domingo, janeiro 30, 2005

Bravos!


O Belenenses deu hoje no Restelo um recital de futebol, não no jogo propriamente dito, mas em todos os capítulos que fazem uma verdadeira equipa de futebol. Começando por pegar no jogo desde o primeiro minuto, mostrando atitude, qualidade e por vezes classe, foi com naturalidade que chagámos ao intervalo a ganhar, mesmo contra o árbitro que teve uma actuação desastrosa. Na 2ª parte, com a bola a teimar em não entrar, tivemos pormenores de classe até ao momento crucial do jogo: a expulsão de Cabral. Carvalhal esteve muito mal no banco, a equipa perdeu-se durante uns minutos e o Rio Ave empatou. Eis então que da bruma surge um Belenenses "à Belenenses", com garra, entrega e luta, que acabou por chegar à merecida vitória, que chegou a estar longe.

Numa primeira parte bem jogada de parte a parte, mas com claro ascendente azul, o árbitro anula mal um golo limpo a Antchouet por pretensa falta e não viu uma grande penalidade claríssima por mão de Ricardo Nascimento dentro da área. No entanto, no seguimento de um canto, Antchouet, de cabeça, coloca-nos em vantagem, que já se começava a justificar.

Na 2ª parte, o Belenenses veio claramente com intenção de manter a postura e marcar mais golos, mas estava complicado e Antchouet, claro, revelou-se muito perdulário. Com a expulsão de Cabral, tudo mudou. O Belenenses ficou ligeiramente perdido e o Rio Ave acabou por chegar ao empate, precisamente pelo lado onde faltava Cabral.

Mas, e contrariando toda a apatia com que tantas e tantas semanas já tenho criticado o Belenenses, ao golo do empate respondeu o Belenenses com uma garra indomável, comandado cá atrás por Pelé e no meio-campo por um Guerreiro chamado Rui Ferreira. Surge então o golo da vitória, num excelente trabalho de Antchouet. No entanto, ainda na 2ª parte há mais um erro crasso do árbitro, ao perdoar a expulsão ao central Vilacondense por falta sobre Antchouet, que seguia isolado.

Quanto à equipa, destaques pela positiva para Pelé (um verdadeiro patrão da defesa), Cabral (defendeu e atacou com preceito, pena a expulsão algo infantil), Rui Ferreira (em toda a parte, com uma entrega formidável), Petrolina (pura classe e muita entrega) e, destaque especialíssimo, para Marco Paulo, pelo que jogou e correu, sempre em todo o lado, atrás e à frente, à esquerda e à direita. Brilhante! (Digo eu que tanto o tenho criticado).

Pela negativa, sinceramente, hoje só posso apontar o treinador. O que sucedeu após a expulsão é surreal e deveria entrar para os compêndios como a melhor forma de um treinador deixar a equipa perdida em campo. Cabral é expulso e automaticamente Carvalhal chama Cristiano ao banco, que se prepara para entrar. No entanto, o treinador volta atrás na decisão e manda Cristiano aquecer novamente, deixando a equipa sem defesa esquerdo, com José Pedro adaptado mas perdido entre o meio-campo e a defesa, em especial após ter visto o cartão amarelo no primeiro lance em que interveio como defesa esquerdo. Com o Rio Ave a atacar unicamente por aquele lado, as bancadas começavam a exasperar com o treinador, até que surge o golo do Rio Ave, precisamente por um jogador que entra por aquele lado. Foi o "fim da macacada" na bancada! Enfim, as coisas correram pelo melhor graças à atitude da equipa, mas Carvalhal tem de perceber que o Belenenses não é um balão de ensaio para as suas teses e estudos. E hoje esteve muito mal, podendo deitar tudo a perder com a infantilidade de deixar a equipa campo sem defesa esquerdo.

Em suma, um excelente jogo, que merecíamos ter vencido por maior margem, e em que a equipa no seu todo esteve impecável. Uma nota final para Catanha e José Pedro. Catanha que demonstrou a vontade de um miúdo de 18 anos quer quando entrou, quer durante o jogo, sendo sempre o primeiro a protestar as bizarras decisões da equipa de arbitragem. E José Pedro, que com esta entrega, sem ser brilhante é útil. Só tem de compreender que jogar bem é jogar simples e não complicar. Quando ligou o "complicador", só fez asneiras que poderiam ter manchado uma boa exibição.

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