segunda-feira, março 19, 2007

Paços de Ferreira-0-2-Belenenses

Diogo M

Era daquelas partidas em que se sabia que a pressão psicológica podia decidir o jogo. O Paços de Ferreira já não perdia em casa há bastante tempo (18 jogos!!!) e o Belenenses era (e é), pelo seu lado, uma equipa muito perigosa quando joga fora do Restelo. A nossa equipa, ao contrário do que tinha feito noutras ocasiões, entrou muito cautelosa no jogo, talvez em demasia, e foi-se deixando dominar pelos paçenses. Durante os primeiros 15 mins a defesa azul passou por alguns calafrios e havia jogadores algo nervosos, como Nivaldo (quem diria!), o qual chegou a escorregar 1 ou 2 vezes perto da nossa área, assim criando algum perigo para a baliza de Marco. Aos 15 mins, momento de azar para o Paços, com o avançado João Paulo a sair lesionado, substituído por Renato Queirós. No entanto e apesar dessa aparente contrariedade, a verdade é que Renato Queirós se mostrou sempre muito agressivo no ataque, travando um enorme duelo com Marco durante quase todo o jogo. Diga-se, de passagem, que o nosso guarda-redes esteve sempre excepcional. Não digo que fez esquecer Costinha porque, para mim, o Marco sempre teve tanto ou mais valor que aqueloutro. Esteve muito bem ontem. Mas voltando ao jogo, refira-se que o Belenenses teve sempre muitas dificuldades, durante a 1ª parte, em sacudir a pressão do adversário e mesmo em construir contra-ataques verdadeiramente perigosos. O Paços dominava em termos territoriais e ía criando alguns lances de perigo, enquanto que a nossa equipa se manteve bastante coesa, a jogar muito próxima e com futebol apoiado e pairava já no ar a sensação de que, de um momento para o outro, poderiamos fazer algo mais. Foi o que aconteceu já no período de descontos da 1ª parte em que, numa espécie de tabelinha, Cândido Costa lança Silas para a área e este, com um toque de génio, de calcanhar, desmarcou o seu companheiro que colocou a bola na baliza, sem qualquer hipótese de defesa para Peçanha. Um lance genial, de facto, a mostrar que a nossa equipa tem muita matreirice (finalmente!!!), sabe gerir um jogo, sabe deixar-se dominar quando isso tem e pode acontecer e é capaz de desferir golpes destes, a sangue-frio… muito bem! Imediatamente a seguir o árbitro apitou para o final da 1ª parte. Acredito que a vantagem ao intervalo tenha sido um verdadeiro balde de água fria para os jogadores, treinador e adeptos do Paços, mas o futebol é, por vezes, traiçoeiro. Destaques nesta 1ª parte para Cândido Costa (a cada jogo que passa é um jogador mais importante para a equipa), para Marco e para Silas (muito mexido lá na frente e com um passe fabuloso para o golo).

Na 2ª parte o Paços entrou novamente a pressionar e deixava, uma vez mais, as despesas atacantes entregues sobretudo a Renato Queirós e a Edson. O primeiro continuava o seu duelo com o nosso guarda-redes que, uma vez mais, esteve simplesmente impecável. Muito bem entre os postes e, principalmente, a resolver alguns problemas e falhas da nossa defesa que, por vezes, era apanhada desprevenida. O Paços continuava a dominar (ou a tentar dominar) mas a equipa do Belenenses conseguiu ir-se estendendo no campo e aproximar cada vez mais da baliza de Peçanha. O domínio era, ainda mais, consentido do que na 1ª parte mas voltámos a passar por alguns momentos de aflição perfeitamente desnecessários. Lembro-me de um alívio ridículo de Rolando (mais um…), em que cortou uma bola de cabeça e entregou-a, de bandeja, para um jogador do Paços que rematou para excelente defesa de Marco. Houve ainda um lance em que Renato Queirós, com a baliza escancarada, rematou por cima. Aos 62 mins o Paços fazia a segunda substituição, entrando Mojica e saindo Mangualde. Penso, no entanto, que a incapacidade concretizadora do Paços fizeram com que o Belenenses, mais ou menos a partir dos 65 mins, fosse acreditando, cada vez mais, que a vitória não escapava e que, inclusivamente, era possível aumentar a vantagem. Os jogadores jogavam cada vez mais próximos uns dos outros, Ruben Amorim começou a mandar na equipa, Alvim decidiu subir um pouco mais e o resto foi obra de… Jorge Jesus! Aos 72 mins fez entrar Garcês para o lugar de Silas (na altura achei que deveria ter saido o Zé Pedro), para pôr em sentido a defesa do Paços e obrigar a uma maior atenção defensiva. Dady tinha estado, até aí, um pouco desamparado no ataque. O Belenenses começou a dominar nos primeiros 20 metros de terreno do adversário, Garcês provocava uma boa circulação de bola, obrigava a equipa a mexer-se mais e permitia que Dady se soltasse mais. Aos 78 minutos, numa jogada de insistência de Alvim, este cruza para a área, a defesa do Paços não consegue cortar a bola, que vai encontrar Dady ao 2º poste e este, com um excelente remate cruzado, coloca a bola de novo na baliza pacense. Registe-se a “matreirice” de alguns jogadores do Paços que tentaram ludibriar o árbitro, fazendo-o acreditar que a bola não tinha entrado na baliza. Puro engano, entrou mesmo e a invencibilidade do Paços tinha sido definitivamente quebrada. A partir daí só deu Belém e aos 80 minutos… novamente Jorge Jesus! Pôs Carlitos em campo e tirou Amaral, passando Cândido Costa para a posição de lateral-direito. Nada mais acertado se impunha. Carlitos fez mexer ainda mais o nosso ataque e meio-campo e só o azar de Garcês impediu que fizéssemos o 3-0… enfim…fica para a próxima. Até ao fim do jogo o Paços ainda tentou marcar um golo (e se o conseguisse até aos 90 mins, acredito que poderíamos ter passado um mau bocado) mas a nossa defesa controlou muito bem quase todos os ataques e esteve muito certinha, tal como o resto da equipa.

No fim, resultado justo porque soubémos aproveitar muito bem as falhas do adversário e conseguimos jogar com a pressão do adversário e com a sua incapacidade finalizadora. Fomos frios e maduros o suficientes para perceber que eles iam ficando nervosos à medida que o jogo avançava e pudémos ir explanando algum do excelente futebol que temos praticado esta época. Temos uma equipa muito adulta, que faz uma excelente circulação de bola, que raramente perde a noção dos espaços que deve ocupar e difícilmente se desequilibra, que tem uma enorme entreajuda e muito bem orientada desde o banco. No fim, destaques para Cândido Costa e Marco (uma vez mais), para Ruben Amorim, Garcês, Silas e Dady e, claro, para Jorge Jesus… Parabéns, no entanto, à equipa do Paços, que nunca baixou os braços, o que só valoriza a nossa vitória. Mas algum dia o Paços tinha que perder

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