Do site maisfutebol:
Desp.Aves-Belenenses, 0-1 (crónica)
Reflexão. É isso que se pede a todos os intervenientes directos no Desp. Aves-Belenenses, uma partida cuja qualidade roçou o insuportável. O Belenenses venceu pela primeira vez fora (1-0), os minhotos perderam pela quinta vez consecutiva e arrastam-se no lamaçal das duas últimas posições. Está é a informação meramente factual, mas neste espaço terá que haver lugar para algumas considerações que nos parecem essenciais.
Talvez tenhamos ficado mal habituados pelos espectáculos de alto quilate de Aveiro e do Dragão. Talvez. Mas não nos parece admissível que um jogo do escalão maior do nosso futebol, como foi o caso do Desp. Aves-Belenenses, possa atingir um nível tão baixo como aquele a que tivemos que assistir. A única atenuante é a condição do relvado, esburacado em algumas partes e irregular no seu todo. Ainda assim, o que vimos foi um futebol de odor putrefacto, esbatido no tempo, em decomposição absoluta.
Duas equipas sem imaginação, parcas em serenidade e em sentido colectivo, adeptas do pontapé para a frente e crentes nos lances de bola parada. As excepções foram Ruben Amorim e Silas, do lado do Belenenses, e Leandro, no Desp. Aves, que sempre tentaram levar algum qualidade de jogo à partida.
Dady marca e decide a desinteressante contenda
Discorrendo os nossos apontamentos, encontramos a primeira oportunidade de golo aos 48 minutos, num cabeceamento de Dady, após cruzamento de Silas na esquerda. Antes disso, a toada havia sido equilibrada, sempre com o labor feroz a ditar as suas regras e aniquilando toda e qualquer tentativa de se fazer uma jogada com cabeça, tronco e membros.
Dady ameaçou, nesse lance em que deveria ter feito golo, mas acabaria mesmo por apontar o seu primeiro golo na prova, à passagem do minuto 64. Numa jogada confusa, como confuso foi o jogo, o avançado aproveitou um passe de Zé Pedro e surgiu isolado perante Paulo Musse (que substituíra nas redes avenses o lesionado Mota, minutos antes). O brasileiro defendeu o primeiro remate, mas na recarga aconteceu mesmo golo.
Daqui até final, o Desp. Aves empurrou o Belenenses para o seu meio-campo, mas o melhor que conseguiu foi uma cabeçada de William à trave. Num período em que se impunha mais e melhores argumentos, os minhotos mostraram não possuir o engenho suficiente para chegar, sequer, ao empate, que até mereciam pela entrega que mostraram. O Belenenses venceu fora do Restelo, o que é um excelente feito, mas Jorge Jesus terá que rever muitas situações no conjunto que orienta.
Em relação ao trabalho do árbitro Rui Costa, algumas observações: aos 25 minutos mostrou o amarelo a Pinheiro, mas o lance, pela gravidade da entrada do médio sobre Xano, justificaria um vermelho; aos 54 minutos, anulou bem um golo a Dill, pois o brasileiro estava em posição irregular; no capítulo dos foras-de-jogo, o juiz pareceu ter sido várias vezes mal auxiliado.
Ruben Amorim, anti-velhos do Restelo
Numa partida ideal para os «velhos do Restelo», apologistas da crítica fácil e da língua acintosa, Ruben Amorim fez questão de marcar posição. Dele, esses «velhos» não teriam oportunidade de desfilar críticas negativas. Manteve uma postura discreta ao longo do jogo, mas sempre nivelada por um estilo adulto, de quem mostra que sabe bem o que fazer nas mais diferentes circunstâncias do jogo. O melhor em campo.
Dady, em defesa do golo
Depois da chuva de golos em Aveiro e no Dragão, seria uma pena ver um jogo acabar a zeros. Mal habituados, é o que é. O jogo das Aves foi muito mau, mas lá acabou por ter um golinho, arrancado a ferros. O autor da façanha foi Dady, e só por isso figura nesta galeria de destaques. De resto, o avançado mostrou muita atrapalhação, alguma ingenuidade e litros de entrega.
Silas, odor agradável em jogo de essência putrefacta
Não engana a quem o observa. Ao primeiro contacto com o couro, logo se destaca pela subtileza no trato do esférico. Elegante na condução do jogo azul, foi uma lufada de ar fresco, um odor agradável em jogo de essência putrefacta. Não foi à toa que chegou a internacional, se bem que agora os tempos sejam outros. Destacou-se, essencialmente, em algumas arrancadas pelo centro do terreno no primeiro tempo. Na etapa complementar, Jorge Jesus encostou-o à esquerda e o capitão perdeu influência.
Jorge Jesus: «Fomos premiados pela inteligência»
Jorge Jesus, treinador do Belenenses, no final do jogo com o D. Aves, que acabou com a vitória dos lisboetas por 0-1:
«Conseguimos o que queríamos, mas tínhamos consciência de que jogar aqui era muito complicado. Além do relvado não ser o melhor, o Aves tem três jogadores na frente que podem marcar a qualquer momento. Tentámos não dar espaços a esses homens e durante a primeira parte o Aves não teve qualquer oportunidade para marcar. Na segunda metade sabia que o Aves ia arriscar porque precisava de uma vitória e acabámos por ter mais espaço no meio-campo deles. Parece-me, por isso, que fomos premiados pela inteligência e acabámos por ser justos vencedores. Surpreendido com a pontuação do Belenenses? Temos mais pontos do que esperávamos, tendo em linha de conta que fizemos um plantel a pensar na Honra. Felizmente estamos na primeira liga e sei que terei de gerir muito bem os recursos à minha disposição.»
Belenenses: Costinha com lesão grave e paragem de alguns meses
O guarda-redes do Belenenses, Costinha, terá fracturado a perna direita este domingo, na vitória dos azuis sobre o Desp. Aves. O lance ocorreu num choque com o avançado Dill, ocorrido já nos minutos de compensação. Na altura, pouca gente se apercebeu da gravidade do lance, visto que o guarda-redes do Belenenses ainda jogou os instantes finais, acabando por deixar o relvado de maca, já após o apito final, e sendo conduzido depois para o hospital.
Nas declarações após o final da partida, o técnico Jorge Jesus confirmou a gravidade do problema: «Estamos felizes pela vitória, mas com o senão da grave lesão de Costinha. Suspeitamos de fractura na perna direita, o que a confirmar-se representa uma paragem de vários meses. O problema ainda é agravado porque só temos um guarda-redes no plantel, o Marco, porque o Marco Aurélio está em recuperação e só pode voltar em Janeiro.»
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