sexta-feira, março 27, 2009

Quarto de Hora à Belém - XXXI





Neste preciso momento que escrevo, acabo de ler uma entrevista de Jaime Pacheco. Uma entrevista confiante, que realça o espírito de grupo e a qualidade dos jogadores.

Jaime Pacheco afirma que “o Belenenses não vai descer” e todos nós esperamos isso. Concordo com o nosso técnico quando ele afirma que “andamos com a casa às costas”, trocamos sempre de campo para treinar, e precisamos da ajuda dos outros clubes na cedência de um relvado. Este é também um factor importante e penso que as listas candidatas deveriam reflectir neste ponto. Hoje em dia, muitos clubes de top europeu apresentam centros de estágios com boas condições para o treino de alta competição, o que constitui uma mais-valia no campo físico e técnico.

Outra questão que Jaime Pacheco aborda nesta entrevista, foi a segunda remodelação do plantel, ou seja em Janeiro, chegaram vários jogadores para preencher lugares chave na equipa e até para fortalecer as questões de grupo, dando mais riqueza ao mesmo.

A acabar esta entrevista, o nosso técnico voltou a insistir na aposta em jovens valores e até citou alguns nomes como Paiva, André Almeida e Pelé que poderão ser futuros titulares no Belenenses.

Gostei da entrevista dada pelo nosso técnico, que se mostrou muito confiante e crente na qualidade do grupo.

Sinceramente, analisando a fundo este plantel do Belenenses percebemos que não temos uma grande equipa, como por exemplo as equipas de Jorge Jesus, nas duas últimas épocas. Não temos um Nivaldo, um Hugo Alcântara ou um Rolando na defesa, não temos um Rúben Amorim no meio campo e não temos porventura um Dady ou um Weldon no ataque.

Este ano tivemos numa primeira fase, com Casemiro Mior, jogadores de uma boa qualidade técnica (Baiano, Maykon, o próprio Arroz, que tem qualidade técnica, mas não táctica). Todos estes jogadores contratados e sem olhar a nacionalidades apresentavam um futebol diferente do praticado em Portugal e por isso sentimos dificuldades no início do campeonato. Para além deste factor (de diferenciação de estilos de jogo), outro factor importante estava presente, na falha do nosso início de época, a má qualidade táctica destes jogadores, ou então a pouca insistência do técnico nas questões tácticas. Outro acontecimento, foi a péssima preparação física do grupo, levada a cabo na pré época.

Ora sendo um grupo que não reunia as condições todas para uma época tranquila, que baseava-se em critérios de observação não muito prudentes, a escolha foi despedir o treinador (que diga-se tardava em afirmar a sua ideia de jogo, o seu modelo).

É então que chega a segunda reformulação deste plantel, como já afirmei atrás.

Chegou outro modelo de jogo, mais prático, com uma ideia de jogo totalmente diferente e claro que isso leva o seu tempo. Chegaram jogadores com um nível de pressão acima da média (como Diakité, outros muito mais pragmáticos e fortes no um contra um (casos de Tininho e Ávalos). O nosso futebol mudou, tornou-se agressivo (no bom sentido) e o Belenenses ainda procura o seu estilo de jogo (apesar de já ter estado bem em diversos jogos, mas ainda não apresenta o futebol que pode dar).

Voltando ao início, sobre a questão do plantel, temos de ser pragmáticos, a equipa não é como a das últimas épocas. Nas últimas épocas, a escolha era criteriosa, baseada em métodos de observação. Este ano a escolha foi na típica “loja dos trezentos”, baseada em vídeos. O resultado está à vista.

Mas nem tudo são espinhos. Destaquei esta entrevista para afirmar que a equipa também tem qualidade. Sobretudo no meio campo, com destaque para Zé Pedro, Diakité e Mano. Um muito mais sólido e forte no jogo físico (Diakité), outro mais irreverente e mais móvel (Mano) e por fim Zé Pedro, que considero a alma da equipa. É quem movimenta o jogo ofensivo, não tem medo de ter a bola e assume o jogo. Mesmo estando a correr mal.

Outro destaque deste plantel vai para Marcelo. Para mim, é o melhor avançado que temos neste momento. Não tanto pela finalização (tem 3 golos no campeonato), mas muito mais pela sua aplicação em campo. É o primeiro jogador a pressionar o adversário e é incansável na atitude em campo. Pena é já estar na casa dos 30 anos. Mas ainda pode fazer 1 ou 2 boas épocas.

Jaime Pacheco veio dar realismo a este Belenenses, que agora luta efectivamente pela não descida. O momento a meu ver é para jogo concentrado, táctico e preocupado com o resultado. Agora todos os pontos são importantes e todos os jogos são finais.

Portanto, se pensarmos que também temos as nossas armas, podemos recuperar o tempo perdido. Tempo esse que foi desperdiçado, sobretudo na pré época, na constituição de uma equipa sem nenhum critério de observação. Agora estamos a pagar pelos erros do passado, pois o grupo, ainda carece de algumas dificuldade óbvias que nem Jaime Pacheco consegue resolver. “O que nasce torto, demora a endireitar-se” e é isto que efectivamente se passa. A equipa ainda não se adaptou a este estilo, mas penso que podemos salvar-nos, até pela qualidade demonstrada em certos jogos.

Noutro capítulo e como estamos em época de eleições, gostava de pronunciar-me sobre esta questão. Começo por dizer que não pertenço a nenhuma lista e portanto não há aqui questões éticas em jogo. Apenas uma opinião, que vale tanto quanto as outras.

Na minha última rubrica falei de duas listas fortes, mas afinal enganei-me eram três e não se sabe muito bem, depois passaram a 2 e ainda estamos a ver se vão ser 3 listas candidatas. Isto claro só no Belenenses. Penso que esta questão tem que ser resolvida, até a bem da democracia no seio do nosso Belém. Senão irá manchar as eleições, que queremos que se pugnem por valores de justiça, respeito e igualdade entre todos.

Na minha opinião, a lista que reúne melhores condições é a lista encabeçada por Viana de Carvalho. Porquê perguntam vocês? Bom em primeiro lugar, porque no nosso Belém há uma manifesta crise económica e financeira e nada melhor que um economista para resolvê-la ou pelo menos atenuá-la.

Há também rosto de mudança nesta lista, com ideias fortes e vincadas, através de uma pessoa que já deu alguma coisa ao clube, a escola Matateu. Está ainda no início, mas pelo menos tenta-se levar o espírito belenense às crianças. Penso que Miguel Ferreira é uma pessoa competente e portanto com legitimidade para assumir qualquer cargo no Belenenses.

Destaquei estas duas pessoas, porque penso que são competentes e viáveis. Pertenceram a uma gestão (de Cabral Ferreira) que tentava conciliar o fenómeno financeiro com a gestão desportiva. Ou seja, fazer face às dificuldades financeiras, tendo por base bons resultados desportivos. Os mais cépticos podem responder que houve falhas, o que manifestamente aconteceu, mas nesta gestão correram-se riscos e desenvolveram-se ideias importantes. Isso já é bom.

Gostei da iniciativa da fundação Belenenses e claro, estou de acordo com a maior parte do programa da lista.

Quanto à outra lista, como já tinha dito antes de a mesma se candidatar, a meu ver há uma crise de legitimidade. Explico melhor. Aquando da última Assembleia Geral para eleger a Comissão de Gestão, a mesma quando foi eleita disse que não se iria candidatar futuramente, nem fazer um aproveitamento pessoal da situação. Ora na minha opinião e sem ligar a nomes, e com todo o respeito pelas pessoas da lista, parece-me que houve um aproveitamento pessoal. Ou seja, o tempo passado a dar entrevistas a criticar tudo e todos, sem decisões nenhumas depois, foi então passado para benefício dessas próprias pessoas e não do clube.

O então candidato a presidente desta lista, afirmou que iria assegurar uma gestão corrente, o que manifestamente não é nada bom, pois um clube precisa de um projecto, de um rumo, que não foi dado pela Comissão. Resolver os problemas do dia-a-dia não é nada, só emperra a vontade de mudança. Sinceramente, já li artigos sobre as duas listas e ainda não percebi qual o projecto da lista encabeçada pelos elementos da Comissão de Gestão.

Mas claro, isto é só um artigo, não é nenhum manifesto eleitoralista. Algumas pessoas virão a desmentir, e com toda a legitimidade, e o que conta é a discussão de ideias.

Até penso que deveria existir um novo Simpósio, para se discutir as ideias e os projectos de cada lista. Porque falar sobre a grandeza do Belenenses, dizer que “vamos meter o clube na Uefa”, dizer que “vamos fazer uma grande equipa, com grandes nomes”, isso sinceramente é conversa da treta. Pelo menos para mim, outros podem enganar com essas ideias. Por isso, acima de tudo, temos que estar cientes das dificuldades do clube, mas não quer dizer que fiquemos obsessivamente preocupados com isso. Há que encontrar soluções adequadas para estes tempos. E para mim a solução passa acima de tudo pela eficiência nas decisões.

Uma última nota para alertar o futsal. Cuidado Belenenses, que agora chegou o tempo em que todas as pessoas querem os nossos jogadores. Será mero interesse ou pressão psicológica? Vou mais para a segunda hipótese, pois os playoffs estão aí à porta. Espero que o Caio Japa e o Marcão fiquem!

Saudações Azuis!

Nuno Valentim

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