domingo, julho 26, 2009

Quem impera sobe Júlio César? E sobre o nosso clube?

Blog do Belenenses: Luciano Rodrigues
Saíu hoje no jornal O Jogo um artigo bastante detalhado analisando a relação entre Júlio César e o Belenenses, nomeadamente como se processou a sua contratação e de que forma ele se encontra ligado ao nosso clube.

Devo dizer que nada do que ali vem descrito é surpresa para mim (apesar de alguns pontos que me parecem menos acertados) e não me choca, embora tenha a nítida sensação que esta história vai fazer correr muita tinta entre os nossos adeptos.

O problema da contratação do Júlio César nunca foi o facto de ele não ser jogador do Belenenses, mas sim os moldes em que se processa a sua presença no nosso plantel. Só através de parcerias deste tipo é possível um clube como o Belenenses crescer desportivamente, chegando desta forma a jogadores a quem dificilmente teria capacidade financeira para chegar. Agora, como em tudo na vida, há que pesar os prós e os contras de uma relação deste tipo.

Se, como vem referido no jornal, o Belenenses terá direito a cerca de 30% de 500 mil euros, grosso modo 150 mil euros, então o negócio afigura-se menos interessante. Isto porque esse valor não cobre sequer o valor dispendido pelo nosso clube com os seus ordenados neste ano e meio. Ou seja, apesar do benefício desportivo que retirámos da sua prestação, na prática não há compensação líquida pela promoção que fizemos do activo de outrém. Este é, na minha opinião, o grande "crime" nesta relação.

Agora, já sei, muitos serão aqueles que irão ver em Jorge Jesus uma vez mais o bode expiatório de mais um problema do clube, no caso de Júlio César saír. Agora, há uma coisa pela qual ponho as mãos no fogo: se há treinador, e são poucos, que não tem interesses financeiros em jogadores, directa ou indirectamente, esse treinador é Jorge Jesus. O que vem descrito neste artigo e que, mais coisa menos coisa, corresponde à realidade, é que Jesus conseguiu, através de contactos seus, financiamento para o clube.

Ora, aí voltamos à velha história: o Belenenses não pode estar encostado ao treinador. O nosso treinador não pode ser treinador, director desportivo e, até, administrador da SAD que procura financiamento. Mas, insisto, na única vez que arranjámos um treinador bom, que se dispôs a ser director desportivo e administrador da SAD, finalmente conseguimos os melhores resultados desportivos em 20 anos. Isso é que é grave, é o clube ano após ano, não perceber.

Não perceber que parou nos anos 60 ou 70. Não perceber que um clube de futebol já não é mais uma colectividade que se dedica ao futebol e é gerida por amor à camisola e carolice. Não perceber o negócio em que está envolvido e que, ano após ano, cada vez mais está a afastar-se desse negócio e dificilmente voltará a apanhar o comboio, pois está a dar anos de avanço aos adversários para trabalharem.

E isto, tudo isto, é que me deixa triste. É o facto de, dia após dia, o clube morrer um pouco mais. E isso não tem nada a ver com as entradas e saídas dos Júlios Césares desta vida. Tem a ver, apenas, com aquilo que nós pretendemos para o nosso clube. E, não tenho dúvidas, temos vindo a matá-lo com esta fixação parola na carolice, no amor à camisola, no "fomos enormes" e no "somos o quarto grande". E o que seremos no futuro?

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