quinta-feira, novembro 27, 2008

Quarto de Hora à Belém XVI




Amigos Belenenses, a semana passada não foi nada positiva. Perdemos em futebol, em futsal e ainda tivemos um mau resultado no andebol (empate com o Águas Santas, em casa). É assim a vida. Umas vezes ganha-se, outras perdem-se.

Analisando principalmente o futebol (pois as outras modalidades estão muito melhor, em termos de equipa e organização) parece-me que perdemos devido à má construção e preparação do plantel. Sentimos isso na Figueira e sentimos de novo em Setúbal, infelizmente. O plantel como sabemos foi construído muito “à pressa”, sem visionamento de jogadores e sem qualquer critério, isto é, escolheu-se sem prospecção nenhuma. Ora isto tem consequências e essas consequências são claramente medidas em resultados. Sem trabalho eficiente e sem critério para a escolha de jogadores, os resultados não aparecem. É fundamentalmente esta base negativa que está a contribuir para este mau início de campeonato.

Também no jogo com o Setúbal, analisando agora a parte mais táctica do jogo, observei que o Belém estava disposto num 4x4x2 losango, com Vinicius a cair para zonas mais avançadas. Roncatto estava assim com Vinicius na frente de ataque. Silas esse, encontrava-se em zonas centrais ou seja no meio campo ofensivo do Belém.

Talvez esta mudança táctica não tenha surtido os efeitos benéficos que Jaime Pacheco queria. Acho que Jaime Pacheco falhou nesta abordagem, ao colocar Vinicius mais à frente, como Mior fazia. Também não compreendi a agressividade imposta pelo Belém, nem a exibição da defesa. O lance do primeiro golo do Setúbal é um lance infantil, ninguém atacou a bola e limitaram-se a ser passivos. E como afirma Jaime Pacheco, atitudes passivas não! Aí a atitude também pesa. No futebol há jogadores que caracterizam-se pelo seu talento, pela sua exuberância futebolística, outros distinguem-se pela sua atitude em campo, ou seja não são jogadores apáticos. Não podemos e não devemos ter atitudes de apatia e aquela primeira parte nem foi devido à qualidade (ou melhor falta dela) que se revelou penosa, foi mesmo pela passividade do Belém. Criámos poucas oportunidades e revelámos novamente mau fio de jogo. O nosso modelo ainda não está consolidado. Na segunda parte voltei a não compreender Jaime Pacheco. Compreendo sim, que a equipa precisava de um abanão (coisa que Jaime Pacheco certamente disse no balneário) e precisava de pressionar muito mais o adversário. Agora não compreendo é aquele “aglomerado” de avançados na aérea do Setúbal. Poderão afirmar com toda a justeza “então mas ele não tinha que arriscar”.

Sim, ele tinha que arriscar mas com organização. Não podemos colocar uma equipa constituída de avançados e ter fé em Deus, isso não pode. Neste caso teríamos de reagir, mas com convicção, com mais atitude e isso desta vez faltou ao Belém. E Jaime Pacheco ao colocar Silas praticamente a trinco, deu a sentença do jogo. Perdemos organização no meio campo, e jogar com três defesas, sendo um destes três o único central (Carciano) é mais difícil ainda. Penso que perdemos por estes dois factores (e existem muitos outros, mas estes foram visíveis, a “olho mais que nú”). A falta de rigor na construção deste plantel e a abordagem ao jogo com o Setúbal, contribuíram para esta derrota. Custa ver o Belém assim, sem atitude.

Agora analisando a frase de Jaime Pacheco “se pudesse, trocava tudo ao intervalo”, eu irei mais longe. Eu trocava muitos destes jogadores em Janeiro! Na minha opinião, o clube se tiver capacidade financeira para ir ao mercado, então que vá! É muito importante dada a falta de qualidade, sobretudo na nossa defesa. São muitos os desequilíbrios, que também atingem o ataque, na posição do ponta de lança.

Mas como sabemos o clube tem pouca disponibilidade financeira. Então o que fazemos? Deixamos o tempo passar e aguentamo-nos com estes? Não, não é atitude a fazer. Não podemos ficar passivos. Temos que arquitectar uma boa prospecção de mercado, para fazer frente a esta crise, adaptarmo-nos com soluções novas. Contratar jogadores com qualidade, a baixo preço de mercado será o objectivo. Para isso o visionamento de jogadores (e não de empresários se é que me faço entender) até nas segundas divisões é necessário. É necessário cativar jogadores com ambição e não jogadores dos tempos modernos (refiro-me àqueles jogadores que chegam aos clubes de média dimensão, com o intuito de chegar aos chamados “grandes”, sem sequer passarem pelo campo da atitude, trabalho e respeito pelo clube donde passam).

Feito isto, gostava aqui de citar alguns nomes, que acompanho pelas minhas “jornadas da bola”. Gostava de ver no Belém, um central muito forte como é o Anselmo. Já passou pela Olhanense e Santa Clara, e é barato. Gostava de ver também o Cohene (Olhanense), central também muito possante e com qualidade. Os centrais bons estão no nosso futebol, para quê ir ao Brasil buscá-los? Será por interesse de alguns ou será por falta de prospecção em Portugal? Espero que seja o segundo factor. Ou melhor espero que só seja falta de rigor e que futuramente isto irá ser rectificado. Para a posição nove especificamente, temos o William (Paços) e o Marcelinho (Naval). São acessíveis e muito melhores que Negões e João Paulos. No meio campo temos um jogador que é equiparado a um novo Moutinho, o Oliveira do Santa Clara. Será que não é um jogador para apostarmos? É um jovem português e além disso tem muita qualidade no passe. Outro jogador, Wesley. O Belém, assim como quase todos os clubes da primeira liga não o quiseram. O Leixões acreditou nele e agora é o que é. Acaba contrato este ano. Não será um bom jogador para nós, até para precavermos a saída do Silas?

A ideia que retenho é que existem bons jogadores no nosso campeonato e muitos mais poderia estar a enumerar. Cabe agora ao Belém, organizar o seu futebol no seu todo ou seja começar por atribuir ao clube um gabinete de prospecção.

Saudações Azuis!
Nuno Valentim

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