quarta-feira, outubro 04, 2006

Escrever Direito:




Os recentes maus desempenhos da equipa de futebol trouxeram, qual enxurrada, alguma lama que se encontrava por aí acumulada, adormecida nalguns cantos. Daquela que está à espreita da hora certa para inundar tudo e todos e avançar, de mansinho, sobre alvos fáceis, daqueles que nem sequer estão em movimento.

Justiça seja feita. Se não tivesse havido uma enxurrada, a lama teria permanecido quieta, inerte, no seu cantinho. Não é isso, porém, que me faz ter sentimentos mais nobres pelas descargas que têm proliferado nos últimos dias.

Refiro-me, obviamente, a ataques cegos, feitos por quem dispara para toda e qualquer frente, sem cuidar de saber se está ou não a ferir um aliado ou a si próprio. É que criticar ao primeiro vestígio de fracasso é, não apenas precipitado, mas, igualmente, estar a contribuir para o caos em si mesmo. Pelo menos enquanto não houver sinais de que a ordem vem a caminho. É uma regra de elementar lógica.

Isto não significa que nos devamos comportar como ovelhas num rebanho. Nem que devamos obediência, submissa, ao pastor que segue à nossa frente. Se ele nos guia na diagonal pode ser que seja porque não sabe andar em linha recta ou, quem sabe, precise da ajuda de todos para o conseguir. A mim, a falta de jeito desculpabiliza-se mais facilmente do que a sacanice, por exemplo. Ambas originam que os protagonistas abandonem este mundo sem glória, só a penitência é diferente. Todos acabam por tê-la…e se a falta é de jeito, de nada vale antecipar a pena. Todo o julgamento tem uma sede própria. A desta Direcção será no próximo escrutínio eleitoral.

Aí sim, fará verdadeiro sentido apresentar armas e lutar ao lado ou contra quem nos aprouver. Até lá…é atirar sobre nós próprios. É que a crítica cega é destrutiva e, pior do que isso… contagia. Contagia os de dentro e os de fora. Contagia quem veste a camisola no dia-a-dia e quem veste apenas no fim de semana. Contagia quem tem dúvidas se vai ou não ficar no sofá. Contagia quem tem dúvidas se vai ou não assinar a Sportv, ao invés de pagar as suas quotas. Estes, para além das amarguras que lhes trazem os maus resultados, ainda têm de conviver com este clima de mal-estar nos fóruns de discussão do futebol azul, verdadeira azia cibernáutica. O mais provável é que não voltem ou desistam de voltar.

E aflige-me tanto que este mal-estar seja feito a coberto do anonimato, cobarde e irracionalmente, ou por quem, identificado, pesou bem o alcance das suas palavras.
O meu clube necessita de paz, de cachecóis e bandeiras azuis no estádio. Basta de arruaça gratuita. Levantemo-nos mas é da poltrona e deixemos de utilizar o teclado e o poder que este nos dá, sem cuidar de saber se com isso afundamos ainda mais o clube. O lugar de um belenense é no Restelo!

Para o resto… encontramo-nos todos na próxima Assembleia Geral… boa?

Sem comentários: