Há muito que o futebol deixou de se encontrar a sós na categoria das modalidades desportivas altamente profissionalizadas em Portugal. A expressão "modalidades amadoras" vem perdendo a sua grande abrangência, e é até possível dizer-se que o que hoje existe é um enorme conjunto de categorias e estados de progressão em direcção à profissionalização de atletas, técnicos e dirigentes em várias modalidades.
O basquetebol, o andebol e o futsal, três modalidades de que muito se fala actualmente no Belenenses, são disso mesmo um exemplo.
Todavia, "paredes-meias" com os profissionais azuis, resistem um punhado de "amadoríssimas", muitas delas tão ou mais antigas que outras já profissionalizadas, com mais historial e títulos conquistados.
As amadoríssimas são as mal amadas. Aquelas que vão prestigiando o Belenenses sem que a esmagadora maioria de nós oiçamos falar delas. Muitos ouvem mas não prestam atenção. Quantos comentários costumam merecer os nossos textos sobre a natação ou o pólo-aquático?
Queixamo-nos de que os jornais dão mais importância aos penteados do Simão do que ao desporto, mas somos nós mesmos a preferir comentar muitas futilidades relacionadas com a nossa equipa profissional de futebol. Somos nós que gastamos o nosso tempo nos blogs muitas vezes sem que daí saia valor acrescentado - em conclusões ou simplesmente polémica - para o clube. Somos nós que IGNORAMOS muitas centenas de atletas (incluindo aqueles que jogam nos escalões de formação das tais profissionalizadas) que todos os dias "dão o litro" no Restelo.
Com mais ou menos apoio, com mais ou menos público nas "bancadas", as amadoríssimas continuam o seu caminho ascendente, altamente prestigiante para o nosso clube. Fomos ou não 3ºs no Nacional de Clubes de Natação (femininos)? Estamos ou não a disputar o Nacional da 1ª Divisão de Pólo?
O problemas, caros consócios, é que nós, os belenenses, nos estamos a esquecer desta gente. E isso significa que um dia serão eles a esquecer-se de nós também. Quando vencerem de forma brilhante os seus títulos, comemorá-los-ão "em família", com técnicos, dirigentes, familiares e amigos. Mas não os sentirão como títulos a partilhar com a massa associativa activa do clube, que raramente ou nunca os apoiou.
É verdade que somos um clube de muitas modalidades e muita gente. Também é verdade que nem toda a gente pode andar sempre em cima de todos os acontecimentos. Mas creio que está na altura de nós, sócios, colocarmos a mão na consciência e de pensarmos se andamos a ser justos nos enaltecimentos desproporcionados e nos esquecimentos chocantes.
Ah, e já agora não nos esqueçamos que as amadoríssimas são órgãos vitais da vida deste clube.
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