No início do Verão de 2004 o Belenenses contratou Carlos Carvalhal para técnico principal da equipa de futebol. Apesar da pouca experiência na Primeira Divisão, onde somente tinha treinado o “deslocado” Desp. Aves há uns anos atrás, tendo descido de divisão (entrou a meio da temporada), Carvalhal havia apresentado um trabalho formidável no Leixões (apesar de poucos resultados concretos) e um bom trabalho em Setúbal, conseguindo a promoção. Era, consensualmente, um treinador a caminho da Superliga e preparado para altos voos.
É neste contexto que Carvalhal surge no Belenenses, num período em que o clube pretende acabar com a fase da asneira e, sinceramente, esta época parecia muito mais bem encaminhada. Desde logo, o Blog do Belenenses decidiu lançar um inquérito aos “bloguistas” sobre qual a sua opinião relativamente à contratação de Carvalhal.
Hoje, após quase metade da temporada e uma classificação sofrível com exibições paupérrimas, e em que todos nós criticamos jogadores, treinador e dirigentes, vamos analisar os resultados:
Como vê a contratação de Carvalhal?
Muito Boa – 48,51%
Boa – 24,25%
Razoável – 15,34%
Má – 7,42%
Muito Má – 4,45%
Total de votantes – 404
Ou seja, a grande maioria dos adeptos azuis também tinham uma opinião extremamente positiva sobre o treinador, e sentem-se hoje defraudados. Realce-se que estes resultados são um acumulado e que muitos votos foram já efectuados ao longo da temporada, e que esse facto aumentou a percentagem de respostas negativas. Ou seja, todos acreditámos que a opção havia sido correcta.
Carvalhal é, teoricamente, um grande entendido na matéria, parece não haver dúvidas disso. Aliás, já apresentou provas noutros sítios. E, quer queiramos quer não, não podemos criticar exclusivamente as suas opções. Por muito más que fossem, ou sejam, os profissionais pagos a peso de ouro e a tempo e horas que estão dentro de campo têm a obrigação de dar tudo o que podem e o que não podem. E isso não se vê. Como é óbvio, também aí Carvalhal pode ter alguma culpa, mas é uma situação já, quase, endémica deste clube. O ano passado, com 3 treinadores, só um conseguiu dar “chama” à equipa. Esse treinador foi Bogicevic que foi, cobardemente, despedido. Também por pressões dos jogadores…
Se a equipa não corre, não luta e não “mete o pé”, o treinador tem de estar lá para rectificar a situação. Até ao jogo de Domingo tinha visto Carvalhal interventivo, umas vezes mais, outras menos. No último jogo, Carvalhal parecia ainda mais conformado que o resto da equipa e tirou ainda na primeira parte um dos únicos profissionais a sério que o Belenenses tem. A postura de Carvalhal, calmamente a observar a miséria dentro de campo e incapaz de alterar qualquer coisa na equipa (impunha-se jogar de outra forma) fez-me uma tremenda impressão.
Cada vez mais, os nossos adversários conhecem-nos e “bloqueiam” o nosso jogo. Em vez de lamentar esse facto, Carvalhal é pago para “desbloquear” a situação. E ainda mais assustador para mim do que os adversários conhecerem-nos, é nós não os conhecermos. Um exemplo simples: Júlio César encostou completamente a Amaral para impedir as suas subidas. Paulo Sérgio jogou à esquerda quando o lado esquerdo da defesa Gilista é que estava debilitado com a ausência de Jorge Ribeiro (apesar de Nuno Amaro ter categoria para ser titular no lado esquerdo da nossa defesa). Havia que aproveitar essa fraqueza.
Continuo a afirmar que acredito que Carvalhal ainda me pode surpreender. Mas acredito cada vez menos. Gostava de saber de que forma estudamos os adversários, já que Carvalhal, um conferencista, parece dominar claramente a exposição de ideias para uma audiência. É que se o nosso treinador dá palestras à equipa sobre o adversário, então começo a acreditar que o nosso plantel sofre de surdez crónica.
Por último, uma nota: Carvalhal precisa de começar a ter cuidado. A imprensa começa a esquecer-se dele. Mais umas derrotas e em vez de bestial que passou a esquecido, passa rapidamente a besta também aos olhos da imprensa. E aí não haverão gravatas ou conferências que lhe valham. Pelo meu Belenenses, não quero isso. Era sinal que estávamos já com a cabeça “debaixo de água”. Vamos a eles Mister!
terça-feira, janeiro 11, 2005
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