quinta-feira, novembro 20, 2008

Quarto de Hora à Belém XV




Amigos Belenenses, o destaque desta semana vai naturalmente para as vitórias do futebol e do andebol. Não tanto para o futsal que foi um resultado normal.

Começamos pelo primeiro, o futebol.

Finalmente a vitória chegou (deveria ter chegado frente ao Estrela não fosse as forças “ocultas”) e com ela veio a confiança de novo.

Foi um Belenenses de ataque, aquele que se apresentou diante de uma Académica também ela atrevida. Nos primeiros minutos a Académica teve mais bola e tentou aproveitar a crise de resultados do Belém. Tentou tirar partido dessa desmotivação, o que não conseguiu. Não conseguiu, porque primeiramente encontrou uma defesa intransponível, com Carciano em destaque. Para mim foi a par com Vinicius o melhor em campo. A defesa esteve eficaz, e mesmo com Mano adaptado a lateral esquerdo, manteve-se sempre coesa e organizada. Esse foi o primeiro factor, a organização defensiva. O outro factor foi o aproveitamento de Vinicius. De facto, Vinicius Pacheco dá outra alma ao jogo. Corre, passa, desmarca-se, tudo a um nível competitivo muito alto. Com uma técnica apurada e um sentido de passe preciso, tem tudo para vingar no nosso Belém.

Parece-me que também foi um jogo muito táctico. De um lado uma Académica que tentou anular as acções de Silas (o que conseguiu muitas vezes) e de Zé Pedro, e um Belém que tentou anular a todo o custo Garcés. Levámos a melhor em termos tácticos, pois fomos a equipa que teve mais sentido posicional. Goméz esteve muito bem, servindo de “tampão” ao meio campo ofensivo da Académica e Zé Pedro esteve também ele muito bem, com um grande passe para o golo de Vinicius.

Penso que futuramente tem que ser assim, apostar na nossa organização defensiva e tentar encontrar soluções no meio campo, isto é centrar o nosso futebol naquele espaço de terreno.

Agora frente ao Setúbal teremos de aproveitar o momento menos bom desta equipa e conseguir os três pontos, para nos aproximarmos mais do meio da tabela.

Quanto ao outro tema, o andebol, penso que estivemos extraordinários! Foram duas grandes noites no Acácio Rosa! Duas noites que nos deixam orgulhosos e confiantes para o futuro! E muito podemos dever à estratégia de João Florêncio.

Apostou numa equipa inicial recheada de juventude, com o intuito de o adversário pensar que a equipa seria fraca e inexperiente e também com o intuito de desgastar aos poucos a equipa adversária. Com o passar dos minutos, o nosso treinador foi colocando os titulares como Pedro Matias, Pedro Spínola, Tiago Silva e por aí em diante, impondo um outro ritmo, mais condizente com o nosso andebol. Resultou em cheio no primeiro jogo e no segundo foi só gerir bem a situação e jogar com o tempo. Foi uma estratégia brilhante para uma equipa brilhante!

Os meus parabéns a este grupo que está entre os melhores e também os meus parabéns à massa associativa que esteve em grande nestes dois jogos.

Como não podia deixar de ser, esta semana vou divagar sobre um tema que nos assola e ao mesmo tempo nos orgulha. Falamos naturalmente da massa adepta.

Esta semana impressionou-me ao ver aquela moldura humana no jogo com a Académica. Pensava que seríamos menos, mas afinal a massa adepta aderiu ao jogo em bom número.
No andebol, como já referi, os adeptos estiveram igualmente muito bem, enchendo quase o pavilhão.

Como se explica isto, se há pouco tempo o número de espectadores no Restelo era assombroso? Explica-se pelo simples facto de haver boa vontade. Vontade essa que não pode ser só em ideias, mas fundamentar-se em factos concretos. Há que fazer alguma coisa pelos sócios. Não são eles que fazem movimentar o clube? Não são eles que transmitem a identidade do clube? Não são eles o futuro do clube? Penso que o marketing esteve metido num “baú”, parecido com aquele dos Tesourinhos Deprimentes dos Gato Fedorento. Muito por culpa de ninguém ter ideias concretas, muito por culpa de não haver pessoas competentes à frente do clube e muito por culpa de não existir uma vontade de mudança. Esta Comissão tem essa vontade de mudança. Pelo menos já o demonstrou em factos concretos. Melhorou as assistências no Restelo e deu uma nova “cara” ao marketing que andava à deriva. Não conheço ninguém na Comissão e nem votei neles, e por isso sinto-me à vontade para falar dela. Não é defesa, é mera constatação de factos. Há que ter espírito crítico no nosso clube.

Este tema é inquietante, pois no Restelo existe uma facção, digamos assim, que defende o conceito de clube empresa, sem ligar aos sócios, sem ligar às suas ideias, sempre com um pé atrás na mudança.

Nestes últimos anos os sócios diminuíram, o clube perdeu muito do seu prestígio e o que se fez? Como dizia um consócio nosso na Assembleia Geral fez-se Nada!

E esse Nada ainda está nas nossas memórias, está evidente na construção do plantel e até no dia a dia, na nossa famigerada crise económica. O grande conceito de clube empresa, hoje em dia está falido. O futebol português está organizado nas chamadas SAD´s, com prémios altos para os seus administradores. E agora pergunto porquê estes prémios pagos pelos clubes a administradores, quando são esses que dão prejuízo aos clubes pela sua total incapacidade de gestão?

Quantos extraordinários administradores passaram pelo nosso Belém ao longo destes anos e que não fizeram nada? Pois deveriam ter sido muitos, que saíram dizendo que nada poderiam ter feito e assim bateram com a porta. Muitos disseram que foi pela direcção A ou B e houve outros que preferiram aludir às pressões feitas pelos adeptos. Adeptos esses que nunca os ajudaram, nem se importaram com eles.
Tudo isto para dizer que o conceito de clube empresa destruiu ou quase destruiu a massa associativa.

Espero que ainda se recupere boas assistências para os lados do Restelo e que os dirigentes deste clube não se preocupem em contratar assessores para a SAD ou contratar grandes promessas que depois não valem nada na prática, espero sim que se preocupem com o motor do clube, os sócios. São esses que ficam para sempre e são esses que terão que cativar com boas campanhas de marketing. O clube tem que galvanizar a sua massa adepta e não se reduzir a círculos empresariais. Uma boa gestão é isso, conciliar os sócios e os resultados desportivos.

Vamos lá Belém caminhar para a modernidade!

Saudações Azuis!
Nuno Valentim

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