sexta-feira, novembro 18, 2005
Entrevista com Rolando
Entrevista feita em Outubro de 2004 e publicada no Jornal do Belenenses.
És Cabo-Verdiano. Como apareces em Portugal?
Nasci em Cabo Verde e aos 15 anos vim para Portugal, jogar para o Campomaiorense. Vim através de um advogado que é o meu representante.
E como se processou a saída do Campomaiorense e a entrada no Belenenses?
Estava no final da primeira época de Júnior no Campomaiorense, mas como o clube não tem equipa sénior eu queria saír para poder ir para um clube que desse continuidade à minha carreira. Então, o meu representante, que conhecia aqui o Sr. Casaca e o Sr. José António falou com eles para saber se havia hipótese de fazer uns testes. Vim, gostaram e fiquei!
Continua...
E tu, gostaste do clube quando chegaste? A primeira impressão, foi boa?
Sim, tenho até um episódio caricato. Eu era para treinar com os juniores e estava em casa quando o meu representante me telefonou para vir conhecer as infra-estruturas. Eu vim, e quando cheguei o roupeiro deu-me o equipamento para treinar! Mas eu disse-lhe que nem sequer tinha botas, e ele foi-me buscar umas e disse para ir para o campo nº 2. Eu fui, e quando cheguei, fiquei espantado, ia treinar com os séniores!!! Gosto muito de estar aqui, só tenho de agradecer.
Como foram os primeiros tempos, ainda nos júniores?
Foram muito bons, gostei muito. No início não os conhecia muito bem, pois treinava sempre com os séniores. Mas depois de 2 meses, começei a jogar, a ambientar-me com os colegas, e como eramos muitos a treinar com os séniores tornava-se mais fácil. Gostei muito.
Começaste a titular na pré-época, e mantiveste sempre o lugar, inclusivé no início do campeonato. Acreditavas antes da pré-época que aos 18 anos podias ser titular num clube como o Belenenses?
Sonhar... todos sonham. Mas sabemos que é muito difícil. Quando começou a pré-época, tentei trabalhar para ganhar um lugar, pelo menos entre os 18. Começei a jogar nos jogos treino e começei a acreditar que podia ser titular.
E é para manter a titularidade?
Isso é o desejo de qualquer jogador, manter-se a titular. Para isso, estou a fazer tudo mas, se por acaso, perder o lugar, vou continuar a trabalhar para voltar a merecer a confiança.
Qual a sensação de te estreares aos 18 anos na Superliga, a titular, e a marcar logo um golo?
É das melhores coisas que me aconteceram na vida. É um sonho jogar num clube dos melhores da Superliga, e o golo foi o coroar da exibição, é difícil de descrever.
Quais as tuas perspectivas para esta época, quer a nível individual, quer colectivo?
Para mim, vou dar o meu melhor para manter a titularidade. E quero ajudar a equipa a ficar entre os 10 primeiros.
Estás a tratar da obtenção de nacionalidade Espanhola. Sonhas um dia atingir a selecção espanhola?
Nunca pensei nisso, se algum dia se proporcionar, pensarei no assunto, mas não gosto de fazer futurologia. Gosto de viver o presente, se chegar a altura, pensarei nisso.
Tens feito dupla com o Pélé, outro central alto, pelo que dominam bem o jogo aéreo. E jogar junto à relva...
Não, isso não há problema, porque tanto eu como ele, apesar de sermos defesas, como se diz na gíria, não temos “tábuas”! (Risos) Safamo-nos bem com os pés, há técnica para isso.
O Belenenses tem satisfeito as tuas expectativas?
Até já foram superadas! Quando cheguei pensei que ia ser muito difícil, há grandes jogadores, pensei que me ia acontecer o que normalmente acontece aos jovens, são emprestados 1 ou 2 anos para rodar. Tive a sorte de ficar e só tenho que agradecer.
Como é a tua relação com os colegas, quais os que vês como um exemplo a seguir?
Não gosto de classificar as pessoas como “exemplos”, porque também não gosto que ninguém me veja como um. Nas pessoas tento ver o que têm de melhor, para tentar aprender, e é o que faço com os colegas, até com os mais novos. Aprendemos com todos, e a minha relação com eles é a melhor, porque fazem um balneário excelente, o melhor que já tive.
E a tua relação com os adeptos?
É muito boa, desde a época passada acarinhavam-me sempre, vinham muitos ver os jogos dos júniores e davam-me sempre apoio. É uma óptima massa associativa, que me tem ajudado muito, quer a mim, quer ao clube.
Achas que os adeptos têm um carinho especial pelos jogadores que vêm das camadas jovens do clube?
Claro, há sempre um carinho especial, sabem que somos “frutos” do clube. Os adeptos costumam dizer que nós é que sentimos a camisola, mas com isso não concordo, todos nós sentimos a camisola, somos todos profissionais, e todos defendem a camisola. Mas os jogadores formados no clube recebem sempre um carinho especial.
Por último, uma mensagem aos adeptos...
Queria agradecer todo o apoio que me têm dado a mim e à equipa, e assim todos juntos podemos fazer um trabalho ainda melhor para atingirmos coisas bonitas no futuro.
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