses. O jogo com o Benfica motivou um valente puxão de orelhas de Inácio aos jogadores e o treinador espera ver amanhã, no jogo como Moreirense, a reacção da equipa às suas palavras. É a fuga à despromoção que está em disputa. Quererá este plantel ficar ligado a uma página tão negra da história belenense?

Que terá Inácio dito ao grupo? Espicaçou-lhe o orgulho? A hipótese é admissível, mas a resposta está guardada dentro do balneário. Em todo o caso o treinador belenense levantou o véu ao final da manhã de ontem, aquando da abordagem da importante deslocação de amanhã a Moreira de Cónegos. E, curiosamente, pegou nas palavras de Marco Aurélio a A BOLA, na véspera, quando o guarda-redes, abordando o tal puxão de orelhas, apenas comentou que os jogadores dariam a resposta em campo frente ao Moreirense. Assim, também Inácio afirmou esperar pela resposta da equipa dentro das quatro linhas no jogo de amanhã, isto na sequência das conversas mantidas com o plantel, que confessou terem sido «muito sérias, até duras». «Mas no sentido de que esta atitude e forma de estar não podem continuar, porque isso é o caminho para a derrota», explicou Inácio. Em suma, das duas uma: ou a equipa reage e prova que tem valor para estar na SuperLiga ou a Liga de Honra será uma realidade na próxima temporada. O treinador falou na necessidade de alterar a atitude mental, mas não só: «A nossa equipa é de transporte de bola e não de passe. Temos dificuldades no passe e sem passar bem não se pode jogar bem.» Mas, afinal, que se pode esperar esta jornada? «Uma equipa combativa na luta pela bola e espero que mais rápida e eficaz em termos ofensivos», retorquiu. Garantindo estar apenas preocupado com a forma como o Belenenses vai jogar, negou que o clube tenha enviado espiões aos treinos do Moreirense: «Dou a minha palavra que não. Também podia dizer que acho que esteve cá gente do Moreirense a ver os nossos treinos...»

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